“É uma maneira de dar uma satisfação à sociedade que vem acompanhando todo o desenrolar dos fatos e deixar registrado, na forma de um livro, um pouco dessa história”, destacou Luciana Carvalho, vice-coordenadora do Resgate de Acervos do Museu Nacional. A paleontóloga informou que a tarefa não acabou. “Ainda precisamos terminar três salas dentro do palácio e proceder ao inventário das peças resgatadas”.
Por enquanto, é possível dizer que cerca de cinco mil lotes, reunindo objetos de grande importância de 14 das 25 coleções do palácio, foram encontrados. Dentre as peças, destaque para o crânio de Luzia, esqueleto mais antigo descoberto no Brasil; o escaravelho coração e outros oito amuletos que estavam no interior do sarcófago da múmia Sha-Amun-em-Su; os afrescos de Pompeia, que já haviam sobrevivido à erupção do vulcão Vesúvio, na Itália; parte da Coleção Werner, a mais antiga do Museu Nacional; o Psaronius brasiliensis, primeiro fóssil de vegetal registrado para o Brasil; além de pterossauros da Coleção de Paleovertebrados, e meteoritos como o Bendegó e o Santa Luzia.
Um dos lotes contém o esqueleto parcial do Dinossauro do Mato Grosso, um fóssil com aproximadamente 80 milhões de anos, pertencente ao período Cretáceo, resgatado das ruínas neste ano. Os dois blocos com vértebras articuladas e outros ossos associados foram encontrados praticamente intactos. Aparentemente, segundo os pesquisadores, o soterramento protegeu os ossos do contato direto com o fogo. Além disso, eles chegaram à conclusão que a substituição mineral, pela qual os ossos passaram durante o processo de fossilização, possa ter sido um fator importante para a resistência ao soterramento.
Durante o lançamento do livro, o vice-reitor da UFRJ, Carlos Frederico Rocha, agradeceu à comunidade acadêmica do Museu Nacional pelo incansável trabalho de resgate nos escombros pós-incêndio e ao governo alemão, “que tem nos ajudado muito, não apenas sob o ponto de vista financeiro, de apoio, mas também com a possibilidade de recomposição do nosso acervo”.
O diretor do museu, professor Alexander Kellner, enalteceu o trabalho de equipe realizado por toda instituição em momentos muito difíceis. “Com a ajuda de diversos parceiros, como a Unesco e o governo da Alemanha, foram criadas as condições para que a equipe do resgate conseguisse desenvolver esse importante trabalho”, disse. “E graças ao Instituto Goethe e à Fundação Gerda Henkel conseguimos levar um pouco da informação e da emoção desse trabalho para o público”, completou.