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WhatsApp Image 2022 01 21 at 19.24.54 1Divulgação/AndesReajuste linear de 19,99%, revogação do teto de gastos públicos e arquivamento da proposta de reforma administrativa. Os dirigentes sindicais das principais entidades do funcionalismo federal protocolaram as reivindicações no Ministério da Economia, na terça-feira (18). A ação marcou o início da mobilização conjunta dos servidores em 2022.
“Estamos reivindicando um reajuste de 19,99%, que corresponde às perdas com a inflação apenas do período do governo Bolsonaro. Foi um dia importante, e agora estamos esperando que o governo nos chame para negociar”, explica David Lobão, coordenador geral do Sinasefe, que reúne trabalhadores da Educação Básica, Profissional e Tecnológica. Para Lobão, o balanço do dia 18 é positivo. “Janeiro é um mês de férias, e estamos no meio de um período de recrudescimento da pandemia, então já se esperava uma manifestação menor, feita por dirigentes sindicais”, avaliou.
Se o governo não sinalizar a negociação, já há um calendário de atividades decididas pelo Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe) para o primeiro trimestre do ano. “Não vamos esperar o governo de braços cruzados. Queremos fazer, dia 14 de fevereiro, no Brasil todo, a maior rodada de assembleias de bases dos servidores federais”, contou David. Segundo ele, uma plenária nacional dos servidores públicos federais será convocada para o dia 27 de janeiro.
“E vamos convocar um ato nacional em Brasília, no começo de fevereiro, para uma manifestação no STF, para que o Supremo declare inconstitucional o reajuste apenas para algumas categorias do serviço público”, explicou. Bolsonaro pretendia dar reajuste apenas para servidores da área de segurança, incluindo os policiais federais e os policiais rodoviários, mas diante do protesto das demais categorias, o presidente recuou.
“Se até o dia 14 de fevereiro o governo não iniciar um processo de negociação sério ou não atender as nossas reivindicações, nós começamos um segundo momento da campanha, que chamamos de estado de greve, até o dia 25 de fevereiro, com atos nos locais de trabalho e atos de rua nas capitais”, contou David. A ideia é buscar apoio na sociedade. Neste caso, sempre considerando o momento da pandemia. “Nós não somos negacionistas, confiamos na Ciência, então vamos ter cautela nesse momento”.
O terceiro momento da campanha seria uma greve unificada, prevista para ser deflagrada a partir de 9 de março.

GOVERNO DE RETROCESSO
Os atos da última terça contaram também com a participação do Fonacate, fórum que congrega as carreiras típicas de Estado, como os auditores fiscais. “Estamos tendo que enfrentar um governo que acabou com as mesas de negociação permanentes. Uma coisa nova para nós. É um retrocesso de 20 anos”, explicou Rudinei Marques, presidente do Fonacate. “O governo tem se especializado em atacar o funcionalismo”, concluiu. O dirigente explicou que a luta por recomposição salarial deveria ter sido feita desde o ano passado, mas ganhou prioridade o enfrentamento da proposta de reforma administrativa elaborada pelo governo, a Proposta de Emenda Constitucional 32.
Até o momento, os servidores estão vencendo esta batalha. “Terminamos 2021 com uma vitória contra a PEC 32, que perdeu forças, mas não está totalmente enterrada”, contou a professora Rivânia Moura, presidente do Andes. A dirigente ressaltou a unidade formada na luta contra a reforma administrativa, e a sua importância na campanha pela recomposição salarial. O desafio, para ela, é pensar a construção de uma greve, considerando a pandemia. “O principal é manter a nossa construção, nossa unidade e nossa luta, que foi vitoriosa em 2021, e que a gente possa apostar nesse grande instrumento para a luta dos trabalhadores e trabalhadoras no âmbito do serviço público no Brasil”, defendeu.

AVALIAÇÃO DA ADUFRJ
A professora Mayra Goulart, vice-presidente da AdUFRJ, considera o momento oportuno para a reivindicação dos reajustes salariais, diante do aprofundamento da pobreza, o que aumenta a pressão sobre o governo. “Segmentos da classe média começam a ser atingidos por essa sensação de vulnerabilidade. Isso aumenta a nossa chance de conseguir adesão, ou pelo menos solidariedade, de outras camadas, de outros segmentos sociais, não só dos servidores públicos”, explicou.
A mudança na política econômica do governo é outro ponto que pode ser explorado. “O governo deu sinalizações ambíguas em relação aos seus primeiros discursos de disciplina fiscal”. Mayra exaltou a união dos servidores, representada na articulação do Fonasefe e do Fonacate, mas afirmou ser necessário aumentar a rede de apoio às demandas do funcionalismo. “Temos que atrair o máximo de segmentos pra fazer um movimento articulado, mas mantendo a clareza nas nossas reivindicações: reajuste salarial em virtude das perdas inflacionárias”, ressaltou.
Mayra questionou a greve como instrumento de mobilização, especialmente na atual conjuntura, entre os professores. “Há outras possibilidades, como paralisações pontuais, ações nas redes e na rua. Formas que talvez sejam mais eficazes do que fechar a universidade. Quando a universidade está fechada, ela não serve como espaço de mobilização e luta. Eu acho que podemos ter mais resultado com ela aberta e os professores fazendo essa agitação”, explicou.
A docente também defendeu que o assunto seja amplamente discutido entre os colegas, em assembleia. “É do nosso interesse ouvir os professores, não só os sindicalizados, mas também os não sindicalizados, para saber o que eles pensam sobre este assunto. Cada docente tem que avaliar qual é o melhor instrumento para termos a nossa demanda atendida”.

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