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WhatsApp Image 2022 06 15 at 20.40.22Foto: Alessandro CostaEstela Magalhães

Uma postura proativa na defesa do meio ambiente e uma divulgação científica de qualidade foram as principais propostas no debate “Ciência e políticas públicas no atual cenário negacionista”. O encontro, realizado na última segunda-feira, no campus da Praia Vermelha, contou com a presença de Ricardo Galvão, professor da USP, e ex-presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e de Ana Toni, diretora executiva do Instituto Clima e Sociedade.

“Temos uma comunidade científica ainda forte apesar dos ataques, temos competência e temos aliados”, ponderou Galvão. “Como cidadãos, precisamos trabalhar o máximo para conseguir a mudança que queremos no país, não só no meio ambiente, mas na Educação e na Ciência”, completou o docente. A mesa integrou a programação da semana do Meio Ambiente da UFRJ.

Outro tema recorrente no encontro foi o desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips. “Essas pessoas incomodavam demais, uma pessoa que lutava tanto pela causa indígena foi apagada. Isso é muito triste, lamento muito por todos os brasileiros”, lamentou Galvão. “A defesa da Amazônia passa por um momento trágico. É um momento simbólico de luta e resistência”, disse a professora Tatiana Roque, mediadora da conferência.

NEGACIONISMO
O negacionismo foi apontado pelo professor Ricardo Galvão como um importante problema que afeta a produção científica e a defesa do meio ambiente. Em 2019, o professor teve a credibilidade de uma pesquisa atacada pelo presidente. Jair Bolsonaro afirmou que os dados do INPE sobre o desmatamento da Amazônia eram falsos.

Galvão destacou que o negacionismo atual “é uma pseudociência intencional”, e para combatê-la, a melhor arma é a divulgação científica. “Temos que melhorar o diálogo da universidade com a sociedade”, indicou e lembrou que, durante a pandemia, a importância da Ciência ficou clara para a população. “Não podemos de maneira nenhuma votar em políticas negacionistas”, alertou.

AMAZÔNIA
No campo das políticas públicas, foram debatidos possíveis caminhos para a defesa da floresta Amazônica. Um exemplo foi o programa Amazônia 4.0, que tem o objetivo de criar “novas oportunidades de pesquisa, tecnologia e aprendizado para valorizar e proteger os ecossistemas amazônicos”.

“Falando da Amazônia temos que abraçar a complexidade e entender que não tem só um projeto e nem solução fácil”, ponderou Ana Toni, do Instituto Clima e Sociedade. “Toda a sociedade brasileira tem que abraçar a Amazônia, dando aos amazônicos o protagonismo. Precisamos fortalecer as universidades da região”, completou a ambientalista.

Ricardo Galvão acrescentou a importância de reflorestar, e não apenas preservar. “Vai ficar mais barato produzir sustentavelmente do que de outra maneira. Temos que tornar o reflorestamento atrativo economicamente. Só coibir nunca funciona”, observou o professor da Universidade de São Paulo.

Galvão finalizou o encontro com uma fala de esperança. “Que em janeiro de 2023 tenhamos um alvorecer em nosso país. Com a luz penetrando a escuridão negacionista com suavidade, mas pujantemente”, esperançou o ex-presidente do Inpe.

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