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WhatsApp Image 2025 10 31 at 18.11.52 3Foto: Renan FernandesRenan Fernandes

A jovem Ester de Oliveira não conseguiu esconder a euforia ao visitar a UFRJ pela primeira vez. “Adorei tudo aqui. É incrível”. A estudante de 17 anos da FAETEC foi uma entre os mais de 5 mil alunos de dezenas de escolas do estado que visitaram a universidade para participar da 22ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, entre os dias 21 e 24 de outubro. O evento aconteceu nos campi de Duque de Caxias, do Fundão e em Macaé.
Criada em 2004 pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, a SNCT é o maior evento de popularização da ciência do Brasil. Em 2025, o tema da edição foi “Planeta água: a cultura oceânica para enfrentar as mudanças climáticas no meu território”.
“Gosto muito dessa temática da sustentabilidade. Quando entrar na universidade, quero trabalhar com algo que dialogue com esse assunto”, afirmou Ester que, a poucos dias do Enem, ainda não decidiu entre Arquitetura ou Engenharia Civil.
A professora Cassia Turci, vice-reitora, ressaltou a relevância de discutir a preservação dos oceanos e a sustentabilidade às vésperas da COP30, que acontecerá em novembro. A docente percorreu os estandes impressionada com os projetos apresentados e com o impacto gerado nos visitantes. “É emocionante ver o brilho nos olhos das crianças”, pontuou. “A universidade precisa disso. E esse evento tem esse papel de atrair os olhares de forma lúdica para que eles se interessem no futuro em fazer um curso de graduação”.
Na Cidade Universitária, 2.623 estudantes do ensino básico passaram pelas 52 oficinas, dez visitas guiadas e cinco apresentações culturais. O hall de entrada do Centro de Tecnologia e do Auditório Horta Barbosa ficaram repletos de sonhos de estudantes. “A gente vê crianças e adolescentes que nos visitam e vislumbram a possibilidade de fazer um curso universitário”, afirmou a professora Ivana Bentes, pró-reitora de extensão.
A docente destacou o papel dos extensionistas, estudantes da UFRJ, que apresentam as oficinas e os experimentos na construção da ideia de pertencimento dos visitantes. “Eles conseguem olhar para esses jovens universitários um pouco mais velhos que eles, muitos vindos também de periferias, nesse lugar de produção de conhecimento”.
Outra estudante que esteve na SNCT aproveitou para ratificar a escolha de carreira. Giovanna Ferreira, aluna do Colégio Estadual Alfredo Neves, em Nova Iguaçu, ficou encantada com a visita ao laboratório de Farmácia. “Minha mãe é farmacêutica e também já assisti a uma palestra no último Conhecendo a UFRJ que me fez escolher a área. Hoje, quando botei os pés no laboratório e vi as pessoas fazendo pesquisas, vi realmente que é o que quero fazer”, disse a jovem de 18 anos com um indisfarçável sorriso de esperança.

INCENTIVO
Ao todo, 299 professores de colégios públicos e privados acompanharam os estudantes no Fundão. Daniel Martins, professor de Matemática do Colégio Pedro II, faz questão de sempre trazer seus alunos aos eventos. “É o primeiro despertar que os alunos têm de vislumbrar uma oportunidade de estudar numa instituição como a UFRJ, o que, para muitos, ainda é inatingível”, disse. “A SNCT é um incentivo imensurável para eles”, completou.
Patrícia Simões levou seus pequenos estudantes — entre sete e oito anos de idade — do terceiro ano do ensino fundamental para um primeiro contato com a produção científica. Professora da Escola Municipal Alice Tibiriçá, localizada no Morro do Dendê, na Ilha do Governador, lamentou que, embora vivam tão próximos do Fundão, muitos estudantes não enxerguem a perspectiva de um dia se tornarem alunos da UFRJ e pontuou a importância do evento para mudar essa realidade. “Esse primeiro contato com o mundo acadêmico é muito importante. Eles podem começar a perceber que existe outra realidade e outras possibilidades fora da comunidade onde vivem”.

SUSTENTABILIDADE
Os projetos de extensão apresentados aos estudantes expuseram trabalhos vinculados ao tema de preservação de recursos hídricos. A professora Adriana dos Anjos, da Escola de Química, mostrou aos visitantes o conceito de Química Verde, que tem como princípio a substituição de matérias-primas de fontes fósseis por fontes renováveis. A produção de biodiesel a partir do cultivo de microalgas foi um dos destaques do estande, destacando que esses microrganismos também podem ser usados no tratamento de efluentes, transformando esgoto em água de reúso.
A docente e os extensionistas desenvolveram um jogo chamado “Trilha Ecológica” para interagir com os visitantes. “No jogo, a gente fala com eles sobre iniciativas de uso de materiais renováveis, reciclagem e coleta seletiva”, explicou Adriana. “É uma experiência importante para as crianças e adolescentes que aprendem de forma lúdica e para nossos graduandos que exercitam a capacidade de divulgar os conhecimentos que aprendem na universidade”.
A doutoranda do Laboratório de Imunobiotecnologia do Instituto de Microbiologia Paulo de Góes, Naiara Manhães, apresentou a importância da preservação dos oceanos para o desenvolvimento de fármacos. “A Ziconotida é um analgésico para tratar dores crônicas e é sintetizada a partir do veneno de um caramujo. Da esponja do mar, foi desenvolvido o AZT, que impede a replicação de vírus, principalmente do HIV”, exemplificou.
Os pesquisadores e extensionistas montaram uma piscina de bolinhas em que os visitantes precisavam encontrar os microrganismos e depois montar um quebra-cabeça. “É uma forma de explicar de maneira lúdica e interessante para eles”, disse Manhães.
A professora Maria Luiza Campos, do Instituto de Computação, aproveitou o evento para conversar com os professores do ensino básico. O objetivo é mostrar para as escolas que é possível trabalhar a temática algorítmica e pensamento computacional sem precisar de um computador na sala de aula. “Desenvolvemos um jogo com as espécies em extinção no qual a criança navega usando conceitos da navegação desplugada, usando cartas e tabuleiros para construir um percurso simulando um programa”, explicou a docente.
Maria Luiza também divulgou a iniciativa Minervas Digitais, projeto que estimula a entrada de mulheres na área da computação. “Temos apenas 15% de alunas em nosso curso. Precisamos puxar as meninas desde muito cedo para essa área e um evento como a SNCT ajuda muito nesse trabalho”.

MACAÉ
Em Macaé, 1.944 estudantes de 17 escolas do Norte Fluminense visitaram o Centro Multidisciplinar. As 68 ações envolveram 174 alunos e 69 professores da UFRJ. Os números do Nupem não foram divulgados até o fechamento desta edição.

Estudantes são protagonistas em Caxias

WhatsApp Image 2025 10 31 at 18.11.52 4ACERVO PROJETO SER CIENTISTANo campus Duque de Caxias, 1.122 estudantes de 27 instituições de ensino participaram das atividades nos três dias da SNCT. A professora Luisa Ketzer, diretora da AdUFRJ, coordenou a oficina científica “Impacto das mudanças climáticas no ecossistema aquático”, na Escola Municipal Professora Dulce Trindade Braga.
“É um desafio muito interessante ir até a escola. Os alunos pensam as perguntas sobre mudanças climáticas e fazem os experimentos para tentar respondê-las. Eles se tornam protagonistas nesse processo de aprendizagem”, revelou Ketzer.

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