“A escolha se dá pelo seu compromisso com a comunidade acadêmica e científica em sua trajetória como reitora, coordenadora de pós-graduação e professora”, escreveu o ministro da Educação, Milton Ribeiro, em seu perfil no Twitter.
Os predicados acadêmicos indicam o contrário. Responsável pelo fomento e avaliação da pós-graduação stricto sensu no país, a Capes atribui nota 4 ao curso de doutorado da instituição. É o mínimo para funcionamento. O curso de mestrado, coordenado pela professora, recebeu nota 2 e foi descredenciado em 2017. Nas redes sociais, internautas também chamaram atenção que a nova presidente da Capes registra reuniões comuns com colegas de curso no Currículo Lattes.
Uma reportagem da Folha de S. Paulo de 2002 também não é favorável à família fundadora do centro universitário. À época, um integrante do clã, Mauro Toledo, compareceu espontaneamente ao Ministério Público e à Polícia Federal para denunciar os “negócios oblíquos” da família. A denúncia é de desvio de recursos para favorecimento dos Toledo. A nova presidente da Capes está entre os citados.
Mas há outra “pista” para a escolha. O ministro e o advogado-geral da União, André Mendonça, se formaram em Direito na instituição. Após assumir o cargo, no ano passado, Ribeiro ganhou uma medalha e uma foto no hall de entrada do centro universitário.
A Sociedade Brasileira de Física divulgou nota nesta sexta (16) em que cobra do MEC a revisão da nomeação e a indicação de alguém “com histórico profissional e formação mais adequados”. “Uma análise de seu currículo disponível na Plataforma Lattes mostra que a indicada não possui as qualidades esperadas para o cargo”, diz um trecho.
“A Capes, que completa 70 anos em julho, merecia mais respeito”, afirma o vice-presidente da AdUFRJ, professor Felipe Rosa.