De 2002 até março de 2023, 23 escolas brasileiras — 12 estaduais, sete municipais e quatro particulares — foram atacadas por alunos ou ex-alunos. Cinco professoras, 24 estudantes e dois profissionais de educação foram assassinados nas tragédias. Mais de um terço dos ataques (9) ocorreu do segundo semestre de 2022 para cá. Os dados são de uma pesquisa coordenada pela professora Telma Vinha, do Departamento de Psicologia Educacional da Unicamp, e pela mestranda Cleo Garcia.
As pesquisadoras detalharam que o mais jovem dos agressores envolvidos nesses ataques tinha dez anos; o mais velho, 25 (ex-aluno). Doze deles utilizaram armas de fogo. O perfil predominante é de homens brancos, misóginos, com gosto pela violência e apreciadores de armas.
Em entrevista ao Jornal da AdUFRJ, a professora Telma atribui a crescente onda de violência à intensificação do discurso de extrema direita. “Esse discurso social está encorajando de uma maneira direta ou indireta os atos agressivos de violência extrema. É como se estivesse sendo autorizado o uso da violência para resolução dos conflitos”, afirma. Confira a seguir.
O que levou a este crescimento dos ataques às escolas nos últimos anos?
São vários fatores que podem estar contribuindo para o aumento dos ataques violentos nas escolas. Inicialmente, podemos destacar que, nos últimos anos, houve um aumento da cultura de violência, uma ruptura do pacto civilizatório. Esse discurso social está encorajando de uma maneira direta ou indireta os atos agressivos de violência extrema. É como se estivesse sendo autorizado o uso da violência para resolução dos conflitos.
Uma outra característica é que os grupos sociais aos quais pertencem vários adolescentes — de família, dos amigos, das redes sociais — muitas vezes podem valorizar o preconceito, a discriminação, o uso de força.
Além disso, a subcultura extremista que antes existia na deep web, de difícil acesso, agora está cada vez mais na superfície da internet. É muito fácil encontrar perfis no Instagram, Tik Tok ou Twitter que incentivam a violência, a misoginia. Cada vez mais, há comunidades de “gamers” que funcionam como mecanismo de incentivo a conteúdos de extrema direita. Esses meninos discutem, falam dos ataques e idolatram os atiradores que conseguiram causar um número grande de vítimas. Eles potencializam uma tendência que já existe. Se o estudante está chateado com um rompimento, eles falam muito mal das mulheres, aguçam essa tendência, levando cada vez mais à radicalização.
Podemos destacar ainda o período de pandemia em que, devido ao isolamento social, esses meninos ficaram muito tempo conectados. Houve uma ampliação do adoecimento psíquico e um agravamento da situação financeira das famílias.
Como estes discursos agem no psicológico do aluno, incentivando ao crime?
Existe escuta nesses espaços. Eles se sentem acolhidos, valorizados e pertencentes. Todo mundo tem necessidade de validação ou confirmação. Isso é ainda mais presente no ambiente online. Eles querem confirmar suas crenças e a comunidade faz isso.
Os extremistas sabem exatamente como acolher as pessoas em seus pontos mais fracos. Eles se sentem inseridos em uma “família”, mesmo agindo sozinhos. Acreditam que estão fazendo algo maior, em uma missão. Acreditam que fazem parte de um movimento, mesmo que imaginário.
Esse aumento dos ataques era algo previsível pelas autoridades públicas?
Com ampliação das plataformas, das redes sociais e páginas de grupos que disseminam os discursos de ódio e do ambiente em que há a ruptura do pacto civilizatório, era esperado, sim, que houvesse ataques violentos. E que aumentassem os crimes, feminicídios, os crimes de racismo e os ataques à escola.
O que fazer hoje para evitar ou minimizar estes ataques? A presença da polícia nas escolas, proposta pelo governador de São Paulo, poderia ser uma dessas medidas?
Não adianta porque os ataques são planejados. Por exemplo, a escola atacada em 2022 em Barreiras, Bahia, era cívico-militar e isso não impediu a violência.
Uma medida, por exemplo, é não divulgar nenhuma informação sobre os procedimentos utilizados, nem sobre os autores dos ataques, mas somente sobre as vítimas, como é feito na Nova Zelândia. Quando é divulgado, há um efeito de contágio. A maneira como ele é noticiado acaba estimulando outros casos semelhantes. Precisamos também preparar e incorporar à educação escolar as temáticas que envolvem a convivência (presencial e online).
PRINCIPAIS TRAGÉDIAS
Monumento em homenagem às crianças e adolescentes mortos pelo atirador (REALENGO) - Foto: Tânia Rêgo/Agência BrasilREALENGO (RJ)
Em abril de 2011, 13 crianças morreram e 22 ficaram feridas, quando um ex-aluno de 23 anos, armado com dois revólveres, disparou contra os jovens estudantes. O atirador se matou em seguida, antes de ser detido pela polícia.
SUZANO (SP)
Em março de 2019, dois ex-alunos da escola Raul Brasil, em Suzano, na Grande São Paulo, mataram nove pessoas. Depois do massacre, um dos atiradores matou seu colega de crime, e suicidou-se logo depois. Cinco das vítimas eram estudantes e os outros eram funcionários.
JANAÚBA (MG)
Em outubro de 2017, o segurança de uma creche, em Janaúba, no norte de Minas Gerais, ateou fogo na escola, matando dez crianças e três professoras. O criminoso era funcionário da creche há nove anos.
Nos últimos 21 anos, 23 escolas sofreram ataques de alunos ou ex-alunos no Brasil. Os números, apurados em uma pesquisa da Unicamp — e detalhados na página ao lado —, apresentam uma tendência preocupante: mais de um terço das tragédias ocorreu apenas do segundo semestre de 2022 para cá. Na mais recente delas, a professora Elizabeth Tenreiro foi assassinada a facadas esta semana, em São Paulo. Ainda devastados pela perda da colega, especialistas e representantes sindicais ouvidos pelo Jornal da AdUFRJ buscam compreender as raízes da crescente violência em ambiente escolar.
“A explicação não pode ficar limitada a um indivíduo. É uma questão social. O assassino tem 13 anos. Isso é inusitado. Não podemos naturalizar essa violência”, afirma a professora Carmen Teresa Gabriel, titular da Faculdade de Educação da UFRJ. “Chegamos a uma sociedade tão guiada pelo ódio que estamos vendo coisas que seriam impensáveis há alguns anos”.
A pandemia, que afastou os alunos dos bancos escolares e do convívio com o outro por mais de dois anos, pode ter contribuído para o crescimento da cultura de ódio. “Ninguém nasce aluno. Você aprende a ser aluno em um processo de socialização, indo para a escola”, explica Carmen, que é coordenadora do Complexo de Formação de Professores da universidade. “Uma das grandes dificuldades do retorno às aulas foi esta criação do vínculo com a escola como uma instituição de acolhimento. Quando você fica dois anos fora desse processo, aparecem as sequelas. Este é um elemento importante”.
Sequelas que podem crescer, se o caminho da repressão apontado por algumas autoridades ganhar espaço. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Podemos), defendeu um programa para colocar policiais nas unidades de ensino de forma permanente. “Lugar de polícia não é na escola. A escola não está numa redoma de vidro, onde a violência não está presente. Mas ela precisa lutar contra a violência por um trabalho pedagógico”, conclui Carmen.
Também professora titular da Faculdade de Educação, Libânia Xavier chama a atenção para a sobrecarga dos profissionais de ensino e para a importância de haver um protocolo para lidar com casos semelhantes ao do jovem de São Paulo. “É tanto trabalho e é um trabalho tão intenso que os profissionais demoram a perceber a gravidade de algumas situações. Isso resulta em tragédia, às vezes”, observa. “Não sabemos exatamente como foi em São Paulo. Acho que a escola estava alerta, mas, provavelmente, o garoto precipitou o ataque”, completa.
Libânia fala com a experiência de quem, desde 2012, estuda professoras que trabalham em áreas conflagradas no Rio. “A violência não está só dentro da escola. Mas também no seu entorno. Muitas vezes, vem dos próprios agentes do Estado”, diz, em referência às ações policiais próximas às escolas. “A notícia é um alerta muito triste que exige atenção dos poderes públicos. Existe pouco apoio das outras instituições. Faltam políticas públicas articuladas”.
As políticas que faltam podem ser formuladas na universidade. Em nome da diretoria da AdUFRJ, a professora Nedir do Espirito Santo manifestou seu pesar pelo assassinato da colega e defendeu o engajamento dos cursos da instituição neste debate. “Sentimos muito o ocorrido e nos solidarizamos com a dor do corpo docente da escola e de todos os alunos”, diz Nedir, que atua na Licenciatura em Matemática.
“Como o adolescente chega a tal ponto de violência? Quais foram os sinais dados pelo jovem? O que a escola poderia ter feito? Estamos muito longe de responder a essas perguntas e vemos poucas medidas públicas nessa direção”, diz Nedir. “Os cursos de licenciatura devem conter em seus currículos espaços para abordagem dos problemas que estão enfrentando os adolescentes dessa geração e de que forma suas emoções estão se apresentando”.
GOVERNO DE EXTREMA-DIREITA ESTIMULOU DESCONFIANÇA CONTRA PROFESSORES
Para as entidades sindicais, a tragédia de São Paulo guarda estreita relação com o discurso de ódio fomentado no governo Bolsonaro. “Quando você estimula que se grave seu professor, ou que denuncie seu professor porque está falando isso ou aquilo, você está estimulando uma relação de desconfiança e de controle do aluno sobre o professor. Não é mais sobre alguém que está ali para educá-lo”, avalia a professora Duda Quiroga, coordenadora-geral do SEPE (Sindicato dos Profissionais da Educação do Estado do Rio). “Quando o controle não acontece e o jovem não aprendeu a lidar com frustrações, a tendência é eclodir este tipo de situação (de conflito)”, completa.
A dirigente cobra a necessidade de ampliação do vínculo entre alunos e escolas com a oferta de atividades culturais no contraturno. “Nós precisamos de outras políticas públicas para que esses jovens não fiquem só na aula e nos períodos de pátio, naqueles 30 minutos de recreio”. A demanda exige investimento das autoridades. “Precisa de mobilidade urbana, para que você possa levar um estudante de uma ponta da cidade a outra para ir ao museu”, exemplifica.
Nas escolas privadas, a sensação não é diferente. “Esse governo fascista que nós tivemos do Bolsonaro estimulou que as pessoas se armassem para poder resolver os seus problemas de relação com o outro”, afirma o professor Elson Paiva, presidente do Sinpro-Rio, Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro e Região.
Elson também contestou a proposta do governador paulista Tarcísio de Freitas de colocar policiais armados dentro das escolas. “Como é que vai resolver o problema da violência com mais violência?”, questiona.
Neste cenário de violência crescente, Elson classifica a docência como uma profissão de risco. “Nós da educação e da área da saúde, e os profissionais da segurança, somos os que estamos mais na linha de frente. Estamos muito mais expostos do que do que outras categorias de trabalhadores”, alerta.
Coordenador-geral do Sinasefe (Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica), o professor David Lobão concorda que os ataques podem ser relacionados com a ação destruidora do governo Bolsonaro. “Você tinha um governo neofascista que não valorizava a educação”, critica.
As consequências do desprezo pela educação ainda se refletem em conflito nas salas de aula, mesmo após o fim daquele governo. “Aqui no Instituto Federal onde eu trabalho, na Paraíba, uma professora foi chamar a atenção de um aluno e agora está afastada, porque o estudante se achou no direito de ameaçá-la”, afirma.
Apesar dos obstáculos, Lobão não se rende. “Meu amigo Paulo Freire dizia que a educação não muda o mundo. A educação muda as pessoas e as pessoas mudam o mundo”.
O presidente Lula visitou o Museu Nacional nesta quinta-feira (23) e prometeu repassar os recursos para a finalização das obras da instituição, consumida por um incêndio de grandes proporções em 2018. São necessários R$ 180 milhões para dar andamento à recuperação do acervo — 85% do acervo de 20 milhões de itens foram perdidos — e do prédio histórico da Quinta da Boa Vista. O presidente quer entregar a obra finalizada antes do fim do mandato. O modelo do investimento já foi definido. Parte dos recursos será captada pelo BNDES, via Lei Rouanet, e o valor restante será repassado pelo MEC.
O reitor da UFRJ, professor Carlos Frederico Leão Rocha, acompanhou Lula durante a visita e comemorou o repasse dos recursos. “O incêndio ocorreu há cinco anos e foi a maior tragédia da história da UFRJ”, afirmou o reitor. “Devemos aos cariocas e ao Brasil a recuperação do Museu Nacional”.
Lula encarregou o presidente do BNDES, Aloísio Mercadante, de captar os recursos junto à iniciativa privada. Ainda na tarde de hoje, o reitor conversou longamente com Mercadante e saiu otimista do encontro.“Mercadante prometeu se empenhar para inserção dos recursos privados”, explicou o professor.
Participaram do encontro também a ex-reitora da UFRJ, professora Denise Pires de Carvalho, hoje secretária de Educação Superior (SeSU) do MEC, a ministra de Gestão e Inovação em Serviços Públicos, e professora da UFRJ, Esther Dweck, o ministro da Educação, Camilo Santana, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, a ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, além da primeira-dama Janja.
“E ainda combinei com a Janja uma visita ao premiado projeto Tem Menina no Circuito, do Instituto de Física”, comemorou o reitor.
Ex-reitora e atual SeSU, a professora Denise Pires de Carvalho agradeceu emocionada ao presidente. "Foram três anos de muito descaso. Conseguimos chegar até aqui com muita luta e determinação. A primeira instituição científica do país está entre as melhores do mundo em suas áreas do conhecimento. O Presidente Lula e o Ministro Camilo Santana estão comprometidos com a sua reconstrução e devolução para a sociedade", declarou.
Duas chapas disputam a reitoria da UFRJ. Quem vencer, comandará a universidade pelos próximos quatro anos. Entre os principais desafios, o novo reitor precisará lidar com um orçamento ainda deficitário, com infraestrutura periclitante e com políticas de permanência insuficientes para as necessidades dos estudantes. Por outro lado, a conjuntura nacional dará ao escolhido oportunidades de ampliar políticas de acesso e permanência, aumentar o orçamento da instituição e conseguir novos projetos para o ensino, pesquisa, extensão e assistência em saúde.
O professor Roberto Medronho, titular da Faculdade de Medicina, foi o primeiro a se inscrever, na manhã do dia 21, acompanhado da vice-reitora de sua chapa, a professora Cássia Turci, titular do Instituto de Química. Reconhecido epidemiologista brasileiro, ele foi um dos principais nomes do país no combate à pandemia de covid-19.
A Chapa 10 “UFRJ para todos: Autonomia, Inclusão e Inovação” representa o campo político da atual reitoria da universidade. “Queremos uma universidade autônoma, de qualidade, gratuita”, declarou o professor Roberto Medronho no momento da inscrição. “Hoje é um dia muito importante de combate ao racismo, é muito simbólico para nós. Nossa chapa é absolutamente comprometida com a luta antirracista”, declarou o candidato a reitor.
A professora Cássia Turci completou: “Queremos uma UFRJ melhor, mais inclusiva. O nome ‘UFRJ para todos’ tem um significado muito importante para nós. Queremos incluir todos os segmentos da universidade: nossos estudantes, técnicos, professores e também nossos terceirizados”.
A chapa foi acompanhada de apoiadores até o auditório do CCMN onde ocorreram as inscrições. Entre eles, integrantes da APG UFRJ e decanos do CT, CCMN e CCS, professores Walter Suemitsu, Cabral Melo Lima e Luiz Eurico Nasciutti.
Às 14h, foi a vez de apoiadores da Chapa 20 “Redesenhando a UFRJ: Democracia, Autonomia e Diversidade”, aguardarem os professores Vantuil Pereira, associado do NEPP-DH, candidato a reitor, e a professora Katya Gualter, associada da Escola de Educação Física e Desportos, candidata a vice-reitora. O grupo, de oposição à atual gestão da UFRJ, realizou um ato em frente ao CCMN em referência à data, já que 21 de março foi o Dia Internacional contra a Discriminação Racial. De braços dados, docentes, estutantes e técnicos entoaram cânticos do movimento negro enquanto se dirigiam ao local da inscrição.
Entre os apoiadores, estavam integrantes do DCE Mario Prata, do Coletivo de Docentes Negros e Negras e o decano do CFCH, professor Paulo César Castro.
“É um momento muito importante para nós, comunidade universitária, coletivos negros, corpos historicamente desmembrados”, disse a professora Katya Gualter.
O professor Vantuil Pereira complementou: “Hoje começa uma nova história na UFRJ. Esta é uma chapa que pela primeira vez reúne dois docentes pretos”, assinalou o candidato a reitor. “Que possamos terminar essa campanha com o sentimento do dever cumprido”.
O primeiro debate entre as chapas acontece no dia 5 de abril, no auditório Roxinho, do CCMN. As eleições serão realizadas nos dias 25, 26 e 27 de abril. A apuração dos votos é no dia 28.
ENTREVISTA I CHAPA 10 “UFRJ PARA TODOS: AUTONOMIA, INCLUSÃO E INOVAÇÃO”
Jornal da Adufrj -Por que decidiram se candidatar aos cargos?
Roberto Medronho - Os últimos anos foram terríveis. Tivemos um governo que foi contrário à ciência e às universidades. Durante a pandemia, eu tive a honra de presidir o GT Coronavírus e a professora Cássia teve uma atuação excepcional. Graças a ela não faltou álcool nos nossos hospitais e para a nossa UFRJ. Reconhecendo agora a nova situação, em que o governo federal está atento às universidades, nós nos sentimos preparados, com nossa larga experiência em gestão, para que a universidade possa contribuir com a reconstrução do país e com o enfrentamento vigoroso das desigualdades sociais e de qualquer forma de discriminação. Temos o compromisso de devolver à sociedade o que ela investiu em nossa formação e na nossa universidade.
Jornal da Adufrj - Quais os principais desafios?
Medronho - A permanência dos alunos que chegam pelas cotas é um deles. É fundamental que a gente tenha um aprimoramento ainda maior da assistência estudantil. Mas assistência estudantil não é só bolsa. É acolhimento. Queremos formar todos os alunos, mas os cotistas são fundamentais porque vão transformar a vida da comunidade de onde vieram. Na área da pesquisa, precisamos de incentivo e troca entre todos os programas, com atuação multidisciplinar. Também queremos que os programas de conceitos 6 e 7 consigam fazer intercâmbios com outros programas que precisam aumentar sua avaliação na Capes. Precisamos também aumentar nossas ações na extensão. Muitos dos conhecimentos produzidos aqui demoram até serem incorporados na sociedade. Sobre os hospitais, precisamos repor o número de pessoal. Daremos atenção especial aos nossos HUs. Nossa missão é atuar no SUS, mas também nos preocupamos com a saúde dos trabalhadores. Temos propostas para atuação sobretudo na área de saúde mental dos servidores.
Jornal da Adufrj - E os objetivos?
Cássia Turci - O nome da nossa chapa resume o que queremos: uma universidade para todos. Nosso objetivo final é ter uma formação forte e sólida dos nossos estudantes e isso se faz também trabalhando a empatia. Temos estudantes de todos os estados. A infraestrutura precisa corresponder às expectativas desses alunos que muitas vezes não têm como se manter no Rio de Janeiro. A gente precisa ampliar o atendimento psicológico e criar disciplinas que desenvolvam habilidades emocionais nos alunos.
ENTREVISTA I CHAPA 20 “REDESENHANDO A UFRJ: DEMOCRACIA, AUTONOMIA E DIVERSIDADE”
Jornal da Adufrj - Por que decidiram se candidatar aos cargos?
Vantuil Pereira - A gente entende que há a necessidade de se voltar para alguns aspectos internos que é a democratização dos conselhos superiores, para garantir um diálogo maior com os estudantes, com os técnicos, para ter um novo tipo de diálogo com os docentes. Queremos buscar uma política de interiorização mais profunda com Macaé e Caxias e garantir a autonomia universitária, no sentido de ter uma instituição menos aberta à privatizações, garantir que a universidade seja o espaço da crítica, da reflexão. A diversidade expressa a necessidade de garantir a inclusão de amplos setores que ainda não participam de políticas públicas de cotas, como quilombolas e pessoas trans, além de fortalecer a presença de segmentos que já estão na universidade.
Jornal da Adufrj - Quais os principais desafios?
Vantuil Pereira - O primeiro é retomar o lugar da UFRJ na agenda nacional, com uma perspectiva de soberania e de contribuir com o debate nacional. Cito, por exemplo, a questão dos ianomâmis. Nós poderíamos ter contribuído, oferecido os nossos serviços. A universidade tem um campo da saúde muito forte, tem a antropologia, que pensa criticamente esses espaços. Mas também em meio ambiente, cidades, tecnologia. A gente tem muito a contribuir com a reconstrução do Brasil, não só no campo da educação. E no cenário interno, voltar a cuidar da infraestrutura da instituição, que foi muito destruída, voltar a cuidar de estudantes, técnicos, docentes e terceirizados. Nosso grande desafio é ao final dos quatro anos trazer um novo modelo de gestão democrático, participativo. Queremos que os aspectos da saúde, da tecnologia, da inovação se voltem para as amplas parcelas da população e, para isso, a universidade precisa se encher de povo. Essa é a nossa referência de que universidade queremos construir.
Jornal da Adufrj - E os objetivos?
Katya Gualter - Se a gente fala que precisa horizontalizar a participação dos diferentes segmentos – e a gente pensa em como inserir os terceirizados nessa discussão – a gente precisa reunir esses corpos diversos para efetivamente criar políticas. Não adianta falar da diversidade e se fechar para a escuta. É preciso dar protagonismo a esses corpos diversos que, inclusive, pensam diferente de nós. Nossa gestão será dialógica, de forma que todo processo seja o mais participativo e amplo possível.