facebook 19
twitter 19
andes3
 

filiados

WhatsApp Image 2021 01 08 at 11.33.30Pesquisadora do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva e ex-diretora da AdUFRJ, a professora Ligia Bahia propõe a criação de um fundo público para garantir a imunização de todos os brasileiros.  A ideia se espelha na Aliança da Organização Mundial da Saúde para distribuição de vacinas contra o coronavírus (Covax). E ela visa também mais transparência nas contas dos gastos públicos durante a pandemia.

Qual o objetivo de um fundo público para vacinação?
O Brasil está atrasado na vacinação e as duas frentes previstas para produção das vacinas — a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Instituto Butantan — somadas são insuficientes para as 450 milhões de doses que precisamos. A mídia está muito focada na questão do desenvolvimento das vacinas, mas pouco se fala em garantir as doses necessárias. Este é o foco do fundo.

Como funcionaria esse fundo?
A inspiração vem da Covax, programa da Organização Mundial da Saúde (OMS) para distribuição de vacinas contra o coronavírus nos países com renda baixa. A proposta é de um fundo com recursos públicos e privados. No caso do Brasil, é fundamental envolver agentes de peso como o Itaú e a Vale. É importante criar uma pressão social pela vacinação universal em um movimento que vá além da esquerda.

O recurso destinado pelo governo federal para aquisição de vacinas é insuficiente?
O que nós temos é um anúncio de uma medida provisória (MP) na casa dos R$ 20 bilhões para o Ministério da Saúde. Mas já foi sinalizado que o valor, na verdade, incluiria uma série de outras coisas como os gastos já realizados com as pesquisas. Não há muita informação sobre onde e como os gastos estão sendo feitos. Um fundo contribui também para mais transparência para essas contas, aumenta a vigilância sobre os gastos. Ele permite uma nova institucionalidade, diferente, que debata a compra de vacinas de forma mais republicana.

Qual é a sua avaliação sobre a organização para vacinação nacional em curso?
Não temos um plano nacional de vacinação. A vacinação está caminhando, como tudo durante a pandemia, de forma caótica. Temos iniciativas isoladas de governadores aqui e ali. Não temos mapas de nada. Na realidade, temos muito pouco. Hoje, temos milhões vacinados no planeta. Israel, por exemplo, vacinou 20% da sua população. Na América Latina, a Argentina, o Chile e o México já começaram a vacinação.

O governo federal aposta no peso financeiro de uma eventual compra. Ele argumenta que o Brasil é um mercado cobiçado por qualquer laboratório internacional...
Bolsonaro disse que a Pfizer deveria correr atrás do Brasil, mas não é verdade. O movimento é oposto, o momento é de alta competição pela compra. Mais: não se trata só de uma questão de dinheiro, prestígio também conta muito agora. Há um movimento global de mudança de perspectiva em relação às pandemias a partir da noção de que todos são afetados. A vacina contra o ebola foi desenvolvida pelos Estados Unidos. Enquanto isso, o Brasil tem se movido em sentido inverso e hoje se posiciona ao lado de países contrários à quebra de patente, por exemplo.

WhatsApp Image 2021 01 08 at 10.54.33 2Bolsonaro iniciou o ano com mais um ataque à autonomia universitária. Em decreto do dia 6, nomeou a segunda colocada da lista tríplice para a reitoria da Universidade Federal de Pelotas. É a 19ª intervenção do governo em universidades e institutos federais. A professora Isabela Fernandes recebeu apenas seis votos no Conselho Universitário, contra 56 do professor Paulo Roberto Ferreira Júnior. A novidade desta intervenção é que Isabela fez parte da chapa eleita pela comunidade universitária. Ela seria pró-reitora da nova gestão.
A comunidade acadêmica também decidiu inovar na resistência.A UFPel terá dois reitores a partir desta sexta-feira (8). Isabela, nomeada legalmente, e Paulo, de forma extraoficial, vão fazer a cogestão da universidade. Em formaturas, reuniões com o governo, com o prefeito de Pelotas ou com as entidades representativas, os dois estarão sempre juntos. “Quem manda na UFPel é a comunidade da UFPel”, disse o atual reitor, Paulo Hallal, em live institucional transmitida nesta quinta (7).

WhatsApp Image 2020 12 16 at 12.14.20Na quinta-feira (17), o professor João Torres de Mello Netto, do Instituto de Física, falou sobre a história da Ciência atômica no Bate-papo com Físico, organizado pelo Museu Interativo de Ciências do Sul Fluminense (MICInense). O tema foi a responsabilidade social do cientista em relação às bombas atômicas.  “A explicação oficial para o lançamento de bombas no Japão, e não é o que eu penso, é que o país não pensava em se render e que as bombas lançadas pelo Eixo custaram 200 mil vidas aos Aliados. Os cientistas que abraçaram o projeto eram de excelente qualidade, viam ali uma oportunidade científica”, revelou João. O MICInense é um espaço de divulgação da Ciência, coordenado pelos professores Luciano Oliveira e Christine Ruta, parceria entre o Nupem/UFRJ-Macaé e a Prefeitura de Barra Mansa (RJ).

laboratory 2815640 640Imagem de Michal Jarmoluk por Pixabay

O Instituto de Química é uma das muitas unidades da UFRJ prejudicadas pela não concessão dos adicionais aos servidores que trabalham expostos a agentes nocivos à saúde. Levantamentos internos indicam que 31 dos 142 professores (22%) não recebem o benefício. “O direito é claro. Ao andar pelos corredores do instituto, respiramos vapor tóxico de solventes, incluindo hidrocarbonetos”, explica o professor Rodrigo Bitzer, do Departamento de Físico-Química.
Os relatos dos problemas do instituto são semelhantes aos de outras áreas da universidade: os pedidos mais recentes são indeferidos em função de laudos inconclusivos — os peritos não têm os equipamentos de aferição. Entre os docentes mais antigos, os adicionais são perdidos por quem assume algum cargo de chefia ou coordenação, devido a uma programação automática do sistema que gerencia os pagamentos.
Contratado em agosto de 2018, Bitzer faz parte do primeiro grupo. Assim que ingressou na UFRJ, solicitou o adicional de insalubridade. Após esperar mais de um ano, um perito vistoriou seu laboratório. Três meses depois, veio o relatório com o indeferimento do pedido. O técnico alegou que não poderia fazer a análise quantitativa do local. Há mais de dois anos trabalhando na UFRJ com solventes tóxicos ou reagentes com metais pesados, Bitzer nunca recebeu o benefício a que tem direito.
Nos grupos de discussão formados no IQ, surgiu a possibilidade de a Norma Regulamentadora nº 15, que disciplina a concessão dos adicionais, se tornar uma aliada dos docentes. O documento apresenta anexos com agentes químicos que não necessitam de aferição.
“No Anexo 13, são listadas substâncias que todos nós, do IQ, manipulamos no dia a dia de nossas atividades de ensino e pesquisa”, esclarece Bitzer, que integra o Conselho de Representantes da AdUFRJ. “Sendo confirmado pela vistoria local e documentos comprobatórios que o docente manipula essas substâncias, a atividade laboral já deve ser considerada insalubre, sem necessidade de medidas quantitativas”, completa.

CPST RESPONDE
Engenheira de Segurança do Trabalho da Coordenação de Políticas de Saúde do Trabalhador (CPST), Natalia Lobo respondeu que a condição do adicional não é definida apenas pelo agente listado no anexo 13. Segundo ela, é preciso verificar a atividade desenvolvida pelo servidor e se não há medidas que neutralizam ou eliminam a insalubridade. “Se o professor trabalha com mercúrio em alguma das atividades elencadas no anexo 13 e, no momento da perícia, for detectado que existem medidas que eliminem ou neutralizem a exposição, o adicional pode não ser concedido”, explica. A engenheira observou que o agente químico deverá ser medido, sim, se também estiver listado em outro anexo.
Já para o professor Bitzer, a CPST não consegue interpretar a norma sob o ponto de vista das atividades acadêmicas. “Se o professor lida com mercúrio, que é um agente tóxico, ou se lida com benzeno, que é um agente cancerígeno, mas não fabrica material do ponto de vista industrial como o anexo descreve, ele não tem saída? Ou só existe atividade industrial ou não existe atividade alguma? Não faz sentido”, critica. Bitzer diz ainda que não há repetições entre os anexos citados pela engenheira. “O anexo 13 fala em compostos orgânicos de mercúrio, e o 11, dos outros”, exemplifica. “Somos todos UFRJ. Precisamos pacificar esta questão”, disse.

WhatsApp Image 2020 12 18 at 10.37.38Pesquisadores da Coppe estão desenvolvendo uma tecnologia para potencializar a atuação de medicamentos usados no tratamento da covid-19 e reduzir os efeitos colaterais das medicações. Apelidada de “bolinhas”, a nova técnica emprega nanotecnologia para revestir os fármacos e é usada pelos pesquisadores da Coppe desde 2015.
“Há cerca de cinco anos, nós começamos a transformar essas bolinhas em bolinhas inteligentes, para que elas reconheçam as células doentes, e interajam especialmente com elas”, explica o professor José Carlos Pinto, coordenador do projeto. “Como a bolinha inteligente trata localmente os tecidos que estão doentes, a quantidade de medicamento que é dada ao paciente pode ser reduzida drasticamente”, completa o docente do Programa de Engenharia Química.
No tratamento da covid-19 – e também de várias outras enfermidades graves – a quantidade elevada de medicamentos provoca uma série de efeitos adversos. “Se uma pessoa tem uma inflamação no pé, ela toma um antibiótico. Como ele se distribui pelo organismo inteiro, o paciente toma uma quantidade muito maior para a concentração do remédio chegar em doses corretas no pé”, exemplifica Carlos Pinto. “Então, o objetivo desse trabalho é aumentar a especificidade desses tratamentos, indo nos locais onde realmente seja necessário o uso deles”, completa.
Gabriela Mattos, mestranda do Programa de Engenharia de Nanotecnologia da Coppe (PENt), ressalta que o uso dessas nanopartículas pode aproximar os medicamentos da taxa ideal de terapia, e evitar valores tóxicos. “Se a gente vetoriza as nanopartículas com uma biomolécula específica, então há a possibilidade de direcionarmos a nanopartícula apenas para onde se deseja”, descreve a pesquisadora. “Isso permite um maior controle de liberação dos componentes, que esteja mais de acordo com o ideal terapêutico”.
O laboratório onde a equipe trabalha foi a primeira fábrica de nanopolímeros inaugurada no Brasil, em 2012. “O projeto começou com a ideia de apoiar o tratamento da esquistossomose (barriga d’água), porque o fármaco tem um gosto muito ruim. O remédio era beneficiado pelo encapsulamento, que esconde o gosto”, conta José Carlos. Posteriormente, os pesquisadores receberam o apoio da Faperj para desenvolver soluções para o mal de Alzheimer. “Durante a pandemia, a Faperj permitiu que alguns projetos que já estavam em desenvolvimento, e que tivessem afinidade com o tema da covid-19, pudessem ser estendidos para atender a esse novo caso”, acrescenta José.
A tecnologia abrange outras possibilidades. “Todo o conhecimento gerado nesse projeto pode ser aplicado no tratamento de outras doenças, então a relevância do projeto não se restringe ao impacto positivo que a gente quer gerar no tratamento da covid-19”, afirma Ariane Batista, farmacêutica e professora do Programa de Engenharia de Nanotecnologia da Coppe. A equipe acredita que enfermidades como câncer, alzheimer e diabetes também poderão se beneficiar com o uso das nanopartículas.
“No momento, estamos trabalhando para provar que o medicamento pode ser fixado na bolinha, continuar biologicamente ativo, e ser reconhecido pela célula. Caso a resposta seja positiva, então a gente vai se preparar para fazer testes clínicos”, aponta José Carlos. O planejamento é que ao longo do segundo semestre de 2021 a equipe comece a fazer os testes in vivo do sistema, ou seja, em células e em animais.

WhatsApp Image 2020 12 18 at 11.06.17

Topo