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WhatsApp Image 2021 11 12 at 20.48.38Kelvin Melo e Silvana Sá

A exigência da Justiça para que a universidade retome as aulas presenciais em todas as suas unidades de ensino até 16 de novembro esbarra na realidade. Enquanto alguns cursos fazem o possível para retomar parte das atividades de ensino, outros espaços não têm condições mínimas para receber alunos, professores e técnicos.
É o caso do Observatório do Valongo. A unidade tem cem alunos de graduação, 20 de pós-graduação, 16 professores e 13 técnicos-administrativos. Realiza atividades de ensino, pesquisa e extensão, têm aulas teóricas e práticas. Mas a interdição de dois banheiros, um masculino e um feminino, impede a retomada do ensino no local.
“Nossa cota do orçamento participativo é muito pequena. Antes dos cortes, recebíamos R$ 30 mil. Agora, nosso valor é de R$ 16 mil”, reclama o diretor do Valongo, professor Helio Jaques Rocha-Pinto. Além do cobertor curto, a unidade sofre os efeitos da redução do número das chamadas unidades administrativas de serviços gerais, ou Uasg, na instituição. A medida partiu de uma imposição do governo federal no ano passado. Hoje, a Uasg responsável por centralizar as licitações e compras do Observatório é a decania do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza. “Não é culpa da decania, mas o processo ficou muito mais lento. Mesmo que eu tenha dinheiro, não consigo mais resolver uma obra emergencial, ou comprar um item em menor quantidade, porque não posso mais administrar esses valores”, conta o diretor.
Mesmo sendo uma das 20 unidades — além do campus de Duque de Caxias — com espaços classificados e validados para a volta de aulas práticas, o Valongo deverá manter as atividades de maneira remota. “Conseguimos fazer observações remotas, inclusive por meio de telescópios de outros países. Basicamente o que precisamos é de computador e internet, então pretendemos manter o plano de voltar em 2022.1, a menos que sejamos obrigados”, explica Rocha-Pinto.
Além dos banheiros, o Valongo enfrenta problemas como infiltrações em paredes e pisos e goteiras, que fizeram com que algumas partes do forro do teto cedessem. O laboratório de informáticaWhatsApp Image 2021 11 12 at 20.48.38 1PROFESSOR Rundsthen Vasques de Nader, vice-diretor do Valongo: falta de banheiros impede retorno - Fotos: Fernando Souza está com as máquinas desatualizadas e um HD pifou. “Todas essas pendências afetam nossos estudantes. Chegamos a fazer o mapeamento das áreas aqui do Valongo, seguindo o Guia de Biossegurança da universidade. Nosso laboratório de informática só teria capacidade para dois alunos e um professor. Algo também impraticável”, completa o vice-diretor da unidade, professor Rundsthen Vasques de Nader.
Na reunião do último Conselho Universitário, a pró-reitora de Graduação, professora Gisele Pires, informou que 41.218 alunos estão inscritos em 6.519 disciplinas para o semestre que começa na terça-feira, 16. “As Unidades Acadêmicas estão elaborando o plano de retorno gradativo e escalonado de suas atividades pedagógicas, respeitando as especificidades de cada curso e os protocolos de biossegurança. A graduação não está inerte”, disse.

AULAS PRÁTICAS
As unidades com cargas elevadas de aulas práticas estão se desdobrando para conseguir voltar presencialmente. “Com todo cuidado, o diretor Ronal Silveira está conseguindo adequar, com revezamento, as aulas práticas na Escola de Música”, informou a professora Maria das Graças dos Reis, representante dos Adjuntos do CLA no colegiado máximo da UFRJ. “Tenho 63 anos e voltarei, com revezamentos, vacinada com a segunda dose, esperando a terceira”, completou, ressaltando todos os problemas de infraestrutura da Escola.
Diretora do campus Duque de Caxias, Juliany Rodrigues apresentou o planejamento local para os próximos dias, seguindo os protocolos de biossegurança. “Somos obrigados a voltar, mas somos obrigados a proteger o corpo social”, resumiu. Desde o dia 8, todos os setores administrativos funcionam com pelo menos uma pessoa, dependendo da área avaliada pelo app Espaço Seguro da UFRJ – divulgado na edição nº 1.201 do Jornal da AdUFRJ. “E a partir do dia 16, vamos oferecer seis disciplinas presenciais, com carga horária prática. Com um número pequeno de estudantes. Estamos planejando o retorno, de forma gradativa”, esclareceu.

PRAIA VERMELHA
Na Praia Vermelha, há exemplos como os da Faculdade de Educação e do Instituto de Economia, que organizam volta das aulas em salas do Palácio Universitário. O maior problema do campus está no aulário – estrutura de três andares formada por contêineres habitáveis. “O primeiro andar está inviabilizado para uso, não poderemos receber alunos no primeiro pavimento, porque o piso afundou”, revela o vice-reitor da UFRJ, professor Carlos Frederico Leão Rocha. “O não cumprimento de decisão judicial configura improbidade. Mas, casos específicos, em que o retorno é impedido por questões estruturais, podem ser justificados perante a Justiça”, comentou o vice-reitor em relação aos problemas vividos pelo Valongo e na Praia Vermelha.
Outra área que requer atenção da universidade é o edifício Jorge Machado Moreira que, desde 2016, sofre com as consequências de um incêndio que atingiu o oitavo andar. O evento desalojou a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), a Escola de Belas Artes (EBA) e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (Ippur). Em abril deste ano, outro incêndio destruiu a Procuradoria e parte do setor de documentação da FAU. “Alguns desses problemas estão encaminhados para 2022, como obras nos 6º e 7º andares e licitação para obras no 5º e 4º andares, além de licitação para brigada de incêndio para janeiro e licitação para reforço dos pilares”, conta o vice-reitor.

VACINAÇÃO
Além da infraestrutura, a comunidade acadêmica se preocupa com os protocolos para a volta aos campi. Chefe de secretaria do Instituto de Psicologia, Manoel Alves do Nascimento se sente inseguro. “Os setores vão se revezando e a partir da semana que vem haverá porteiro. A carteira de vacinação será apresentada ao porteiro? Ainda temos algumas indefinições”, resume o servidor.
No Consuni do dia 11, o vice-reitor Carlos Frederico informou que a administração superior prepara uma portaria, baseada em resolução do colegiado, para garantir que só ingressem pessoas vacinadas nas edificações da universidade.

VOLTA DA PÓS E DA EXTENSÃO

O Conselho de Ensino para Graduados finalizou esta semana a discussão de uma resolução que regulamenta o retorno gradual do ensino presencial para os cursos de pós-graduação, que têm calendário diferenciado da graduação. “O volume de aulas práticas na pós-graduação é pequeno, pois as atividades práticas normalmente ocorrem durante o período de desenvolvimento da pesquisa, nos laboratórios e trabalhos de campo”, explica o superintendente acadêmico José Luis Lopes. “As aulas práticas são concentradas em alguns poucos cursos, como da área de saúde, que já retornaram as atividades, excepcionalmente, em sua maioria, em função de seu caráter essencial”, completou.
No dia 22, o Conselho de Extensão Universitária vai debater e elaborar uma resolução para o retorno gradual da extensão ao presencial, informa a pró-reitora Ivana Bentes. “Se houver decisão judicial, teremos que cumprir, mas a decisão não fala de extensão”, observou, em referência à sentença do desembargador do TRF-2. “Vamos fazer uma consulta para saber quais ações retornarão ao presencial”. Por enquanto, apenas as ações de prevenção e combate à covid-19 estão presenciais.

UFRJ apresenta diretrizes para o retorno seguro

A PR-3 apresentou diretrizes para o retorno gradual das atividades presenciais da UFRJ, nesta sexta-feira. A ideia é que o documento sirva de base para que as unidades possam trabalhar a partir de suas especificidades.
Servidores e estudantes que tiverem qualquer sintoma de gripe ou resfriado serão tratados como “casos suspeitos” e não deverão comparecer à universidade. Nesses casos, será necessário avisar à chefia imediata ou à coordenação de ensino sobre a condição de saúde.
Em caso de diagnóstico positivo, todas as pessoas que tiveram contato com a pessoa infectada deverão ser afastadas e encaminhadas para a testagem. O GT Coronavírus define como “contato de risco” toda pessoa que manteve proximidade menor que 1,5 metro de distância, por 15 minutos ou mais, de forma cumulativa, em um período de 24 horas com alguém infectado.
Professores, técnicos e estudantes poderão realizar o teste de covid-19 no Centro de Triagem e Diagnóstico da UFRJ, localizado no Bloco N do Centro de Ciências da Saúde. O agendamento pode ser realizado diretamente no site do CTD: https://agendamento.coronavirus.ufrj.br. Os testes no CTD serão realizados com a comunidade acadêmica do Rio de Janeiro e de Duque de Caxias. A comunidade acadêmica de Macaé realizará a testagem no próprio município.
Em relação aos trabalhos de campo, a universidade recomenda que viagens a outros municípios só aconteçam mediante a observação da condição epidemiológica da respectiva cidade, de modo a minimizar os riscos para estudantes e professores.
A UFRJ fornecerá equipamentos de proteção individual para professores, técnicos e estudantes em situação de vulnerabilidade econômica.
O distanciamento seguro indicado pelos grupos de trabalho da universidade nos espaços de aulas práticas e trabalho é de 1,5 metro. A universidade recomenda que sejam evitados agrupamentos antes e após as aulas e que sejam escolhidos horários que ajudem a minimizar o contato entre diferentes grupos. Outra recomendação é que todos os espaços sejam desinfectados regularmente, a cada troca de turmas ou a cada intervalo, por exemplo. (Silvana Sá)

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