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06WEB menor1142MILTON RIBEIRO: “Foi um pouquinho tarde" - Foto: NAIARA DEMARCO/MECDemorou cinco meses até o Ministério da Educação apresentar um projeto para facilitar o acesso ao ensino remoto de alunos de universidades e institutos federais. O plano foi apresentado em entrevista coletiva do ministro Milton Ribeiro no último dia 17. Ainda sem data para começar, a etapa inicial do programa pretende levar internet móvel para 400 mil estudantes.
Segundo o MEC, 90% dos alunos das instituições federais já têm acesso à internet. A intenção é atender aos 900 mil alunos em situação de vulnerabilidade socioeconômica, com renda inferior a um salário mínimo e meio – nos primeiros seis meses, o MEC vai conceder o benefício apenas para quem tem renda familiar mensal de até meio salário mínimo.
A UFRJ não esperou o MEC e desde segunda-feira, 17, está distribuindo chips para os alunos. “Se fôssemos esperar o MEC, teríamos tido um enorme atraso no começo do período excepcional”, contou o vice-reitor, Carlos Frederico Leão Rocha. “Dada a nossa experiência, imagino que nós só poderíamos começar a distribuir os chips do MEC em outubro”. O vice-reitor ainda apontou duas outras discrepâncias que tornam o plano do ministério menos abrangente que o da UFRJ. “Nosso edital básico envolve alunos com renda familiar de até um salário mínimo e meio, e o do MEC é só até meio salário mínimo”, explicou. O outro ponto é a franquia de dados. A universidade oferece 50 GB, 10 GB a mais do que o plano do governo.
O programa do Ministério da Educação conta com um orçamento de R$ 24 milhões. Alunos que já têm um plano de dados receberão um aumento de 10 a 40 Gb na sua franquia de consumo. Quem não tem acesso à internet vai receber um chip pré-pago com até 40 GB. A previsão é que o programa dure até o fim do ano. O programa também vai beneficiar estudantes do ensino básico de institutos federais e do Colégio Pedro II.
Segundo o MEC, 25 universidades federais já aderiram às aulas remotas, e 72 mil estudantes destas instituições vão poder receber o benefício. Mesmo estando nesse grupo, a UFRJ não será beneficiada pelo programa. “No ministério, não falaram sobre ressarcimento à universidade”, explicou Carlos Frederico. “Estamos utilizando recursos da assistência estudantil para parte do nosso edital. Os recursos que utilizamos do orçamento foram para os chips do pessoal que não se enquadraria no edital do MEC, como alunos de pós-graduação ou com renda familiar de até um salário e meio”, detalhou.
O ministro da Educação, Milton Ribeiro, reconheceu a demora do MEC, e atribuiu a lentidão à “burocracia interna” da pasta. “Foi um pouquinho tarde para tomarmos essa iniciativa, mas o percurso administrativo que as coisas públicas possuem nos torna um pouco mais lentos”, afirmou.  “E isso naturalmente foi uma das causas pelas quais a gente demorou um pouco mais do que aparentemente seria razoável”,
Ribeiro assumiu o MEC efetivamente esta semana, já que foi diagnosticado com Covid-19 assim que foi nomeado ministro. Seu antecessor, Abraham Weintraub, dedicou as primeiras semanas da pandemia a atacar as universidades que não estavam oferecendo aulas remotas, sem jamais apresentar um plano para a inclusão de alunos sem internet.

As dúvidas sobre o que acontecerá após o período letivo excepcional continuam. A Pró-reitoria de Graduação recuou pela segunda vez de uma proposição que relacionava o PLE ao calendário regular da universidade e deixou a comunidade acadêmica discutindo por uma semana, enquanto outra proposta era gestada. A pró-reitora Gisele Pires chegou a reconhecer, na reunião do Conselho de Ensino de Graduação do dia 21, que o calendário elaborado na semana passada era “engessado”. E apresentou uma nova versão que assimila parte das críticas feitas à proposta anterior. Agora, a formulação prevê períodos letivos maiores e recessos que não constavam no projeto original, além da concomitância de parte do período letivo excepcional ao primeiro período de 2020. Pela nova proposta, os dois períodos coincidem entre setembro e novembro.
A professora Gisele Pires justificou a simultaneidade dos períodos letivos. “Não será problemática. Professores e alunos envolvidos no PLE terão suas atividades transferidas para 2020.1 e por isso não serão afetados”, afirmou. Mas não convenceu.
“Eu considero oito semanas de sobreposição grave academicamente, pedagogicamente. Como os estudantes vão conseguir conciliar dois períodos simultâneos? Como os professores vão trabalhar com turmas diferentes, disciplinas diferentes ao mesmo tempo?”, questionou a conselheira Letícia Ramos.
Além do novo calendário da administração central, outras sete propostas foram apresentadas ao CEG, vindas de unidades e centros. Por isso, o colegiado definiu que o calendário acadêmico será votado no dia 2 de setembro. Até lá, é tarefa da comunidade universitária debater o que foi sugerido, para que o colegiado possa se debruçar em proposições construídas a partir do maior consenso possível. O Jornal da AdUFRJ mostra um resumo do que foi apresentado no colegiado.

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07WEB menor1141Acessível, eficiente contra o coronavírus e com respeito ao meio ambiente. Pesquisadores da Coppe desenvolvem um tecido antiviral para máscaras, em parceria com o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
“A iniciativa surgiu a partir de uma rede criada em um edital da Faperj, a Rede Fluminense para a Pesquisa e Desenvolvimento de Nanomateriais e Nanobiosistemas”, explica a professora Renata Simão, coordenadora do Laboratório de Engenharia de Superfícies da Coppe/UFRJ, onde o tecido está sendo produzido. “Com o surgimento da pandemia, nossa ideia foi juntar as diferentes competências que existem dentro dessa Rede”.
O projeto, denominado “Tecidos Hidrofóbicos e Ativos para Substituição do TNT Hospitalar”, e a rede de pesquisa são coordenados por Carlos Achete, professor Titular da Coppe cedido ao Inmetro. “Eu sempre defendi que a universidade não pode viver somente de pesquisa aplicada. A universidade precisa criar ciência através da pesquisa básica”, pontuou Carlos. “Hoje, a questão é juntar o que nós temos de conhecimento, colocar isso no tecido, e verificar a eficácia”.
Carlos, especialista em Metrologia de Materiais do Inmetro, ressaltou a união de esforços. “No Inmetro, nós produzimos óxido de zinco em nanopartículas, que possuem esse efeito antivirológico”, disse. O Departamento de Química da PUC-Rio aplica as nanopartículas de carbono, o que tornará as máscaras altamente hidrofóbicas. Ou seja, capazes de evitar a penetração de micropartículas de água contaminadas com o vírus.
07aWEB menor1141Fotos: Divulgação CoppeA junção desses elementos torna possível uma máscara mais segura, sem grande redução da respirabilidade. “Se juntarmos a técnica de recobrimento de tecidos com as propriedades antimicrobianas das nanopartículas, podemos ter uma barreira física que evite a penetração do vírus, e uma segunda camada protetiva para que ele seja desativado o mais rápido possível”, afirmou Renata.
O material desenvolvido não se limita à produção das máscaras. “Estudamos usar esses recobrimentos também em outros filtros, como o de ar-condicionado”, acrescentou a pesquisadora. O aparelho tem sido apontado como um condutor do vírus. “Mesmo em filtros de carro, ou em filtros de outros tipos de máscara, isso pode ser um produto diferenciado no mercado”.
O laboratório da Coppe conta com Audrey Costa, estudante de Nanotecnologia com ênfase em materiais, que passou a integrar o projeto como iniciação científica. “A máquina que eu opero é para a produção de amostras. Eu produzo os recobrimentos, e depois a gente leva para as análises”, disse.
Audrey explica parte da ciência por trás do tecido. “Depositamos átomos ionizados de um determinado material sobre o tecido, fazendo assim o recobrimento”, esclareceu o estudante. O objetivo é testar a capacidade hidrofóbica do material. Contudo, diferentes materiais podem ser usados em diferentes tecidos para gerar essa camada impermeável. “Pode haver tanto uma variação do tecido quanto do material que a gente usa”
Preocupados com o descarte excessivo de produtos plásticos devido à pandemia, os pesquisadores evitam o uso de polímeros sintéticos. “Nossa meta são o algodão e o papel. Assim, tanto a máscara de muito uso quanto a descartável serão biodegradáveis, sem agredir tanto a natureza”, destacou Renata.

SEM PATENTE
Além da forte pegada ambiental, os cientistas reforçam a necessidade de oferecer um produto de qualidade, com eficácia comprovada cientificamente, mas que seja aberto e acessível. “Não vamos requisitar patente”, afirmou Carlos. “Confiamos que o material vai estar no preço do mercado de uma máscara de algodão comum, talvez apenas 20 ou 30% mais cara, mas nada exorbitante”, declarou Renata
Os trabalhos começaram em julho, mas a pesquisadora estima que até o fim do ano já haverá uma produção contínua das máscaras. “Estamos querendo certificar a máscara em dois a três meses. Com ela certificada, faremos uma produção inicial, para doação, e então conseguiremos uma empresa que encampe a ideia”, finalizou.

08WEB menor1141Tradição e inovação marcaram a semana de comemoração dos 172 anos da Escola de Música, entre 10 e 15 de agosto. O aniversário contou com debates e concertos virtuais em homenagem a grandes nomes da instituição, a mais antiga do gênero no país. Três expoentes da música brasileira foram homenageados: o pianista Henrique Oswald (1852-1931) e os compositores Alberto Nepomuceno (1864-1920) e Ernani Aguiar.
“Foi uma forma de mostrar e resgatar a produção desses mestres que tiveram atuação, inclusive, como gestores da Escola de Música, antes de ela fazer parte da UFRJ”, contou o diretor Ronal Silveira sobre a escolha de Oswald e Nepomuceno. O regente titular da Orquestra e professor da UFRJ, Ernani Aguiar, completou a lista por fazer 70 anos em 2020. “Achamos que era uma boa oportunidade de homenageá-lo, também como compositor e colega da casa”, explicou.
Apesar da longevidade, a Escola não é uma instituição velha ou ultrapassada, afirmou o diretor. “Esse momento de pandemia mostra que a Escola se renova, se adapta e procura apontar novas direções, especialmente travando diálogos com outras universidades e ouvindo também as instâncias da UFRJ”, observou Ronal.
08bWEB menor1141Uma dessas trocas de ideias ocorreu logo na primeira noite da semana, quando diretores de outras escolas de música federais foram convidados a falar sobre a situação dos cursos na pandemia e no período posterior. “Para além de todas as contingências que a pandemia nos trouxe, uma das mais cruciais foi evidenciar de forma muito cristalina os problemas que já temos no dia a dia”, destacou o diretor da Escola de Música da UFBA, João Mauricio Brandão. “É uma realidade de muitas escolas de música nas universidades federais se abrigar em prédios com muitas limitações e dificuldades”, lamentou. “Se as instalações já são problemáticas em condições normais, nessa condição de pandemia e isolamento o problema aumenta exponencialmente”, afirmou.

ADESÃO INTEGRAL AO PLE
Com todas as dificuldades, a Escola de Música da UFRJ já se preparava para o ensino remoto há 08aWEB menor1141meses, contou o diretor. “Antes de começar o PLE, já estávamos atuando bastante de forma remota”, disse. “Quando a gente entrou na situação de pandemia, procuramos imediatamente manter o contato com os alunos em atividades extracurriculares”, completou Ronal, que montou uma comissão para oferecer suporte técnico aos professores que quisessem fazer o atendimento online de forma mais organizada.”Isso facilitou muito para o semestre que começa agora, em que a adesão dos professores foi de 100%”, afirmou.

05aWEB menor1141A pandemia do novo coronavírus tomou o planeta inteiro de assalto, mas poucas atividades foram tão afetadas como o ensino, em todos os níveis. A consagrada dinâmica da educação baseada na interação próxima entre professores e estudantes ficou gravemente comprometida pelo distanciamento social imposto pela doença, e entramos num difícil processo de choque, avaliação e adaptação. Baseadas nas suas peculiaridades geográficas, financeiras e políticas, as universidades públicas brasileiras reagiram com galhardia ao desafio de não deixar nossos alunos e alunas à deriva sem oferecer-lhes soluções imediatistas e falaciosas. O quadro abaixo resume de forma simbólica o produto desse esforço, com uma pequena amostra do calendário do Ensino Remoto Emergencial em diversas universidades Brasil afora.
Algumas universidades conseguiram fazer uma transição ágil ao ensino remoto, notadamente as estaduais paulistas. Assim sendo, já estão a caminho de 2020.2, mantendo-se essencialmente preparadas para iniciar 2021 sem atrasos. Houve inicialmente algumas críticas de que o processo teria sido “atropelado” nessas universidades, mas os relatos informais de colegas dessas casas indicam que a experiência não foi ruim. A maioria das universidades, entretanto, escolheu interromper as atividades didáticas para ganhar fôlego. Isso não se trata de nenhum julgamento sumário, pelo contrário: a interrupção justificou-se plenamente pela precariedade do acesso à internet de muitos discentes (e, não raro, a degradação da própria estrutura de redes das instituições). As soluções propostas e encontradas foram diversas, como a distribuição de chips para celular (UFRJ e UFC) e bolsas de auxílio permanência (UFRRJ e UnB). Vemos ainda que, enquanto algumas universidades retomaram/retomarão o semestre 2020.1 de forma remota, outras decidiram criar períodos com regras particulares: duração menor, opcional para docentes e discentes, extenso prazo de trancamento etc. Esses períodos ditos excepcionais resolvem alguns problemas mais urgentes, mas vale lembrar que as instituições que escolheram esse caminho terão de lidar com a questão delicada acerca do destino de 2020.1: mesclá-lo ao período excepcional ou fazê-lo sequencialmente ao mesmo? Ambas as hipóteses carregam seus problemas – acumulação de alunos em certas turmas na primeira (sobretudo calouros), um enorme atraso na segunda – mas será impossível se esquivar de uma decisão difícil.
Dito tudo isso, o fato estabelecido é que grande parte do sistema público de ensino superior volta às suas atividades didáticas nessas próximas semanas. Não será um mar de rosas, mas é uma ação fundamemtal para manter a Universidade pública brasileira viva. Teremos muito tempo para voltar às nossas atividades presenciais após a pandemia; agora é a hora do trabalho necessário.

Felipe Rosa
Diretor da AdUFRJ

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