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O primeiro processo eleitoral a distância do Andes levou à vitória a Chapa 1 – Unidade para lutar. A chapa, cuja presidência é da professora Rivânia Moura, da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, obteve 7.086 votos (55% do total). O grupo lidera o sindicato desde a eleição do professor Roberto Leher, em 2000. A Chapa 2 – Renova Andes, de oposição à diretoria nacional, foi a escolhida por 5.658 docentes (44% dos votantes). A chapa trazia como candidata a presidente a professora Celi Taffarel, da Universidade Federal da Bahia. Brancos e nulos somaram 112 votos. O 10º Conad extraordinário, previsto para acontecer ainda de maneira remota no próximo mês, dará posse à nova diretoria.
A vitória da Chapa 1 acontece num cenário de queda tanto do colégio eleitoral geral, quanto de participantes. Apenas 12.856 professores votaram, o que representa 19,1% do universo de 67.268 docentes aptos. Para se ter uma ideia, em 2018, também com duas chapas na corrida, o Andes tinha 69.152 eleitores e 24,4% deles compareceram às urnas, ou seja, foram 16.887 votantes. Esta foi a segunda vez, em 16 anos, que a diretoria foi disputada por duas chapas.
No quadro nacional, o número de eleitores sofre queda desde 2016. De lá para cá, são menos 3.185 docentes filiados ao Andes. Embora tenha caído a participação geral, esta eleição demonstra uma tendência iniciada nas eleições de 2018. A oposição à diretoria nacional ganha espaço. No cenário nacional houve virada favorável à Chapa 2 em algumas seções sindicais, inclusive na UFRJ. Por isso, a distância entre as chapas diminuiu. Em 2018, 1.517 votos separavam os dois grupos. Neste ano, a diferença caiu para 1.428 votos.
O Jornal da AdUFRJ ouviu as duas chapas. “Acredito que a eleição exerceu a função de colocar o Andes em evidência. Sem dúvidas, o sindicato sai vitorioso de todo esse processo”, avalia a professora Rivânia Moura. “ Foi um processo eleitoral complexo que, de alguma maneira, criou obstáculos para que determinados setores vinculados ao Andes pudessem votar”, acredita sua opositora, a professora Celi Taffarel.
Tanto a presidente eleita quanto a candidata derrotada no pleito apontam para a necessária unidade do movimento docente e entre o conjunto de trabalhadores. Elas avaliam o resultado das eleições, a baixa presença nas urnas e apontam as tarefas mais urgentes do Sindicato Nacional para os próximos dois anos.

ENTREVISTA I Rivânia Moura Presidente eleita do Andes

WhatsApp Image 2020 11 10 at 20.54.01Jornal da AdUFRJ – Como avalia as eleições e a vitória nacional?
Rivânia Moura – O processo eleitoral, mesmo nesse período completamente excepcional, foi muito positivo. Os debates entre as chapas, as campanhas, tudo isso mexeu com a categoria, movimentou os professores. Acredito que a eleição exerceu a função de colocar o Andes em evidência. Sem dúvidas, o sindicato sai vitorioso. Também avaliamos o resultado de maneira muito positiva. Temos debatido muito sobre como o sindicato deva seguir com suas lutas e a categoria escolheu manter o Andes com suas características e concepções.

Quais são os desafios mais imediatos para a sua gestão?
Estamos vivendo uma conjuntura muito difícil, de muitas perdas. O nosso principal desafio é construir a unidade. Há um conjunto de ataques que abrangem todo o conjunto da classe trabalhadora. E construir a unidade é pensar em unidade na luta, que construa a resistência a essa conjuntura. A tarefa mais urgente é barrar a reforma administrativa. Para isso, precisamos atuar em dois âmbitos: a articulação dos servidores públicos, mas ir além e congregar os trabalhadores que não são servidores. Porque, ao destruir os serviços, a reforma atinge a população de maneira geral. Precisamos levar esse debate para a população usuária desses serviços. A reforma já está em tramitação e precisamos agir com urgência. Se ficarmos restritos aos servidores, será muito mais difícil. Conectada a esta pauta estão outras, como o corte no orçamento das universidades e das agências de fomento à pesquisa, que inviabiliza o funcionamento dessas instituições. Outra pauta que temos urgência em tratar é a do ensino remoto, que já está trazendo adoecimento e acumulando prejuízos para a categoria. Precisamos pensar numa regulação para este modelo tão precarizante de trabalho. Devemos pautar as condições de trabalho nas seções sindicais e fazer uma luta mais articulada e unificada pela regulamentação.

A senhora falou em unidade, mas, internamente, há várias correntes no Andes e muitas vezes uma dificuldade de entendimentos. Ter duas chapas é um reflexo, inclusive.
Sem dúvidas, a unidade precisa ser construída dentro do movimento docente também. Temos várias correntes e eu considero isso muito importante. Faz com que haja a crítica, o questionamento, com que o sindicato cresça. Temos muita convicção de que nossos inimigos não estão no movimento docente. Nossas diferenças não nos tornam inimigos, mas nos impulsionam. O sindicato tem esse desafio de construir as lutas, apesar das diferenças. Passada a eleição, precisamos de todos juntos.

Apesar das duas chapas, houve uma queda da participação geral de professores, se compararmos com 2018. A que a senhora atribui essa baixa presença nas urnas?
Atribuo a vários fatores: isolamento social, individualização do nosso trabalho. Essa foi a primeira vez que o Andes fez uma eleição na modalidade remota, telepresencial, algo que ninguém estava habituado. Além disso, está todo mundo cansado de trabalhar o tempo todo, há oito meses, de forma remota. Há um enorme desgaste. O modelo trouxe dificuldades de acesso e isso também precisa ser considerado. Mas, mesmo nesse contexto, houve participação de muitos professores e precisamos também valorizar este esforço.

Apesar da queda nacional, esse número aumentou em 40% na UFRJ. Além disso, houve uma virada, com vitória da Chapa 2, se compararmos com 2018. Como a senhora vê esse cenário?
Esse aumento demonstra que a AdUFRJ chamou a categoria ao debate e é isso que esperamos das outras seções sindicais: que se aproximem de sua base. A UFRJ teve uma boa campanha das duas chapas e isso precisa ser atribuído também à militância das duas chapas. Essa foi uma vitória para o sindicato e precisa ser reconhecida, porque fortalece o Andes. A Chapa 2 teve mais votos, mas foi uma votação próxima. O grande ganho é que houve um aumento do engajamento dos professores da UFRJ. É preciso destacar que o afastamento da categoria, baixa de sindicalizações, aumento de desfiliações é um revés enfrentado pelos sindicatos em geral. E por isso também esse aumento na UFRJ precisa ser valorizado.

ENTREVISTA I CELI TAFFAREL
Candidata da Chapa 2

WhatsApp Image 2020 11 10 at 20.54.03Jornal da AdUFRJ – Com o resultado, desfavorável para a sua chapa, qual a mensagem que a senhora deixa para os docentes?
Celi Taffarel – Quero agradecer todos que compõem o movimento docente e, em especial, aos 82 professores que comigo apresentaram uma proposta para dirigir o Andes. Quero me dirigir também a todos os que foram para as urnas, independentemente se votaram na Chapa 1 ou na Chapa 2, porque quem sai ganhando é o nosso sindicato. O Andes vai ter que enfrentar batalhas dificílimas. Temos que derrubar o governo Bolsonaro, temos que barrar a reforma administrativa, lutar por nossos direitos. Essa é uma tarefa de todos e todas.

É a segunda eleição que o Renova Andes perde, apesar de ganhar mais espaço desde as eleições passadas. Como avalia esse momento?
Foi um processo eleitoral complexo que, de alguma maneira, criou obstáculos para que determinados setores vinculados ao Andes pudessem votar. Mas a eleição se procedeu, o resultado foi anunciado e daqui para frente nos cabe, enquanto cientistas, professores, pesquisadores, compreender a complexidade desse momento e nos unificar na luta para fazer face ao que está posto. E o que está posto é a destruição do sistema de fomento à ciência e tecnologia. Para fazer face ao negacionismo, ao obscurantismo, nós precisamos defender o que conquistamos até agora em termos de sistema nacional. Isso exige unidade e o fortalecimento dos instrumentos de luta, que são nossos sindicatos.

Quais os planos daqui para frente?
O Renova Andes vai continuar na sua tarefa de fazer críticas, apresentar proposições programáticas, compor, dirigir, acompanhar todos que quiserem tomar para suas mãos a tarefa de fortalecer os instrumentos de luta da classe trabalhadora. Quero parabenizar a comunidade da UFRJ, porque sei que tem bravos lutadores e lutadoras que vão contribuir para construir a unidade na luta.

NÚMEROS BRASIL

2014
(chapa única)

66.532 aptos a votar
9.157 votantes

Chapa 1: 8.390 votos
Brancos e nulos: 767 votos

2016
(chapa única)

70.473 aptos a votar
9.807 votantes

Chapa 1: 8.891 votos
Brancos e nulos: 916 votos

2018
(duas chapas)

69.152 aptos a votar
16.887 votantes

Chapa 1: 8.732 votos
Chapa 2: 7.215 votos
Brancos e nulos: 940 votos

2020
(duas chapas)

67.268 aptos a votar
12.856 votantes

Chapa 1: 7.086 votos
Chapa 2:  5.658 votos
Brancos e nulos: 112 votos

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