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WhatsApp Image 2022 09 26 at 14.33.59O professor Pedro Lima, da Ciência Política, monitora com rigor as pesquisas eleitorais e avalia que as perspectivas de vitória de Lula no primeiro turno são grandes. “Mas não posso ser um torcedor. O cenário ainda não está definido. Falta pouco, mas não está definido”, resume. “Temos que ficar atentos com o que vai acontecer com duas faixas de renda: a dos muito pobres com até dois salários mínimos, e os que ganham entre dois e cinco. Esse setor, de dois a cinco, é um perigo. Bolsonaro cresceu alguns pontos aí nos últimos dias”, alerta.

Jornal da AdUFRJ - Qual a novidade dessa semana nas pesquisas?
Pedro Lima –
Acho que a novidade é a estabilidade do cenário. Lula cresceu essa semana e voltou ao patamar de um mês atrás. Tinha 47%, caiu para 44%, depois subiu para 45% e agora voltou aos mesmos 47%. Mesma coisa em sentido inverso ocorreu com Bolsonaro. É um cenário estável, em que as oscilações ocorrem dentro da margem de erro.

O Datafolha aponta um aumento de 2 pontos de Lula. De onde vieram esses pontos?
São poucos pontos, e por isso não há como precisar o movimento de migração de votos. É provável que tenha vindo de várias fontes, uma parte do Ciro, outra dos indecisos e até de Bolsonaro e dos candidatos nanicos. Os nanicos aparecem nas pesquisas como sem pontuação, mas eles têm eleitores.

Nessa reta final, qual deve ser a estratégia de vira voto?
Primeiro temos que entender que o voto vira para os dois lados nesse momento. É natural que os eleitores migrem para os melhores colocados nesse momento. Isso vale, portanto, para Bolsonaro e Lula. Outro ponto que devemos tratar com muito cuidado é a performance dos candidatos em cada faixa. Isso é decisivo nessa reta final. As pessoas falam muito dos resultados gerais e esquecem os segmentados. A estratégia tem que focar nos segmentos de renda.

O que está ocorrendo de relevante nos votos por segmentos de renda?
Ocorreu algo muito importante e que a campanha de Lula deve tomar cuidado. É o crescimento de alguns pontos de Bolsonaro entre os eleitores da faixa de 2 a 5 salários mínimos. E prestar atenção à faixa entre os muito pobres, com até dois salários mínimos. Se somarmos esses dois grupos temos a grande maioria do eleitorado. Por outro lado, no setor de mais de dez salários, o movimento de vira voto já está acontecendo e é meio natural que seja assim. Não é necessário se preocupar muito.

Bolsonaro passou a semana dizendo que vai ganhar no primeiro turno. É cena ou é sinal de trama?
Acho que são as duas coisas. E as duas coisas preocupam e se alimentam. Ele faz essa cena mentirosa para alimentar sua base. Só que ele é bizarro e a base dele também é bizarra. Não vejo uma grande disposição institucional das Forças Armadas de entrar numa aventura golpista, mas a base eu não sei.

A campanha de Lula parece pouco presente nas ruas aqui do Rio. Quase não vemos carros com adesivos e bandeiras nas janelas. Por quê?
As pessoas estão com medo de ataques. Os bolsonaristas são violentos, atuam com ódio e não suportam a divergência.

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