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Pesquisadores da UFRJ desenvolveram uma droga sintética que, em testes com ratos, mostrou capacidade de regenerar lesões gravíssimas. A pesquisa é coordenada pela professora Tatiana Sampaio Pesquisadores da UFRJ desenvolveram uma droga sintética, a polilaminina, que, em testes com ratos, mostrou capacidade de regenerar lesões de medula. A fase de estudos clínicos está começando agora, com pacientes dos Hospitais Souza Aguiar, no Rio, e Azevedo Lima, em Niterói, que tenham sofrido lesões medulares. Nos testes com animais, em caso de lesões moderadas, os movimentos foram totalmente recuperados. Quando o corte da medula foi completo, houve recuperação parcial dos movimentos. A polilaminina foi patenteada em 2007 no Brasil pelos pesquisadores do Laboratório de Biologia da Matriz Extracelular da UFRJ, mas só agora foi possível iniciar os testes clínicos. A pesquisa é coordenada pela professora Tatiana Sampaio, do Instituto de Ciências Biomédicas e diretora da Adufrj. O trabalho começou em 2000, quando a equipe sintetizou em laboratório a polilaminina, um biofármaco capaz de recompor a estrutura original da laminina, proteína existente no corpo humano. O segundo passo foi achar uma função para a polilaminina e saber em que tipo de terapia ela podia ser utilizada. O grupo descobriu que a droga era capaz de estimular a reconstrução espontânea da medula espinhal ou mesmo do cérebro. Pela primeira vez, chegou-se a uma droga sintética capaz de estimular um processo natural que, por alguma razão, estava bloqueado. Artigo recente publicado pelos pesquisadores no “Journal of Neuroscience”, prestigiado periódico científico, mostra que a laminina está presente em nichos no cérebro que abrigam células-tronco responsáveis pela formação de novos neurônios, a chamada neurogênese. A polilaminina, ao reconstituir a estrutura da proteína original, permite a recomposição da área afetada por lesões. O artigo foi escrito em colaboração com o pesquisador Marcos Assis Nascimento, do Instituto de Biofísica. Também participam do projeto pesquisadores da Universidade de Münster, na Alemanha. Os testes com pacientes envolverão mais de uma dezena de profissionais, inclusive equipes dos hospitais envolvidos. A descoberta foi noticiada com destaque no jornal O Globo no dia 19 de abril. Para os testes com humanos, Tatiana destaca que os candidatos devem se adequar a vários critérios, desde idade e questões de saúde até características do quadro clínico. A droga tem de ser aplicada em até três dias depois que a pessoa sofre a lesão _ por isso é preciso recrutar os pacientes em emergências, para que a droga seja aplicada num prazo curto.  “Vamos partir agora para a fase mais difícil, a clínica. Sabemos que isso abre caminho para buscar terapias para doenças que envolvem lesões de células nervosas, como o Alzheimer. É uma pesquisa de uma vida”, resume.   SERVIÇO: Interessados podem obter mais informações no site www.polilaminina.com.br      

Em entrevista exclusiva à Adufrj, Prêmio Nobel da Paz defende rebeldia contra injustiças e afirma que universidade não pode ficar omissa diante de ataques aos direitos humanos Adolfo Pérez Esquivel é defensor de uma paz ruidosa, de muitas e múltiplas vozes. No Brasil, a convite da UFRJ, o argentino detentor do Prêmio Nobel da Paz de 1980 teve intensa agenda pelos Direitos Humanos. Tirou o fôlego das plateias por onde passou, incitando “rebeldia intelectual e espiritual” frente às injustiças. “A Universidade deve ter um compromisso com o Estado livre. Aberta ao povo e não fechada em si mesma”, advertiu. Em ato na Faculdade Nacional de Direito, homenageou Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes e afirmou que “não pode haver paz sem justiça”. Também espalhou otimismo: “Apesar das dificuldades, é preciso ter alegria interior para continuarmos a luta”. Esquivel deu a aula magna da UFRJ no dia 18, no Centro de Ciências da Saúde, e anunciou o desejo de visitar o ex-presidente Lula na prisão, em Curitiba - visita que, até esta quinta-feira, não fora autorizada pela Justiça Federal. Esquivel falou com exclusividade ao Boletim da Adufrj. Confira a seguir:   Como o senhor vê o cenário dos direitos humanos hoje na América Latina? Hoje há um retrocesso enorme. As democracias estão em perigo, houve aumento da pobreza e da exclusão social. Vivemos golpes de Estado encobertos. Tentaram fazer com Hugo Chávez, na Venezuela; na Bolívia, com Evo Morales; com Rafael Correa, no Equador. Conseguiram com Manuel Zelaya, em Honduras, e Fernando Lugo, no Paraguai. Houve a experiência com Dilma Rousseff. Agora contra Lula, para tirá-lo do cenário. É uma política continental para evitar que partidos do povo voltem ao poder. O senhor move campanha internacional pela liberdade do ex-presidente Lula e pela indicação dele ao Nobel da Paz. Qual a expectativa desta articulação? Há solidariedade internacional a Lula em diversos países. Em pouco tempo, ultrapassamos 250 mil assinaturas. Lula retirou da miséria extrema 36 milhões de brasileiros e brasileiras. Nenhum outro governo conseguiu algo assim. O impedimento de sua candidatura a presidente é um fato importante para os direitos humanos. Esperamos reverter esse processo. Temos que tirar Lula do cárcere, sim ou sim. Ativistas como Marielle são a ponta mais frágil da luta pelos direitos humanos? Infelizmente, execuções de defensores dos direitos humanos e jornalistas são uma realidade constante. Essas mortes nos afetam a todos, pois os atentados visam à paralisação das organizações que lutam pelos direitos humanos. Marielle foi uma mulher extraordinária. E, para mim, é como dizem: uma semente viva. Qual o papel da universidade nesse tema? Gerar conhecimento e também valores. Se ela se omite no tema dos direitos humanos, não está cumprindo corretamente seu papel.

Objetivo do evento internacional, que será realizado em maio, é aproximar pesquisadores e população. Temas da Ciência serão apresentados em ambientes descontraídos, numa linguagem mais acessível Objetivo do evento internacional, que será realizado em maio, é aproximar pesquisadores e população. Temas da Ciência serão apresentados em ambientes descontraídos, numa linguagem mais acessível.    

Tema será debatido por: Rubem César Fernandes, antropólogo e diretor do Viva Rio; Luiz Eduardo Soares, antropólogo e ex-secretário de Segurança do estado; e Michel Misse, sociólogo e professor do IFCS Tema será discutido por: Rubem César Fernandes, antropólogo e diretor do Viva Rio; Luiz Eduardo Soares, antropólogo e ex-secretário de Segurança do estado; e Michel Misse, sociólogo e professor do IFCS. Atividade está marcada para quinta-feira (26), a partir das 13h, na sala D220 do Centro de Tecnologia                

Nobel da Paz defende rebeldia contra injustiças e aponta retrocesso nos direitos humanos na América Latina, destacando papel da universidade no pensamento crítico: "A pior monocultura é a das mentes. Não se deixem dominar " Em aula magna na UFRJ, o prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel pediu liberdade para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba depois de condenado na Operação Lava-Jato. “Para mim Lula não é nenhum delinquente, é um preso político”, afirmou Esquivel, aplaudido pelo auditório Quinhentão, no Centro de Ciências da Saúde, na manhã desta quarta-feira (18). Esquivel, preso e torturado pela ditadura argentina nos anos 70, lembrou como conheceu o ex-presidente, num tempo em que Lula era líder sindical e os dois ainda tinham cabelos pretos _ hoje estão ambos, Lula, 72, e Esquivel, 86, de cabelos brancos. Esquivel disse que, saindo do Rio, partiria para Curitiba para tentar visitar o ex-presidente. Professor catedrático da Universidade de Buenos Aires, Esquivel destacou o desafio da universidade na construção de espaços de liberdade e de um pensamento crítico: “Todos têm direito de compartilhar de uma universidade aberta ao povo”, afirmou ele, que citou o educador brasileiro Paulo Freire como um mestre que ensinou a pensar a educação como uma forma de alcançar a liberdade. Esquivel defendeu que a preocupação com os direitos humanos seja transversal e faça parte das preocupações de várias disciplinas. Adolfo Pérez Esquivel ganhou o Prêmio Nobel em 1980, por seu trabalho de combate à ditadura argentina. No Rio, tratou de liberdade e democracia num tempo que, segundo sua análise, é marcado pelo retrocesso nos direitos humanos e pela volta de governos autoritários na América Latina. “Vivemos em governos autoritários e repressivos na América Latina. Não há democracia perfeita, somos uma sociedade de homens e mulheres com nossas luzes e sombras. Podemos melhorar muitas coisas se compreendermos o próximo. Devemos construir a rebeldia frente às injustiças e ao sofrimento de nosso povo. Devemos trabalhar para a vida e para construir uma nova sociedade.” O ativista lembrou o assassinato de Marielle Franco, a quem chamou de líder extraordinária, e disse que se emocionou ao ouvir relatos de famílias de vítimas da violência no Rio. Sempre relacionando a situação brasileira com a latino-americana e a mundial, afirmou que é preciso construir democracias mais participativas, nas quais o povo não entregue todo o poder e tenha mais ferramentas de ação. Ao final da aula magna, Esquivel mais uma vez defendeu a liberdade de Lula: “Cuidem da palavra. Com uma palavra podemos amar e destruir, a palavra pode ser tão destrutiva como uma arma. Antes nos diziam que a luta era contra o comunismo. Depois disseram que era contra o terrorismo e o narcotráfico. Hoje dizem que é contra a corrupção. Por isso prenderam um inocente como Lula, justificando o justificável”, afirmou. Esquivel encerrou a aula magna de modo emocionante, lembrando que, na agricultura, a monocultura destrói a diversidade da vida. E completou: “A pior monocultura é a das mentes. Não se deixem dominar. Desejo-lhe muita força e esperança para construir uma nova sociedade.”

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