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"O pensamento fascista reconhece apenas uma forma de ver o mundo, que é a forma da supremacia, que acredita que só existe um povo, um saber”, explica a professora Maria Paula Araújo, do Instituto de História da UFRJ. A docente tem dedicado os dias de quarentena para refletir sobre o surgimento de traços fascistas — ou seja, autoritários e ultranacionalistas — na realidade brasileira contemporânea. “Há características fascistas no governo Bolsonaro e num grupo de apoiadores, mas ainda não alcançaram a máquina estatal. Ainda bem”, completou.


Ela chama atenção para a importância de distinguir as etapas do fascismo: existe um momento antes da tomada do poder, como movimento de massa social, e outro quando o fascismo se torna o Estado. “Não é exatamente isso que estamos vivendo”, explicou.


Nessa segunda etapa na direção do abismo fascista há um ingrediente tristemente fundamental – o massacre da pluralidade. Este é um ponto-chave para compreender as estratégias fascistas dos apoiadores de Bolsonaro que não toleram a divergência – nem de ideias nem cultural. A professora cita o exemplo de frases do ministro da Educação, Abraham Weintraub, que por diversas vezes declarou odiar os termos “povos indígenas” e “povo cigano” e insistiu que só há “um povo nesse país”.  “Isso tem teor nazista. Os nazistas diziam que só existia um povo, que era ariano”, lembrou. “Na Constituição, realmente somos uma só nação. Mas temos uma diversidade cultural muito grande, o Brasil é formado de povos, saberes e línguas diferentes”, completou.


Maria Paula ressalta que a população mais vulnerável é também a maior vítima das investidas fascistas, sempre muito violentas. “A população pobre é o alvo, e o governo já deu provas de um profundo desprezo por negros, indígenas e mulheres”.


Para frear esse processo, é necessário posicionamento, avalia o professor Francisco Carlos Teixeira. As manifestações antifascistas nas redes sociais, na última semana, chamaram atenção e geraram debates sobre um possível esvaziamento do termo. “É muito melhor que todos se posicionem antifascistas na internet, do que se calar”, afirma. “Não é necessário ler livros para se afirmar antifascista. Basta viver e compreender a realidade, a história está sendo escrita agora”.

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