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ENTREVISTA/FELIPE ROSA, pró-reitor de Pós-graduação e Pesquisa

A elaboração do Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG) 2024-2028 entrou em fase final. Depois de uma consulta pública encerrada em 25 de janeiro, as 1.980 contribuições recebidas agora serão avaliadas pelo Conselho Superior da Capes. Mas ainda não há uma data definida para a aprovação e divulgação do documento definitivo. Pró-reitor de Pós-graduação e Pesquisa em exercício, o professor Felipe Rosa falou ao Jornal da AdUFRJ sobre o PNPG — que será o sétimo da história, desde 1975.

Jornal da AdUFRJ - É possível realizar um plano nacional de pós-graduação com o atual orçamento das universidades?
Felipe Rosa
- É difícil. Não só com o atual orçamento das universidades, mas com o atual orçamento da Capes. A pós-graduação brasileira é um sistema grande, com mais de 80 mil professores e mais de 400 mil alunos. A agência mantém um número enorme de bolsas, que foram aumentadas no valor, o que deve ser honrado. E isso é só um exemplo. Ainda tem que bancar o Print, o programa de internacionalização. Não tem como fazer internacionalização sem recursos. Tem que trazer pessoas, levar pessoas. Pagar passagem, estadia. Para dar conta dessa demanda toda, precisa ter orçamento. Temos hoje um governo simpático à ideia de que a pós-graduação é boa para o Brasil. Mas sabemos que governar neste momento não está fácil. E isso se reflete no tamanho da política que se quer implementar.

A UFRJ participou, institucionalmente, da construção da proposta preliminar do Plano Nacional de Pós-Graduação 2024-2028?
Fomos convidados para a oficina regional realizada na sede da Faperj, em 19 de setembro do ano passado, para apresentar as sugestões e temas prioritários da pesquisa do estado. Houve oficinas nos 27 estados e a do Rio foi a segunda mais participativa, com 35 pessoas. Ficou atrás apenas da realizada no Acre, com 64.
Nesta atividade, que durou um dia inteiro, os representantes das universidades, empresas, terceiro setor e do governo sugeriram e discutiram temas de interesse e vocação regional para a pós-graduação no Rio de Janeiro.

O que chamou sua atenção no documento preliminar do PNPG?WhatsApp Image 2024 02 07 at 18.48.34
O destaque do documento é o diagnóstico da pós-graduação. Está muito boa a apresentação dos dados: número de ingressantes, de concluintes; evolução do número de programas por modalidade (mestrado e doutorado, acadêmico ou profissional); distribuição da oferta pelo país; corpos docente e discente; e muito mais (confira alguns números ao lado).
O PNPG está estruturado em sete eixos: do acesso à conclusão; qualidade; educação básica e pós; pesquisa, extensão e inovação; assimetrias e desenvolvimento; internacionalização; e governança estratégica. Cobrem o necessário. Mas concordo com as críticas de que ficou um pouco genérico demais.

Como assim?
Em cada eixo, pelo menos por enquanto, existem diretrizes muito bem intencionadas, mas um pouco soltas, sem metas claras, sem estratégias mais específicas. Por exemplo, o diagnóstico aponta que 53% dos programas estão nas capitais. Não há um índice “X” a ser alcançado em “Y” tempo para atacar esse desequilíbrio na oferta.

O PNPG fala em ampliar a diversidade na pós-graduação.
Isso nós estamos fazendo na UFRJ. Temos políticas de cotas, e com o belo trabalho da SGAADA (Superintendência Geral de Ações Afirmativas, Diversidade e Acesso), a UFRJ agora também faz a heteroidentificação na pós-graduação. Com os anos de da política de cotas na graduação, veremos cada vez mais pretos e pardos em condições de ingressar na pós. Esse desafio estará cada vez mais presente.

A proposta do PNPG também aponta que a extensão universitária deve ser promovida na pós-graduação. Qual sua avaliação?
Acho muito oportuno e aqui dá para falar de UFRJ também. Em colaboração com pró-reitoria de Extensão (PR-5), recentemente nós efetivamos o Proext-PG. É um edital da Capes que destinou R$ 1,5 milhão para a UFRJ premiar projetos que unissem pós-graduação e extensão. Nós premiamos 76 projetos.

Cada PNPG teve uma marca em seu tempo histórico: o primeiro focou na estruturação da pós (1975-1979); o segundo enfatizou a qualidade (1982-1985); o terceiro (1986-1989), já na redemocratização, buscou a autonomia nacional e assim por diante. Qual deverá ser a marca do atual PNPG?
Acho que são duas: a primeira, mais geral, será identificar o que a pós-graduação pode fazer pelo país; e a segunda será buscar a mitigação das desigualdades, como a da relação entre capitais e interior. Mas essa não virá sem uma política ambiciosa de interiorização da população, o que inclui levar mais universidades públicas para estes municípios.

WhatsApp Image 2024 02 07 at 18.35.48 7Renan Fernandes

A Câmara Brasileira do Livro anunciou a primeira edição do Prêmio Jabuti Acadêmico. A premiação é dedicada às áreas científicas, técnicas e profissionais com o objetivo de promover o trabalho de autores e editores do segmento acadêmico. Ao todo, 29 categorias divididas em dois eixos — Ciência e Cultura e Prêmios Especiais — compõem o prêmio. Os vencedores receberão uma estatueta em uma cerimônia realizada em São Paulo, prevista para agosto, além de R$ 5 mil.
O professor Marcelo Knobel, físico e ex-reitor da Unicamp, é o curador da premiação. Ele celebrou o espaço de promoção da produção literária acadêmica no Brasil. “Existe uma imensa produção de obras acadêmicas no país que estava sub-representada no Jabuti”, disse Knobel.
A premiação conta com o apoio da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Renato Janine Ribeiro, presidente da sociedade e ex-ministro da Educação, também comemorou o reconhecimento da produção acadêmica. “Muitas vezes, a produção acadêmica é prejudicada pelo caráter comercial dos livros que competem no Jabuti. Com o Jabuti Acadêmico, vamos conseguir dar mais destaque e divulgação a esses livros”.
Podem concorrer obras publicadas em 2023 por brasileiros ou estrangeiros com residência no Brasil, registradas no ISBN (ficha catalográfica padrão). Um júri será formado para selecionar os vencedores. As obras serão avaliadas com base em três critérios: relevância, inovação e potencial de impacto.
O eixo Ciência e Cultura abrange 27 categorias: Ciência de Alimentos e Nutrição; Ciências Agrárias e Ambientais; Medicina Veterinária, Zootecnia e Recursos Pesqueiros; Ciências Biológicas, Biodiversidade e Biotecnologia; Educação Física, Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional; Enfermagem, Farmácia, Saúde Coletiva e Serviço Social; Medicina; Odontologia; História e Arqueologia; Antropologia, Sociologia, Demografia, Ciência Política e Relações Internacionais; Educação e Ensino; e Filosofia.
Completam este eixo as categorias de Ciências Religiosas e Teologia; Geografia e Geociências; Psicologia e Psicanálise; Administração Pública e de Empresas, Ciências Contábeis e Turismo; Arquitetura, Urbanismo, Design e Planejamento Urbano e Regional; Comunicação e Informação; Direito; Economia; Artes; Letras, Linguística e Estudos Literários; Astronomia e Física; Ciência da Computação; Matemática, Probabilidade e Estatística; Química e Materiais, e Engenharias.

ALÉM DOS MUROS
No eixo Prêmios Especiais serão avaliadas obras em mais duas categorias: Divulgação Científica e Ilustração. Assim como no Prêmio Jabuti Literário, o Prêmio Jabuti Acadêmico terá um momento reservado a homenagens. Serão reconhecidos a Personalidade Acadêmica e o Livro Acadêmico Clássico.
No primeiro caso, a escolha será feita pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) e pela curadoria. No segundo caso, do Livro Acadêmico Clássico, uma consulta pública para indicação das obras será aberta a partir de 30 de janeiro, por um prazo de 30 dias. O nome final será escolhido pela Diretoria da CBL e curadoria.
O Livro Acadêmico Clássico contempla obras atemporais, que se mantenham relevantes e que tenham lugar cativo na memória de estudantes de diferentes segmentos.
O professor Marcelo Jacques, diretor da Editora UFRJ, destaca a oportunidade de ampliar o alcance dos livros acadêmicos para além dos muros das universidades. “A gente pensa o livro acadêmico não apenas para o consumo da comunidade de pesquisa, mas também para o público em geral, para a comunicação com a sociedade”, afirmou Jacques.
O diretor prevê que a Editora UFRJ concorra com até sete livros. “Devemos inscrever dois livros voltados à divulgação científica e quatro ou cinco nas áreas específicas. Temos livros no campo da Antropologia, da Engenharia e de Relações Internacionais”, concluiu o professor.

SERVIÇO

As inscrições já podem ser realizadas por meio do site do Prêmio Jabuti (www.premiojabuti.com.br/academico) até as 18h do dia 19 de março. O valor das inscrições varia de acordo com as categorias. Veja a lista completa no site. A premiação prevê a participação de autores brasileiros natos, naturalizados ou estrangeiros com residência permanente no Brasil.
A inscrição pode ser feita pela editora, pelo autor, agente literário ou procurador devidamente constituído.
As inscrições realizadas de forma antecipada, até 28 de fevereiro, terão preço especial.

WhatsApp Image 2024 02 02 at 12.27.04Foto: Silvana SáO primeiro Conselho Universitário do ano aconteceu nesta quinta-feira, dia 1º de fevereiro, para analisar os recursos de unidades acadêmicas sobre vagas para professores substitutos. A deliberação do colegiado é importante porque algumas unidades corriam risco de não poder oferecer disciplinas obrigatórias já no primeiro semestre deste ano. O caso da Faculdade Nacional de Direito era o exemplo mais dramático. Segundo o diretor da unidade, professor Carlos Bolonha, cerca de 1.600 alunos poderiam ficar sem determinadas aulas se as vagas pedidas fossem recusadas pelo colegiado. “Não completamos o quadro permanente necessário de 119 professores há dez anos”, afirmou. “Temos sempre um excesso de alunos oficialmente matriculados na universidade e uma demanda de transferências externas de 64 vagas, ou seja, mais uma turma inteira”, contou. “Tem sido um crime cometido contra a FND deixar alunos sem aulas”.
A FND pleiteou sete vagas para o Departamento de Direito Civil e quatro vagas para o Departamento de Direito Social. Os pareceres da Comissão de Desenvolvimento do Consuni indicaram acatar cinco vagas para o Direito Civil e três para o Direito Social. Os pareceres foram aprovados pelo plenário, mas houve controvérsias.
Pró-reitora de Graduação, a professora Maria Fernanda Quintela se posicionou contrária à concessão de vagas para substitutos. “Como presidente do Conselho de Ensino de Graduação sou contrária aos pareceres, pois desconsideram todo o trabalho feito por este conselho na distribuição de vagas. Deveríamos ter vagas de professores efetivos”.

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WhatsApp Image 2024 02 07 at 18.35.48 5Renan Fernandes

Há mais de um século, o pernambucano Amaro Amaral plantou uma semente que mudou a folia para sempre. Diretor artístico do rancho carnavalesco Ameno Resedá, que desfilava no bairro do Catete, o então ilustrador de jornais e revistas da época inovou nos enredos e nas fantasias como nunca havia sido feito. E entrou para a história.
“O primeiro desfile competitivo das escolas de samba foi em 1932. Elas seguiram muito do que já havia no cortejo do rancho. A porta-estandarte, os instrumentos musicais, o coro feminino”, destacou o professor Madson Oliveira, da Escola de Belas Artes, que escreveu o livro “A Folia Carnavalesca de 1913 e o rancho Ameno Resedá”, publicado em 2022 com apoio da Faperj.
Amaro rompeu com os temas pastoris, africanos e portugueses típicos dos blocos, cordões e ranchos. Fundado em 1907, o Ameno Resedá desfilou pela primeira vez em 1908 com o enredo “A Corte Egipciana”. Em 1911, o desfile “A Corte Satânica” encantou o presidente Hermes da Fonseca, que convidou o rancho para os jardins do Palácio do Catete, então sede da Presidência da República.
Em 1913, o destaque foi para “A Confraternização da Paz Universal”. As fantasias luxuosas dos foliões faziam referência aos países que haviam participado da Conferência de Haia em 1907.WhatsApp Image 2024 02 07 at 18.36.58
Em pesquisa na Hemeroteca Digital, o professor encontrou relatos de jornais descrevendo os 79 componentes do cortejo. Junto com os 27 desenhos aos quais o professor teve acesso, foi possível reconstruir parte do desfile. “Tinha gente vestida de Argentina, de França, de Portugal. Minha análise foi a partir da simbologia utilizada por Amaro para construir as fantasias”, falou Oliveira.
O professor compara o impacto de Amaro Amaral no carnaval do início do século XX com a trajetória de grandes carnavalescos das escolas de samba, como Fernando Pamplona e Paulo Barros. “Lá em 1913, já havia o temor de desconfiguração do que era o carnaval. Amaro começou a romper com o costume da época e nossa cultura hoje vive entre a tradição e a inovação” defendeu Madson. “Se todos os anos as escolas de samba apresentassem a mesma coisa, para que iríamos ao Sambódromo assistir? É a inovação que mantém a tradição viva”, conclui.WhatsApp Image 2024 02 07 at 18.35.48 6Madson e Amaro

CARNAVAL E ACADEMIA
A relação do docente com o carnaval é antiga. Em 2000, Madson saiu do Ceará, onde estudava Moda, para fazer um estágio na Estação Primeira de Mangueira, a partir de contato com o professor Samuel Abrantes, também da EBA. “O carnaval é uma excelente escola para quem quer trabalhar com figurino porque trabalha com símbolos. A fantasia não tem legenda, mas deve ser de fácil entendimento”, disse Oliveira.
Hoje, Madson orienta pesquisas acadêmicas que têm o carnaval das escolas de samba como objeto de estudo. O professor também participou de três experiências entre a EBA e a Liga Independente das Escolas de Samba fornecendo estagiários para os barracões da Cidade do Samba. “Essa relação rompe com a verticalização dos saberes. É um intercâmbio de conhecimento entre o ensino acadêmico de artes e a escola de samba. A gente leva e também traz conhecimento para a universidade”, afirma.
Um exemplo é Erica Huebra, formada em Comunicação Visual e mestranda do Programa de Pós-graduação em Design. A estudante pesquisa o uso de estamparia nos figurinos do desfile de 2022 da Acadêmicos do Grande Rio. “Estar dentro da EBA escancara a troca entre a universidade e as escolas de samba. Desde os primeiros períodos, os alunos trabalham nos barracões”, celebra. “Há um equilíbrio entre o acadêmico e o popular”.

WhatsApp Image 2024 02 02 at 11.11.05 2Foto: ELINE LUZ/ IMPRENSA ANDES-SNRepresentantes do Fonasefe –fórum que reúne parte dos servidores do Executivo federal — e do Fonacate — instância que congrega os servidores de carreiras típicas de Estado – apresentaram uma contraproposta unificada ao governo federal no último dia 31 de janeiro. O documento foi recebido por José Lopes Feijóo, secretário de Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho do Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI).

A pauta de reivindicações é uma resposta à proposta apresentada pelo governo, que não previa reajuste salarial para este ano, apenas 4,5% para 2025 e 2026. O documento, adiantado na última edição do Jornal da AdUFRJ, sugere que a recomposição dos servidores deve obedecer a percentuais diferentes para dois grupos. O grupo 1 teria direito a um índice de 34,32% parcelados em três vezes de 10,34%, entre 2024 e 2026. O grupo 2, do qual os professores universitários e EBTT fazem parte, faria jus a um reajuste de 22,71% divididos também em três parcelas, de 2024 a 2026, de 7,06%.

Além dos índices de recomposição, o documento apontou para a necessidade de o governo federal reconhecer a defasagem salarial desde 2010 e a se comprometer a discutir um plano de recuperação das perdas para ser implementado nos próximos anos. Ainda no quesito financeiro, os sindicatos exigem a equiparação dos benefícios com os servidores do Legislativo e do Judiciário ainda em 2024.

Presidenta da AdUFRJ, a professora Mayra Goulart destaca a importância da pauta salarial unificada e escalonada. “A proposta é estratégica, uma vez que dialoga com a nossa demanda de reconhecimento das perdas, mas também com a ideia de disciplina fiscal, comprometendo o governo a buscar espaço fiscal para encontrar essa recomposição total demandada”, sinaliza a dirigente.

Mayra afirma que essa disciplina fiscal não é algo desejado ou demandado pelos servidores. “Mas é um impositivo da correlação de forças disposta na sociedade e é o alicerce de uma frente ampla que tem conseguido, a duras penas, conter o avanço da extrema direita no país”, destaca. Por esses aspectos, a AdUFRJ foi favorável ao documento.

Rudinei Marques, presidente do Fonacate, reforça que a proposta do governo é excludente em relação aos servidores aposentados e pensionistas, porque considera para este ano apenas o reajuste dos benefícios de quem está na ativa. Por isso, a contraproposta unificada ganha mais relevância no cenário nacional. “Um reajuste para todos os servidores, aí sim, alcançaria os aposentados. Daí a importância da proposta de reajuste salarial”, destaca.

Um dia antes da entrega do documento, os sindicatos nacionais de servidores se reuniram na plenária do Fonasefe, em Brasília. A expectativa dos servidores é de que haja avanço nas negociações na próxima mesa marcada para o dia 22 de fevereiro. Alguns grupos ameaçam greve, caso as negociações não avancem. David Lobão, dirigente do Fonasefe e do Sinasefe, o sindicato dos servidores da educação básica federal, indica a greve. “Temos condições de preparar essa greve, se não reestruturarmos nossas carreiras. Queremos negociar com o governo, no dia 22, com paralisações em todo o Brasil. Depois da resposta, vamos fazer assembleias pelo país para que a categoria defina quais caminhos tomaremos a partir da resposta do governo”, conta.

Ele também destaca a importância de apresentar uma resposta ao governo. “A nossa contraproposta é um caminho natural num processo de negociação. É importante que a gente mostre que estamos atuando pelo diálogo. Nossa proposta tem conteúdo”.

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