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WhatsApp Image 2024 07 15 at 13.15.37 3Vinícius Liebel, do Instituto de História (IH), e Fernando Brancoli, do Instituto de Relações Internacionais e Defesa (IRID) - Fotos: Acervo pessoalNo domingo retrasado (7), o mundo assistiu a uma das maiores viradas eleitorais dos últimos tempos. Quase 34 milhões de franceses foram às urnas em segundo turno — cerca de 60% do eleitorado, algo que não ocorria há mais de 40 anos — para consagrar a vitória da Nova Frente Popular (NFP), um bloco de esquerda formado, majoritariamente, por socialistas, comunistas e verdes. Essa aliança derrotou a ameaça de vitória da extrema direita de Marine Le Pen, que terminou o primeiro turno na frente e chegou ao final da segunda volta em terceiro lugar, atrás também da coligação de centro-direita do presidente francês Emmanuel Macron, que fechou em segundo. Para analisar os resultados da eleição francesa e seus reflexos no mundo — e no Brasil, em particular —, o Jornal da AdUFRJ convidou os professores Vinícius Liebel, do Instituto de História (IH), e Fernando Brancoli, do Instituto de Relações Internacionais e Defesa (IRID).

Jornal da AdUFRJ — Ao dissolver o parlamento em junho e convocar novas eleições, o presidente francês, Emmanuel Macron, argumentou que o país precisava de “uma maioria clara para agir com serenidade”. A extrema direita foi derrotada, mas o partido de Macron saiu da eleição com menos cadeiras e agora o Parlamento está dividido em três blocos, sendo que nenhum deles tem maioria. Na sua visão, Macron saiu vitorioso da eleição? Ou ele perdeu a aposta?

Vinícius Liebel, professor de História Contemporânea (IH/UFRJ) — A imagem de Macron sai fortalecida, ele fez uma aposta que deu certo. Sua proposta primária era barrar a ascensão da extrema direita após as eleições ao Parlamento Europeu. É preciso lembrar ainda que quando anunciou a convocação de novas eleições, a maior parte dos analistas julgou aquilo um erro. Nesse sentido, ele sai fortalecido. Essa imagem será colocada à prova agora, pois ele precisará negociar e buscar composições diversas em busca de governabilidade.

Fernando Brancoli, professor de Segurança Internacional e Geopolítica (IRID/UFRJ) — A dissolução do Parlamento e a convocação de novas eleições por Emmanuel Macron resultaram em uma perda de cadeiras para seu partido. Embora tenha evitado uma vitória da extrema direita, Macron agora enfrenta um Parlamento dividido em três blocos sem maioria clara. Portanto, ele não pode ser considerado completamente vitorioso, pois perdeu terreno político significativo e a capacidade de governar com serenidade.

O atual primeiro-ministro, Gabriel Attal, se manterá no cargo, ao menos por enquanto. Estima-se que ele fique ao menos até o fim das Olimpíadas, em meados de agosto. Como será a composição política, na sua avaliação, para a escolha do primeiro-ministro?

Vinícius Liebel —
Esse é o grande mistério. Não se sabe quem pode ser indicado, pois a composição feita pelo bloco de esquerda agrupa vários partidos, cada um querendo emplacar o seu nome. Mas provavelmente o nome será alguém de centro-esquerda que possa, de alguma forma, dialogar com os diferentes partidos.

Fernando Brancoli — Gabriel Attal deve continuar como primeiro-ministro até o fim das Olimpíadas, em agosto. A escolha de um novo primeiro-ministro exigirá negociações complexas entre os blocos fragmentados do Parlamento. Macron precisará formar alianças e fazer concessões para garantir apoio suficiente para aprovar suas políticas.

Há também grande expectativa pela governabilidade. O novo Parlamento tem três blocos de dimensões comparáveis: o da a esquerda, com 182 cadeiras, o de centro-direita do presidente Macron, com 168, e o da extrema direita de Marine Le Pen, com 143. O senhor vê alguma possibilidade de um governo de coalizão?

Vinícius Liebel — Não haverá harmonia completa, mesmo dentro do bloco de esquerda existem tensões permanentes, mas essa articulação que foi feita para barrar a extrema direita precisará mostrar resultados. Se o governo ficar paralisado, se não houver alguma composição, a direita vai sair fortalecida. Em compensação, se o governo conseguir promover o diálogo e entregar resultados com isso, a tendência é a extrema direita perder visibilidade.

Fernando Brancoli — A formação de um governo de coalizão é uma possibilidade real, dada a divisão equilibrada entre os blocos de esquerda, centro e extrema direita. No entanto, a concretização dessa coalizão dependerá de concessões significativas e da disposição dos partidos em colaborar para garantir a governabilidade.

Uma possibilidade aventada por especialistas é a nomeação de um primeiro-ministro e de ministros “técnicos” para implantar reformas consensuais, com o apoio, em função da medida, de diferentes blocos do Parlamento. Há paralelos, por exemplo, na Itália, que teve recentemente governos técnicos em tempos de crise, mas não por um longo período. Acha essa possibilidade viável?

Vinícius Liebel — É possível, mas improvável. Um gabinete de técnicos acena para uma “neutralidade” política, para um distanciamento da composição política. Nesse momento é justamente a composição e o diálogo político que precisam ser fortalecidos.

Fernando Brancoli — A nomeação de um primeiro-ministro e ministros “técnicos” para implementar reformas consensuais é uma solução viável em tempos de crise. Exemplos na Itália mostram que governos técnicos podem ser eficazes, embora geralmente de curta duração. Essa abordagem pode ser uma saída para o impasse político atual na França.

O bloco de esquerda que se formou no segundo turno conseguiu derrotar a extrema direita, mas está longe de ser homogêneo. Dois dos principais líderes do bloco — Jean-Luc Mélenchon, da França Insubmissa, e Olivier Faure, do Partido Socialista — já deram declarações rejeitando a coalizão. Como vê esse dilema da esquerda francesa, que foi a mais votada mas não tem maioria para governar sozinha?

Vinícius Liebel — É verdade, mas também é verdade que ninguém tem maioria para governar sozinho na situação atual. A grande vantagem da esquerda é que ganhou peso, se hoje ela não pode governar sozinha, ninguém pode governar sem ela. E esse é um trunfo que deve fazer a política francesa mudar nos próximos meses.

Fernando Brancoli — A esquerda francesa enfrenta um dilema significativo. Apesar de ter derrotado a extrema direita, o bloco de esquerda é heterogêneo, com líderes como Jean-Luc Mélenchon e Olivier Faure rejeitando a coalizão. Essa falta de coesão interna pode dificultar a capacidade do bloco de governar de forma eficaz.

A que o senhor credita a derrocada da extrema direita, que venceu no primeiro turno mas ficou longe das projetadas 300 cadeiras no Parlamento, terminando como a terceira força, com 143 assentos? É possível acreditar que a vitória dos conservadores foi apenas adiada para 2027, como afirmou Marine Le Pen após o segundo turno?

Vinícius Liebel — Existem duas formas de ver a situação atual: a primeira é entender que a direita avançou e que ameaça valores republicanos e democráticos na França, que os franceses estão normalizando discursos xenófobos e extremistas. A segunda é perceber que mais de dois terços dos franceses optaram por barrar a extrema direita, e que um acordo republicano é possível. Mas será possível repetir esse cenário nas próximas eleições caso a política fique paralisada na França nos próximos meses? Quantas vezes os eleitores vão aceitar esse acordo se ele não trouxer também os avanços políticos que promete?

Fernando Brancoli — A extrema direita, apesar de ter vencido no primeiro turno, não alcançou as 300 cadeiras projetadas e ficou como a terceira força com 143 assentos. Marine Le Pen acredita que a vitória dos conservadores foi adiada para 2027, e o crescimento da extrema direita é evidente, indicando que ela continua sendo uma força significativa.

Para conseguir a reviravolta do segundo turno, a NFP usou a estratégia de apoiar os candidatos mais bem posicionados do bloco em cada distrito do país. Com isso, pulverizou a divisão de votos que poderia beneficiar o adversário comum da direita. Como viu essa estratégia? E que reflexos ela poderá gerar no novo Parlamento?

Vinícius Liebel — A estratégia foi vitoriosa, de fato ela isolou a direita e produziu uma polarização que surtiu efeito no eleitorado. Mas passadas as eleições, a grande questão que se abre não é mais sobre o isolamento da extrema direita, mas sim sobre as múltiplas visões que os diferentes partidos envolvidos nessa estratégia vão levar para o Parlamento. Caso não haja acordos costurados ou diálogos francos, existe o perigo da política nacional francesa ficar paralisada. Nesse cenário, a direita deverá ganhar força.

Fernando Brancoli — A estratégia do bloco de esquerda de apoiar candidatos mais bem posicionados em cada distrito foi eficaz para evitar a divisão de votos e vencer a extrema direita no segundo turno. Essa abordagem pode levar a uma dinâmica mais colaborativa no novo Parlamento, embora complexa.

Há algum paralelo entre as eleições francesas e o processo eleitoral que resultou na vitória do presidente Lula em segundo turno no pleito contra Bolsonaro em 2022?

Vinícius Liebel — Não vejo muitos paralelos. A natureza das eleições é diferente, não houve um acordo, um “bloco republicano” de fato, a direita brasileira tem mais capilaridade do que a direita francesa, os extremismos vêm sendo mais normalizados, os partidos de centro brasileiros navegam conforme o vento. O Congresso brasileiro formado depois das eleições não tem uma maioria contrária à extrema direita. O paralelo de que houve apoios democráticos à candidatura do presidente Lula no segundo turno é circunstancial, fruto da natureza de nossas eleições. E é preciso lembrar que esse apoio não foi geral e irrestrito, mas veio praticamente apenas de uma das candidatas derrotadas no primeiro turno, que foi a Simone Tebet. Um paralelo real existiria se todas as candidaturas no primeiro turno tivessem sido retiradas em apoio à candidatura petista. Não tivemos nada nem perto disso.

Fernando Brancoli — Há paralelos significativos entre as eleições francesas e brasileiras, especialmente na formação de alianças estratégicas para derrotar candidatos de extrema direita. Em ambos os casos, a união de diferentes forças políticas foi crucial para assegurar a vitória.

O senhor enxerga algum reflexo das eleições francesas na disputa eleitoral norte-americana, sobretudo com o fraco desempenho do democrata Joe Biden nas últimas semanas? A derrota da direita francesa poderá arrefecer o ímpeto da campanha de Trump? E como uma eventual vitória de Trump poderá estimular candidaturas de extrema direita mundo afora?

Vinícius Liebel — Não creio em uma influência determinante dos resultados na França nas eleições norte-americanas. Lá, as visões em conflito são diferentes. É um sistema bipartidário, também muito diferente daquele da França. Não acredito que pessoas saiam para votar pelo exemplo francês, inspiradas no sentimento republicano, visando barrar o trumpismo. Mas sim, uma vitória de Trump colocaria em evidência mais uma vez uma visão de mundo de direita, a normalização das fake news, a negação da Ciência, o populismo e todo aquele cenário que tínhamos há quatro anos.

Fernando Brancoli — As eleições francesas podem influenciar o cenário político dos EUA. A derrota da extrema direita na França pode enfraquecer movimentos similares, incluindo a campanha de Trump. Uma possível vitória de Trump, por outro lado, pode encorajar candidaturas de extrema direita ao redor do mundo.

Assim como foi no Brasil, na Argentina e na França, e como se desenha ser nos EUA, a polarização entre democracia e autoritarismo parece ser a principal tendência da política nos continentes europeu e americano. Em todos os pleitos, os eleitores têm ido às urnas para decidir entre esses dois caminhos opostos. Como enxerga esse cenário?

Vinícius Liebel — Vejo como uma regressão da ideia de republicanismo. A ideia de coisa pública perde espaço e os indivíduos buscam resoluções práticas e unilaterais de seus problemas, a imposição de suas ideias e de suas visões. Outra ideia que vem regredindo é a de responsabilidade, tanto a individual quanto a coletiva. São valores historicamente ligados à democracia, à ideia de direitos humanos, que também vêm sendo atacados e descartados por parte da população. Os exemplos históricos de autoritarismo caem em ouvidos moucos e, em algumas bolhas, vêm sendo mesmo exaltados diante das incertezas e das flutuações que os desafios globais atuais apresentam. É um cenário que dificilmente mudará no curto prazo sem um investimento maciço na educação, na conscientização política e na memória dos eventos autoritários.

Fernando Brancoli — A polarização entre democracia e autoritarismo é uma tendência crescente nas políticas europeias e americanas. Eleitores em diversos países têm escolhido entre esses caminhos opostos, refletindo divisões sociais mais amplas. Esse cenário provavelmente continuará a influenciar eleições futuras em várias regiões.

WhatsApp Image 2024 07 15 at 13.15.37 4Foto: Kelvin MeloO Conselho Universitário delibera no próximo dia 18 sobre o projeto que troca os 11 andares da UFRJ no edifício Ventura Towers por dez infraestruturas acadêmicas e de assistência estudantil. O anúncio foi feito pelo reitor Roberto Medronho durante a segunda audiência pública sobre o tema, na quarta-feira (10).
A conclusão de obras inacabadas — como o complexo CCJE-CFCH, ao lado da Letras — e mais dois restaurantes universitários (um no Fundão e outro em Macaé) fazem parte da lista de contrapartidas já noticiada na edição nº 1.323 do Jornal da AdUFRJ.
“No dia 18, está agendada a sessão especial para apresentação da Comissão de Desenvolvimento”, afirmou o reitor, citando a instância do colegiado responsável pela avaliação da proposta. “E o relatório da comissão é amplamente favorável ao projeto”, adiantou. A aprovação do Consuni é requisito básico para a alienação dos andares pela universidade, de acordo com a legislação federal.
Na audiência do dia 10, as dúvidas sobre os valores e o momento da negociação, o acompanhamento e custo de manutenção das contrapartidas e a necessidade de mais debate deram o tom da reunião realizada em um esvaziado Salão Pedro Calmon, no campus da Praia Vermelha.
Técnico-administrativo lotado no Centro de Tecnologia, Agnaldo Fernandes trabalhou na gestão do ex-reitor Roberto Leher, que iniciou este projeto. “Não sou contra, evidentemente, o projeto de valorização dos ativos”, afirmou. Mas questionou a não divulgação do valor do negócio envolvendo o Ventura. “O Conselho Universitário vai ter que decidir alienar este patrimônio sem saber quanto custa. Isso é um problema. O mercado sabe quanto custa”. Agnaldo sugeriu que, pelo menos, o valor das contrapartidas fosse informado para subsidiar o debate.
A preocupação com o acompanhamento das obras de contrapartida motivou a pergunta da professora Ana Lúcia Cunha Fernandes, da Faculdade de Educação. “Sendo aprovado, como será o processo de acompanhamento? Este é o aspecto mais delicado na UFRJ. As obras começam e não terminam”.
Já a professora Cláudia Piccinini, também da Faculdade de Educação, pediu a ampliação da discussão na UFRJ. “O método desta casa tem que ser o da gestão democrática. A gente vai apostar no debate?”, questionou “Serão estas audiências pontuais e esvaziadas ou vamos levar aos departamentos de cada unidade para que haja deliberação, via departamentos, do que a gente vai fazer enquanto opção política desta universidade?”.

RESPOSTAS
“Se vocês forem às atas de todas as reuniões do Conselho Universitário desde 2018, não encontrarão nenhum outro projeto que foi tão debatido, tão apresentado como este. Para além disso, reuniões como esta foram muitas”, disse o professor João Carlos Ferraz, integrante da comissão que assessora a reitoria na negociação.
Os valores da negociação não foram divulgados ainda para não “contaminar” a licitação, explicaram os defensores da proposta. A expectativa é que aconteça um processo semelhante ao da concessão de uso de área da Praia Vermelha para construção do equipamento cultural multiuso.
Na ocasião, o consórcio vencedor da disputa, além do “novo Canecão”, assumiu o compromisso de construir um prédio acadêmico e um restaurante universitário naquele campus e ainda pagou um ágio de R$ 4,350 milhões.
Houve dúvidas se este seria o melhor momento para negociar o Ventura. “Hoje, 45% do espaço da universidade não gera receita. Não tenho a menor ideia do que o futuro nos reserva. O mercado vai melhorar? Mas o custo das contrapartidas vai ficar o mesmo ou vai aumentar? Estão olhando um lado da equação, olhem o outro. A nossa contrapartida estará deteriorando. Então o custo de construir no futuro será maior”, afirmou Ferraz, em referência às obras inacabadas.
Sobre a fiscalização das contrapartidas, a pró-reitora de Governança, professora Claudia Cruz, informou que a reitoria constituiu recentemente uma comissão permanente de acompanhamento gerencial de obras de infraestrutura. “Faço parte desta comissão, junto da Prefeitura Universitária, Escritório Técnico e PR-3 (pró-reitoria de Finanças)”, disse. Será uma comissão responsável pela coleta de informações, que serão repassadas ao reitor e aos conselhos superiores da universidade.
Durante a audiência, também foi questionado como a universidade, hoje em apuros financeiros, poderá sustentar dez novas estruturas em funcionamento, se tudo der certo com o projeto. “Ou pensamos prédios melhores para o nosso funcionamento ou a gente fica até tudo desabar. Ou pegar fogo. A gente precisa ser honesto com as autoridades que estão acima de nós. Precisaremos de recursos para manter essas estruturas em condições adequadas”, completou a pró-reitora.
“O Ventura foi pensado para ser uma fonte de receita para a universidade. Ele já foi uma fonte maior de receita. Na minha opinião, não justifica manter um ativo que hoje tem gerado um volume muito menor de receita, enquanto a gente tem tantas estruturas em condições tão precarizadas”, concluiu a professora.

Restaurante Universitário de Macaé é a novidade entre as contrapartidas

WhatsApp Image 2024 07 15 at 13.15.37 5ReproduçãoEntre as dez contrapartidas previstas no projeto, a inclusão da obra de construção de um restaurante universitário em Macaé é o item mais recente. “O professor Medronho, a professora Cássia e a comissão reviram e acrescentaram o restaurante, quando retornou esta discussão. Ficamos muito felizes, porque a gente percebe que há um início de restabelecimento da justiça para a infraestrutura de Macaé, que é deficitária”, afirma o decano do Centro Multidisciplinar da UFRJ no município do Norte Fluminense, professor Irnak Marcelo Barbosa.
“Nós somos filhos do Reuni. Só que essa expansão não foi plena.
Até hoje, a gente (Nupem, Polo Ajuda e Cidade Universitária) depende de cessões de uso do município. Não existe um território próprio da UFRJ em Macaé”, explica Irnak.
Hoje, somando almoço e jantar, são ofertadas entre 900 e 1 mil quentinhas por dia, em Macaé. Mas as refeições não são produzidas no local. Com a construção do restaurante, o decano informa que há uma previsão de aumento de 25% a 30% do número de refeições.
Outro ganho é na diminuição do custo. “Com uma edificação, cai muito o valor. Faz-se um contrato com a empresa que não precisa montar uma cozinha”. Além do aproveitamento acadêmico: “Aqui temos um curso de Nutrição. Mais que um restaurante universitário, será um restaurante-escola”, diz.
Os representantes de Macaé no Consuni, de acordo com o decano, serão favoráveis à aprovação do projeto do Ventura. “Com a ressalva de que Macaé precisa ganhar mais protagonismo nas decisões estratégicas da universidade”.

Em sua edição nº 1.324, de 8 de julho passado, o Jornal da AdUFRJ publicou uma reportagem sobre o resultado preliminar do edital Pró-Infra Expansão 2023, da Finep, no qual o único subprojeto submetido pela UFRJ foi classificado como “não recomendado”. Denominada UFRJ Digital — Convergir o Físico e o Digital para Expandir a Pesquisa, Ensino e Extensão na UFRJ —, a proposta pleiteou recursos de R$ 25 milhões. Na análise de mérito, o parecerista da Finep deu nota média de 3,18 ao subprojeto (em um máximo de 5,00) e listou várias inconformidades. Nesta edição, o Jornal da AdUFRJ abre mais uma vez espaço para os argumentos da reitoria em defesa da proposta, incluindo o recurso submetido à Finep para reavaliação do subprojeto, cujo teor pode ser encontrado no link: https://is.gd/cMSlPb

DEPOIMENTO I ROBERTO MEDRONHO, REITOR DA UFRJ

WhatsApp Image 2024 07 15 at 15.36.37 2Foto: Fernando Souza/Arquivo AdUFRJEm depoimento ao Jornal da AdUFRJ, o reitor Roberto Medronho defende um novo paradigma nos mecanismos de fomento à pesquisa no país. Ele também mostrou confiança de que o recurso à não aprovação do projeto Transformação Digital da UFRJ que visa à modernização da rede de TI da UFRJ será acolhido pela Finep. A seguir, os principais trechos:

“Esse é um projeto institucional e se enquadra em um dos objetivos do edital Pró-Infra 2023 Expansão, que é ‘apoiar financeiramente a execução de projetos institucionais de expansão e desenvolvimento de infraestrutura de pesquisa e reforçar e consolidar a infraestrutura de pesquisa em todo o país’. Foi exatamente o que nós fizemos ao apresentar esse projeto”.
“Este projeto beneficiará todos os laboratórios da UFRJ. É um projeto verdadeiramente institucional, e não um projeto que vá beneficiar o laboratório A, B ou C. Como normalmente é feita a seleção de projetos aos editais da Finep como este? O reitor elege alguns laboratórios, usando uma determinada metodologia, para fazerem os subprojetos. Normalmente são os laboratórios que apresentam maior produtividade, aptos a conquistarem os editais. No meu modo de entender, embora a respeite, essa visão não se configura, na prática, em um projeto institucional, mas sim a reunião de cinco projetos de cinco laboratórios, que é o número de subprojetos permitido pelo edital no caso da UFRJ. Importante ressaltar também que nos editais da Finep mais específicos, a UFRJ foi plenamente contemplada”.

“Nós entendemos que a reitoria da UFRJ deve ter um olhar para todas as áreas do conhecimento. Temos sérios problemas em nossa rede de dados e em nossa rede elétrica. São problemas que impactam todos os laboratórios, dos mais sofisticados aos mais iniciantes em suas pesquisas. Nossa lógica foi tentar estruturar um projeto que contemplasse toda a UFRJ, para fortalecer todas as nossas pesquisas”.

“A tradição dos avaliadores das agências de fomento à pesquisa no Brasil é considerar projetos que solicitem um equipamento sofisticado, um microscópio, por exemplo, e mensurar a produção de artigos científicos que é feita a partir dele. Mas de que adianta comprar o mais sofisticado equipamento, se a nossa rede elétrica vive caindo? Ou adquirir um computador de alto desempenho, se nossa rede de dados está cheia de problemas?”.

“Esse tipo de visão que ainda predomina no fomento à pesquisa é uma visão que não dá escala para o país. Nós temos que pensar em projetos estruturantes para o país, não apenas para um laboratório específico. Só que a cultura dos editais acabou gerando uma fragmentação muito grande. Tenho muito orgulho de todas as pesquisas que fazemos, dos laboratórios de ponta que nós temos na UFRJ, e são muitos. Mas hoje o Brasil está precisando de muito mais do que isso. Está precisando de escala, de que todos os laboratórios funcionem com sua rede de dados perfeita, com instalações elétricas adequadas. Porque só assim nós teremos os saltos em ciência, tecnologia e inovação de que tanto precisamos para desenvolver nosso país”.

“Vou dar o exemplo da Rede Rio, que é um caso de sucesso. Hoje, um projeto que fosse pedir financiamento para agências de fomento propondo a criação de uma Rede Rio não seria aprovado, porque não tem o binômio equipamento/produtividade científica. Só que a Rede Rio foi fundamental para escalar a pesquisa no Rio de Janeiro. Outro exemplo é a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), que não seria aprovada na visão de muitos avaliadores. Nosso projeto tem essa visão de rede”.

“O que nós queremos, tão somente, é melhorar o ambiente de pesquisa em toda a UFRJ para que todos os laboratórios se beneficiem. Infelizmente isso não contou com a compreensão do avaliador, e nós agora temos muita esperança que nosso recurso seja acatado. Essa indicação para não aprovação na avaliação preliminar deixou estupefatos muitos pesquisadores de todo o país. Mas estamos animados de que vamos conseguir reverter o processo”.

“Acho que temos que mudar a visão que sempre prevaleceu no Brasil do ‘dê meu equipamento que eu farei produção de paper’. Nós precisamos pensar institucionalmente e integradamente com outras instituições de pesquisa do Brasil e do mundo. É assim que a Ciência tem evoluído. Temos que refletir sobre qual a melhor forma de fomento à ciência, tecnologia e inovação neste país. Este modelo precisa ser revisitado e reformatado integralmente pelo bem do desenvolvimento do Brasil”.

Carta do professor Guilherme Horta Travassos

WhatsApp Image 2024 07 15 at 15.36.37 3Arquivo PessoalProfessor do Programa de
Engenharia de Sistemas e
Computação (PESC) da Coppe/UFRJ

Com surpresa li a matéria na última edição do jornal da ADUFRJ de 8/7/2024 sobre resultados preliminares da avaliação de mérito no edital Pró-INFRA 2023 EXPANSÃO, onde meu nome foi citado como um dos responsáveis por preparar recurso. Interessante não ter sido em momento algum procurado pelos responsáveis pela publicação. Caso ocorresse, conforme sugerido no bom jornalismo, teriam tido acesso ao projeto submetido. Eu me questiono se os autores da matéria ou mesmo os críticos anônimos e explícitos leram o projeto, o qual eu estive também na linha de frente de sua preparação por solicitação da PR-2. Para isso, contamos com a colaboração de diferentes atores internos, incluindo com destaque nossos profissionais da SGTIC.
Em momento que os resultados do edital ainda estão em processamento, me chama atenção o título da reportagem e, mais ainda, a disponibilidade do parecer preliminar, acessível somente via sistema FINEP e colocado disponível de forma pública e destacada na matéria. Foram três editais FINEP, um deles voltado para projetos institucionais: Pró-Infra 2023 Expansão. Os outros dois receberam propostas de projetos de grupos de pesquisa específicos da UFRJ (por acaso participo da equipe de um deles), avaliados satisfatoriamente. Conforme objetivo do próprio edital Pró-Infra 2023 Expansão, este tem a intenção de “apoiar financeiramente a execução de projetos institucionais de expansão e desenvolvimento de infraestrutura de pesquisa e reforçar e consolidar a infraestrutura de pesquisa em todo o País”, propício a apoiar a evolução da nossa capacidade de pesquisa coletiva, talvez este um elemento inesperado nas inúmeras submissões que temos realizado até então, consequência de comportamento individualista de décadas. Nossa visão de organização se perdeu ao longo dos anos, talvez efeito dos formatos de editais naturalmente fragmentadores. Se fosse em outro cenário, me arriscaria a dizer que nos habituamos a trabalhar no varejo, porém isso não mais escala tendo em vista os problemas que enfrentamos!
Para a construção da proposta realizamos uma consulta no início do mês de março de 2024 com a comunidade de pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), cujas respostas retratam a realidade vivenciada em toda a universidade. Essa consulta evidenciou problemas recorrentes e frequentes de conexão com a Internet, dificuldade em realizar atividades remotas (reuniões, palestras, dentre outras), baixa velocidade e intermitência de acesso à internet e sistemas administrativos da UFRJ, deficiência de sinal de WiFi, falta de capacidade computacional e espaços de armazenamento, deficiência de sistemas de telefonia e queda frequente de energia. Esses problemas não contribuem para um ambiente favorável ao desenvolvimento científico e tecnológico da UFRJ.

NOTA DA REDAÇÃO: A reportagem ouviu o pró-reitor de Pós-graduação e Pesquisa, professor João Torres, coordenador do projeto encaminhado à Finep, que falou pela equipe.

WhatsApp Image 2024 07 15 at 15.36.34Fotos: Fernando SouzaRenan Fernandes

O estudante Marcos Vieira carregava com dificuldade cinco sacolas repletas de livros, no cair da tarde do dia 11. Formado em Geografia pela UFRJ, ele não escondia a felicidade de visitar a I Feira do Livro Científico da universidade, na Casa da Ciência. “Estava ansioso para ver o que as editoras oferecem. Sentia falta de uma feira como essa no Rio porque vejo acontecer com frequência em São Paulo”, disse.
O aluno aproveitou os descontos de até 50% oferecidos para encontrar títulos que vão fazer parte de sua pesquisa no doutorado. “Estou montando um projeto sobre a geografia da saúde. Só da Fiocruz comprei mais de 20 livros. Também encontrei títulos legais da UFRJ e da UNESP”, afirmou.
Além dos títulos de que precisava para suas pesquisas, Marcos encontrou um ambiente aconchegante, com palestras, sessões de autógrafos, apresentações musicais e programação infantil. “As atividades planejadas, que incluem espetáculos musicais, mesas de debates e oficinas para crianças, tornam o evento acessível e atraente para todas as idades, incentivando a curiosidade e o interesse pelo conhecimento desde cedo”, afirmou a professora Christine Ruta, coordenadora do Fórum de Ciência e Cultura, organizadora do evento que durou até o domingo (14).
“A Feira proporciona um espaço de encontro e troca de ideias, onde o público tem acesso a obras de alta qualidade e debates enriquecedores”, acrescentou Ruta. “O Fórum reafirma seu compromisso de estreitar os laços entre a Universidade e toda a sociedade, além de atuar na disseminação do conhecimento e na valorização da ciência e da arte”, completou.
O professor Marcelo Jacques, diretor da Editora da UFRJ, concordou. “Esse evento foi mais um canal de comunicação com a sociedade. O Fórum tem o sentido de fazer essa ponte da universidade com a sociedade e o livro é um canal importante. A universidade não produz livros apenas para o consumo interno”, avaliou.
O docente celebrou a iniciativa de reunir 26 editoras universitárias de diferentes partes do Brasil. “Já tínhamos a experiência de organizar feiras aqui na Praia Vermelha, mas sempre com editoras do estado do Rio. Esta é a primeira que conseguimos adesão massiva de editoras de grandes universidades como a USP, a Unicamp, a UFMG, entre outras”.
O professor Pedro Rocha, do Instituto de Relações Internacionais e Defesa, foi às compras ao final do dia de trabalho e elogiou o projeto. “Espero que seja o início de um evento que se repita com um número cada vez maior de editoras, ganhando projeção e alcance”. O docente adorou as instalações da Casa da Ciência da UFRJ. “O lugar é muito agradável”, aprovou.WhatsApp Image 2024 07 15 at 15.36.35
O desejo de novas edições da Feira é compartilhado pelos organizadores. O professor Ismar de Souza Carvalho, diretor da Casa da Ciência, agradeceu os apoios que permitiram a realização do evento. “Ainda é experimental, mas a gente pretende repetir a cada ano ou a cada dois anos. O suporte financeiro da AdUFRJ, da Faperj e do CNPq foi fundamental para montarmos essa estrutura que traz muito do conhecimento científico publicado no nosso país”, disse.
A vice-presidenta Nedir do Espirito Santo representou a AdUFRJ na mesa de abertura da feira. “Passei pelo salão vendo as obras. Foi um ambiente muito convidativo. Precisamos divulgar mais a produção das editoras universitárias”, elogiou.

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