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WhatsApp Image 2022 08 15 at 11.53.25Foto: Fernando SouzaIsadora Camargo

Uma fila extensa percorria os corredores da Escola de Comunicação, no fim da tarde de 1º de agosto, quando uma aluna anunciou ao megafone: “Já vai começar”. Pouco depois, com a plateia instalada, a luz apagou. O rosto do ator reluziu o vermelho do holofote. Uma distorção de guitarra tocou ao fundo. Após dois anos de UFRJ fechada, outra noite de espetáculos da Mostra Mais de Teatro começava a encantar o público.
“Estávamos ansiosos. Em janeiro de 2020, estava tudo pronto e tivemos que cancelar, trocar o formato. É maravilhoso estar de volta.” comemorou Erika Neves, produtora da Mostra. O evento é a exposição das peças dirigidas pelos alunos de Direção Teatral, ao longo da disciplina de Direção VI. Ocorre todo ano, ao fim do primeiro semestre letivo. Durante a fase mais aguda da pandemia, em 2020 e 2021, ocorreu de forma remota. “Foi um desafio, e um momento de muito aprendizado, como é o papel da arte, continuar criando possibilidades para um mundo tão devastado”, comentou a professora Eleonora Fabião, que coordena o curso de Direção Teatral.
No retorno aos palcos deste ano, a Mostra lotou os 60 lugares da Sala Vianninha da Escola de Comunicação, na Praia Vermelha, em quase todas as oito peças apresentadas entre 25 de julho e 5 de agosto. Também houve performances do curso de Dança da UFRJ, convidado especial do dia 3.
A iniciativa também contribui para formar um novo público para o teatro. Um dos espectadores, o estudante de Jornalismo Aerton Menezes viu na UFRJ a primeira oportunidade de conhecer esta arte tão de perto. “Tive um primeiro contato na ECO, em uma oficina de Teatro do Oprimido da galera de Direção Teatral. Foi uma experiência muito boa”, disse. “Comecei a me interessar e soube que, no final dos períodos, o pessoal organiza a Mostra. Fiquei ansioso para que chegasse. Achei muito massa. É algo gratuito, produzido pelos próprios alunos, e de qualidade”.

SABERES EM DIÁLOGO
A ECO e o Programa de Apoio às Artes da UFRJ (PROART) providenciam a estrutura da Mostra. Já a equipe contou com a participação das escolas de Belas Artes, Música e Comunicação da UFRJ, Escola de Teatro da UniRio, Escola Técnica Martins Penna e grupos independentes. “A gente abre as portas para receber a comunidade. Juntamos atores e atrizes, amadores e profissionais do Rio de Janeiro inteiro. É um movimento de teatro universitário na cidade, radicalmente interdisciplinar, conectivo e dialógico”, avalia Eleonora. “Essa é a inteligência teatral: colocar saberes em diálogo”.
A Mostra também significa a chance para estudantes de diferentes áreas se envolverem na produção cultural. Sarah Soares, aluna de Rádio e TV na UFRJ, é um exemplo. “Eu vi que a gente poderia participar, sendo de outros cursos. Me interessei pela peça “A Partilha”. Foi muito gratificante, não só pela experiência profissional, mas também por ter conhecido as meninas da equipe”, afirmou. “Gostei muito desse intercâmbio entre os cursos. Todo mundo ganha.”
“A Partilha”, escrita por Miguel Falabella, foi dirigida pela aluna Louise Guima. A comédia conta a história de quatro irmãs que se reencontram para dividir os bens da falecida mãe. “Tenho muita familiaridade com o gênero. Já fiz muito teatro de comédia, mas atuando, nunca tinha dirigido. Senti que seria bom para começar, para uma primeira peça, uma coisa mais leve para mim”. A estudante relacionou sua estreia como diretora com o próprio enredo de “A Partilha”: “Minha equipe foi só de mulheres, então a gente acabou se unindo muito. E é o que a peça fala sobre, partilhamos muita coisa juntas, descobrimos que todas, no fim, têm a mesma família, e viramos uma”.

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