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Em debate realizado na Coppe no último dia 18, especialistas reivindicam utilização de recursos com origem na exploração do petróleo nas políticas sociais do país “O volume de recursos que gira em torno da área do petróleo e gás é muito grande. Há muitas possibilidades para saúde, educação. Será que queremos atender apenas a acionistas?”. A indagação é do professor Ildo Sauer, ex-diretor executivo da Petrobras, que participou do seminário “Política do Petróleo, Educação, Ciência, Tecnologia e Saúde”. O debate, idealizado pela reitoria, Adufrj, DCE Mário Prata e Sintufrj, foi realizado dia 18, na Coppe. O professor Nelson Souza e Silva, Emérito da Faculdade de Medicina, abriu o encontro. “A descoberta do pré-sal gerou esperança de um novo patamar no desenvolvimento do país. Mas, ano a ano, as legislações sobre o tema vêm sendo muito modificadas, de forma que ao invés de termos mais recursos, estamos perdendo recursos importantes para o desenvolvimento nacional”, afirmou. O sensível momento político do país influenciou a discussão na Coppe. “Este debate acontece num momento em que os rumos precisam ser repensados e o período eleitoral nos permite pensar estes cenários. Hoje, vivemos profundos cortes em áreas sociais e os recursos do pré-sal podem alterar a escala de investimentos na educação”, disse o reitor Roberto Leher. O ex-diretor de abastecimento da Petrobras, Guilherme Estrella, também analisou o momento político. “Estamos diante de dois projetos: um é de um país submisso, alinhado ao sistema financeiro internacional, racista, escravagista. O outro prevê o fortalecimento de um país soberano, cujo povo usufrua das riquezas nacionais”, comparou. Emérito da Coppe, o professor Luiz Pinguelli Rosa criticou a atual orientação de negócios realizada pela Petrobras. “Pelo seu novo Plano de Negócios e Gestão, haverá a retirada integral da companhia do setor de biocombustível. A Petrobras está na contramão da história. Outras empresas produtoras de petróleo e gás estão justamente investindo em biocombustíveis”, afirmou. A segunda mesa do seminário contou com a participação do professor Eduardo Costa Pinto e da professora Esther Dweck, ambos do Instituto de Economia da UFRJ. Costa Pinto salientou que o projeto de desenvolvimento do país, iniciado em 2003, começou a ser desmontado ainda em 2010. “Pela primeira vez vi um país dar subsídio para empresa estrangeira explorar e criar empregos para fora do país”, lembrou. Já a economista Esther Dweck focou no novo regime fiscal que impõe limite para a destinação de recursos para as áreas sociais. “A Emenda Constitucional 95 tende a impor cortes no orçamento discricionário, que são os gastos não obrigatórios, como investimentos na área de Ciência e Tecnologia, por exemplo. A tendência é termos zero recursos discricionários nos próximos anos, caso não seja revogada a emenda”, alertou a professora. “O que está em jogo é o modelo de financiamento do Estado, com imposição de cortes absurdos em áreas fundamentais, acabando com nossa capacidade de tornar a sociedade mais igualitária”, completou.

Luiz Bevilacqua (Coppe); Mauro Osorio (Direito); e Fernando Rochinha (Coppe) dissecam propostas para as universidades estaduais, como a Uerj (foto); para C&T; e para a economia do Rio Kelvin Melo e Silvana Sá Todos têm projetos de governo. Nenhum tem projeto de Estado”, afirma o professor Titular da Coppe, Luiz Bevilacqua. O docente foi um dos três especialistas convidados pelo Boletim da Adufrj para avaliar os programas dos principais candidatos ao governo do Rio de Janeiro. Ex-reitor da Universidade Federal do ABC, Bevilacqua analisou os programas no quesito universidade. O economista Mauro Osorio examinou os projetos para a retirada do Rio de Janeiro de sua maior crise econômica. Já o professor Fernando Rochinha, diretor de Tecnologia e Inovação da Coppe, dissecou as propostas para Ciência e Tecnologia. Apesar de a UFRJ ser uma instituição federal, o próximo ocupante do Palácio Guanabara pode influenciar de maneira decisiva as ações da universidade, sobretudo em ciência e tecnologia. Os atrasos nos pagamentos de bolsas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj) deixam isso bem claro. Nas próximas páginas, serão apresentadas e analisadas as formulações de Eduardo Paes, Romário Faria, Anthony Garotinho e Tarcísio Motta. São os quatro primeiros colocados na última pesquisa realizada pelo Ibope, no dia 19 de setembro. Apesar de Tarcísio estar empatado com Índio da Costa na enquete estimulada, a pesquisa espontânea indica o psolista à frente de Índio, com 3% contra 1% das intenções de voto. Na contramão do discurso liberal de que o Estado precisa cortar gastos, o professor Mauro Osorio, da Faculdade Nacional de Direito, afirma que o problema das finanças fluminenses é de receita: “Um exemplo é a injustiça federativa: em 2017, o Governo Federal arrecadou em torno de R$ 145 bilhões no Rio e devolveu apenas cerca de R$ 25 bilhões”, diz. Ele também destaca a importância de o governador trabalhar com o conceito de “complexos produtivos”, “em que grandes, médias e pequenas empresas se articulam para viabilizar adensamento produtivo”. A questão da articulação entre áreas também preocupa o professor Rochinha, escolhido para analisar as propostas em C&T. “Os candidatos demonstram preocupação com a recuperação do aparato institucional do Estado em Ciência e Tecnologia”, mas não apresentam estratégias de articulação entre os diversos setores de C&T. “Em Minas Gerais, por exemplo, já vemos esse esforço do poder público”, completa.   Universidades: propostas e avaliação Ciência e Tecnologia: propostas e avaliação Economia: propostas e avaliação

“Partidos chamados ‘nanicos’ desempenham importante papel no sistema político brasileiro. São eles que evitam a formação de cartéis entre os grandes partidos”. Esta é a principal conclusão do novo livro do professor Wanderley Guilherme dos Santos. A obra, intitulada “A difusão parlamentar do sistema partidário: exposição do caso brasileiro”, foi lançada pela Editora UFRJ no IFCS, no dia 30 de agosto. O livro aborda a quantidade de legendas partidárias da atualidade. “Desde a Constituição de 1988 este número só cresce. As pessoas comumente colocam uma responsabilidade sobre os defeitos do processo eleitoral sobre a disseminação de partidos. Mas é preciso dizer que o sistema político se fortalece na medida em que mais partidos fazem política nos interiores do nosso país”, disse. Ele justificou sua posição: “Com as eleições, todo um sistema de direitos passa a integrar o centro-oeste, norte e nordeste brasileiros”. O professor aposentado da UFRJ explicou sua motivação para a pesquisa que resultou no livro: “Sempre me intrigou o fato de os partidos grandes não liquidarem os partidos pequenos, através do voto, nas eleições. Descobri que faz parte do jogo”. De acordo com seus estudos, os partidos pequenos são necessários aos grandes. “Eles fazem política nos rincões do país, onde não há interesse de atuação dos grandes partidos”, afirmou. O livro está à venda na livraria da Editora UFRJ, em Botafogo, e também nas principais livrarias do Rio de Janeiro. Participaram da cerimônia de lançamento os professores Michel Misse, do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia do IFCS, e Ivo Coser, do Programa de Pós-Graduação de História Comparada, do Instituto de História.

O Museu Nacional é literalmente a segunda casa de Vera Huszar. Dos seus 67 anos, 40 são dedicados a pesquisas e ensino no antigo palácio imperial. Hoje professora Titular, ela ingressou em 1979. “Toda a minha vida de produção e orientação científica foi aqui”, diz a docente, primeira personagem da série “Talismã, publicada a partir desta edição no Boletim da Adufrj. A ideia é homenagear e resgatar as histórias das pesssoas que dedicam suas vidas ao Museu. “Eles são o nosso maior patrimônio. Perdemos parte da construção, mas os cérebros continuam contribuindo para a nação”, resume o diretor Alexander Kellner. Vera Huszar se emociona ao contar sua trajetória. “Meu envolvimento é com cada pedacinho do palácio”, destaca. “Foi uma perda enorme de um acervo insubstituível”, lamenta. Graduada em Licenciatura em História Natural, pela Universidade Católica de Pelotas, Vera é mestre em Botânica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e doutora em Ecologia e Recursos Naturais pela Universidade Federal de São Carlos. Tem pós-doutorado no Institute of Ecosystem Studies, em Nova York. Além de pesquisadora de Ecologia Aquática, ela é presidente da Associação Amigos do Museu Nacional, organização sem fins lucrativos criada em 1937 para apoiar projetos de conservação, educação, ciência e cultura do espaço. Apesar da dor pela tragédia, a professora enfatiza a solidariedade para superar a crise. “É um momento muito duro, mas de muita solidariedade, de receptividade e acolhimento”, conta. E indica os passos para seguir em frente: “O museu tem muitas parcerias internacionais, produção acadêmica relevante, coleções importantíssimas e únicas”, afirma. O futuro, para ela, será um cenário de descobertas. “Buscaremos repor o que foi perdido, mas, certamente, será um novo museu. O prioritário é estarmos juntos geograficamente e retomarmos nossa rotina acadêmica”, defende. (Colaborou Larissa Caetano)

Prédio foi interditado pela Defesa Civil, mas técnicos da universidade puderam entrar para retirar peças. Dirigentes da UFRJ responsabilizam governo federal pelo incidente Depois do incêndio que destruiu o Museu Nacional, a segunda-feira foi de lágrimas, mas também de revolta e muito trabalho, para professores e técnicos da instituição. O prédio foi interditado pela Defesa Civil. Com apoio dos bombeiros, técnicos conseguiram entrar no edifício, cujo interior foi praticamente destruído, para retirar algumas peças. Até agora não há um inventário completo do que pôde ser salvo. Com o auxílio dos bombeiros, a professora Elizabeth Zuccolotto, curadora da coleção de meteoritos, resgatou 18 fragmentos de meteoritos. “Eles vieram do espaço, são meteoritos brasileiros cobiçadíssimos”, afirmou. O meteorito do Bendegó, uma das peças-chave do Museu, que ficava na entrada do prédio, também sobreviveu ao fogo. Sob coordenação do Ibram (Instituto Brasileiro de Museus), uma força-tarefa formada por profissionais de várias instituições ficará à disposição do Museu Nacional para ajudar no que for preciso. Ainda não há notícias seguras sobre outras peças do acervo, como o crânio de Luzia, primeira mulher das Américas, e o imenso acervo de fósseis. O diretor do Museu, Alexander Kellner, e o reitor da UFRJ, Roberto Leher, responsabilizaram o governo federal pelo ocorrido, por causa do sucessivo corte de verbas para a UFRJ. “Estávamos com um projeto do BNDES que daria o auxílio para um projeto de prevenção de incêndio e segurança, mas não houve tempo de ser implementado”, lamentou Kellner. O diretor admitiu que o serviço de prevenção de incêndios do prédio estava longe do ideal. Kellner disse que o plano de reconstrução do Museu é urgente e inclui a cessão de um terreno do governo federal, próximo ao prédio, que vinha sendo requisitado pela administração da instituição para guardar parte do acerto. “Precisamos de dinheiro para a reconstrução, de contêineres para manter nossas atividades e apoio para análise do que restou”, afirmou. “Já perdemos parte do nosso acervo, não vamos deixar que nos destruam por completo. O Museu resiste”, disse Kellner. O vice-diretor do Museu, Luiz Fernando Dias Duarte, disse que há algum tempo falta apoio financeiro dos governos brasileiros. “O meu sentimento é de desânimo profundo e muita raiva”, afirmou Duarte, lembrando que nenhum ministro foi à festa de 200 anos do Museu. Segundo ele, o Museu conseguiu algumas emendas parlamentares que liberariam verbas para a instituição, mas todas foram contingenciadas. Tensão em ato de solidariedade ao Museu Um ato previsto para as 9h, em solidariedade ao Museu Nacional, acabou se transformando num ponto de tensão. O acesso à Quinta da Boa Vista foi controlado, e o portão principal fechado, impedindo a passagem dos manifestantes. Estudantes e associações variadas, entre elas a Adufrj, participavam da manifestação. O grupo reivindicava entrar na Quinta da Boa Vista e ir até a frente do Museu, onde seria feito um abraço ao prédio. A Guarda Municipal não permitiu, e a tensão aumentou. Por volta das 12h, o portão foi aberto para que um carro da Polícia Federal entrasse. Um manifestante tentou passar, a Guarda Municipal não deixou, e o confronto se instalou. A Guarda Municipal usou gás de pimenta e cassetetes contra o grupo. Pró-reitores da UFRJ estavam no local e, junto com o DCE, tentavam acalmar os ânimos, negociando com a Guarda Municipal. Uma grade foi colocada diante do jardim do Museu, à frente da estátua de Dom Pedro II, e só assim os manifestantes puderam entrar na Quinta. O grupo cantou e discursou no local. Depois houve um abraço ao prédio, e o ato se dispersou. Novo ato ocorre nesta tarde, na Cinelândia, centro do Rio.

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