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Imagem de Michal Jarmoluk por Pixabay
O Instituto de Química é uma das muitas unidades da UFRJ prejudicadas pela não concessão dos adicionais aos servidores que trabalham expostos a agentes nocivos à saúde. Levantamentos internos indicam que 31 dos 142 professores (22%) não recebem o benefício. “O direito é claro. Ao andar pelos corredores do instituto, respiramos vapor tóxico de solventes, incluindo hidrocarbonetos”, explica o professor Rodrigo Bitzer, do Departamento de Físico-Química.
Os relatos dos problemas do instituto são semelhantes aos de outras áreas da universidade: os pedidos mais recentes são indeferidos em função de laudos inconclusivos — os peritos não têm os equipamentos de aferição. Entre os docentes mais antigos, os adicionais são perdidos por quem assume algum cargo de chefia ou coordenação, devido a uma programação automática do sistema que gerencia os pagamentos.
Contratado em agosto de 2018, Bitzer faz parte do primeiro grupo. Assim que ingressou na UFRJ, solicitou o adicional de insalubridade. Após esperar mais de um ano, um perito vistoriou seu laboratório. Três meses depois, veio o relatório com o indeferimento do pedido. O técnico alegou que não poderia fazer a análise quantitativa do local. Há mais de dois anos trabalhando na UFRJ com solventes tóxicos ou reagentes com metais pesados, Bitzer nunca recebeu o benefício a que tem direito.
Nos grupos de discussão formados no IQ, surgiu a possibilidade de a Norma Regulamentadora nº 15, que disciplina a concessão dos adicionais, se tornar uma aliada dos docentes. O documento apresenta anexos com agentes químicos que não necessitam de aferição.
“No Anexo 13, são listadas substâncias que todos nós, do IQ, manipulamos no dia a dia de nossas atividades de ensino e pesquisa”, esclarece Bitzer, que integra o Conselho de Representantes da AdUFRJ. “Sendo confirmado pela vistoria local e documentos comprobatórios que o docente manipula essas substâncias, a atividade laboral já deve ser considerada insalubre, sem necessidade de medidas quantitativas”, completa.
CPST RESPONDE
Engenheira de Segurança do Trabalho da Coordenação de Políticas de Saúde do Trabalhador (CPST), Natalia Lobo respondeu que a condição do adicional não é definida apenas pelo agente listado no anexo 13. Segundo ela, é preciso verificar a atividade desenvolvida pelo servidor e se não há medidas que neutralizam ou eliminam a insalubridade. “Se o professor trabalha com mercúrio em alguma das atividades elencadas no anexo 13 e, no momento da perícia, for detectado que existem medidas que eliminem ou neutralizem a exposição, o adicional pode não ser concedido”, explica. A engenheira observou que o agente químico deverá ser medido, sim, se também estiver listado em outro anexo.
Já para o professor Bitzer, a CPST não consegue interpretar a norma sob o ponto de vista das atividades acadêmicas. “Se o professor lida com mercúrio, que é um agente tóxico, ou se lida com benzeno, que é um agente cancerígeno, mas não fabrica material do ponto de vista industrial como o anexo descreve, ele não tem saída? Ou só existe atividade industrial ou não existe atividade alguma? Não faz sentido”, critica. Bitzer diz ainda que não há repetições entre os anexos citados pela engenheira. “O anexo 13 fala em compostos orgânicos de mercúrio, e o 11, dos outros”, exemplifica. “Somos todos UFRJ. Precisamos pacificar esta questão”, disse.
Na quinta-feira (17), o professor João Torres de Mello Netto, do Instituto de Física, falou sobre a história da Ciência atômica no Bate-papo com Físico, organizado pelo Museu Interativo de Ciências do Sul Fluminense (MICInense). O tema foi a responsabilidade social do cientista em relação às bombas atômicas. “A explicação oficial para o lançamento de bombas no Japão, e não é o que eu penso, é que o país não pensava em se render e que as bombas lançadas pelo Eixo custaram 200 mil vidas aos Aliados. Os cientistas que abraçaram o projeto eram de excelente qualidade, viam ali uma oportunidade científica”, revelou João. O MICInense é um espaço de divulgação da Ciência, coordenado pelos professores Luciano Oliveira e Christine Ruta, parceria entre o Nupem/UFRJ-Macaé e a Prefeitura de Barra Mansa (RJ).
Senadores discutem LDO - Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
A Câmara dos Deputados e o Senado Federal aprovaram, na quarta-feira (16), o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2021. O texto seguiu para a sanção presidencial. Pró-reitor de Planejamento e Finanças da UFRJ, o professor Eduardo Raupp explica o que esta medida significa para a universidade: “Basicamente, a LDO autoriza o governo a desembolsar um doze avos do orçamento por mês, enquanto o Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) não for aprovado. Sem a LDO, nem isso seria possível. Mas o cenário preocupa bastante”, afirmou.
O dirigente destacou o esforço da UFRJ para reduzir suas dívidas: “Felizmente, estamos entrando o ano com todas as contas de 2020 pagas. Será um início difícil e o fato de não levarmos dívidas será muito importante”, completou.
Pesquisadores da Coppe estão desenvolvendo uma tecnologia para potencializar a atuação de medicamentos usados no tratamento da covid-19 e reduzir os efeitos colaterais das medicações. Apelidada de “bolinhas”, a nova técnica emprega nanotecnologia para revestir os fármacos e é usada pelos pesquisadores da Coppe desde 2015.
“Há cerca de cinco anos, nós começamos a transformar essas bolinhas em bolinhas inteligentes, para que elas reconheçam as células doentes, e interajam especialmente com elas”, explica o professor José Carlos Pinto, coordenador do projeto. “Como a bolinha inteligente trata localmente os tecidos que estão doentes, a quantidade de medicamento que é dada ao paciente pode ser reduzida drasticamente”, completa o docente do Programa de Engenharia Química.
No tratamento da covid-19 – e também de várias outras enfermidades graves – a quantidade elevada de medicamentos provoca uma série de efeitos adversos. “Se uma pessoa tem uma inflamação no pé, ela toma um antibiótico. Como ele se distribui pelo organismo inteiro, o paciente toma uma quantidade muito maior para a concentração do remédio chegar em doses corretas no pé”, exemplifica Carlos Pinto. “Então, o objetivo desse trabalho é aumentar a especificidade desses tratamentos, indo nos locais onde realmente seja necessário o uso deles”, completa.
Gabriela Mattos, mestranda do Programa de Engenharia de Nanotecnologia da Coppe (PENt), ressalta que o uso dessas nanopartículas pode aproximar os medicamentos da taxa ideal de terapia, e evitar valores tóxicos. “Se a gente vetoriza as nanopartículas com uma biomolécula específica, então há a possibilidade de direcionarmos a nanopartícula apenas para onde se deseja”, descreve a pesquisadora. “Isso permite um maior controle de liberação dos componentes, que esteja mais de acordo com o ideal terapêutico”.
O laboratório onde a equipe trabalha foi a primeira fábrica de nanopolímeros inaugurada no Brasil, em 2012. “O projeto começou com a ideia de apoiar o tratamento da esquistossomose (barriga d’água), porque o fármaco tem um gosto muito ruim. O remédio era beneficiado pelo encapsulamento, que esconde o gosto”, conta José Carlos. Posteriormente, os pesquisadores receberam o apoio da Faperj para desenvolver soluções para o mal de Alzheimer. “Durante a pandemia, a Faperj permitiu que alguns projetos que já estavam em desenvolvimento, e que tivessem afinidade com o tema da covid-19, pudessem ser estendidos para atender a esse novo caso”, acrescenta José.
A tecnologia abrange outras possibilidades. “Todo o conhecimento gerado nesse projeto pode ser aplicado no tratamento de outras doenças, então a relevância do projeto não se restringe ao impacto positivo que a gente quer gerar no tratamento da covid-19”, afirma Ariane Batista, farmacêutica e professora do Programa de Engenharia de Nanotecnologia da Coppe. A equipe acredita que enfermidades como câncer, alzheimer e diabetes também poderão se beneficiar com o uso das nanopartículas.
“No momento, estamos trabalhando para provar que o medicamento pode ser fixado na bolinha, continuar biologicamente ativo, e ser reconhecido pela célula. Caso a resposta seja positiva, então a gente vai se preparar para fazer testes clínicos”, aponta José Carlos. O planejamento é que ao longo do segundo semestre de 2021 a equipe comece a fazer os testes in vivo do sistema, ou seja, em células e em animais.


Na terça-feira (15), o grupo de professores e professoras negros reuniu-se novamente em ambiente virtual. Segundo o professor Vantuil Pereira, do NEPP-DH, mais de 40 docentes, de todos os centros e de Macaé, participaram do encontro. “Foi definido que apresentaremos um manifesto para a reitoria da UFRJ e todas as pró-reitorias, cuja centralidade será a defesa de políticas antirracistas e a busca do compromisso em apoiar ações que visem à ampliação da presença de docentes negros nos quadros da universidade”, contou Vantuil.
O manifesto também vai pedir a ampliação de políticas de ação afirmativa na pós-graduação e na concessão de bolsas de permanência e Pibic. O grupo volta a se reunir no dia 18 de fevereiro para discutir as atividades da ação 21 Dias Contra o Racismo, que começa em março.