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03WEB menor1139A UFRJ criou uma das principais ferramentas utilizadas para monitorar a pandemia de Covid-19 no Rio de Janeiro. O Covidímetro foi desenvolvido pelo GT Coronavírus e é utilizado pelo poder público e por veículos de imprensa para medir a propagação da doença no estado. Hoje com mais de 160 mil infectados, o Rio pode chegar a 492 mil casos nos próximos dois meses, se o isolamento social for afrouxado. Os números assustam, mas correspondem à previsão mais atualizada do Covidímetro da universidade.
 “Nós procuramos por modelos que nos trouxessem uma representação mais realística possível da situação de risco que estamos vivendo”, explica o professor Guilherme Horta Travassos, do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação da Coppe. “Elaboramos então uma maneira de calcular o ‘R’, índice que está associado à ideia de velocidade da propagação da doença”, conta o professor.
Um dos diferenciais do Covidímetro é a apresentação gráfica da velocidade do contágio e que permite uma comunicação mais direta com a sociedade. “O cálculo é muito legal do ponto de vista matemático, uma linguagem que indivíduos envolvidos com o estudo do fenômeno conseguem capturar. Mas não dá para apresentar para a sociedade. Foi onde surgiu a ideia de apresentar de uma forma lúdica”, explica o professor.
 “Nós utilizamos um modelo estatístico alinhado a uma série temporal, e que tem se mostrado muito robusto”, conta o médico infectologista Roberto Medronho, coordenador do GT Coronavírus. “O problema é que grande parte da população teria dificuldade de entender esse processo e o que ele significa. Mas quem olha o Covidímetro sabe, de imediato, se a situação está piorando ou melhorando. É uma representação que se comunica rapidamente com a população”, completa Medronho.
O Covidímetro está disponível no hotsite do coronavírus da UFRJ. Nele, o ‘R’ é mostrado como um ponteiro dentro de uma escala de risco e corresponde à quantidade de pessoas que um indivíduo contaminado pode infectar. Justamente por isso, ele reflete a aceleração do contágio. Se o valor de ‘R’ está abaixo de 1, a pandemia está sob controle e os riscos são baixos. Mas qualquer valor acima de 1 exige atenção e medidas de prevenção.
 “O grande diferencial é o modelo que está por trás da construção do Covidímetro. A base é orientada pelo conhecimento médico que se tem da infecção e pelos conhecimentos epidemiológicos, mas ele também considera uma série de dados, como a mobilidade da população, por exemplo. Ele não é só um modelo teórico, mas também traz informações do mundo real”, destaca o professor Medronho.
A “referência”, ou seja, a maneira como o índice “R” é calculado, é outro ponto de destaque do Covidímetro. “O R normalmente é inferido a partir da curva que expressa o número de casos, é o quão inclinada a tangente está”, explica o professor Guilherme Travassos. “Ao invés de fazer o desenho da curva, nós calculamos a evolução ponto a ponto na linha do tempo, calculando o R em cada ponto. Assim, temos o R mais aproximado possível. Ao invés de inferido, ele é calculado”, destaca o docente.
Este modelo permite que o sistema seja usado para prever cenários futuros da pandemia no Rio. Para isso são considerados dados como as quantidades de infecções e óbitos registrados e o índice de isolamento social do estado. “Até agora os resultados estão absolutamente coerentes, dentro da região de confiança que a gente tinha previsto”, afirma Travassos. “E se por um lado é uma alegria ver um modelo realístico o suficiente funcionando, ao mesmo tempo ele ajuda a ver o que vai acontecer, e é muito triste”.
Agora, os professores que desenvolveram o sistema trabalham para adaptá-lo para que ele possa ser a referência no planejamento de retorno gradual das atividades presenciais da UFRJ. Para isso, foi necessário alterar a área de abrangência do Covidímetro. “Usamos um conceito semelhante para compor uma região UFRJ e uma região Macaé. Com base no nosso corpo funcional e discente, foi fácil identificar de que municípios vêm as pessoas da universidade. Esta foi a primeira iniciativa, o modelo está em evolução”, ressalta Travassos.
“A intenção é ter modelos diferentes para o Fundão, para a Praia Vermelha e outros campi. E vamos tentar buscar parâmetros adicionais que dizem respeito ao funcionamento da universidade, como a disponibilidade funcional, de estrutura”, contou o professor, que fez questão de reafirmar que o Covidímetro da UFRJ não vai ser determinante para decidir se as atividades presenciais voltam ou não, mas vai ser uma das informações que poderá subsidiar a decisão.

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