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As escolhas do PT são claras. Não é segredo pra ninguém que elas estão a anos-luz do projeto político que fundou o partido no começo da década de 1980 – a ditadura já caminhando para os estertores. Mesmo assim é quase inescapável o choque que esta foto produz a contemporâneos mais atentos da recente história do país. Muito mais do que expressar uma atmosfera de “civilidade”, como tentou induzir a mídia das elites, a imagem traduz o ambiente gelatinoso que dilui antagonismos e impede mudanças estruturais no Brasil. Para conforto do projeto conservador. Lula ao lado de Sarney, FHC e Fernando Collor. Sarney, como se sabe, é político de extenso prontuário: serviu e serviu-se da ditadura e, há quase 50 anos, é patriarca da família que saqueia o Maranhão. FHC é o sujeito do Estado mínimo, o homem da privataria que aprofundou o neoliberalismo iniciado por Collor. Este último (parece incrível que esteja por aí livre, leve e solto), corrupto até o pescoço, foi apeado do Planalto em 1992.
Foto: Internet
Foto: Internet
Médici e Marighella
Estudantes do ensino médio do Colégio Estadual Emílio Garrastazu Médici, em Salvador, fizeram uma exposição sobre o conterrâneo Marighella. Batizaram-na “A vida em preto e branco: Carlos Marighella e a ditadura militar”. A recente biografia de Marighella escrita pelo jornalista Mário Magalhães serviu de inspiração para o trabalho dos estudantes.
Há um movimento para mudar o nome do colégio para Carlos Marighella.
Médici era o ditador cujo governo torturava e matava seres humanos.
Foi no seu mandato que ao menos 29 agentes da ditadura, armados até os dentes, assassinaram Marighella, desarmado.
Enquanto isso....
O link de datas históricas que integra o conteúdo do site da UFRJ inexplicavelmente reverencia a ditadura com informações do tipo:
“Setembro de 1972: o presidente Médici inaugura a rodovia Transamazônica (1972)”
“24 de Janeiro de 1967: dia da Constituição de 1967” (carta ilegítima baixada pelo regime militar).
Em compensação, não traz uma única referência ao 24 de setembro de 1966, o dia no qual a polícia invadiu a Faculdade de Medicina da UFRJ, que funcionava num prédio na Praia Vermelha.
2014 promete...
Foto: Internet
Leia mais: Painel Adufrj analisa imagem da presidenta Dilma com ex-presidentes
Atividade foi realizada no Salão Nobre do IFCS - Foto: Marco Fernandes
No dia 10 de dezembro, aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos (de 1948), um ato no Salão Nobre do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) homenageou lutas e lutadores do Rio de Janeiro em 2013.
Para os participantes do encontro, está absolutamente claro o aumento da violência de Estado contra as diferentes formas de contestação popular, nos últimos anos. De acordo com o vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ, Aderson Bussinger, as prisões realizadas durante as manifestações que sacudiram o país este ano são uma prova disso: “Elas demonstram que os direitos mais básicos discriminados na Declaração Universal de Direitos Humanos estão longe de poderem ser considerados uma realidade brasileira”, afirmou.
Leia mais na próxima edição do Jornal da Adufrj.
Leia mais: Ato no IFCS marca Dia Internacional dos Direitos Humanos
Embrião de projeto busca integrar atividades da universidade voltadas para a formação não tradicional
Professora do Instituto de Economia explica iniciativa
Elisa Monteiro. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Criar pontes de diálogo com conhecimentos não acadêmicos. Esse é o propósito da Universidade da Cidadania (UC), mais novo órgão suplementar do Fórum de Ciência e Cultura. “A UFRJ talvez seja o maior agregador de projetos dessa natureza. Principalmente na região do entorno da Cidade Universitária, no Fundão, onde existe uma infinidade de programas que realizam ações diretas e acessórias a entidades e a movimentos da região”, explica Maria Malta, professora do Instituto de Economia e diretora da UC.
A abertura da instituição “para sujeitos que não estarão na universidade de outra forma senão pela extensão” é um dos objetivos da iniciativa. Mas a professora deixa claro que não haverá concorrência com a Pró-reitoria de Extensão (PR-5): “Vamos atrair os programas da UFRJ que tenham foco no aspecto da formação”, diz. De acordo com Maria Malta, o modelo de ensino universitário é restritivo: “Muitos não conseguem acompanhar, não pelo conteúdo, mas pelo formato. O ensino tradicional é muito repartido, demora, leva tempo demais. Em nossos cursos, cada 15 horas correspondem a um crédito e eles podem ser agrupados em 30h, 60h”, afirma, sobre a segmentação curricular. “Dependendo do caso, a experiência intensiva pode ser mais interessante em termos de aproveitamento individual e coletivo”.
Para Maria, aliás, a noção de “turma” sai prejudicada em alguns cursos de graduação. “Também nesse aspecto, a educação popular tem a acrescentar à universidade. Há sempre uma preocupação com o conhecimento do conjunto”.
Estrutura
A Universidade da Cidadania ainda não possui uma infraestrutura física compatível com as especificidades da educação popular. Porém, um espaço, que se chamará Escola Superior da Cidadania, já está reservado no Plano Diretor da UFRJ. Ele ficará nas imediações do posto do corpo de bombeiros, no Fundão: “O papel social da universidade não se esgota na formação de profissionais qualificados, de cientistas e pesquisadores; ela tem o compromisso igualmente de formar cidadãos, aptos a pensarem criticamente e a serem agentes de transformação de nossa sociedade, marcada por profundas desigualdades, pela injustiça social e ambiental”, justifica o plano.
Será um lugar com auditórios, salas de reunião, escritórios e outros equipamentos para atender às necessidades do dia a dia: “A educação popular tem uma dinâmica própria, por exemplo, com atividades culturais integradas à programação. Fazem uso de cozinha e outras práticas menos comum à universidade”, explica Maria Malta. Para ilustrar a necessidade da demanda, ela lembra a situação da turma de um curso itinerante, na UFRJ, que chegou a acampar de forma precária no campo de futebol da Educação Física, no campus da Praia Vermelha.
Aperfeiçoamento para servidores
Além da Escola Superior da Cidadania, a UC é composta ainda pelo Centro de Formação Continuada para o Setor Público (CFCSP). “Essa é outra demanda forte por formação para a universidade”, aponta Maria. De acordo com a docente, o enxugamento neoliberal que quase levou à extinção órgãos públicos voltados para este fim, nos anos de 1990, faz com que a universidade seja frequentemente requisitada neste campo: “Dos servidores do município ao Judiciário”, observa.
“Nossa avaliação é que a universidade dispõe de um conjunto de disciplinas, em especial, sobre a formação econômica do Brasil, que tem aplicações práticas distintas, mas são do interesse dos dois públicos atendidos pela Universidade da Cidadania”, esclarece.
Cursos começam em 2014
Por ora, o órgão suplementar do Fórum de Ciência e Cultura (FCC) está na fase de planejamento dos cursos que começam em 2014. O formato vai depender do diálogo com os movimentos parceiros.
A certificação dos cursos seguirá as regras da universidade para a extensão. Já as aulas, com 360 horas para graduados, vão certificar como especialização: “Quem sabe, no futuro, os cursos caminhem no sentido de até formar um currículo próprio para uma graduação”, afirma Maria Malta.
A luta da extensão universitária
A diretora da UC, Maria Malta, avalia que a universidade ainda não superou a noção equivocada de Extensão como primo pobre da Academia. “Muitas vezes, a extensão é entendida como uma espécie de militância e não é contabilizada pelos dirigentes e gestores na carga horária”.
Malta espera que uma recente resolução do Conselho de Ensino e Graduação pelo cumprimento de 10% de atividades na área de extensão, em todos os cursos, colabore para modificar esse quadro. E que a extensão seja valorizada, “inclusive em termos de progressão na carreira”, completa.
Prazo alterado no CEG
Em sua sessão do último dia 4, o CEG prorrogou até março de 2015 o prazo de adaptação dos cursos da UFRJ aos termos da resolução.
Composição inicial da UC
Já fazem parte da Universidade da Cidadania, como programas e cursos associados: Laboratório de Informática para a Educação (LIpE/Poli/CT); Laboratório de Trabalho e Formação (LTF/Coppe/CT); Laboratório Núcleo de Solidariedade Técnica (Soltec/Poli/CT); Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP/Coppe/CT); Centro de Cidadania (ESS/CFCH); Laboratório Estado, Trabalho, Território e Natureza (Ettern/Ippur/CCJE); Laboratório de Estudos Marxista José Ricardo Tauille (Lema/IE/CCJE); e o Programa Itinerante de Legislação de Pessoal e Direito Administrativo, da PR-4.
Leia mais: Universidade da Cidadania: voltada para formação não tradicional
De cada três jovens assassinados no país, dois são negros. Dados como este foram expostos no debate “Cor e Classe na sociedade brasileira”, no dia 4 de dezembro – dois dias antes da morte de Nelson Madela, símbolo da luta antiapartheid. Organizada pelo Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais (Laeser), com o apoio da Adufrj-SSind, Sintufrj e do DCE Mário Prata, a atividade foi realizada no auditório da Escola de Serviço Social, na Praia Vermelha.
A mesa, formada só por negros – uma raridade na UFRJ –, antecedeu o lançamento de dois livros do professor Marcelo Paixão, coordenador do Laeser, na livraria da Editora da UFRJ: A Lenda da Modernidade Encantada: Por uma Crítica ao Pensamento Social Brasileiro sobre Relações Raciais e Projeto de Estado-Nação (Ed. CRV) e 500 Anos de Solidão: Ensaios sobre as Desigualdades Raciais no Brasil (Ed. Appris).
O debate será reproduzido na próxima edição do Jornal da Adufrj.
Ex-estudantes do Colégio de Aplicação (CAp) que mantiveram vínculos com a universidade falam sobre a Unidade, melhor instituição federal do estado do Rio de Janeiro no último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)
Sucesso da escola guarda relação com a diversificação curricular, dizem elas
Elisa Monteiro. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Mesmo com muitas dificuldades de infraestrutura e de pessoal causadas pela falta de investimento do Ministério da Educação, o Colégio de Aplicação da UFRJ fez bonito no último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) do próprio MEC. Foi a única instituição federal entre as vinte primeiras escolas do Rio (15º lugar) e garantiu a 57ª posição em todo o país.
Esse desempenho positivo, para duas ex-alunas, de diferentes épocas, está fundamentado na diversificação curricular do colégio. “Desde os laboratórios de ciências até as disciplinas de artes”, conta Cecília Mello. Hoje professora do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (Ippur) da UFRJ, ela cursou o CAp de 1987 a 1995.
As melhores lembranças de Isabela Peccini, 23, que frequentou o colégio de 1998 até 2008, também dizem respeito exatamente à pluralidade da grade: “Participei de tudo que pude, do grupo de teatro à organização das festas juninas e grêmio estudantil”, afirma a atual estudante da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ.
Qualidade do quadro de pessoal
Outra chave para o sucesso do projeto pedagógico do CAp é a qualidade do corpo docente e técnico-administrativo: “A relação com essas pessoas foi o que mais me marcou. Quase todos os professores foram importantes”, conta Isabela.
Orientação pedagógica fundamental
Para além dos professores de disciplinas, Cecília faz menção à totalidade da equipe pedagógica. De acordo com ela, a orientação educacional foi fundamental na escolha profissional: “Até pela proposta da escola, de oferecer muitas atividades diferentes, a gente acabava tendo facilidade para tudo: matemática, biologia, artes etc. A orientação vocacional foi fundamental. A pessoa disse que minhas características apontavam para as humanas e acertou em cheio. Todo o meu caminho foi pelas humanas”. Ela ingressou no IFCS, antes de seguir para o Ippur.
Grande número de substitutos preocupa
Embora “tetos desabando” e falta de espaço façam parte das memórias das duas ex-capianas, o que mais as preocupa, no presente, é o número excessivo de professores substitutos no quadro do colégio: “Essa rotatividade não acontecia. Contratar professores substitutos era bom porque garantia sempre uma certa renovação. Mas havia um equilíbrio. Foi importante ter professores que tiveram um tempo maior com a gente, pessoas como referências”, acrescenta Isabela.
Cecília, que chegou a dar aulas na escola como professora substituta em Sociologia, antes de ingressar no Ippur, concorda. Embora a lembrança mais sofrida dela seja a destruição do palco do teatro para que fosse aberto um espaço de atendimento aos licenciandos da UFRJ no colégio, a maior “dorzinha no coração” reside na descaracterização da equipe da escola.
Greves significaram aprendizado
Outra experiência que marcou a trajetória das duas foi a participação política nos tempos de escola. As greves estão entre as boas recordações de ambas. “Aprendi mais em algumas atividades (de greve) do que em muitas disciplinas”, observa Isabela, bem humorada. A futura arquiteta experimentou sua primeira passeata aos catorze anos, por meio do CAp: “No Centro (da cidade), puxada pelo Passe Livre (estudantil)”, recorda. O aprendizado, que, à época, pareceu pueril, foi determinante para que se engajasse mais tarde no Centro Acadêmico e na Federação Nacional dos Estudantes de Arquitetura e Urbanismo (Fenea).
Já Cecília recorda bem da campanha “Fora Collor’ que tomou a escola: “Todo mundo se envolveu muito. Depois algumas pessoas questionaram esse movimento como manipulado pela TV Globo, mas acho isso bobagem. Foi um momento muito importante para o país’, esclarece a professora, formada em antropologia pelo IFCS.
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