facebook 19
twitter 19
andes3
 

filiados

WhatsApp Image 2024 02 23 at 20.51.58De um lado, um líder enfraquecido politicamente que viu uma brecha para angariar simpatia em seu país, em plena guerra contra o grupo palestino Hamas. De outro, um presidente que tenta alçar seu país a um papel relevante nos organismos internacionais, no momento em que ocupa a presidência do G20. Esta semana, como num hipotético ringue, Benjamin Netanyahu e Luiz Inácio Lula da Silva levaram Israel e Brasil a um improvável embate diplomático em torno dos ataques israelenses ao grupo Hamas na Faixa de Gaza.

O estopim para o atrito foi uma entrevista coletiva do presidente Lula em Adis Abeba, onde participou da 37ª Cúpula da União Africana e de reuniões bilaterais com chefes de Estados do continente. Na entrevista, Lula comparou o que os palestinos vêm sofrendo em Gaza ao que os judeus sofreram sob Hitler (veja declaração completa no box). A reação de Israel foi imediata. O embaixador brasileiro naquele país, Frederico Meyer, foi exposto a uma reprimenda pública, em hebraico, e Lula foi considerado “persona non grata” em Israel.

Para o historiador Michel Gherman, professor do Programa de Pós-Graduação em História Social do IFCS/UFRJ e pesquisador do Centro de Estudos do Antissemitismo da Universidade de Jerusalém, a fala de Lula jogou um holofote sobre a anunciada invasão terrestre de Israel a Rafah, no sul da Faixa de Gaza, prevista para as próximas semanas. “A entrada em Rafah vai nos fazer lembrar os piores confrontos sangrentos que já tivemos na história. Você tem mais de um milhão de refugiados abrigados em cabanas no sul de Gaza. São pessoas que já fugiram do norte de Gaza, não têm outro lugar para ir, estão concentradas na fronteira com o Egito. Se o número de mortos civis já é assustador, com a possível entrada em Rafah vai ser terrível”, avalia Gherman.

Segundo o professor, a situação política em Israel é complexa. “Há uma crise econômica sem precedentes, com uma acentuada queda do PIB. Netanyahu tem uma rejeição enorme da população, na faixa dos 80%. E você tem os reféns feitos pelo Hamas, que estão lá à espera da libertação, mas setores do governo Netanyahu são contra qualquer negociação para a troca de reféns. Eu acho que o isolamento político de Israel, aliado à situação caótica interna, pode fazer de uma possível entrada em Rafah um suicídio político para Benjamin Netanyahu. Mas a não entrada também pode ser – ele vai perder a coalizão que o sustenta no poder. Nesse ringue hipotético, ele está nas cordas. Ou, entra em Rafah e promove um massacre, ou não entra, sai do governo e vai preso”.

Netanyahu já anunciou que o exército israelense invadirá Rafah no Ramadã, período sagrado para os muçulmanos que começa em 10 de março, caso o Hamas não liberte os reféns que mantém em seu poder desde o início do conflito, em 7 de outubro de 2023. Embora tenha restrições às declarações de Lula, Michel Gherman destaca a importância do alerta feito pelo presidente brasileiro. “É uma fala muito importante, que não pode ser cortada por uma declaração infeliz. O problema foi a comparação, historicamente equivocada, ao Holocausto. E o governo de Israel, de uma forma irresponsável, resolveu produzir ganho político com isso. Foi uma boia de salvação para Netanyahu, mas de curta duração”.

Na avaliação de Michel Gherman, se Netanyahu está nas cordas, o ex-presidente Jair Bolsonaro também está. Para o professor, a extrema direita brasileira, tão identificada com a israelense, tentará também obter ganho político com o embate diplomático. “Assim como seu colega israelense, Bolsonaro está às vésperas de uma prisão. A extrema direita daqui tenta desde o início desse conflito entre Israel e o Hamas “brasilizar” a questão. Isso deve ocorrer na Avenida Paulista (local da manifestação de domingo próximo), a transformação de Bolsonaro em defensor de Israel e de Lula como inimigo de Israel. Para a extrema direita brasileira também é uma boia de salvação”, crê Gherman.

As redes sociais bolsonaristas já trataram de amplificar o embate e chegaram a anunciar a presença no ato de domingo do embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine. Na avaliação de Fernando Brancoli, professor do Instituto de Relações Internacionais e Defesa (IRID-UFRJ), é bom lembrar que o atual governo de Israel tem fortes ligações com nosso governo anterior. “Netanyahu visitou Bolsonaro entre a vitória nas eleições de 2018 e a posse. Há um receio que no domingo, na passeata de Bolsonaro em São Paulo, o embaixador israelense no Brasil possa participar de alguma forma. Não me impressionaria se ele gravasse um vídeo ou algo parecido. Se isso acontecer, a fervura voltará a aumentar e ele poderá até ter que sair do Brasil. A Convenção de Viena proíbe que diplomatas participem de manifestações políticas”, lembra Brancoli.

O professor ressalta que a fala de Lula se insere num contexto mais amplo de reforma dos organismos internacionais. “A fala tem que ser entendida no lugar em que ele estava. Não foi feita em Brasília. Ele estava na Etiópia, na reunião da Cúpula Africana, com a participação de países islâmicos do norte da África e do Golfo. Um espaço de países do Sul global que argumentam, assim como o Brasil, que os mecanismos internacionais para a solução de crises não estão funcionando. E não funcionam porque são essencialmente centrados nos países mais influentes do Norte. A fala do Lula se enquadra nessa lógica”.

Segundo Brancoli, Lula passou os últimos dois dias antes de sua fala em Adis Abeba reunido com lideranças palestinas e africanas. E suas declarações foram feitas no momento em que Israel anuncia a invasão de Rafah. “Estou numa conferência nos Estados Unidos debatendo esse tema e a expectativa é que essa invasão vai ser um massacre. Estamos falando de uma cidade que tinha anteriormente 170 mil pessoas e que hoje tem um milhão e meio. Até os Estados Unidos, que são apoiadores de primeira hora de Israel, já se posicionaram contrários a uma entrada em Rafah. Mas é o que pode acontecer nos próximos dias, e acho que a fala do Lula serve também para chamar atenção em relação a esse movimento”.

ALERTA
Para Leonardo Valente, também professor do IRID-UFRJ, a reação de Israel às declarações de Lula foi estrategicamente pensada. “A reação foi totalmente midiática. Tudo na política externa é muito bem pensado, e Israel é experiente nisso. Havia uma ideia de desmoralização do Brasil, e isso já aconteceu em 2014, quando nosso governo fez críticas aos ataques de Israel contra os palestinos e fomos qualificados como “anão diplomático”. Israel tem uma estratégia midiática muito agressiva, sempre teve. É necessário vitimizar Israel, amplificar a questão e tentar deslegitimar a atuação internacional do Lula e da diplomacia brasileira”, analisa Valente, que tem estudos recentes que integram as Relações Internacionais à Comunicação, especialmente diplomacia midiática.

A fala de Lula, segundo Valente, chamou a atenção do mundo para os horrores que vêm ocorrendo em Gaza. “É assustadora essa normalização do massacre que está ocorrendo em Gaza. Claro que houve um ataque terrorista do Hamas, que precisa ser punido, mas isso justifica as ações de Israel em Gaza, matando mais de 20 mil civis? O que está ocorrendo lá, mais do que uma tentativa de resgatar os reféns, é uma matança étnica. Faz pensar se de fato o principal objetivo do governo Netanyahu é resgatar os reféns. Ou se é reduzir a população palestina para anexar territórios, uma política de extermínio. E o Lula deixou isso claro na fala dele”.

Se ficou restrito a Israel e Brasil, sem maiores repercussões em outros países, o embate diplomático suscitado pelas declarações de Lula acendeu um farol sobre os próximos movimentos do exército israelense na Faixa de Gaza. Um possível ataque a Rafah e suas consequências estarão agora sob os olhares do mundo inteiro.

A ESCALADA

Domingo, 18 de fevereiro
Em entrevista coletiva em Adis Abeba, onde participou da 37ª Cúpula da União Africana e de reuniões bilaterais com chefes de Estados do continente, o presidente Lula falou sobre os ataques de Israel à Faixa de Gaza. Eis a fala literal de Lula:
“É muito engraçado. Quando eu vejo o mundo rico anunciar que está parando de dar contribuição para a questão humanitária aos palestinos, eu fico imaginando qual é o tamanho da consciência política dessa gente e qual é o tamanho do coração solidário dessa gente que não está vendo que na Faixa de Gaza não está acontecendo uma guerra, mas um genocídio”.
“De que não é uma guerra entre soldados e soldados, é uma guerra entre soldados altamente preparados e mulheres e crianças. Olha, se houve algum erro nessa instituição que apura dinheiro, que se apure quem errou. Mas não suspenda a ajuda humanitária a um povo que está há quantas décadas tentando construir o seu Estado”.
“O Brasil não apenas afirmou que vai dar contribuição — eu não posso dizer quanto porque não é o presidente quem define. É preciso ver quem é que cuida disso no governo para ver quanto é que vai dar. O Brasil disse que vai defender na ONU a definição de o Estado palestino ser reconhecido definitivamente como Estado pleno e soberano”.
“É importante lembrar que em 2010 o Brasil foi o 1º país a reconhecer o Estado palestino. É preciso parar de ser pequeno quando a gente tem que ser grande. O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”.
“Então não é possível que a gente possa colocar um tema tão pequeno, sabe, você deixar de ter ajuda humanitária. Quem vai ajudar a reconstruir aquelas casas que foram destruídas? Quem vai retribuir a vida de 30.000 pessoas que já morreram, 70.000 que estão feridos? Quem vai devolver a vida das crianças que morreram sem saber por que estavam morrendo?”.

WhatsApp Image 2024 02 23 at 20.53.09Segunda-feira, 19 de fevereiro
O embaixador do Brasil em Israel, Frederico Meyer, foi convocado pelo chanceler israelense, Israel Katz, para uma reunião no Museu do Holocausto, em Jerusalém, onde recebeu uma reprimenda pública (foto ao lado). No encontro, Lula foi classificado como “persona non grata” por Israel.
O Itamaraty chamou Meyer de volta ao país. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, reuniu-se com o embaixador israelense no Brasil, Daniel Zonshine, e manifestou insatisfação com o tratamento dado ao embaixador brasileiro.
Nas redes sociais, o chanceler israelense, em texto escrito em português, diz que a declaração de Lula foi um “grave ataque antissemita que profana a memória dos que foram mortos no Holocausto”.

 

 

 

Terça-feira, 20 de fevereiro
Mais uma vez usando um texto em português nas redes sociais, Israel Katz afirma, dirigindo-se diretamente ao presidente Lula: “Que vergonha. Sua comparação é promíscua, delirante. Vergonha para o Brasil e um cuspe no rosto dos judeus brasileiros”.
O ministro Mauro Vieira reage às postagens de Katz: “As manifestações do titular da chancelaria do governo Netanyahu, de ontem e de hoje, são inaceitáveis na forma, e mentirosas no conteúdo. Uma chancelaria dirigir-se dessa forma a um chefe de Estado, de um país amigo, o presidente Lula, é algo insólito e revoltante. Em mais de 50 anos de carreira, nunca vi algo assim”.

WhatsApp Image 2024 02 09 at 16.44.18Por unanimidade, a assembleia da AdUFRJ desta sexta-feira (9) confirmou os professores eleitos para o 42º Congresso do Andes, em Fortaleza, entre 26 de fevereiro e 1º de março. A delegação já havia sido aprovada em uma assembleia híbrida realizada em 22 de dezembro que contou com 236 docentes. O Andes, porém, rejeitou o credenciamento sob o argumento de que os nomes deveriam ser indicados em reuniões exclusivamente presenciais, segundo o estatuto da entidade. Para assegurar a participação de seus delegados legitimamente eleitos, a diretoria da AdUFRJ convocou a assembleia extra de hoje, na sede do sindicato, que registrou a presença de 25 professores.
Serão delegados: Mayra Goulart; Nedir do Espirito Santo; Antonio Solé; Marcio Marques Silva; Eleonora Ziller; Carlos Frederico Leão Rocha; Ricardo Medronho; Ana Lúcia Fernandes; Aline Caldeira; Caio Martins; Cristina Miranda; Fernanda Vieira; Jacqueline Girão. Já os observadores serão: Marta Castilho; Claudia Mourthé; Veronica Damasceno; Tatiana Ribeiro; Bruno Netto; Josué Medeiros; Renata Flores; Claudio Ribeiro; Mariana Trotta e Alessandra Nicodemos.

WhatsApp Image 2024 02 07 at 18.35.47Para assegurar a participação de seus delegados legitimamente eleitos para o 42º congresso do Andes, a diretoria da AdUFRJ convocou uma assembleia para a próxima sexta-feira (9), às 14h30, na sede da seção sindical. O ponto único de pauta é o referendo à decisão da assembleia de 22 de dezembro passado, que elegeu a delegação da AdUFRJ ao congresso, a ser realizado em Fortaleza, no fim deste mês.
A assembleia extra foi uma exigência da direção do Andes para aceitar o pré-credenciamento da delegação da AdUFRJ e de outras seções sindicais que elegeram seus delegados em assembleias híbridas, com presença física e virtual. Preso a um estatuto arcaico, estabelecido antes da pandemia de covid-19, o grupo que há décadas controla o sindicato nacional rejeitou as inscrições sob a alegação de que as delegações têm de ser escolhidas em assembleias com presença exclusivamente física. A fim de permitir as assembleias extras, o Andes estendeu o prazo para o pré-credenciamento de terça-feira (6) para a sexta-feira (9).
O impasse ficou evidente em uma reunião na segunda-feira (5), entre as diretorias do Andes e de três seções que tiveram sua autonomia atacada: AdUFRJ, APUFPR e ADUFMS. Mesmo considerando os argumentos “legítimos”, a direção do sindicato nacional manteve a posição de rejeitar as delegações escolhidas em assembleias híbridas, refutando a participação online dos docentes. Participaram pelo Andes o presidente Gustavo Seferian, a 1ª tesoureira Jennifer Webb, e a secretária-geral Francieli Rebelatto.
“Depois da pandemia, as novas tecnologias passaram a fazer parte da vida das pessoas. Em nossas assembleias, estimulamos a participação dos docentes que estão fora de sede, de forma virtual e simultânea. Na medida em que nossas delegações foram impugnadas, pedimos essa reunião com a direção do Andes para chegar a algum tipo de entendimento quanto à participação no congresso, já que entendemos que não houve qualquer irregularidade na escolha dos delegados. Sempre tendo em perspectiva o sentido da mais ampla participação da nossa base”, argumentou a presidenta da ADUFMS, professora Mariuza Guimarães.
Dirigentes das seções sindicais que tiveram sua autonomia atacada lembraram que as assembleias híbridas têm ampliado a participação dos docentes, ao contrário das assembleias com presença exclusivamente física, como quer o Andes, com baixa participação. A assembleia de 22 de dezembro, que elegeu a delegação da AdUFRJ ao 42º congresso, contou com a participação de 236 docentes. Na última reunião do setor das instituições federais de ensino superior do Andes, em 27 de janeiro, relatos deram conta de que muitas assembleias com presença exclusivamente física escolheram delegações com a participação de uma dezena de professores.
“A AdUFRJ entende que as ferramentas digitais de participação são um mecanismo de expansão do envolvimento dos professores no sindicato. Elas aumentam a legitimidade do que é decidido”, defendeu na reunião a presidenta da AdUFRJ, professora Mayra Goulart. Ela também chamou a atenção para o direito das minorias. “Nosso processo de escolha dos delegados se deu nas dimensões presencial e híbrida mediante um diálogo profícuo com a nossa oposição. De quem a gente diverge, mas a quem a gente concede o direito de voz. Democracia não é só maioria, é fundamental respeitar aqueles que discordam da gente”.
Irredutíveis quanto ao que rege o estatuto, os dirigentes do Andes acenaram com duas possibilidades para a inscrição das delegações rejeitadas: as assembleias extras para o referendo ou a submissão dos nomes à plenária do 42º congresso. “Existem critérios que estão em nosso estatuto. Até concordo com algumas colocações no que diz respeito à virtualidade, mas nesse momento temos que respeitar esses critérios. O caminho é refazer as assembleias referendando a escolha das delegações já feitas. Vamos dilatar o prazo de pré-credenciamento para permitir essa possibilidade. A outra possibilidade é submeter essas situações ao plenário do congresso”, recomendou a professora Jennifer Webb, 1ª tesoureira do Andes.
O presidente da entidade, Gustavo Seferian, reforçou a posição do comando do sindicato nacional. “É dever dessa diretoria não só respeitar esse estatuto, mas tratar de forma equânime todas as situações. Há assembleias, como a da APUFPR, em que não foi respeitada a previsão de videoconferências fora da sede, apenas a participação virtual. O que importa para nós é o formal, a atenção ao formal para o credenciamento. O estatuto do Andes poderia e pode ser alterado no congresso de Fortaleza para viabilizar esse tipo de participação virtual. Volto a dizer que os argumentos são legítimos”.
O professor Marcelo Aranha, diretor da APUFPR, fechou a reunião com uma observação sobre a representatividade do movimento sindical. “O que eu mais ouvi nessa reunião foi formalidade. E tanto há um consenso de que a escolha foi legítima que se propõe que ela seja referendada por uma nova assembleia. O que estranha, e eu tenho 35 anos de magistério, é que o movimento sindical nunca foi pautado pela formalidade. O que estamos pedindo é que se reconheça que essas ADs escolheram o melhor caminho de representatividade, e que isso seja respeitado. Se um sindicato abre mão da representatividade pela formalidade, isso é muito perigoso”.

O Conselho Universitário da UFRJ desta quinta-feira (8) concedeu, por aclamação, o título de Doutor Honoris Causa ao cantor e compositor Gilberto Gil. A homenagem é um reconhecimento da universidade a um dos maiores expoentes da nossa música popular. O pedido foi apresentado pela Escola de Música.

Em trecho do aparecer que apoia a concessão do título honorífico, o professor Clynton Correa destaca: "Sua música transcende gêneros e fronteiras, e sua mensagem é de união, de respeito e de transformação social. Sua obra é e continuará sendo um importante instrumento de reflexão e ação, inspirando gerações a buscar um mundo mais justo e igualitário".

Gil foi ministro da cultura entre os anos de 2003 e 2008, durante parte dos dois primeiros governos Lula. Em 2022, o artista tomou posse como membro da Academia Brasileira de Letras. A cerimônia ainda não tem data para acontecer.

VENTURA TOWERS

Na mesma sessão do Consuni, houve uma apresentação sobre a proposta de alienação da área que a UFRJ possui no Ventura Towers. São dez andares e meio - ou 16 mil metros quadrados - do empreendimento com duas torres gêmeas na avenida Chile, no centro do Rio. O objetivo é trocar o valor obtido com a venda daquele espaço - que hoje custa R$ 5 milhões anuais de condomínio aos cofres da instituição - por investimentos na infraestrutura da universidade. Caso aprove a negociação, o conselho ainda decidirá onde serão aplicadas as contrapartidas. 

WhatsApp Image 2024 02 07 at 18.35.48 3É justo que um docente universitário, tanto do magistério superior quanto do EBTT, receba menos que o piso estabelecido pelo governo federal para a educação básica? O questionamento fez a AdUFRJ criar uma campanha em defesa da aplicação do piso para os auxiliares 40 horas e DI 40 horas. Hoje, esses profissionais, que não têm mestrado e doutorado, recebem mil reais a menos que o piso aprovado na semana passada pelo Ministério da Educação. Assistentes e DI no primeiro nível da carreira têm um vencimento básico de R$ 3.412,63. O piso dos professores da educação básica é de R$ 4.580,57.
Idealizador da proposta, o professor Carlos Frederico Leão Rocha, diretor do Instituto de Economia da UFRJ, mostra o quanto os salários do magistério federal estão corroídos. “Em 2019, o professor auxiliar 40h tinha um salário 21% superior ao piso da educação básica. Hoje, esse mesmo docente recebe 34% a menos. A defasagem salarial é flagrante”, critica o economista. “O governo federal recupera o piso do ensino fundamental, o que é muito bom. Houve um aumento de 80% desde 2019. Somos completamente a favor disso, mas não é possível também não recuperar os salários do magistério superior e EBTT.
Há, portanto, uma dívida com o magistério federal”, afirma.
Para explicar melhor como a equiparação dos salários do primeiro nível das carreiras ao piso pode melhorar a qualidade de vida de todos dos docentes, a equipe jurídica da AdUFRJ elaborou tabelas salariais que comparam quanto os professores recebem hoje e quanto receberiam, caso o piso fosse validado para o magistério federal superior e EBTT. Todos os níveis seriam reajustados em 34%. Isto porque a carreira prevê um atrelamento fixado em lei entre o salário anterior e o posterior, em cada degrau.
Por exemplo, um adjunto 4, com regime de 40 horas e com doutorado tem um salário bruto de R$ 8.773,41. Com a aplicação do piso para assistente, esse mesmo professor adjunto 4/40h receberia R$ 11.776,01, mantidos os parâmetros atuais da carreira. Caso esse adjunto 4 fosse de dedicação exclusiva, o salário final (já com a soma da RT) passaria dos atuais R$ 14.468,10 para R$ 19.419,67.
Em outro exemplo, um associado 4/40 horas passaria de R$ 12.336,13 para R$ 16.558,06. Em regime de dedicação exclusiva, esse professor deixaria de receber os atuais R$ 20.343,37 para ganhar R$ 27.305,69. Os titulares em dedicação exclusiva também seriam beneficiados. O salário passaria de R$ 22.377,70 para R$ 30.036,25.
“Esses cálculos demonstram o quanto nossa proposta é acertada no sentido de garantir dignidade aos professores, principalmente na base da carreira. É completamente injusto um professor do ensino superior receber menos que o piso aplicado à educação básica”, analisa a professora Mayra Goulart, presidenta da AdUFRJ.
Vice-presidenta da seção sindical, a professora Nedir do Espirito Santo argumenta que um baixo salário impacta a vida do professor e também sua qualificação. “Como um indivíduo com baixo salário vai ter condições de investir em sua pesquisa e qualificação acadêmica?”, questiona. “Um salário baixo impacta, portanto, na formação continuada do professor universitário e deixa de ser atrativo para jovens pesquisadores”.

CONFIRA AS TABELAS ABAIXO

WhatsApp Image 2024 02 07 at 18.47.16

WhatsApp Image 2024 02 07 at 18.47.16 1

WhatsApp Image 2024 02 07 at 18.47.17

Topo