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Assembleia realizada no Fundão - Foto: Fernando SouzaDas ruas para as redes. Em tempos de pandemia de coronavírus, a orientação das centrais sindicais é que os atos públicos em defesa da educação, da democracia e dos serviços públicos, programados para o dia 18 de março, ocorram de maneira virtual. As manifestações presenciais foram superadas pela necessidade de afastamento social com o objetivo de tentar conter a velocidade de transmissão do novo vírus no Brasil.
A ideia é que a data seja o início de uma grande campanha nas redes sociais em defesa da educação e dos serviços públicos. Em vez de um dia, será uma quarentena para mostrar à população a importância da universidade, da ciência e do Sistema Único de Saúde (SUS), sobretudo diante da emergência global.
Quem quiser pode compartilhar os materiais produzidos pela Comunicação da seção sindical a partir da página no Facebook e dos perfis no Instagram (@Adufrj) e no Twitter (@Adufrj). AQUI, é possível baixar cards e materiais de mobilização.
Antes mesmo de as centrais baterem o martelo sobre a suspensão dos atos de rua, a União Nacional dos Estudantes (UNE), a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) e a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) já haviam comunicado a não participação nos protestos. A decisão foi tomada na sexta-feira (13), depois de universidades e escolas, em várias capitais do país, anunciarem a paralisação das atividades acadêmicas por 15 dias.
Apesar da recomendação dos especialistas para evitar aglomerações, apoiadores do governo Bolsonaro foram às ruas de 23 capitais pedir o fechamento do Congresso Nacional. Os atos foram criticados pela ameaça à democracia e pelos riscos epidemiológicos desnecessários. O próprio presidente Jair Bolsonaro ignorou a recomendação de se manter em quarentena e foi cumprimentar os apoiadores que protestavam na capital.
No mesmo dia, Andes, Fasubra e Sinasefe também descumpriram a orientação de afastamento social e realizaram uma plenária na rua, em Brasília. O ato marcou a formação do Comando Nacional de Mobilização e Greve das três entidades.
ASSEMBLEIA
Um dia antes de a UFRJ resolver suspender das atividades por 15 dias, os professores decidiram, em assembleia, aderir à greve nacional da Educação, marcada para 18 de março. O coronavírus foi um tema de destaque durante o encontro. “Vamos trabalhar muito para o 18M acontecer”, afirmou o vice-presidente da AdUFRJ, Felipe Rosa. “Mas temos uma realidade concreta: um vírus está circulando e deixando as pessoas apreensivas. Os professores estão com medo. Como pensar a mobilização neste cenário adverso? Não estamos em um cenário comum”, avaliou.
Apesar de preocupados, os docentes decidiram manter a paralisação e os atos públicos. E sustentaram a posição de realizar mais uma edição do “Universidade na Praça”, na Praça XV. Foram 107 votos favoráveis e 2 contrários à paralisação.
O debate sobre o coronavírus ganhou espaço pela possibilidade de os movimentos sociais e sindicais revisarem as estratégias e a forma de realizar as atividades da greve. Algumas cidades já haviam proibido, naquele dia 12, a realização de eventos que gerassem aglomeração de pessoas, como Macaé.
A vice-diretora do Colégio de Aplicação, Cristina Miranda, argumentou que estar nas ruas poderia ser uma oportunidade de conversar com a população sobre a doença. Além de apresentar como a universidade tem sido importante no combate ao novo vírus. “Vamos falar com quem não será dispensado dos seus locais de trabalho”, sugeriu.
Para o professor Pedro Lagerblad, diretor da AdUFRJ, segundo as recomendações técnicas, o mais provável – já naquele momento – era que os atos fossem cancelados. “Tenho a impressão de que as atividades serão suspensas. Não é o que queremos, mas é o que temos de discussão acumulada na área epidemiológica”, explicou o docente do Instituto de Bioquímica Médica.
No Rio, os professores universitários se prepavam para ocupar a Praça XV com tendas mostrando a produção da universidade. Os decretos municipal e estadual lançados no dia 13, no entanto, impedem a atividade.
Houve questionamentos quanto à ausência, na pauta, de uma discussão sobre o indicativo de greve do Andes por tempo indeterminado. “O Andes votou por unanimidade [no Congresso de fevereiro] um indicativo de estado de greve, e isso não estava na pauta da assembleia”, reclamou a professora Marinalva Oliveira, da Faculdade de Educação.
Nenhuma das unidades que se reuniram com seus representantes, antes da assembleia, propôs como pauta a greve por tempo indeterminado, argumentou a presidente Eleonora Ziller. “Não teríamos problema de discutir o tema, se ele tivesse sido trazido pela base”, completou.
O professor Josué Medeiros, da direção da AdUFRJ, completou: “Há forte desmobilização entre nossos colegas de todo o país. Decidir por uma greve por tempo indeterminado antes do dia 18 é um equívoco”, afirmou.
Primeira confirmação na UFRJ é da radiologia do Hospital Universitário. Técnico recebe tratamento em casa . E serviço da unidade é temporariamente suspenso.

Elisa Monteiro
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A escalada de confirmações do novo coronavírus no Rio de Janeiro e o registro do primeiro caso da universidade levou a UFRJ a suspender as aulas da graduação e da pós-graduação por quinze dias a partir do dia 16. Após o período, o grupo de trabalho da universidade, que monitora a doença, reavaliará o retorno das atividades acadêmicas.
A decisão da administração foi progressiva, acompanhando o agravamento dos acontecimentos. Na noite de quarta-feira (11), a reitoria divulgou cinco diretrizes e duas medidas de combate ao Covid-19. Uma delas é a suspensão de viagens ao exterior e criam quarentenas (de 14 dias) para professores, alunos e técnicos que tenham retornado de viagens ou que tenham entrado em contato com casos confirmados ou suspeitos. Pessoas mais vulneráveis (idosos, diabéticos, oncológicos e imunossuprimidos em geral) poderão ter atividades acadêmicas e regime de trabalho modificados.
A quarentena produtiva, esclarece a reitoria, em nota, significa trabalho em regime de home office, sem sair de casa, mesmo para quem não apresenta os sintomas da doença. Também estão cancelados todos os eventos extracurriculares, como a Aula Magna no dia 30. Além disso, ficam suspensas as férias de servidores essenciais para o enfrentamento da pandemia. “São medidas preventivas que colocam a UFRJ à altura do desafio que o Coronavírus nos apresenta”, resumiu a reitora, professora Denise Pires de Carvalho. As páginas eletrônicas especiais da universidade (coronavirus.ufrj.br) e da Fiocruz (portal.fiocruz.br/coronavirus) repercutiram em boa parte dos veículos de comunicação.
Durante o Conselho Universitário do dia 12, o vice-reitor, Carlos Frederico Leão Rocha, anunciou que ele e a reitora Denise Pires de Carvalho não estarão mais no mesmo ambiente pelas próximas semanas. A medida tenta “evitar o contágio simultâneo”, explicou.
O primeiro caso na UFRJ foi confirmado pelo coordenador do grupo de trabalho da UFRJ sobre o Covid-19, Roberto Medronho, durante a reunião. O serviço de Radioterapia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, onde o técnico atua, está suspenso por medida preventiva, desde o dia 10, após a confirmação do diagnóstico. O servidor recebe tratamento em casa. Segundo o diretor médico do hospital, o infectologista Alberto Chebabo, o Hospital do Fundão dispõe de três leitos de isolamento para receber casos encaminhados pela Secretaria Estadual de Saúde.
O balanço da Secretaria indica 16 casos confirmados e 228 suspeitos no Rio. A capital marca 14 confirmações e 125 suspeitas. Já Caxias e Macaé, onde há campus da universidade, apresentam um caso suspeito cada. A projeção do Ministério da Saúde é de aumento exponencial da curva de pacientes nas próximas semanas.
A profilaxia da universidade, em um cenário de restrição orçamentária, foi destaque na Plenária de Decanos e Diretores do dia 6. Na reunião, a reitoria anunciou que antecipou – do dia 15 de março para o próprio dia 6 – a liberação da primeira parcela do orçamento participativo. “Nossa recomendação é que as unidades priorizem a aquisição desses itens”, destacou o pró-reitor de Planejamento, Eduardo Raupp.
Sobre o assunto, o professor do Laboratório de Virologia Molecular do Instituto de Biologia, Rodrigo Brindeiro, reforçou que a prevenção se faz com “mais frequência nas ações de higiene”. “É muito mais uma questão de conduta de vida, do que de material de limpeza [especial]”, advertiu. “O álcool em gel substitui a lavagem das mãos com água e sabão. E a limpeza das superfícies, lembrando que o vírus não se propaga pelo ar, se dá com os mesmo produtos que limpamos a casa”.
Depois dos Boletins técnicos e do novo site coronavírus, a UFRJ pretende produzir um vídeo com pesquisadores e atuar nas redes sociais.
Leia a íntegra das últimas notas lançadas pela universidade:
Veja como ficam os restaurantes universitários da UFRJ: https://bit.ly/2wegX3P
Veja como ficam as residências médica e multiprofissional: https://bit.ly/2U8wYjX
UFRJ dá orientações a laboratórios de pesquisa: https://bit.ly/2vpT2Oy
Em assembleia, no dia 12 de março, os professores da UFRJ, aprovaram por ampla maioria a greve de 24h no dia 18 de março.
No total, 123 docentes compareceram à assembleia realizada em três campi (Fundão, Praia Vermelha e Macaé). Foram 109 votantes: 107 favoráveis e 2 contrários à paralisação.
Veja o resultado por locais.
FUNDÃO:
41 votantes
39 sim
2 não
PRAIA VERMELHA:
55 votantes
55 sim
MACAÉ
13 votantes
13 sim

Reitoria da UFRJ decidiu suspender as aulas por 15 dias, a partir da próxima segunda-feira, 16. A decisão segue orientação do grupo de infectologistas da universidade que, há três semanas, monitora a pandemia. A reitora informa que o retorno letivo será avaliado, a partir dos boletins epidemiológicos do Ministério da Saúde.
A medida é voltada para a graduação e a pós-graduação. Também estão canceladas todas as atividades extracurriculares.
A quarentena produtiva significa trabalho em regime de home office, sem sair de casa, mesmo para quem não apresenta os sintomas da doença.
Há recomendação de que todos os estudantes permaneçam em seus domicílios, mantendo distanciamento social, "o que implica evitar aglomerações de qualquer natureza", diz trecho de nota difulgada pela administração central.
Bancas de monografia, dissertação e teses deve ocorrer, sempre que possível, de maneira remota.
Estão mantidos: o funcionamento dos hospitais e as atividades administrativas.


DIRETORIA
As águas de março fecham o verão que não houve e abrem o semestre letivo com a esperança de que a volta às aulas amplifique nossa voz. Temperaturas muito baixas para a estação, mas para a política nacional, o termômetro subiu alguns graus após as últimas movimentações do governo e do núcleo bolsonarista. Os desaforos entreouvidos do general serviram de mote para a organização de uma nova e perigosa onda de ataques à vida democrática do país. Não estamos diante de nenhuma novidade, considerando que o atual presidente já a havia afrontado brutalmente, quando teve a ousadia de homenagear um torturador diante de um congresso que não soube, não pode, não quis responder à altura. De lá para cá, de modo ainda que combalido e insuficiente, nossas instituições tentam resistir a esse projeto autoritário, que apesar de não disfarçar seus intentos, não tem conseguido fazer a cama como gostaria. Esse é o imbróglio que estamos vivendo.
Se olharmos os últimos passos desse desgoverno durante o recesso acadêmico, veremos que a intenção posta em gestos não deixa nenhuma dúvida de que estamos diante de uma ação sistemática para corroer e estrangular o princípio mais caro e precioso da vida universitária: a autonomia. Princípio esse que ganhou forma no artigo 207, e que vem sendo atacado por todas as vias disponíveis: medidas provisórias, como a 914, que trata da eleição para o reitor, ou as malfadadas portarias para controle e restrição de viagens, chegando ao limite de tentar antecipar os efeitos das propostas de emendas constitucionais que preveem a redução salarial do servidor público através de ofícios “alertando” os reitores para os riscos do não cumprimento da “regra de ouro”.
A guerra declarada à educação e aos professores só tem paralelo aos também persistentes ataques à imprensa e aos jornalistas. Mas aqui vale o destaque especial para as jornalistas, que também têm sido alvo preferencial de impropérios e ameaças. Se voltarmos à cena inicial, aquela de 2016, quando o então deputado ousou homenagear um torturador, lembraremos que esta foi motivada pelo voto durante a sessão de votação do impeachment da presidente da República, que era uma mulher que no passado havia sido ela mesmo vítima de tortura. O gesto violento e autoritário, covarde e irresponsável, já anunciava o grau de periculosidade de que um governo como esse poderia chegar. Mas nesse nosso estranho país da cordialidade, sempre é dado a gente como ele uma certa “condescendência”, que permite que esse tipo de “bravata” caia no anedotário geral da nação, desde que permita que tudo caminhe como sempre deveria caminhar.
E o que deve caminhar? O que se espera desse governo? A reforma administrativa e tributária, o desmonte da legislação e de toda a rede de proteção ao cidadão, e o que ainda sobrevive de soberania nacional. Não é pouco o que está em jogo. E se tudo isso que está acontecendo demonstra que nosso edifício institucional é frágil, que nossas conquistas democráticas foram muito superficiais, e que nosso congresso é pouco consciente de seu papel (para dizer o mínimo), só reforça a ideia de que apesar dos descréditos e cansaços, o caminho a seguir não poderá ser outro que não o de reconstruir, reorganizar, redemocratizar o país. Não se trata de defender instituições encarquilhadas e burocratizadas, mas de refazê-las com a força das ruas, da vida e da organização da sociedade.
Por tudo isso, o 8 de março se reveste uma importância cada vez maior. A velha e carcomida sociedade patriarcal, que é a mais pura expressão da velha ordem escravocrata e colonial, insiste em não morrer. Mas nós persistiremos e demonstraremos que já não há lugar para eles nesse mundo. Marcharemos pela vida, pela democracia, pela liberdade.