‘O socialismo tem o futuro’
Numa manhã do fim da primavera de 2004, o auditório Pedro Calmon está lotado. A plateia ansiosa aguarda o filósofo marxista Leandro Konder para refletir sobre os desafios do socialismo num cenário adverso. Um tema angustiante naqueles dias de forças neoliberais consolidadas no mundo, de desapontamento com o governo Lula no Brasil e de confusão na esquerda em busca de caminhos. Konder abre a conversa (conversa, sim, pois ele fala como quem está na varanda de sua casa, entre amigos) com questão instigante. “Com alguma frequência me pergunto: nos 200 anos do pensamento socialista, seria esse o seu pior momento?”.
Leandro Konder vai à história. Ele recorda que na Alemanha, no finalzinho da década de 30, véspera da Segunda Guerra, judeus e comunistas eram caçados por brigadas nazistas como animais pelas ruas de Berlim. Esse quadro de desalento para os que sonhavam com o socialismo inspirou Bertold Brecht a escrever “Aos Vacilantes”. A poesia se refere à atitude dos socialistas em momentos de agudas dificuldades. “(...) Precisamos ter sorte?/É o que você pergunta/Mas não espere resposta a não ser de você mesmo”, diz o trecho final do texto do dramaturgo alemão. A tradução para o português foi feita pelo próprio Konder.
Ao invocar as trevas do nazismo, o cenário de horror que inspirou Brecht, o filósofo propõe uma reflexão sobre o histórico de adversidades que tem marcado a vida do socialismo como corrente de pensamento e modelo de sociedade no curso da história. Leandro Konder diz, então, que a realidade impõe enormes desafios para os socialistas. Mas não se trata de batalha perdida. “O capitalismo levou 500 anos para funcionar como funciona hoje “, ele diz. “O socialismo só tem 200 anos, desde a primeira vez que assim se conceituou, com os utópicos na França, no século XVIII”.
Perto do capitalismo, o socialismo está no início de sua construção histórica. “O socialismo tem o futuro”, diz Leandro Konder, o filósofo marxista que nos deixou na quarta-feira 12 – aos 78 anos.
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Coletivos reúnem-se em frente ampla e recebem 75% de votos para nova gestão
Filipe Galvão. Estagiário e Redação
A eleição para a nova gestão do DCE Mário Prata foi taxativa: três quartos dos alunos querem se livrar da situação precária da UFRJ, proposta que deu nome à chapa vencedora. Foram 5.645 votos recebidos contra 1.967 dos concorrentes da “Passou da hora”.
O processo eleitoral que aconteceu na primeira semana de novembro também decidiu pela proporcionalidade como modelo de gestão do diretório. Isso significa que 75% da organização será composta por membros da “Quero me livrar dessa situação precária” e o restante, pelos segundos colocados no pleito.
A votação expressiva no primeiro grupo é resultado de articulação da esquerda. A chapa é formada pelos coletivos “Nós não vamos pagar nada”, “Movimento Correnteza”, “Não vou me adaptar”, “União da Juventude Comunista”, “Quem vem com tudo não cansa” e “Conclave”, além de centros acadêmicos independentes.
Luiza Foltran faz parte do primeiro deles. O “Paga Nada”, como é carinhosamente abreviado, esteve na gestão do DCE de 2013-14 e, dessa vez, atuará dentro de uma rede de apoio ainda maior. Para Luiza, a conjunção entre movimentos militantes é parte de um projeto para fortalecer a disputa pela universidade.
Multiplicidade é força
A convergência dos movimentos é reflexo de um mundo em ebulição. A crescente violência do capitalismo em crise tem forçado a esquerda a abraçar sua multiplicidade e agir. No caso dos estudantes da UFRJ, dois momentos foram cruciais para a conexão: as Jornadas de Junho e o Encontro Nacional de Educação. Ainda há muito da gasolina que as manifestações de 2013 espalharam entre os movimentos sociais. No campo da educação, o ponto mais quente das formulações políticas foi o ENE desse ano. “Foi um momento muito importante para a esquerda. Estarmos no fórum em conjunto, revermos o Plano Nacional de Educação, sermos mais propositivos para nos proteger dos ataques”, diz Luiza.
Os desafios já estão bem desenhados. Quem afirma é Gabryel Henrici, aluno de História que também assumirá a próxima gestão do DCE e faz parte do “Movimento Correnteza”. Ele lista: a precarização da assistência estudantil, a possível volta da discussão da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), os rumos da eleição para reitoria e o corte do efetivo de terceirizados. “Tudo indica, pelo andar da carruagem durante esse ano, que o próximo vai ser ainda mais difícil”, diz.
A opção pelo campo mais à esquerda fica nítida com a proporção de três votos por um. O problema é que essa relação condiz com os 7.612 votantes, mas não necessariamente com os cerca de 50 mil alunos matriculados hoje na UFRJ. Segundo Gabryel, o quórum de pouco mais que 15% do número total de estudantes é uma questão a ser resolvida pela próxima gestão. Para isso, o diálogo deve se pautar nas políticas de permanência e nas mudanças do perfil dos graduandos impulsionadas pela política de cotas. “O DCE precisa se preocupar com os estudantes que vão entrar ano que vem. Para eles a assistência estudantil é prioritária porque são estudantes de baixa renda. É preciso estar sintonizado com a nova realidade da universidade”, defende.
A nova diretoria depende agora da reunião do Conselho dos Centros Acadêmicos, sem data ainda, para dar posse ao DCE. A intenção, de acordo com Gabryel e Luiza, é que a gestão comece neste ano. A divisão das 30 cadeiras do diretório e das quatro cadeiras no Conselho Universitário se dará de acordo com o percentual recebido por cada chapa.
Ocupação em São Gonçalo é encerrada com vitória política
Dezenas de famílias que faziam parte da ocupação “Zumbi dos Palmares”, na periferia de São Gonçalo, deixaram o local no último dia 12. Uma discutível decisão do Judiciário garantiu a reintegração de posse de um terreno abandonado há décadas. Apesar disso, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) conseguiu arrancar, da prefeitura local e do governo federal, um termo de compromisso para construção de mil casas dentro do programa Minha Casa, Minha Vida, modalidade “entidades”.
Este pedaço do programa federal foi criado em 2009, com o objetivo de tornar a moradia acessível às famílias organizadas por meio de cooperativas habitacionais, associações e demais entidades vinculadas ao movimento social, como o MTST: “Trata-se de uma imensa vitória e um fato político muito importante para o Rio de Janeiro. O MTST seguirá organizado e nas ruas, incansável na luta pelo poder popular!”, afirmou o movimento, em sua página na internet.
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