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WhatsApp Image 2024 10 17 at 21.36.28 3Foto: Lab. de Ecofisiologia Vegetal - UFRJComeça no ano que vem um ambicioso projeto de restauração ecológica da Cidade Universitária. Uma das frentes do trabalho será recuperar as restingas típicas das ilhas originais que formaram o atual campus. Os ecossistemas foram praticamente destruídos com o aterramento do arquipélago, no início da década de 1950.
“Teremos 20 espécies sendo reintroduzidas de restingas. Imagina dar um passeio na praia no fim da tarde, com bromélias e cactos floridos, tendo ao fundo a beleza cênica que é a Baía de Guanabara”, diz a professora Dulce Mantuano (foto), do Instituto de Biologia, coordenadora da iniciativa.
Por enquanto, a equipe de professores, técnicos e estudantes realiza alguns testes. “Estamos fazendo ensaios de plantio para ver as melhores técnicas”. A ideia é restaurar a vegetação nativa em todas as praias existentes atrás do alojamento estudantil e no trecho que vai dos fundos da Educação Física até a parte da frente do Centro de Tecnologia Mineral (Cetem).
As mudas virão de uma parceria com o horto municipal Carlos Toledo Rizzini. “E vamos produzir algumas aqui, as mais raras, no horto da prefeitura universitária”, completa Dulce.
Outra frente de atuação será a criação de uma área para a chamada Mata Atlântica de Baixada. “Existe uma Mata Atlântica na encosta. É o caso da Floresta da Tijuca, do Maciço da Pedra Branca. Mas a de Baixada, que possui uma flora única, está praticamente extinta”, explica Dulce. Hoje, além de alguns poucos viveiros, as espécies deste ecossistema só podem ser encontradas em remanescentes pequenos e ameaçados, no Rio. Por exemplo, na Floresta do Camboatá, em Deodoro.
Esta parte da empreitada, com a introdução de 80 espécies, ficará localizada atrás da Faculdade de Letras. “Vimos a oportunidade de criar este ponto de ocorrência para algumas espécies nativas para que elas não sumam completamente”, diz a professora.
Por último, o projeto também vai fortalecer os manguezais existentes ao longo do Canal do Cunha. “Aqui não haverá introdução de novas espécies. Queremos fazer um enriquecimento genético desses manguezais para que eles não sejam tão frágeis. Quando há chuvas fortes com ventos, o evento climático derruba as plantas mais fracas”, afirma Dulce.
A recuperação das restingas e manguezais será acompanhada pelo professor Eduardo Almeida, também do Instituto de Biologia. “Meu papel principal é acompanhar mudanças nas populações de crustáceos, principalmente caranguejos semiterrestres, como o guaiamum, o uçá e os pequenos chama-maré”, explica.
Hoje, em função da poluição da Baía de Guanabara, especialmente do lado oeste, onde fica a Cidade Universitária, há uma pequena diversidade de caranguejos. “Temos até nove espécies, mas só três ou quatro são abundantes”, diz Eduardo. A expectativa é que o projeto melhore este cenário. “O lado oeste vai continuar recebendo águas poluídas , mas, pontualmente, essas ações podem aumentar a quantidade e a diversidade de caranguejos, de praia e de mangue”, completa.
A Prefeitura Universitária é parceira da pesquisa. “Nosso horto vai abrigar as etapas da pesquisa e da escolha das espécies a serem plantadas”, afirma a coordenadora de Operações Urbano-Ambientais, Vera do Carmo. “O projeto é de grande relevância para a implantação do Plano Diretor Ambiental Paisagístico para a Cidade Universitária”, informa Beatriz Emilião, diretora da Divisão de Paisagismo.
Com financiamento da Petrobras, o projeto deve ser concluído até 2030.

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