facebook 19
twitter 19
andes3
 

filiados

02bWEB1131

 

O jornal dessa semana tenta dar conta de um cenário dos mais complexos, seja na universidade, seja fora dela! Tomados pelas divergências sobre os procedimentos a serem tomados durante o período de distanciamento social, buscamos construir, apesar do quadro tão adverso, a unidade necessária para que a universidade possa dar as respostas que o momento nos exige.


 A última escalada de manifestações explicitamente autoritárias e intimidatórias por parte da presidência da República e de seu gabinete do ódio também foi respondida com ampla movimentação política que começa a esboçar uma ação mais coordenada frente às ameaças ao que nos resta de vida democrática. Manifestos e manifestações de diversos matizes que clamam por unidade das forças de oposição indicam que ainda há muita água para correr por baixo dessa ponte. Pode ser muito cedo para comemorarmos, pois são muitas as dissensões, várias as polêmicas e tantos os descontentamentos. Entretanto, a entrada em cena de uma ampla consciência antifascista por si só já é sinal de que saímos da letargia e complacência que parecia ter se instalado em nossas instituições e partidos políticos. A tolerância não pode ser confundida com a inação ou o silenciamento.


Nos Estados Unidos, após quase quatro anos de um massacrante governo de Donald Trump, o sinal de alerta já foi dado. A morte de George Floyd ultrapassou todos os limites suportáveis, seu último apelo pela vida, ao ser sufocado pelo coturno de um policial branco, jogou a tensão racial para os mais altos patamares das últimas décadas. A pergunta que todos nós fazemos é: como um policial tem a segurança de pisar em um homem até matá-lo, sem que as inúmeras câmeras de celulares que filmaram a cena o intimidassem? A foto de sua arrogância correu o mundo. Talvez seja como a histórica foto de Kim Phúc, tirada em 8 de junho de 1972. A menina, que tinha apenas 9 anos, corria nua com o corpo tomado pelas queimaduras das bombas Napalm que os EUA despejavam covardemente durante a guerra do Vietnam. São imagens que possuem força para despertar uma revolta há muito latente. Os últimos dias de protesto funcionaram como um rastilho de pólvora que se espalhou, não só pelas cidades norte-americanas, mas em diversas capitais do mundo, e pode vir ser a centelha necessária para que o grito de horror contra todas as formas de racismo e de opressão ganhe a forma e a força necessárias para transformar o quadro mundial, onde o discurso de ódio, a xenofobia, a intolerância estão ganhando terreno dia a dia.


Difícil manter a esperança? Marshal Berman, no seu prefácio ao clássico livro Tudo que é sólido desmancha no ar, relembra Ivan Karamázov, quando disse “que acima de tudo o mais, a morte de uma criança lhe dá ganas de devolver ao universo o seu bilhete de entrada. Mas ele não o faz. Ele continua a lutar e a amar; ele continua a continuar”.  É por isso que estamos aqui. E por isso a nossa homenagem ao sorriso que perdemos do João Pedro e do Miguel. A superação da gigantesca desigualdade brasileira e desse nosso violento racismo precisam estar no centro da pauta de toda e qualquer luta pela democracia. Ou então, não será democracia.

Diretoria da AdUFRJ

Topo