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Situação está crítica
Universidade pressiona Ministério da Educação por mais recursos para fechar o ano de 2015
Internamente, contratos estão sendo revisados
Silvana Sá. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
A reitoria esteve no dia 29 de setembro reunida com a Secretaria de Ensino Superior do MEC (SESu) para mostrar que, mesmo com os ajustes que a atual gestão da UFRJ pretende fazer nos contratos, ainda faltará dinheiro para a universidade se manter em funcionamento até o fim do ano. No dia 1º de outubro, a reitoria reuniu a Plenária de Decanos e Diretores para informar as ações que visam a diminuir o tamanho do rombo. Dentre os ajustes anunciados, está a revisão nos contratos com empresas terceirizadas.
O pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento, Roberto Gambine, recebeu a reportagem do Jornal da Adufrj em seu gabinete e informou que a universidade não enxugará as contas em nada que se relacione à assistência estudantil (restaurante, transporte, bolsas), nem a rubricas de insumos e materiais para laboratórios. Em contrapartida, os orçamentos de limpeza e vigilância terão um corte de mais de R$ 1 milhão nos contratos. Despesas com diárias também sofrerão corte na ordem de R$ 1,3 milhão. Contratos de manutenção serão enxugados em R$ 5,8 milhões.
“Mesmo com todo esse esforço, ainda serão necessários R$ 170 milhões para que a gente não interrompa o funcionamento. A SESu recebeu as solicitações da UFRJ. Eles reconhecem que a situação é especial. O que estamos procurando mostrar para o MEC é que precisamos de apoio para não termos que paralisar as nossas atividades”, disse Gambine.
O que preocupa especialmente a reitoria neste momento é o montante necessário para fechar as chamadas contas públicas: despesas com água, luz, telefone. A UFRJ precisa de R$ 27 milhões somente para quitar esses gastos e ainda não sabe de onde tirará os recursos. “Estamos na expectativa da resposta do MEC, que terá nesta semana (de 5 a 9 de outubro) uma reunião com a Andifes (associação de reitores das universidades federais). Segundo o que nos foi passado, nesta reunião o ministério deverá apresentar seu plano específico para as maiores federais do país, aí incluída a UFRJ”, informou o pró-reitor.
Gambine disse, ainda, que estão sendo estudadas outras possibilidades de captação de recursos para a universidade: “Reforma patrimonial da UFRJ pode ser realizada via BNDES. Isto já está em andamento. Também estamos fazendo levantamentos quanto ao patrimônio imóvel da universidade e estudando a atualização de contratos de cessão. Mas qualquer nova fonte de captação de recursos próprios só pode começar a ser feita para o exercício de 2016”, informou.
Orçamento subdimensionado
“O que a gente avalia é que o orçamento 2015 não estava dimensionado para as reais demandas da universidade”, disse. “Energia, telefone, combustível... Todos os aumentos nessas despesas não estavam previstos. Além disso, as próprias necessidades da UFRJ já não cabiam no orçamento”. De acordo com os números apresentados por Gambine, a UFRJ gastou do orçamento recebido este ano R$ 62 milhões para cobrir o buraco deixado pelo contingenciamento feito pelo governo federal no ano passado.
O resultado dos impactos nos contratos, mais os sequenciais cortes no orçamento da UFRJ (desde o fim do ano passado) deixaram a universidade com um déficit de mais de R$ 328 milhões neste ano. Esses números já haviam sido apresentados no dia 22 de setembro pela pró-reitora de Extensão, Maria Malta, durante o lançamento do Núcleo Pela Auditoria Cidadã da Dívida Pública da UFRJ, evento que contou também com a presença da auditora da Receita Federal Maria Lucia Fattorelli.
Leia mais: Orçamento curto: UFRJ revisa contratos e cobra recursos ao MEC
Painel Adufrj: a tragédia grega
Peça teatral oferece desconto aos sindicalizados da Adufrj-SSind
Samantha Su. Estagiária e Redação
A história de dois imigrantes italianos injustamente condenados à morte nos Estados Unidos do início do século XX será contada em uma peça teatral, na zona portuária do Rio, a partir de 3 de outubro.
O sapateiro Nicola Sacco e o peixeiro Bartolomeu Vanzetti foram acusados pelos assassinatos de um contador e do guarda de uma fábrica. E, mesmo após a confissão do crime por outro homem em 1925, os dois foram condenados, sem provas, à morte e executados na cadeira elétrica em 1927. O fato gerou intensas mobilizações na época. Somente em 1977, o governo do estado de Massachusetts admitiu o erro do julgamento.
De acordo com a assessoria da Companhia Espaço Aberto, que promove a peça, o tema é atual e dialoga com o medo e o preconceito ainda presentes nas fronteiras da Europa: “O temor faz demonizar o outro e criar um clima propício para a perseguição. No lugar do Estado garantidor de direitos, o Estado violador de direitos”.
A peça estará em cartaz de sexta a domingo (de 3/10 a 15/11), a partir das 19h, e oferece desconto para os sindicalizados da Adufrj-SSind. É preciso apresentar um documento que comprove a sindicalização na bilheteria. O endereço é: Armazém da Utopia - Av. Rodrigues Alves, Armazém 6 – Cais do Porto. O ingresso custa R$ 40 (com desconto sindical, R$ 15), durante toda a temporada. Os professores que levaram grupos, agendados antecipadamente, garantem descontos aos alunos e não pagam a entrada.
Mais informações com a Companhia Ensaio Aberto: 2253-8726/2516-4893.
A peça estará em cartaz de sexta a domingo (de 3/10 a 15/11). Foto: Divulgação/Vitor Vogel
Painel Adufrj: a tragédia grega
Maria Lucia Fattorelli descreve o inferno grego.
O desemprego atinge 60% dos homens jovens e 72% das mulheres jovens na Grécia. O PIB despencou em 22% nos últimos cinco anos.
A queda do orçamento no mesmo período alcança 40 bilhões de euros.
Serviços públicos foram fechados. Contrarreformas reduziram salários, pensões e aposentadorias.
A degradação social se aprofunda, com famílias vivendo do lixo. Para reduzir o número de suicídios, o Ministério da Saúde mantém um serviço de mensagens direcionados a jovens e pais de famílias.
Na internet, o país está à venda: por meio de um site, são oferecidos ilhas, terras, empresas e trens.
Coordenadora do Movimento da Auditoria Cidadã da Dívida, Fattorelli foi convocada pelo governo grego do primeiro-ministro Aléxis Tsípras para participar da auditoria da dívida da Grécia.
O cenário descrito acima, ela diz, resulta do esquema montado pelo FMI, o Banco Central Europeu e a Comissão Europeia (a Troika) para beneficiar a banca privada.
A auditoria descobriu que o acordo da dívida assinado em 2010 não beneficiava a Grécia. O dinheiro ia parar no sistema financeiro por meio de uma série de manobras irregulares, inclusive a criação de uma empresa pelo FMI em Luxemburgo, conhecido paraíso fiscal na Europa. Tudo ilegal.
Tudo isso com o aval de 17 países europeus sobre a liderança da Alemanha.
Segundo Maria Lucia, a Grécia é apenas o cenário para a acumulação do capital pelos bancos internacionais. Ela lembra que o PIB do país corresponde apenas a 2% do PIB da Europa. “Portanto, é mentiroso o discurso de que a Grécia quebrará a União Europeia”, diz. “Estão destruindo um país, acabando com a dignidade de um povo apenas para aumentarem suas taxas de lucro”.
Ela relata que o resultado da auditoria foi entregue ao parlamento grego em junho último. Em julho, foi realizado o referendo no qual o povo grego disse não à assinatura de qualquer acordo proposto pela Troika.
Mas, aí, aconteceu o inesperado. Aléxis Tsípras recuou. Renunciou e, agora, foi reeleito com uma nova proposta.
Maria Lucia Fattorelli observa que a dívida pública grega guarda muitas semelhanças com o processo de endividamento público de outros países europeus e latino-americanos
“É o mesmo esquema; o mesmo modus operandi”, ela diz.
O Equador, do presidente Rafael Correa (foto), fez auditoria de sua dívida em 2007. Maria Lucia Fattorelli participou do trabalho. Resultado: dívida reduzida em 70%. Os recursos foram investidos em saúde e educação. Foi recriado o sistema público de saúde e erradicado o analfabetismo.