Accessibility Tools

facebook 19
twitter 19
andes3
 

filiados

01 11 2025 50 Anos por Vladimir Herzog 38Foto: Alessandro CostaA atuação profissional e política do jornalista Vladimir Herzog e a dimensão de seu assassinato para a construção da resistência democrática contra a ditadura militar no Brasil nortearam os debates do seminário “50 anos por Vladimir Herzog”, realizado no sábado (1º), na Associação Scholem Aleichem (ASA), em Botafogo, Zona Sul do Rio. O evento marcou os 50 anos da morte de Vlado, e foi organizado pela ASA e pelo Núcleo Interdisciplinar de Estudos Judaicos (NIEJ) da UFRJ, com apoio da AdUFRJ.
Ao abrir os trabalhos, o professor Michel Gherman, 2º vice-presidente da AdUFRJ e pesquisador do NIEJ, traçou um paralelo entre o caso Herzog e as mais de 120 mortes na operação policial nos complexos do Alemão e da Penha, no último dia 28. “A execução extrajudicial dessas 120 pessoas, 50 anos depois do assassinato de Herzog, nos leva a refletir sobre os limites da violência do Estado brasileiro contra a nossa população desde o período escravocrata”, comentou.
Na mesa de abertura, as historiadoras Maria Paula Nascimento Araujo (UFRJ) e Esther Kuperman (Colégio Pedro II) lembraram que a morte de Herzog ocorreu num contexto em que a esquerda brasileira fazia a autocrítica da luta armada e iniciava a organização dos movimentos sociais. “Foi um momento de efervescência política, desde a reorganização dos sindicatos até o surgimento da imprensa alternativa”, lembrou Maria Paula.
Os historiadores Daniel Aarão Reis (UFF) e Dulce Pandolfi (FGV) dividiram com o jornalista Luiz Carlos Azedo a mesa “Herzog: um catalisador na luta pela democracia”. Azedo lembrou a perseguição ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), ao qual Herzog se filiou nos anos 1970, feita pelo governo do general Ernesto Geisel a partir de 1973.
A terceira mesa abordou as relações entre a identidade judaica de Herzog e sua atuação política. Para Michel Gherman, o antissemitismo tem forte ligação com a perseguição aos comunistas pelo regime militar. “A figura de Vladimir Herzog não está na gramática política do inimigo do Estado. Era uma pessoa ligada ao Partido Comunista, mas que não teve atuação na luta armada. Sua morte reafirma a ligação do antissemitismo com o regime militar”, disse o professor. A advogada Flora Strozenberg concordou: “Tenho 81 anos, e milito desde os 11. A morte de Herzog foi muito ligada ao antissemitismo”.
Vladimir Herzog foi assassinado no antigo prédio do DOI-CODI, em São Paulo, em 25 de outubro de 1975. Ele era então diretor de Jornalismo da TV Cultura e tinha 38 anos. Em 1978, o juiz Márcio José de Moraes condenou a União pela prisão ilegal, tortura e morte de Herzog. Somente em 2009 o Estado brasileiro reconheceu oficialmente que Herzog fora assassinado sob tortura.

Topo