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savings 2789112 640O estrangulamento do orçamento pelo governo pode levar a um inédito “shutdown” da UFRJ. Após agosto, a instituição não terá dinheiro para pagar as contas básicas de manutenção, como luz, água e contratos de limpeza e vigilância. “Nós nunca fechamos antes. Talvez tenhamos que fechar pela primeira vez”, alertou a reitora Denise Pires de Carvalho, em coletiva à imprensa neste dia 15.
Nem greves nem a pandemia pararam a UFRJ completamente. Agora, até o funcionamento das nove unidades de saúde da universidade está ameaçado. Seria uma paralisação das atividades por falta do mínimo de infraestrutura. “A luz deixará de ser paga em setembro. Quando a Light vai apagar a nossa luz? Não sabemos”, afirmou a dirigente. “No dia que a Light apagar a luz, a universidade fecha”, exemplificou. “Sem contratos cobertos, as empresas demitirão os terceirizados. Sem ter como recolher lixo das salas de aula ou limpar os banheiros, a universidade acabará fechando. Não dá para precisar uma data”, completou.
A maior federal do país conta hoje com um orçamento que equivale a menos da metade do que já foi em 2012. Considerando valores corrigidos pela inflação, a universidade já teve R$ 725 milhões há dez anos. Mas a UFRJ começou 2022 com R$ 329 milhões e sofreu um recente bloqueio de R$ 23,9 milhões.
O pró-reitor de Orçamento e Finanças, professor Eduardo Raupp, fez analogia com o planejamento de uma viagem de avião. “É como se a gente tivesse se programado para fazer um voo longo, sem condições de reabestecer e, já na nossa rota, sermos avisados que não poderemos mais usar 7% do combustível e não tem onde pousar”, disse.
A recomposição do bloqueado adiaria a crise em mais um mês. Para fechar o ano no azul, a reitoria estima que o orçamento deveria ser de pelo menos R$ 390 milhões. “Isso é o mínimo para manter a universidade limpa, com luz acesa e água nas torneiras”, observou Denise.

IMPACTO NA PESQUISA
Segundo a professora Clarissa Damaso, coordenadora do recém-criado Grupo de Trabalho Monkeypox da UFRJ, os cortes têm um impacto importante nos laboratórios da universidade. “Não se pode trabalhar num lugar insalubre, principalmente se você trabalha com material patogênico”, explicou.
A docente também ressalta o papel da Saúde, da Educação e da Ciência para o país. “Se a gente parar, não poderemos retomar como estava. Vamos dar 500 passos para trás e começar de novo, e isso não pode acontecer. A Ciência é investimento e é fundamental. Não pode haver cortes”, completou.
(Kelvin Melo e
Estela Magalhães)

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