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Debate na Escola de Serviço Social - Foto: Fernando SouzaFalta pouco. Na próxima semana, nos dias 10 e 11 de setembro, os professores da UFRJ vão eleger a próxima diretoria da AdUFRJ. A campanha está na reta final com cartazes espalhados pelos campi, em reuniões entre docentes e debates. Na próxima quarta-feira, 3 de setembro, será realizado o segundo debate entre os dois grupos. Será às 11h, no Auditório da Escola de Química, no Bloco E do Centro de Tecnologia.
As regras do debate obedecerão às mesmas do primeiro encontro, ocorrido na quarta passada, na Praia Vermelha. Serão dois blocos. No primeiro, as chapas farão uma apresentação de cinco minutos. Depois, duas perguntas da plateia serão sorteadas para serem respondidas pelas duas chapas. A seguir, cada chapa elabora uma pergunta para a concorrente responder. O segundo bloco repete a dinâmica do primeiro, com considerações finais de cinco minutos de cada uma das chapas.
QUEM PODE VOTAR
São eleitores todos os professores em dia com suas contribuições sindicais e filiados à AdUFRJ até 12 de julho.
Professores aposentados poderão votar em separado em qualquer uma das 22 urnas espalhadas pelos campi do Rio, Caxias e Macaé. Já os professores da ativa devem procurar, preferencialmente, a seção eleitoral correspondente à sua unidade. Na próxima edição, publicaremos todos os locais e horários de votação.
PRIMEIRO DEBATE
O primeiro debate entre as chapas aconteceu na noite de 27 de agosto, na Escola de Serviço Social. A Chapa 1, de situação, foi representada pela professora Ligia Bahia (IESC), candidata a presidente, e pelo professor Pedro Lagerblad (IBqM), candidato a 1º secretário. A Chapa 2, de oposição, foi representada pela professora Renata Flores (CAp), candidata a presidente, e pelo professor Paulo Pachá (IH), candidato a 1º vice-presidente.
Temas como democracia, greve, participação e concepção do movimento sindical, voto e modelos de assembleia foram alguns dos destaques do debate. No confronto, foi possível perceber diferenças entre os grupos sobretudo no que diz respeito às formas de luta e mobilização, de atuação na vida sindical e de inserção na política do país.
Cerca de 50 professores acompanharam o debate na plateia. Quatro foram sorteados para fazer perguntas às chapas. Outras 71 pessoas assistiram à transmissão ao vivo. A gravação, que pode ser vista na íntegra no canal da AdUFRJ no Youtube, acumula mais de 300 visualizações.
O debate foi mediado pelo professor Luiz Eurico Nasciutti, presidente da Comissão Eleitoral e decano do Centro de Ciências da Saúde. “Eu agradeço muito às chapas pelo debate de hoje, mas especialmente pelas duas professoras que se dispuseram a concorrer à presidência do sindicato”, destacou.
“A UFRJ só tem a ganhar com esta eleição, qualquer que seja a vitória”, afirmou o docente. “Precisamos trabalhar para que a participação seja expressiva, pelo menos da maioria dos nossos colegas. Vamos insistir para que nossos colegas venham votar. É muito importante o voto de cada um”, convocou Nasciutti.
Foto: Fernando SouzaO Jornal da AdUFRJ questionou as chapas sobre propostas para a carreira docente e as iniciativas pensadas para melhorar as condições de trabalho na maior universidade federal do Brasil. Os temas são de profundo interesse dos professores, que sofrem com a precarização da estrutura universitária, com a burocracia nos processos de progressão, além de injustiças em ações de insalubridade. Veja abaixo as respostas encaminhadas pela Chapa 1 – UFRJ na luta pela Democracia e Conhecimento.
As eleições para a diretoria e Conselho de Representantes serão presenciais e estão marcadas para os dias 10 e 11 de setembro em todos os campi. Haverá 22 urnas no Rio, Caxias e Macaé. Participe!
1. Quais as propostas da chapa para promover a carreira docente no que diz respeito à progressão, qualificação e valorização profissional?
Em relação à carreira, nosso desafio é elaborar uma proposta que seja uma alternativa de projeto capaz de mobilizar os professores para uma carreira universitária que estimule trajetórias acadêmicas inclusivas e produtivas. Isso passa por criar um sistema adequado de incentivos nas progressões/promoções, com salários compatíveis e procedimentos de contratação eficazes. Isso envolve entre outros aspectos:
1. Reversão das distorções na estruturação dos níveis da carreira, e estabelecimento de um plano consistente de classes e níveis com as respectivas remunerações e acréscimos correspondentes a titulação e regime de trabalho.
2. Um plano de carreira deve ser tratado diferentemente de salário. Em princípio, nossa luta deve ser por melhores salários para todos, o que é importante, inclusive, para tornar a carreira acadêmica docente mais atrativa – uma condição de sobrevivência da universidade pública de qualidade. Atualmente as distorções salariais mencionadas atingem fortemente os docentes recém-contratados, o que justifica a defesa de aumentos proporcionalmente maiores para os salários dos níveis iniciais da carreira.
3. Progressão e promoção ao longo da carreira devem se basear em avaliação, com critérios que reflitam um perfil desejado por uma universidade pública de qualidade e inclusiva; e que sejam flexíveis – não apenas para contemplar as especificidades de cada área, mas também para permitir/incentivar trajetórias acadêmicas diferenciadas.
4. A autonomia universitária prevista na Constituição precisa se traduzir em maior liberdade efetiva para as universidades estabelecerem os perfis desejados para seus docentes, inclusive no que tange aos critérios de avaliação dos concursos.
Temos, assim, diversas frentes de batalha: há necessidade de mudanças legais e de articulação com outras Universidades Federais; regras e procedimentos internos da UFRJ precisam ser revistos. Vale, ainda, uma negociação com os órgãos de controle (MP e CGU), a fim de discutir alternativas de critérios de contratação que garantam ao mesmo tempo a transparência e impessoalidade, de um lado, e de outro a flexibilidade para se adaptar às especificidades e perfis de diferentes áreas.
2. Como a chapa pretende atuar para reduzir desigualdades entre grandes áreas da UFRJ em termos de acesso a recursos de pesquisa e infraestrutura predial?
A desigualdade no acesso a recursos de pesquisa e infraestrutura predial não é apenas um problema administrativo, mas um entrave para a missão pública da nossa universidade. Propomos a criação de um observatório permanente com participação das unidades e centros, capaz de mapear de forma transparente e democrática as carências e avanços em cada área. A partir desse diagnóstico, defenderemos a adoção de critérios equitativos de distribuição de recursos, que levem em conta tanto a necessidade de garantir condições mínimas de trabalho e ensino, quanto a relevância social de projetos estrategicamente importantes para transformar a realidade do país.
Além disso, lutaremos pela criação de um fundo de equalização interna/ou utilização funcional dos fundos contábeis, destinado a corrigir as disparidades históricas que ainda marcam a universidade.
3. Que estratégias a chapa pretende adotar para garantir a melhoria das condições de trabalho na universidade e para reduzir as burocracias e injustiças em relação aos adicionais ocupacionais, como a insalubridade?
As condições de trabalho de docentes e técnicos são hoje marcadas por burocracia excessiva e negação injusta de direitos, especialmente em relação aos adicionais de insalubridade e periculosidade. Nossa chapa defenderá a criação de um grupo de trabalho técnico-jurídico permanente para acompanhar processos, e propor medidas para corrigir eventuais distorções de modo a que ninguém seja prejudicado por critérios arbitrários. Também vamos propor a digitalização plena dos processos e definição transparente de prazos, para evitar que docentes fiquem anos aguardando por decisões.
Mas não basta resolver o problema pontual: queremos lutar para inserir os adicionais dentro de uma política mais ampla de saúde e segurança do trabalho, com fornecimento de EPIs, reformas prediais e campanhas de prevenção.
AS RESPOSTAS FORAM ENVIADAS PELAS CHAPAS E PUBLICADAS NA ÍNTEGRA.
Reunião da comissão eleitoral homologou candidatos ao CR - Foto: Silvana SáAlém da escolha da nova diretoria, as eleições da AdUFRJ vão definir a nova composição do Conselho de Representantes. Esse ano, 95 professores se candidataram à função, um aumento de 37,7% em relação a 2023. Os nomes foram homologados pela Comissão Eleitoral nesta terça, 2. “Só temos a ganhar com esse aumento expressivo de candidatos”, celebrou o professor Luiz Eurico Nasciutti, presidente da CE. Também houve acréscimo nas unidades representadas, que passaram de 31 para 33. Os professores eleitos terão um mandato de dois anos. Há disputa de chapas em apenas quatro unidades: IPPUR, Educação, EBA e Economia. Os candidatos pertencentes à Lista A se alinham à diretoria da AdUFRJ. Já os indicados na Lista B são de oposição. Cada unidade terá de um a três representantes titulares, de acordo com o número de filiados. As eleições são presenciais e estão marcadas para os dias 10 e 11 de setembro. Participe!
COPPE
Fernando Alves Rochinha
Sergio A. de Souza Camargo Jr
Guilherme Horta Travassos
Fabio Souza Toniolo
Frederico Caetano Jandre Tavares
Fernando Pereira Duda
Escola de Música
Samuel Mello Araújo Jr
Instituto de Química
Denise Maria Freire
Elis Cristina Eleutherio
Elisa d'Avila Cavalcanti
Monica Ferreira Carvalho Cardoso
Escola de Belas Artes
Veronica Damasceno - A
Claudia Mourthe - A
Luiza Batista Amaral - B
Ana Paula Correa Carvalho - B
Escola Politécnica
Luiz Wagner Biscainho
Daniel Alves Castello
Fabio da Costa Figueiredo
Karen Johana Quintana Cuellar
Eduardo de Miranda Batista
Nisio Carvalho Lobo Brum
Instituto de Economia
Alexandre Laino Freitas - A
Marta dos Reis Castilho - A
Carla Curty Maravilha Pereira - B
Iderley Colombini Neto - B
Instituto de Bioquímica Médica
Juliana Camacho Pereira
Maria Lucia Bianconi
IPPN
Alessandro Costa Simas
Instituto de Microbiologia
Herbert Leonel Matos Guedes
Angela Carvalho Santos
Faculdade de Letras
Tatiana Ribeiro
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Laisa Eleonora Maróstica Stroher
Cláudio Rezende Ribeiro
Letícia Castilhos Coelho
Carolina Hartmann Galeazzi
Instituto de Biofísica
Claudia Pinto Figueiredo
Eleonora Kurtenbach
Faculdade Nacional de Direito
Luciana Boiteux Rodrigues
Antonio Eduardo Santoro
Escola de Serviço Social
Rafael Barros Vieira
Fernanda Kilduff
Rejane Carolina Hoeveler
Instituto de Matemática
Nedir do Espírito Santo
Maria Fernanda Elbert Guimarães
Monique Robalo Moura Carmona
Ademir Fernando Pazoto
Angela Cassia Biazutti
Faculdade de Educação
Ana Lúcia Cunha Fernandes - A
Libania Nacif Xavier - A
Alessandra Nicodemos - B
Claudia Lino Piccinini - B
Maria Jacqueline Girão Lima - B
Ligia Karam Magalhães - B
Bruno Gawryszewski - B
Adriana Patrício Delgado - B
Instituto de Biologia
Antonio Mateo Solé Cava
Paulo Cesar Paiva
NUPEM
Rodrigo Nunes da Fonseca
Gustavo Arantes Camargo
Instituto de Estudos em Saúde Coletiva
Artur Monte Cardoso
Gerusa Belo Gibson Santos
Instituto de Ciências Biomédicas
Tatiana Lobo Coelho Sampaio
Renato Carvalho
Faculdade de Medicina
Maria Daniela Correa Macedo
Instituto de Física
Carlos Augusto Domingues Zarro
Ribamar Rondon Rezende Reis
Luca Roberto Augusto Moriconi
IFCS
Mayra Goulart da Silva
Fernando José de Santoro Moreira
Helga da Cunha Gahyva
Thais Florencio Aguiar
Instituto de Macomoléculas
Elizabete Fernandes Lucas
Escola de Comunicação
Carine Felkl Prevedello
Ribamar Oliveira
Liv Sovik
IPPUR
Renata Bastos da Silva - A
Claudia Paiva Carvalho - B
Suyá Quintslr - B
Faculdade de Farmácia
Kattya Gyselle Holanda e Silva
David Majerowicz
Theo Luiz Ferraz de Souza
Helio de Mattos Alves
IRID
Sandra Maria Becker Tavares
Escola de Química
Ricardo de Andrade Medronho
Ana Maria Rocco
Karen Signori Pereira
Ricardo Schmitz Ongaratto
CAp
Leonardo Dangelo
Alessandra Nascimento Moraes
André Luis Mourão Uzêda
Simone de Alencastre Rodrigues
Instituto de Psiquiatria
Leila Brito Bergold
Campus UFRJ Duque de Caxias
Juliany Cola Fernandes Rodrigues
Carolina Alvares Azeredo Braga
Centro Multidiscplinar Macaé
Genesis de Souza Barbosa
Foto: Fernando SouzaO Jornal da AdUFRJ questionou as chapas sobre propostas voltadas para a carreira docente e as iniciativas pensadas para melhorar as condições de trabalho na maior federal do Brasil. Os temas são de profundo interesse dos professores, que sofrem com a precarização da estrutura universitária, com a burocracia nos processos de progressão, além de injustiças em ações de insalubridade. Veja abaixo as respostas encaminhadas pela Chapa 2 – ADUFRJ de luta: dignidade nas condições de trabalho e defesa da universidade pública.
As eleições para a diretoria e Conselho de Representantes serão presenciais e estão marcadas para os dias 10 e 11 de setembro em todos os campi. Haverá 22 urnas no Rio, Caxias e Macaé. Participe!
1. Quais as propostas da chapa para promover a carreira docente no que diz respeito à progressão, qualificação e valorização profissional?
Nossa proposta histórica é a da carreira única, com a unificação entre o Magistério Superior e o Ensino Básico, Técnico e Tecnológico, rompendo com a desestruturação negociada pela Proifes e seus acordos de gabinete, urdidos com diferentes governos.
Propomos uma carreira que, em sua estrutura, valorize o trabalho e o fazer docente a partir de princípios e dispositivos que a organizem. O 15º CONAD Extraordinário do ANDES, depois de dois anos de debates nacionais (negligenciados pela Adufrj devido ao seu isolamento político), definiu Diretrizes Gerais para a carreira, dentre as quais destacamos: efetivação de linha única remuneratória no contracheque com padrão comum para toda a categoria – ativo(a)s e aposentado(a)s; priorização do regime de trabalho de 40h D.E. desde o concurso público; definição de piso salarial e data-base; valorização do tempo de serviço por acréscimo salarial automático – retomada de anuênios, biênios, triênios ou quinquênios; estímulo à capacitação e à qualificação docente por meio da formação continuada, garantindo afastamento para todas as licenças capacitação com contratação de docente substituto(a).
Destacamos a defesa de progressão mediante avaliação qualitativa pelos pares, em um processo nem meritocrático nem punitivista e que garanta condições para o avanço na carreira. Abarcando as distintas dimensões do trabalho docente, em especial o ensino, a pesquisa e a extensão, defendemos que a progressão seja desburocratizada e orientada pelo cumprimento do regime de trabalho no período de interstício.
O compromisso de nossa Chapa com esta questão é crucial tendo em vista a tentativa recente de cassação do direito às progressões múltiplas previstas em lei, por meio de uma regulação interna castradora – aprovada com parecer favorável de Diretor da Adufrj à época, que tem assento no CONSUNI como emérito.
2. Como a chapa pretende atuar para reduzir desigualdades entre grandes áreas da UFRJ em termos de acesso a recursos de pesquisa e infraestrutura predial?
Uma seção sindical não gere sua universidade, mas interfere na correlação política de suas decisões. A sua responsabilidade é organizar o coletivo de docentes pela defesa da sua dignidade em relação às condições de trabalho e de sua participação política na definição dos rumos da universidade. A proposta da Chapa 2 é retomar o diálogo com a categoria para que ela (re)conheça e problematize as desigualdades entre diferentes áreas, rechaçando o quadro grotesco que conforma Unidades em condições absurdamente distintas na UFRJ hoje.
Ao mesmo tempo, vamos reorganizar os Grupos de Trabalho do Andes, como os de C&T e de Verbas, permitindo que o importante acúmulo crítico de docentes da UFRJ sobre estas políticas (inclusive junto a órgãos de fomento) tenham repercussão e incidência nas ações do Sindicato Nacional.
Essa organização demanda, por sua vez, uma postura independente em relação à reitoria, aos partidos e ao Estado, uma vez que se trata, justamente, de cobrar-lhes o estabelecimento de condições dignas, equânimes e cada vez melhores para desempenharmos os nossos trabalhos. Infelizmente, nos últimos anos observamos uma preocupante sobreposição entre os grupos políticos responsáveis pela direção da AdUFRJ e pela Reitoria, configurando uma desastrosa porta giratória na qual as mesmas pessoas vêm ocupando, alternadamente, cargos nas duas instâncias, conformando uma seção sindical omissa e inoperante.
3. Que estratégias a chapa pretende adotar para garantir a melhoria das condições de trabalho na universidade e para reduzir as burocracias e injustiças em relação aos adicionais ocupacionais, como a insalubridade?
Para pensar na garantia da melhoria das condições de trabalho na Universidade, é fundamental que se tenha em conta que a burocracia é uma ferramenta que conjuga a paralisia e o controle laboral, com volume de demandas que nos tomam um tempo brutal e são sobremaneira repetitivas, cansativas, adoecedoras.
O preenchimento de incontáveis formulários sem o suporte de um sistema que armazene e contabilize os dados da própria UFRJ impõe a docentes um acúmulo crescente de funções que até pouco tempo não eram nossas. Para enfrentar essa problemática – que se agudiza na UFRJ –, vamos lutar pela efetivação dos direitos conquistados, somando-nos à luta nacional pelo cumprimento do acordo de greve que previa a revogação da Instrução Normativa editada por Bolsonaro que limita o acesso ao adicional de insalubridade e periculosidade.
Nossa política sindical não pode ser a de “alívio” das burocracias simplesmente. Precisamos reestruturar a lógica de nossos processos centrando-os objetivamente na equação da vida e das demandas docentes: cobrar a implementação de um sistema na UFRJ, como ocorre em muitas Universidades, que armazena nossas informações para facilitar a realização dos relatórios de progressão funcional é fundamental.
AS RESPOSTAS FORAM ENVIADAS PELAS CHAPAS E PUBLICADAS NA ÍNTEGRA.
Os estudantes de Medicina em Macaé paralisaram as aulas nos dias 26 e 27 de agosto. Foi a forma que encontraram de chamar a atenção da universidade para as precárias condições de ensino no curso: laboratórios defasados, falta de professores, número reduzido de preceptores e vagas nos campos práticos.
“Há três anos faltam professores das cadeiras de Infectologia e Reumatologia e, mais recentemente, de Dermatologia”, afirmou a estudante Fernanda Barbosa, do Centro Acadêmico.
O receio é deixar lacunas na formação. “Temos medo de não sairmos preparados. A gente desenvolve uma auto cobrança muito grande ao longo do curso porque sabemos que vamos lidar com situações reais de risco de morte”, revelou Fernanda.
A falta de docentes afeta, especialmente, o ciclo clínico do curso, a partir do quinto período. “No último semestre, ficamos parte do período sem aulas de Dermatologia. Depois, tivemos professores convidados, mas a cada três semanas eram professores diferentes”, revelou Cristy Helen Pedrosa, aluna do sétimo período. “Nossa avaliação foi reduzida a uma prova. A turma inteira sentiu essa defasagem no aprendizado”.
Após mais de um mês decorrido do calendário acadêmico do segundo semestre, a rotina de incerteza quanto ao cronograma das aulas continua prejudicando a formação da aluna e de seus colegas. “Ainda não tivemos aula de Reumatologia e tivemos duas aulas de Doenças Infecto Parasitárias, mas não é nada fixo”, lamentou Cristy. “A coordenação tenta fazer o que está ao alcance, mas ficam muitos buracos na nossa formação”, completou.
Marlon Pessanha, do nono período, falou sobre a rotina de ter que buscar aprender fora da universidade. “Procuramos capacitação, nos juntamos nas ligas acadêmicas, a gente tem que correr muito por fora”, disse.
O colegiado do curso apoiou a paralisação e as reivindicações. “Ouvimos os alunos e entendemos que essas demandas significam a melhoria do ensino”, disse o professor Francisco Eduardo Silva, coordenador do curso. “Esses problemas estão provocando um impacto na formação deles. Eles têm que protestar”.
Atrair interessados para o magistério é o grande desafio para o professor Joelson Rodrigues, diretor do Instituto de Ciências Médicas do Centro Multidisciplinar UFRJ Macaé. “Somos uma universidade no interior em um curso de área com mercado muito competitivo. Os salários são muito defasados, muito inferiores ao que um médico especialista recebe no serviço público ou privado”.
O concurso mais recente, de 2024, não recebeu nenhuma inscrição. “Quando temos um professor que pede exoneração por falta de interesse, a dificuldade de conseguir alguém para substituir é muito grande”, lamentou.
PRECEPTORES
A falta de estrutura e de pessoal se estende para os campos práticos. Marlon apontou os problemas que enfrenta no internato, a fase de estágios em hospitais no final do curso. “A gente não tem um hospital ou um ambulatório da UFRJ. Os preceptores são médicos da prefeitura de Macaé que nos recebem de boa vontade, sem receber a mais para fazer esse trabalho”, disse.
Muitas vezes, os estudantes ficam desconfortáveis, com medo de atrapalhar o trabalho dos médicos. “Como não estamos no nosso lugar, somos um corpo estranho. Nossos professores mesmo sugerem cautela na hora de tirar dúvidas”.
A preceptoria também acaba se tornando um problema para o sistema de saúde do município, já que os profissionais recebem uma redução de carga horária para cumprir a função. “Isso gerou um problema no sistema de saúde do município que precisa do profissional e ele está deslocado para uma atividade docente”, apontou Joelson.
Para piorar a situação, uma recente determinação da Procuradoria-Geral de Macaé restringiu ainda mais as vagas nos campos práticos. Para não deslocar médicos com contratos temporários, contratados em caráter emergencial, de suas atividades-fim, apenas médicos efetivos podem ser preceptores. “Houve uma redução grande de pessoas disponíveis para essa função. O último concurso para médico efetivo do município foi há cerca de 15 anos”, afirmou Joelson.
O diretor revelou que já houve conversas com a direção da Ebserh na tentativa de encontrar soluções. “É um processo complexo. Existe uma fila de projetos com o mesmo objetivo, mas existem algumas possibilidades como construir uma unidade aqui ou o município doar uma unidade para a universidade e a Ebserh gerir”.
Para o coordenador do curso de Medicina em Macaé, a construção de uma unidade própria da UFRJ é o caminho ideal. “Não é apenas para o curso de Medicina. Aqui temos também Enfermagem, Farmácia. Somos um centro de formação na área da saúde”, reforçou o professor Francisco Eduardo Silva.
REITORIA
O reitor Roberto Medronho também classificou as reivindicações dos estudantes como “justas”. “Estamos avaliando a contratação de professores substitutos para essas disciplinas, o que precisa ser imediato”, disse.
“Trabalhamos através de convênios com a prefeitura. Por isso, muitas vezes, ocorre esse desajuste. Vamos alinhar com a prefeitura a melhor forma de nossos alunos estarem nos campos de prática”.
Medronho defende o curso de Medicina em Macaé como elemento fundamental na interiorização do acesso aos atendimentos médicos e parte importante na negociação com a prefeitura. “A ideia de criação desse curso em Macaé foi para que os alunos formados permaneçam lá e nas arredores. Queremos fixar os médicos ali”, contou o reitor.