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Passada a euforia do retorno, o choque de realidade. Assim como retratou em suas páginas a alegria do reencontro, simbolizada pelos abraços guardados na saudade acalentada por dois anos de afastamento na pandemia, o Jornal da AdUFRJ inicia nesta edição, nas páginas 4 e 5, uma série de reportagens sobre os problemas enfrentados pela comunidade acadêmica em pouco menos de um mês de volta às aulas presenciais. Muitos não são novos. Ao contrário, são velhos conhecidos. As más condições de trabalho foram o principal assunto tratado pelo Conselho de Representantes da AdUFRJ, realizado de forma híbrida na quarta-feira (4), tema de nossa matéria da página 3. Representante de Macaé, a professora Lais Buriti, resumiu bem o cenário: “Não parece que se passaram dois anos, porque estamos com os mesmos problemas, só que agravados”.

Vamos começar a série falando de uma unanimidade em termos de desolação: o transporte público. A Ilha do Fundão, em particular, padece nessa seara. Já com parcas opções de acesso, alunos, professores e funcionários enfrentam a escassez de ônibus nas poucas linhas disponíveis, sobretudo no período noturno; encaram a superlotação nos horários de pico — algo particularmente preocupante no momento em que a curva de casos de covid-19 volta a dar mostras de reavivamento — e sofrem diariamente com o sucateamento da frota. “No intervalo de uma semana, eu presenciei duas quebras de ônibus. Tem que descer, pegar outro e gera um transtorno muito grande”, conta o professor Fernando Duda, da Coppe, que mora em Copacabana e é um usuário sofredor da combalida linha 485.

Em muitos casos, a locomoção é uma loteria. Brenda Tosi, mestranda do programa de Linguística, que o diga. Na tarde de terça-feira (3), ela esperava um ônibus da linha 410T para voltar para casa, em Rocha Miranda, na Zona Norte. Depois de 40 minutos sob um calor de 34 graus no ponto em frente à Faculdade de Letras, ela desistiu e tentou a “sorte”: pegou um ônibus interno e resolveu encarar o BRT. Lá estava o caos habitual: plataforma abarrotada de gente, mais tempo de espera, veículos lotados, com pessoas penduradas nas portas abertas. A estudante Mariana Victorino, do 7º período de Engenharia de Alimentos, moradora da Penha Circular, na Zona Norte, deu um diagnóstico preciso do BRT: “Antes da pandemia, era cheio tolerável. Agora, está superlotado”. Na primeira semana de aula, Mariana precisou descer de um BRT com pneu furado, em Olaria.

Para quem trabalha ou estuda no CT, superar os problemas do transporte público é uma espécie de “treino” para enfrentar outro obstáculo: os elevadores. No bloco H, os dois estão parados. Dos quatro do bloco A, só um funciona para atender a sete andares. “É uma situação vexaminosa para uma universidade e de desrespeito para com sua comunidade”, reclama o professor Ildeu Moreira, do Instituto de Física. Esse é um problema que entra no rol dos clássicos. “Trabalho aqui há 30 anos. Só uma vez vi todos os elevadores funcionando”, relata Dalva Lúcia Rossotti, servidora do Instituto de Química.

O medo e a insegurança, que foram objeto de recente matéria do Jornal da AdUFRJ por conta dos arrastões e assaltos na primeira semana de aulas presenciais na Praia Vermelha, rondam também o CT. O breu no estacionamento entre os blocos A e H reforça o temor que o professor Papa Matar Ndiaye, da Escola de Química, descreve em poucas palavras: “É dramático porque, das unidades do CT, somente a Escola de Química tem cursos noturnos. Isso gera um problema também emocional, de saber que você está se arriscando em um lugar que não deveria oferecer essa preocupação. Você pode ser roubado, agredido e ninguém verá”, diz o professor.

As filas gigantes para os bandejões, problemas de infraestrutura no prédio do CT e buracos nas pistas e no estacionamentos do CT são outros problemas abordados nesse primeiro capítulo da série. No dia 24, a diretoria da AdUFRJ terá uma reunião com a reitoria para tratar dos problemas abordados nesta edição, apresentar as demandas dos docentes e cobrar prazos para as soluções.

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