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WhatsApp Image 2022 11 25 at 22.00.04 4Igor Vieira

O bolsonarismo perdeu força no pleito de outubro. A avaliação é da cientista política Mayra Goulart, vice-presidente da AdUFRJ e coordenadora do Observatório do Conhecimento. Para a docente, há um menor número de parlamentares ‘outsiders’ identificados com o bolsonarismo, em relação às eleições de 2018. “Bolsonaro foi eleito junto com muitos deputados do PSL com o discurso antipolítica, em 2018. Já hoje, da bancada do PL, apenas 17 parlamentares são novatos. Os outros 82 são políticos experientes” comparou.
A análise foi feita em debate promovido pelo Observatório, no dia 23. O evento aconteceu na sede da Associação de Professores da Universidade Federal do Paraná, a APUFPR, uma das entidades que compõem o Observatório.
Os deputados eleitos, de acordo com a professora, fortaleceram o centrão, em sua maioria. Fazem parte de uma política “tradicional, local, personalista e fisiológica”. Ainda segundo Mayra, é um setor menos bolsonarista e com quem “Lula sabe operar”.
No Senado, a situação é um pouco diferente: o personalismo se destacou com a eleição de personalidades de extrema-direita como Damares Alves e Sérgio Moro.
Para explicar essa vitória, a docente se debruçou sobre os eleitores desses candidatos. “São aqueles em posições hegemônicas e, de alguma forma, contestados por camadas e atores insurgentes, que se atraem pelo discurso punitivista da Lava-Jato e de Bolsonaro”, diz Mayra.
Em relação àqueles que votaram em Lula, a docente acredita que a maior parte dos eleitores é formada por pessoas que estão fora do perfil hegemônico da sociedade. “Quem elegeu Lula foram as pessoas que não se encontram representadas na família patriarcal, não são brancos, héteros, de classe média alta. Entendem que precisam do Estado para se proteger ou se afirmar.”
Bruno Bolognesi, professor em ciência política da UFPR, complementou a análise. “Existe uma racionalidade em quem votou em Lula como alguém que vai manter as políticas públicas, pois eles notam o desmanche dessas áreas”, avaliou. “E o voto é tão racional que as pessoas enxergaram que o auxílio não seria mantido no ano que vem, caso Bolsonaro fosse reeleito.”
O professor do Departamento de Economia da UFPR Marco Cavalieri defendeu que todas as camadas sociais e setores da sociedade brasileira precisam do Estado. Ao contrário do que ditam o senso comum e a retórica neoliberal. “Existe uma parcela da população que precisa do Estado para sua sobrevivência direta, mas todos dependem do Estado”, afirmou. “O agro depende da tecnologia. Aqui nas universidades geramos tecnologia que aumentou muito a produtividade do setor”. Outros exemplos são os investimentos em infraestrutura e em ciência básica e aplicada, que são, normalmente, “de longo prazo”. A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária ) foi outro exemplo mencionado pelo professor, uma empresa estatal que fortaleceu o agronegócio no país.
O professor Cavalieri também criticou a política fiscal do atual governo. A proposta de arrocho nos investimentos já era uma pauta pré-eleitoral. “Em 2018, todos os economistas dos candidatos (à presidência) achavam que devia haver uma flexibilização dos gastos. Apenas Paulo Guedes achava que devia haver mais disciplina”.

TETO DE GASTOS
O teto de gastos foi outro assunto discutido pelos especialistas. “A hegemonia discursiva da disciplina fiscal está cada vez menor, mesmo entre os economistas. Nem o FMI acredita mais nisso”, afirmou Mayra Goulart. A docente avaliou que o orçamento será ainda mais disputado por conta dos gastos fisiológicos do centrão. “Eles continuam no Congresso. Não vão abrir mão do orçamento secreto facilmente”, acredita a professora. “Esse perfil de políticos utiliza o orçamento secreto em suas bases territoriais, de forma fisiológica, como forma de manter seu apoio eleitoral”.
Neste tema, o professor Bruno Bolognesi constatou: “Temos uma Câmara muito comprometida consigo mesma e pouco comprometida com um projeto de país, com a construção de uma nação”, considerou.
O docente seguiu a mesma análise da professora Mayra sobre a redução de representantes do bolsonarismo no legislativo federal. “O bolsonarismo, de fato, sai um pouco de cena, se desidrata, mas não foi embora. É uma tampa aberta que não será fechada tão cedo”, avaliou.
Também participaram do debate os professores Paulo Vieira Neto e Andréa Stinghen, presidente e vice-presidente da APUFPR, como mediadores.

Pesquisadores debatem força da extrema direita

WhatsApp Image 2022 11 25 at 22.00.04 7O IFCS recebeu o debate “Reflexões sobre a Extrema-Direita” no dia 17 de novembro. Participaram os cientistas políticos Guilherme Simões Reis (UniRio), Marcus Ianoni (UFF) e Mayra Goulart, vice-presidente da AdUFRJ e coordenadora do Laboratório de Eleições, Partidos e Política Comparada (LAPPCOM). A professora comparou os fascismos históricos e o nacionalismo global com a experiência brasileira. “A ideia de Governo Misto no republicanismo antigo e de Governo Constitucional, na modernidade, se constroem como críticas ao extremismo”, afirmou Mayra.

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