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Viver. Podemos dizer que este é o verbo preferido da dona Giuseppina Nerozzi de Souza. Italiana de nascimento e brasileira de coração, a idosa de 94 anos venceu o coronavírus. Sobrevivente da II Guerra Mundial, onde atuou como enfermeira, ela contou com dedicados colegas, profissionais do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, para vencer esta batalha particular. Os heróis da UFRJ falaram ao Jornal da AdUFRJ sobre o caso e sobre como tem sido enfrentar a pandemia.

 

WEB menor 1123 p8aDivulgação/UFRJAplausos calorosos quebraram o costumeiro silêncio no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, dia 8. Sorrisos e lágrimas escondidas por máscaras transbordavam a alegria pela recuperação de dona Giuseppina de Souza. A enfermeira aposentada recebia alta depois de 15 dias internada por coronavírus, dois deles no CTI.
As mãos que aplaudiram, cuidaram. Na equipe que atendeu dona Giuseppina estava uma jovem médica. Jéssica Thaiane Silva Dias, de 28 anos, é residente de infectologia do HU. Formada em Medicina pela Universidade Iguaçu, ela iniciou o trabalho no hospital em março.
A recuperação de dona Giuseppina traz esperanças de dias melhores. Sobretudo para Jéssica, que tem um irmão de 31 anos internado com Covid-19. “Ela renova nossa força para continuar. Vivemos um momento de tanta incerteza, um dia após o outro”, desabafa a médica. “Eu fiquei muito feliz, estive de perto olhando a evolução dela, e saber que ela pôde voltar para seus familiares é muito emocionante”.
Jéssica conta que dona Giuseppina se mostrou forte, mas que receber uma paciente aos 94 com coronavírus é um desafio. “A Covid-19 é uma doença que já mostrou maiores complicações em pacientes mais idosos, então é sempre uma preocupação”, diz Jéssica.
A ilustre paciente não esmoreceu nem nos momentos mais críticos. “Era sempre muito falante. Contava várias histórias de como chegou ao país e da época em que trabalhava como enfermeira durante a segunda guerra. Uma história de vida inspiradora”, relembra Jéssica.
O aspecto emocional de pacientes com uma enfermidade pandêmica é também uma preocupação do corpo clínico do hospital. “Dentro das nossas discussões sobre como manejar a doença, nós também discutimos como podemos reduzir o impacto psicológico para quem precisa permanecer internado. Então eu sempre converso com meus pacientes para tentar reduzir um pouco a ansiedade do isolamento”, explica.
WEB menor 1123 p8bO diretor da Divisão Médica, Alberto Chebabo, conta que toda a equipe ficou apreensiva com o quadro de saúde da paciente. “Muito idosa, inpirava muitos cuidados. Chegou infartando, ‘fez’ uma pneumonia bacteriana. Quase tivemos que entubar, mas conseguimos reverter”, comemora.
Ainda se sabe pouco sobre a doença, mas já é possível estimar que metade dos pacientes que precisam do CTI acabam morrendo em decorrência da Covid-19. A taxa é maior entre os mais idosos. “Ficamos positivamente surpreendidos, porque o caso tinha tudo para evoluir para a forma mais grave da doença, mas ela é muito forte”, elogia o médico.
Os profissionais de saúde do HU e de outros hospitais do país passam pelo maior desafio da carreira: salvar vidas e se manter saudáveis na pandemia. “Estamos sob muita pressão. Todo profissional de saúde tem também muito medo”, conta o experiente profissional. “Há exposição não só em relação aos pacientes, mas entre colegas, que é quando não estamos com nossos EPIs”, explica.
O caso de dona Giuseppina deu novo fôlego à equipe do HU, que recebe número crescente de pacientes com suspeita da Covid-19. “A cada pessoa que a gente consegue salvar, dá mais ânimo e certeza de que podemos fazer a diferença para muitas pessoas”, conclui Chebabo.
“Os casos já começaram a chegar”, reforça o diretor do hospital, professor Marcos Freire. “A dedicação de todo o grupo tem sido fundamental para a gente conseguir cumprir nosso compromisso com a saúde. Ver a paciente sair daqui sob aplausos nos encoraja a enfrentar o que ainda está por vir”, afirma.
De acordo com Freire, a equipe segue se aperfeiçoando para atender, sobretudo, os casos mais graves . “Estamos preparando o hospital. Somos referência para atendimento de média e alta complexidades. Então, pela capacitação do nosso corpo clínico, espera-se receber muitos pacientes graves durante essa crise”, explica.
O Clementino atende casos encaminhados pelas secretarias municipal e estadual de saúde, além de pacientes que possuem prontuário na unidade. A coleta da amostra para o exame de Covid-19 é feita no HU e a testagem, no Laboratório de Virologia Molecular, do Instituto de Biologia.

WEB menor 1124 p5Reprodução da internetGael, de apenas 2 anos, não sabe o que é coronavírus. Não tem noção do que está acontecendo no mundo. Fica feliz por estar mais tempo com os pais. Mas sente saudades de seus coleguinhas e do colégio, na Vila da Penha. “Às vezes, ele pega a mochila que está no guarda-roupa e coloca nas costas”, explica a mãe, Bianca Fernandes.
Para atenuar os efeitos do confinamento, a solução tem sido realizar atividades que os docentes postam no grupo virtual da escola. E, neste caso, Gael representa um dos desafios que os educadores enfrentam fora das salas de aula.
A mãe de Gael entende do assunto. Ela também é professora da rede municipal, só que no EDI Buriti Congonhas, em Madureira. De forma espontânea, resolveu postar uma brincadeira com massinha caseira no grupo do Facebook da escola. Feliz com o retorno de alguns pais, decidiu incluir uma atividade por semana, o que incentivou outros docentes. “Não vemos isso como uma forma de EaD.Não houve pressão da direção da escola”, enfatiza. Bianca discorda de qualquer tentativa oficial para tornar obrigatória a educação a distância. “Creio que 70% dos meus alunos não teriam nenhum acesso”, afirma.
O Sindicato Estadual de Profissionais de Educação (Sepe) também não vê problemas em atividades espontâneas criadas entre professores e alunos. “É importante manter os vínculos, mas não é continuidade do ano letivo”, destaca Duda Quiroga, coordenadora do Sepe na capital.
O problema é a tentativa de imposição da EaD pelos governos estadual e municipal. “Não pode normatizar algo que ignore as condições concretas tanto dos alunos como dos professores. Temos de rediscutir o ano letivo quando sair da pandemia”, afirma Duda.
Na rede estadual, critica a dirigente, a secretaria de Educação tenta migrar as aulas para um ambiente virtual criado pela Google, o “Google Classroom”.
Para os docentes que acessarem a ferramenta eletrônica, o sindicato solicita verificar a presença dos alunos. O objetivo é que o Sepe possa denunciar o número “limitado” de estudantes ao Ministério Público
Na educação básica, técnica e tecnológica federal, a polêmica já foi judicializada. Algumas instituições de ensino vinculadas ao Ministério da Defesa estão exigindo o comparecimento de educadores para a realização de aulas online. O Sinasefe, sindicato dos profissionais do segmento, ingressou com uma ação contra a União na segunda-feira, 13. O caso está na 21ª Vara Federal de Brasília (DF).

ENSINO PARTICULAR
Entre os educadores da rede particular básica e universitária, a situação também é bastante difícil. Elson Simões, diretor jurídico do Sinpro, que congrega os profissionais deste segmento, explica que a Medida Provisória nº 936 da redução da jornada e dos salários criou uma pressão imediata sobre a categoria para fazer EaD. O Sinpro está orien  tando os docentes a assinarem um contrato, no caso de cessão de imagem e voz, limitada ao período da pandemia e apenas para as turmas que o professor já ensinava: “Fizemos esse contrato para proteger um pouco o professor”, diz Elson.

WEB menor 1123 p6bA ressaca que atingiu a orla do Rio de Janeiro no fim de semana causou enormes prejuízos à Vila Residencial, instalada na Cidade Universitária, às margens da Baía de Guanabara. A inundação destruiu móveis e lembranças de família em muitas casas. Pelo menos três pessoas sofreram choques elétricos dentro das residências. Uma moradora chegou a ser internada, mas já recebeu alta. E, enquanto a Vila ainda se recuperava do incidente do fim de semana, uma segunda enchente voltou a afetar algumas casas na quarta-feira (8).
A Vila está habituada a pequenas enchentes e os acessos às moradias já são construídos em uma altura que evite a entrada da água. Mas as casas não estavam preparadas para o que ocorreu entre a noite de sábado e a madrugada de domingo. “A água entrou e subiu até a altura do joelho. Foi tudo muito rápido”, conta Sandra Maria Costa, enfermeira aposentada e moradora do local desde 1987. “Perdemos a porta do quarto, a estante já está ‘abrindo’, as camas estão úmidas, minha filha perdeu material de curso...”, completa.

DOAÇÕES
Toda ajuda é bem-vinda para dona Sandra e as duas mil famílias da área. A sede da Prefeitura Universitária recebe doações de alimentos, produtos de higiene, roupas, colchões, álcool em gel e itens de utilidade doméstica até 16h. A PU fica na Praça Jorge Machado Moreira, 100. A associação dos moradores (Amavila) também recolhe donativos na rua das Margaridas, s/nº.
Presidente da Amavila, Antônio Avelino tem articulado com a reitoria os próximos passos para a limpeza e recuperação da área e os cuidados com a saúde dos moradores. A Comlurb vai recolher o mobiliário e o lixo provocado pela enchente. A Defesa Civil prepara uma avaliação de risco da área. Como consequência do incidente, existe a possibilidade de instalação de sirenes para avisar a comunidade em casos semelhantes. Também já foram feitos contatos entre a Amavila e a área de saúde da UFRJ para prevenção e tratamento de casos de hepatite. “As pessoas tiveram muito contato com a água, que tem esgoto misturado”, diz Antônio.

A AdUFRJ achou na tecnologia um jeito de integrar os professores. Usando o Zoom,  o sindicato tem organizado diversas reuniões durante a quarentena, com destaque especial para o “Sextou - Tamo Junto”, um bate-papo entre os professores. Na última edição, na sexta-feira, 3, quem puxou a conversa foi a professora Tatiana Roque, que falou sobre  sua participação na articulação da renda básica emergencial.
Ex-presidente da AdUFRJ e hoje coordenadora do  Fórum de Ciência e Cultura, Tatiana, explicou detalhes da mobilização pela aprovação da lei, e respondeu perguntas dos professores.
O “Sextou - Tamo Junto” acontece toda sexta-feira, às 17h30. Para participar envie uma mensagem para o WhatsApp da AdUFRJ - 99365-4514.
A próxima puxadora de conversa, na sexta, 10, será a professora Ligia Bahia, médica especialista em saúde pública, e ex-vice-presidente da AdUFRJ. Participe!

student 2052868 640Imagem de: Alexas_Fotos por PixabayNão haverá rescisão dos contratos de professores substitutos da UFRJ durante a pandemia, garante a administração central. O esclarecimento é necessário após uma mensagem da Pró-reitoria de Pessoal (PR-4), remetida para diretores e decanos no dia 30 de março. O texto, que solicitava as ações realizadas pelos substitutos no período de suspensão das aulas, causou a preocupação de que as respostas pudessem levar a processos de demissão.
Pró-reitora de Pessoal, Luzia Araújo explica que a solicitação foi feita para resguardar os direitos dos próprios substitutos. Dias antes, o setor havia recebido a denúncia de um professor temporário que acusava descumprimento de contrato. Ou seja, estaria sendo deslocado para outras tarefas. “O contrato do substituto é específico para atuação junto a alunos de graduação. Não posso colocar esse professor em campo para, por exemplo, preceptoria de alunos da residência”, informa Luzia. Outro objetivo seria preservar a administração de alguma ação na Justiça por profissional exercendo atividade estranha ao contrato.
Ao mesmo tempo, existe o cuidado de organizar o trabalho que está sendo feito pela universidade. “O que eu faço hoje, daqui a dois, três meses, eu posso não lembrar”, observa a pró-reitora. Reuniões virtuais de departamento e organização de eventos pela internet são alguns exemplos.
O docente também pode justificar que não tem — ou que seus alunos não têm — os equipamentos necessários para o desenvolvimento de atividades em ambiente virtual.

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