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bandeira adufrjDiretoria da AdUFRJ

O inverno, que chegou esta semana, trouxe ares de esperança. Esta edição do Jornal da AdUFRJ espraia esses ares por suas páginas, embalada pela nova canção de Chico Buarque — Que tal um samba? Para espantar o tempo feio. Para remediar o estrago. E põe estrago nisso. Na mesma semana em que o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro foi preso — e logo solto, com denúncias de interferência na Polícia Federal, que investiga o escândalo do desvio de verbas do MEC sob o comando do gabinete paralelo de pastores no ministério —, a sociedade se mobilizou contra os cortes orçamentários que atingem as universidades públicas e a Ciência em nosso país. É a resistência contra o atraso. É a esperança contra o ódio.
Nossa matéria da página 4 mostra como as entidades científicas vêm se mobilizando contra os cortes, com novos atos conjuntos em defesa da academia e da produção científica brasileiras. A AdUFRJ tem se engajado firmemente nessa cruzada. Na quarta-feira (22), o sindicato realizou uma assembleia híbrida, onde os temas dominantes foram os cortes no orçamento e as condições de trabalho na volta às atividades presenciais. A construção de um consenso em torno da prioridade no enfrentamento aos ataques perpetrados pelo governo de destruição de Bolsonaro contra as universidades públicas marcou o encontro. Confira na matéria da página 3.
Uma agenda de atividades vai pautar os próximos passos dessa mobilização em defesa do país. Na próxima segunda-feira (27), o campus da Praia Vermelha vai abrigar uma atividade de ocupação das universidades federais, proposta pelo Andes. E em julho, em data ainda a ser definida, a AdUFRJ vai promover um ato de resistência em conjunto com as demais entidades representativas da universidade — Sintufrj, DCE, APG e Attufrj. A reitoria terá espaço para expor a dramática situação orçamentária da UFRJ, cujas verbas só cobrem os custos de manutenção até agosto. Reitorias de outras universidades públicas serão convidadas a participar do ato.
O primeiro ato dessa agenda será na rua, junto à população. Neste sábado (25), professores da UFRJ estarão na Praça Olímpica do Parque Madureira para aproximar a universidade da sociedade, denunciar os cortes e mostrar como a Ciência está presente em nosso dia a dia (veja abaixo a programação). Organizadora do evento, a professora Nedir do Espirito Santo, do Instituto de Matemática e diretora da AdUFRJ, acredita que as atividades lúdicas envolvendo diversas áreas do conhecimento possam valorizar o papel das universidades na sociedade, sobretudo em tempos de negacionismo. “Queremos mostrar que nós, professores, trabalhamos não apenas para a formação técnico-científica, exigida pelo mundo do trabalho, mas também realizamos ações educativas de interação com a população contribuindo para a construção do cidadão”.
Dois belos exemplos do trabalho da UFRJ em defesa da vida e do país são temas de duas matérias desta edição. Na página 6, abordamos a futura instalação de um centro de transplantes de alta complexidade no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho. A conquista reforça a referência em excelência da unidade de saúde da UFRJ. E, na página 7, mostramos o trabalho do Laboratório de Biologia Molecular de Vírus, que diagnosticou o primeiro caso da varíola dos macacos confirmado no Rio de Janeiro. Com foco em pesquisa e prevenção, o laboratório é uma referência nessa área.
Por falar em conquista, a semana foi particularmente agitada na AdUFRJ. Dezenas de professores aposentados vieram à sede do sindicato para garantir o pagamento de atrasados da já extinta Gratificação de Estímulo à Docência (GED). Após 18 anos de disputa judicial, a vitória trouxe de volta à AdUFRJ antigos mestres para assinar termos de procuração que serão levados à Justiça para a última fase processual antes do pagamento. Aposentada da Faculdade de Educação desde 1996, a professora Antônia Petrowa Esteves assinou o termo na AdUFRJ na tarde do dia 21 e fez questão de avisar os amigos da sua época de magistério sobre o ganho judicial. “É um direito que a gente deveria ter conseguido há mais tempo. Foi uma batalha longa dos advogados”, afirmou.
Os ares de esperança vêm também dos Andes. Em robusto artigo na página 5, o cientista político Josué Medeiros analisa o significado da vitória de Gustavo Petro e Francia Marques nas eleições colombianas. Pela primeira vez na história, a Colômbia terá um governo progressista. Josué acredita que o simbólico êxito da esquerda no país andino possa chegar ao Brasil: “Em nenhuma outra nação da América do Sul a violência política é tão aberta e institucionalizada como lá. E se foi possível derrotar a direita autoritária colombiana, também será possível derrotar Bolsonaro aqui”.
Que os bons ventos da cordilheira soprem com força neste nosso inverno de esperança. E que chegue logo a primavera.

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