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nei lopesEstela Magalhães

Exatos 60 anos depois de seu ingresso na UFRJ, o sambista e escritor Nei Lopes recebeu o título de Doutor Honoris Causa da universidade. O evento aconteceu no Salão Nobre da Faculdade Nacional de Direito na quinta-feira (30). Em seu discurso, Nei Lopes lembrou que, quando ingressou na FND, em 1962, apenas 1% dos brasileiros cursava uma faculdade, e certamente uma parcela ainda menor da população preta e parda tinha o privilégio. “Isso me levou a um caminho que até hoje é a fonte maior de meu interesse e fazer intelectual: a reavaliação do papel dos afrodescendentes na construção da sociedade nacional e o esforço na direção do equilíbrio entre os diversos segmentos étnico-raciais, a partir da eliminação do racismo e da exclusão”, disse.
Nei avaliou que o Direito teve um importante papel em seu movimento na direção da luta pela igualdade racial e contra o racismo. “Eu me afastei da advocacia, mas não do Direito, que nunca saiu de mim e sempre há de se manifestar no nosso respeito à lei e aos princípios constitucionais e a defesa do estado democrático de direito”, declarou.
O advogado Eloá dos Santos Cruz, também egresso da FND, entrou com o pedido de concessão do título ao sambista em 2019, mas o pleito foi negado pela congregação da faculdade em junho do ano passado por falta de “relação estreita com o campo jurídico”. Naquele momento, Nei Lopes já havia sido agraciado com o título pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, em 2012, e pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em 2017.
Em março deste ano, a Universidade Estadual do Rio de Janeiro também tornou o compositor Doutor Honoris Causa. Em sua fala, Eloá lamentou a perda do pioneirismo da UFRJ na concessão do título a Nei Lopes e celebrou as ações afirmativas da universidade, que hoje contribuem para uma maior presença de negros no ensino superior.
A reitora da UFRJ, Denise Pires de Carvalho, destacou a importância da luta pela educação no Brasil e contra os cortes orçamentários nas universidades. “Nós, egressos da UFRJ, levamos conosco o espírito da Minerva, a deusa da sabedoria e da guerra. Mas não é a guerra das armas, e sim do saber que nos levará à efetiva liberdade. E continuaremos lutando nessa guerra a favor do conhecimento, da cultura e da educação e contra a desigualdade social”, disse.
O vice-reitor Carlos Frederico Leão Rocha registrou a importância da concessão do título a personalidades admiráveis que compõem a história da UFRJ. “Estamos fazendo o que entendemos ser uma reparação no DNA que essa universidade deve ter. Isso aparece quando concedemos o título póstumo à Carolina de Jesus, quando concedemos ao Noca da Portela e agora ao Nei Lopes. Por isso, agradeço por aceitar fazer parte do nosso DNA”.
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