facebook 19
twitter 19
andes3
 

filiados

WhatsApp Image 2021 01 22 at 10.58.08Professor Amilcar Tanuri junto à coordenadora do CTD, professora Terezinha Castiñeiras, e voluntáriosFotos: Alessandro Costa

Um alento em meio à pandemia que há quase um ano alterou completamente a rotina da UFRJ e do país, com a perda de mais de 213 mil vidas. A Coronavac, vacina produzida pela chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan, de São Paulo, chegou à universidade no último dia 20. Neste primeiro momento, somente pessoas que atuam na linha de frente, em áreas de alta exposição ao vírus, serão imunizadas. A seleção tão rigorosa tem um motivo: as 2.150 doses só dão para um terço dos profissionais da saúde. O município do Rio recebeu 231.840 doses, na segunda-feira (18).
“Recebemos 30% das doses, como aconteceu com todo o município. Queremos chegar aos 100%. Espero em breve estar comemorando o final desta primeira fase, que é a imunização de todos os profissionais de saúde”, informou a reitora Denise Pires de Carvalho. Ela explicou que o número de doses cobre apenas quem está na linha de frente. “Quem está na emergência, em ala dedicada à covid-19, em CTI, precisa estar imunizado”, afirmou a dirigente. A vacinação foi iniciada nesta quinta-feira (21).
WhatsApp Image 2021 01 22 at 11.33.11 Alunas levam máscaras do Zé Gotinha e de jacaré para festejar a vacinaA professora Terezinha Marta Castiñeiras, coordenadora do Centro de Triagem e Diagnóstico para a covid-19 (CTD), esclareceu que a Secretaria Estadual de Saúde liberou para a universidade somente a primeira dose da vacina. “A Secretaria decidiu que toda dose que fosse liberada para a primeira fase teria resguardada a segunda dose, então eles liberaram só a metade”, contou. “Nós estamos usando todas as que recebemos, e temos assegurado que a segunda dose está em estoque, com o Governo do Estado”, disse.
Vice-reitor da UFRJ, o professor Carlos Frederico Leão Rocha afirmou que seu sentimento é duplo: de alegria, pelo momento, mas também de frustração pelo Brasil estar tão atrasado na imunização e refém da importação de insumos e vacinas. “Nós dominamos boa parte da tecnologia de produção. Poderíamos estar produzindo as nossas vacinas agora, se houvesse planejamento do governo, que deveria ter começado há um ano”. Ele aponta como um dos graves erros do governo Bolsonaro o voto contra a quebra de patentes de medicamentos para covid. “Na década de 1990, no governo Fernando Henrique Cardoso, assumimos uma posição de liderança mundial junto com a Índia para a quebra de patente para remédios para o HIV. E agora o país toma outro caminho que, sob o ponto de vista de interesse nacional, é injustificável”, lamenta.
WhatsApp Image 2021 01 22 at 11.33.11 1A vacinação está programada para acontecer em quatro locais: Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (1.440 doses); Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (310 doses); Centro de Triagem e Diagnóstico para covid-19 (380 doses); Central de Vacinação de Adultos (20 doses). Profissionais que tiveram diagnóstico positivo para a doença a partir de 1º de outubro não serão imunizados neste primeiro momento.

Um de cada segmento
A administração central escolheu um professor, uma técnica-administrativa, um terceirizado e um estudante para serem os primeiros a receber a vacina. Foi uma forma de simbolizar o corpo social, composto pelos quatro segmentos. O professor Amilcar Tanuri, coordenador do Laboratório de Virologia Molecular do Instituto de Biologia, foi a primeira pessoa da universidade a receber o imunizante. “É uma sensação de muita alegria. É uma vitória do povo brasileiro. A vacina é um caminho que a gente vai seguir para ter segurança de que o país volte mais rapidamente à normalidade”, disse o docente, que é especialista em Virologia. Em seu laboratório, Tanuri manipula o SARS-Cov-2. Lá também são feitos os diagnósticos das amostras coletadas no CTD. “Conclamo a sociedade a também se vacinar. A vacina é um meio de cuidado conosco e com a comunidade”.
WhatsApp Image 2021 01 22 at 11.33.15Jéssica dos Santos, enfermeira intensivista do CTI-Covid do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, atua desde março na linha de frente de combate à doença. “Este é um primeiro passo para vencermos essa pandemia. Perdemos muitos pacientes, conseguimos que outros ganhassem alta. É um trabalho de toda uma equipe”, disse a servidora. Visivelmente emocionada, ela relatou que perdeu colegas de profissão e que seu maior medo era de levar o vírus para casa. “Moro com minha mãe, que é idosa e hipertensa, portanto do grupo de risco. Estou aqui muito feliz de representar tantos profissionais. Alguns tiveram que se afastar de suas famílias neste período”, relatou a enfermeira. “Receber a vacina é um alívio”.
WhatsApp Image 2021 01 22 at 11.33.12Terceirizado de limpeza, Gabriel Francisco da Silva atua na higienização da Ala-Covid do Hospital Universitário. Apesar de não ser um profissional de saúde, seu trabalho é feito sob alto risco, pela exposição direta ao ambiente contaminado. “Quero agradecer a todos por esta oportunidade. No início da pandemia, minha esposa tinha acabado de ganhar bebê e eu precisei ficar 15 dias sem ver meu filho, com medo de contaminá-lo e também à minha esposa. Estou muito aliviado em receber a vacina”, disse. “Agora é esperar a segunda dose e vencer essa guerra contra o vírus”.
WhatsApp Image 2021 01 22 at 11.33.12 1Victor Akira Ota foi o primeiro estudante a receber o imunizante. Ele é aluno do décimo período de Medicina e voluntário do CTD, que realiza as coletas para diagnóstico de casos suspeitos de covid-19. “É um momento de muita felicidade. O mundo todo está neste esforço de vacinar suas populações. Sabemos que este é um primeiro passo, precisaremos de grande cobertura vacinal para que a vacinação tenha efeito, mas é uma etapa muito importante”, disse. “Ser escolhido entre tantos voluntários que também atuam aqui desde o início da pandemia é, sem dúvida, uma honra”.

 

Topo