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02WEB1134Graças a nossa luta, Weintraub caiu. E fugiu. A mídia e a elite política querem fazer da queda de Weintraub uma vitória deles. Assim, se posicionam para ditar a agenda do novo ministério. De fato, havia uma contradição entre os interesses do ministro mais bolsonarista dos bolsonaristas e parte da elite empresarial e política. Contudo, sem a nossa mobilização, tal contradição teria sido apaziguada nos acordos de bastidores e nas composições palacianas.
É preciso, portanto, (re)afirmar o nosso papel nesse processo que levou ao “exílio” do agora ex-ministro. Desde que ele assumiu, em 07 de abril de 2019, não demos descanso às suas intenções bolsonaristas de destruir a universidade e o conhecimento e de atacar a educação como um todo.
Primeiro, fomos às ruas contra o corte de gastos e fizemos o 15 de maio de 2019. Derrotamos parte do contingenciamento, forçando o governo a voltar atrás. Em seguida, foi a vez de acabar com o Future-se. Lançado em julho de 2019, o programa foi inviabilizado já setembro, quando a maioria das universidades o rejeitou. Weintraub ainda tentou remodelar o projeto, em vão.
No começo de 2020, novos desafios: primeiro, desmascarar a farsa da eficiência com o ENEM e os erros nas notas de milhares de estudantes; na sequência, derrotar os ministros nas várias medidas autoritárias que vieram por Medidas Provisórias e Decretos: a nova regulamentação para as eleições de reitor; o limite de viagens acadêmicas e cientificas; a carteira digital estudantil, entre outras. Nossa mobilização foi decisiva para o recuo do MEC nas portarias e para que o Congresso deixasse caducar e rejeitasse as medidas provisórias de interesse de Weintraub.
O novo ministro que assume, Carlos Alberto Decotelli, se apresenta como quadro técnico. Porém, no fechamento desta edição, nosso jornalismo conseguiu apurar em primeira mão duas mentiras do novo ministro: primeiro, que ele não tem doutorado. Fizemos contato direto com o reitor da Universidade de Rosário, que confirmou que Decotelli teve a tese reprovada pela banca após cumprir os créditos; além disso, seu currículo militar também é questionável. O MEC diz que o novo ministro é oficial militar de reserva da Marinha, Contudo, ele passou apenas dois anos na Escola de Formação de Oficiais para a Reserva da Marinha (EFORM). Não é um quadro que fez carreira no Marinha, progredindo na hierarquia, mas sim um reservista de baixa patente.
Pego na mentira antes mesmo de tomar posse, Decotelli seguramente fará um ministério não de enfrentamento contra tudo e contra todos, mas de composição entre militares, olavistas, empresariado, elite política. As Escolas Cívico-Militares vão avançar ainda mais. A abertura de setores da educação para a iniciativa privada também.
Nosso desafio será maior, sem dúvidas. Primeiro, precisaremos de um olhar muito qualificado sobre os projetos do novo ministro. Sem as contradições com a mídia, será mais difícil difundir os efeitos danosos das propostas governamentais.
Segundo, precisaremos de uma intervenção junto ao parlamento ainda mais incisiva. Sem os ataques contra os parlamentares oriundos do titular da pasta, seguramente perderemos parte do legislativo que se colocava contra qualquer iniciativa do Weintraub.
Por fim, precisaremos de uma mobilização mais ampla. Só conseguiremos sensibilizar o Congresso e a imprensa se formos capazes de furar a bolha e ir às ruas com amplos setores, para além da vanguarda que já participa das nossas dinâmicas cotidianas e regulares.
Não será fácil, sem dúvida. Mas o que fizemos até aqui tampouco foi trivial, pois em um ano e meio de governo Bolsonaro conseguimos derrubar dois ministros. Cada troca na pasta é um tempo que ganhamos para tomar fôlego, são meses de paralisia nos projetos de destruição da ciência e de ataque aos professores, técnicos-administrativos e estudantes.
Que venha o próximo, então. Senhor Decotelli, estaremos aqui, prontos para defender o conhecimento e a democracia.

Diretoria da AdUFRJ

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