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Muita coisa realizada em pouco tempo e muito mais por fazer em menos tempo. É assim que a diretoria da Adufrj avalia os primeiros 12 meses de gestão. Levantamento sobre as atividades realizadas durante a pandemia mostra que a diretoria convocou 13 vezes o Conselho de Representantes. A comunicação com os sindicalizados foi priorizada. O jornal aumentou. Foram 33 edições e 280 páginas. As ações nas redes sociais também cresceram, com quase 160 mil acessos no Facebook. No cotidiano da universidade, a AdUFRJ atuou fortemente em todos os debates sobre o calendário acadêmico e os dilemas do ensino remoto. A convicção da diretoria é de que todo esse esforço fortalece o sindicato e é a melhor forma de defender a Educação dos ataques sistemáticos do governo federal.



Muito além dos ventos de maio
Diretoria da AdUFRJ (2019-2021)

WhatsApp Image 2020 10 24 at 00.20.54Quando tomamos posse em 15 de outubro de 2019, tínhamos a clara noção de que as coisas não seriam fáceis para a nossa chapa Ventos de Maio – uma homenagem e um compromisso com a força das ruas que, em maio de 2019, foram tomadas por uma intensa mobilização contra a truculência e os cortes na Educação impostos pelo governo Bolsonaro. Após várias sequências de impropérios do pior ministro da história, que ocupava a pasta da Educação, e a apresentação do Future-se, não havia nenhuma dúvida quanto ao caráter belicoso e destrutivo de quem estava no Palácio do Planalto a nos governar. O nosso primeiro entendimento era o de que, mais do que nunca, a AdUFRJ seria necessária. Necessária em suas tradicionais funções sindicais, mas não só. Era preciso ampliar e aprofundar os laços de solidariedade entre nós, chegar até os jovens docentes recém-concursados e decifrar quais novos papéis poderíamos desempenhar. Se estávamos diante de um governo que atuava de modo sem paralelo em nossa história, seria preciso também encontrar novas respostas para enfrentá-lo.

E para isso começamos a nos preparar, retomando uma rotina de reuniões do Conselho de Representantes e preparando visitas às unidades que estavam sem representação. Também começamos a preparar um Censo que abarcaria a totalidade dos professores que estão ativos na UFRJ. Um Censo que nos trouxesse um perfil renovado e preciso de quem somos, mas principalmente, o que esperamos da universidade e de nosso sindicato. Também iniciamos uma ampla campanha em defesa da Educação Pública, integramos com os outros sindicatos da área, além de estudantes e técnicos, uma ampla frente para organizarmos nossa resposta de modo unitário, fortalecendo e buscando repetir a boa lição dos ventos de 15 maio de 2019: todos juntos em defesa da Educação, da democracia e da vida. Nossa última participação nas ruas foi no dia 9 março, na marcha unificada das mulheres. Estávamos preparados para mais uma jornada de mobilização no dia 18 de março quando, no dia 16, iniciamos esse longo período de quarentena, isolamento, e agora, distanciamento social.

Inicialmente ficaríamos em casa 15 dias, o que já parecia um longo tempo. Depois, suspenso qualquer prazo, os mais pessimistas falavam de três ou até mesmo em longuíssimos seis meses, o que parecia a todos nós algo impensável. Mas é precisamente isso que caracteriza 2020: estamos vivendo o impensável. No impacto inicial das primeiras medidas, nos preparamos o mais rápido possível para garantir uma presença real na vida da UFRJ, participar de algum modo e contribuir com o grande esforço que a universidade começava a fazer para enfrentar uma pandemia que não sabíamos ainda a extensão nem a intensidade com que ela se abateria sobre nós. Os prognósticos eram os mais preocupantes e não poderíamos nos manter à margem de todos esses acontecimentos.

De imediato, adquirimos duas assinaturas do Zoom, que em pouco tempo iria se consolidar como a plataforma mais utilizada para as reuniões de todo o tipo. Foram duas assinaturas porque disponibilizamos uma para todos os docentes que a solicitassem, seja para a manutenção de grupos de pesquisa, reunião das unidades, e até mesmo congregações e outras atividades institucionais. Não era hora de parar, nem de nos afastar. A segunda assinatura ficou disponível para as atividades da AdUFRJ.  

A primeira preocupação: ninguém solta a mão de ninguém! Como estariam os professores? Precisariam de algum apoio? E aqueles que vivem sozinhos, como estariam passando? E nós, como estamos no meio desse vendaval? Assim nasceu o “Tamo Junto”, encontro informal, happy hour de sexta-feira, para conversar fiado, ouvir histórias, manter a possibilidade do encontro e do afeto em meio a tanta dificuldade.

Dessa primeira conversa, convocamos também o nosso Conselho de Representantes. Inicialmente tivemos reuniões semanais, com a presença em vários encontros do Vice-reitor, da Reitora e Pró-reitores de diversas áreas. Desde logo, a UFRJ se posicionou como uma das instituições líderes no combate ao novo coronavírus, seja no acesso hospitalar aos doentes mais graves, seja na produção de testes diagnósticos e na pesquisa continuada em possíveis tratamentos. No entanto – como bem sabe quem vive o cotidiano da universidade – há um déficit estrutural em muitas unidades, fazendo com que o desenvolvimento dessas atividades (ainda mais em época de crise) ficasse comprometido. Nós nos propusemos então a ajudar financeiramente muitas iniciativas durante a pandemia, como a doação de vários equipamentos de TI para o Hospital Universitário, assim como a compra de equipamento essencial para o IPPMG e apoio com suprimentos a vários laboratórios. Embora o sindicato tenha algum dinheiro, ele nada mais é do que uma gota no oceano de necessidades que essas ações exigem.

Entretanto, entendemos que tínhamos uma carta na manga que poderia ser muito útil: a agilidade e rapidez nas compras emergenciais, acelerando a resolução de problemas. E foi desse modo que atuamos.

Não eram só as nossas questões que nos preocupavam. As parcelas mais vulneráveis da universidade também precisavam de ajuda, mas não daríamos conta de fazer tudo isso sozinhos. E nem estávamos sós. Todas as entidades da UFRJ se mobilizaram para dar alguma assistência emergencial aos mais vulneráveis e foi da união de nossos esforços que nasceu o FORMAS – Fórum de Mobilização e Ação Solidária – que reúne as nossas 5 entidades representativas: AdUFRJ, DCE, SINTUFRJ, APG e ATTUFRJ. Realizamos inúmeras doações de cestas básicas, apoiamos diversas campanhas de solidariedade, e ainda organizamos alguns eventos para arrecadarmos recursos, como as lives da “Arte de ficar em casa”.

Durante esses primeiros meses de pandemia, todas as atividades on-line que realizamos tiveram um número grande de participantes. O fato de termos agido com rapidez, permitiu que criássemos um importante polo de informação e debates na nossa UFRJ. Nosso jornal semanal ampliou seu conteúdo: tivemos 33 edições, com 280 páginas de conteúdo de qualidade. Tudo isso confirma o que pensávamos lá atrás, quando tomamos posse: o sindicato é mais necessário que nunca. Mas não podíamos imaginar o quanto. Não realizamos o nosso censo, embora tenhamos a esperança de que ainda possamos vê-lo de pé no próximo ano. Mas a vida nos obrigou a colocar em prática novas formas de lutas, novas possibilidades de interação e atuação sindical.

O reinício das aulas de forma remota, primeiro no PLE e em breve de modo regular, está a nos exigir um esforço ainda maior. Já sentimos o efeito disso em todos nós: menos pessoas nas reuniões, mais dificuldade de ajustarmos as agendas. Todos muito mais cansados, e poucas respostas sobre como isso tudo terminará. Completamos sete meses de suspensão das atividades presenciais na UFRJ, mas o cenário para um retorno “à normalidade” é ainda muito nebuloso. O governo também não nos deu trégua, mas tivemos algumas vitórias ainda que parciais. Fizemos o que foi possível. Sentimos que é hora de um pequeno balanço para entendermos melhor o que se passa e como poderemos caminhar daqui para frente.

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