Haverá um desconto maior para a AdUFRJ no próximo contracheque. Não se trata de aumento da contribuição sindical, mas sim o desconto sobre o 13º salário dos filiados, como ocorre todos os anos. Depois, a contribuição volta ao valor normal.
A reforma se propõe a dar eficiência à máquina pública e a economizar gastos, mas para a economista Roseli Farias, presidente da Associação Nacional dos Servidores de Carreira de Planejamento e Orçamento, o resultado será outro. Ela acredita que a reforma pode criar ineficiências e mais gastos.
“Ao permitir vínculos precários com o serviço público, você vai criar um estado patrimonialista, que é mais caro”, defendeu Roseli, que prevê que Educação e Saúde serão as áreas mais afetadas no caso da provação da reforma. A economista advertiu ainda que a reforma é autoritária porque dá muito poder ao chefe do Executivo.
Carlos Frederico Leão Rocha, vice-reitor da UFRJ e professor do Instituto de Economia, concorda com o caráter autoritário da proposta. “Essa reforma é bastante perigosa para a nação e, acima de tudo, é uma afronta à democracia”, disse. Ele explicou que a reforma pretende adequar o estado ao teto de gastos, e com isso criar uma situação fiscal que atraia investidores privados. “Não há, do ponto de vista econômico, nenhum mecanismo de transmissão que leve das reformas propostas ao crescimento”.
O advogado Marcos Rogério de Souza, membro da Associação Brasileira de Juristas Pela Democracia, falou em defesa da Constituição, especialmente da garantia de direitos sociais.
O continente americano, de norte a sul, vem sendo varrido nos últimos meses por um sopro de esperança. Na Bolívia, o ex-ministro da Economia de Evo Morales, Luiz Arce, foi proclamado presidente em 23 de outubro, abrindo caminho para restabelecer a democracia no país andino. Dois dias depois, quase 15 milhões de chilenos foram às urnas para sepultar a Constituição de 1980, redigida pela ditadura do general Augusto Pinochet. No próximo dia 3 de novembro, após as históricas manifestações antirracistas de junho, lideradas pelo movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam), os norte-americanos têm a chance de eleger o democrata Joe Biden como presidente, barrando um segundo mandato do nefasto Donald Trump, guru de Bolsonaro. Quem sabe esse sopro de esperança não chegue até aqui?
A AdUFRJ ainda tenta reverter na Justiça o corte dos 26,05% (Plano Verão de 1989), rubrica recebida por aproximadamente cinco mil professores ativos e aposentados. O sindicato resiste há décadas pela manutenção dos valores e a UFRJ é uma das últimas universidades que fazem o pagamento. “Entra governo, sai governo, a gente vem conseguindo travar batalhas judiciais e manter os 26,05%. Já fizemos o recurso, mas, ao que parece, desta vez vai ser muito difícil manter”, explica a presidente da AdUFRJ, professora Eleonora Ziller. O corte virá no próximo contracheque.
No Dia do Servidor Público (28/10), o Observatório do Conhecimento deu início à campanha “Educação tem valor: contra os cortes no orçamento das universidades”. A ação tem como objetivo principal combater os cortes de recursos para a Educação previstos no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA), enviado pelo governo Bolsonaro ao Congresso Nacional. A iniciativa também vai lutar contra as intervenções do Executivo nas escolhas de reitores e diretores de instituições federais de ensino, e em defesa dos direitos dos servidores, já atingidos pela Reforma da Previdência e sob ameaça da Reforma Administrativa. Criado em abril de 2019, o Observatório do Conhecimento reúne associações e sindicatos de docentes de todo o país.