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A UFRJ não para de produzir conhecimento para enfrentar o novo coronavírus. Um equipamento desenvolvido por doutoranda da Escola de Enfermagem e sua mãe costureira pode se tornar uma opção confiável para proteção de quem precisa sair do isolamento social. Material passa por testes de validação na Rede Brasileira de Laboratórios Analíticos em Saúde

08WEB menor1133Foto: DivulgaçãoO talento de uma filha enfermeira e de uma mãe artesã gerou um produto que pode salvar vidas. Lisandra Risi, doutoranda do Programa de Pós-graduação da Escola de Enfermagem Anna Nery (UFRJ) e professora da UERJ, e sua mãe, a costureira Luci Risi, criaram máscaras caseiras e confiáveis para proteger a população do novo coronavírus. “O que despertou o projeto foi o meu trabalho com material médico hospitalar durante 12 anos”, contou Lisandra.
Antes da pandemia, a doutoranda desenvolvia um trabalho sobre a logística de abastecimento de insumos médicos para a área de saúde no revéillon do Rio. “Agora, nem sabemos se vai ter revéillon este ano”, afirma o professor e orientador Alexandre Oliveira. A situação não era favorável, mas Lisandra soube aproveitar o momento de crise para dar novo rumo à pesquisa. “Me incomodou o desabastecimento dos hospitais universitários, que estavam com estoques contados. Comecei a pensar: ‘E se nós tivéssemos algo um pouco mais efetivo com o que a gente já está vendo no mercado?’”.
Assim nasceram as máscaras LisLu20, em homenagem aos nomes das criadoras, Lisandra e Luci, e aos 200 anos da Enfermagem, completados em 2020. O equipamento possui um clipe nasal, duas camadas de tecido de algodão 100% e uma terceira camada de elemento filtrante, popularmente conhecido como coador de café. “O diferencial da máscara é a permeabilidade reduzida das gotículas externas, que perpassam o tecido se não houver o filtro de celulose”, explicou Lisandra. Para ela, o Grupo de Ensino, Pesquisa e Extensão de Saúde em Emergências e Desastres (Gepesed), conduzido pelo professor Alexandre, foi fundamental para a iniciativa. “Eles acreditaram no produto, me deram segurança para continuar os estudos e testes.”
Outras pesquisas universitárias também ajudaram. “A Universidade de Londrina fez um estudo para validar os melhores tecidos para máscaras faciais. Pegamos essa validação e usamos o tecido 100% algodão, indicado por eles”. De acordo com um estudo da Universidade Federal de Uberlândia, que avalia a eficiência de máscaras caseiras para proteção de vírus, a LisLu20 estaria classificada com o nível “muito alto”, ou seja, na mesma categoria da N95 e de máscaras cirúrgicas.
Lisandra explicou que só será possível confirmar o sucesso da máscara após os testes de validação. O processo tramita na Rede Brasileira de Laboratórios Analíticos em Saúde (Rede Reblas), que é coordenada pela Anvisa. O produto já passou no teste de permeabilidade do ar. O elemento filtrante foi de 8,6, sob aplicação de uma pressão de 125 (PA) em uma área de 20 centímetros quadrados. ”É a taxa de respirabilidade da máscara. Quanto maior esse resultado, pior, porque o ar externo passa com mais facilidade.”, explicou. “Numa máscara sem o filtro de celulose, a permeabilidade é mais alta, por exemplo.” Para preservar o ineditismo do trabalho, outros índices e comparações com materiais do mercado não podem ser divulgados, por enquanto. E ainda faltam os resultados do teste microbiológico, que devem sair no fim do mês ou no início de julho.

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