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Foto: Kelvin MeloO prédio do IFCS-IH, no Largo de São Francisco, recebe uma manifestação em defesa da soberania nacional nesta quinta-feira, 4, a partir de 13h30. Atos semelhantes estão sendo realizados por todo o país, como no Clube de Engenharia, no dia 1º. A atividade na UFRJ integra um movimento que conta com a participação de mais de 250 entidades. Entre elas, a Academia Brasileira de Ciências, a Associação Brasileira de Imprensa, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, a União Nacional dos Estudantes e a AdUFRJ.
“O momento histórico é de enorme gravidade, pois está em causa a defesa da Constituição Brasileira e das instituições que têm por finalidade defendê-la e obedecê-la”, afirma o diretor do IFCS, professor Fernando Santoro.
“A soberania está intimamente ligada à capacidade de um povo de estabelecer as leis pelas quais se rege como sociedade autônoma e independente. Como diz Heráclito, é mais importante defender as leis do que os muros da cidade”, completa, em referência ao filósofo grego pré-socrático.
Dois debates acontecem no Salão Nobre do prédio, com a participação de pesquisadores, parlamentares e jornalistas. A primeira mesa discute as privatizações no Brasil nos últimos 30 anos. O debate é essencial para o diagnóstico da situação do país e para a elaboração de uma agenda de retomada do desenvolvimento econômico, segundo o professor Luiz Carlos Delorme Prado, do Instituto de Economia da UFRJ e um dos palestrantes convidados.
“A atuação das empresas industriais brasileiras foi muito reduzida. O que se coloca é a necessidade de uma agenda de desenvolvimento do país que passa pela recuperação de segmentos que desapareceram com a desindustrialização ou foram privatizados. Se não for possível retomar essas empresas, que sejam criadas novas empresas públicas para disputar o mercado”, diz. “A China mostra que é altamente eficiente, em vez de ter uma grande empresa doméstica, ter duas ou três concorrendo no mesmo setor”.
A globalização foi abandonada pelo seu principal promotor, os EUA. O mundo agora é mais nacionalista do que nunca, segundo Prado. “Como ficou claro com a agenda americana, com a resposta chinesa e a submissão europeia. Quem não consegue ter uma agenda nacional forte entra em alguma área de influência e tem seu futuro comprometido”, afirma.
Já a segunda mesa do evento terá como um dos temas o papel dos meios de comunicação durante a crise atual.
Um dos palestrantes, o professor Francisco Teixeira, Titular do Instituto de História da UFRJ, critica o que chama de “extrema fulanização” no debate público. “Considerar a política externa dos Estados Unidos como capturada pela dobradinha Eduardo Bolsonaro-Paulo Figueiredo é desconhecer as dimensões variadas e profundas da política externa de uma superpotência capitalista”, afirma.
Para o docente, enquanto discute a atuação dos Bolsonaros, a imprensa e autoridades brasileiras perdem a oportunidade de falar ao grande público sobre os interesses econômicos americanos que se chocam com os interesses brasileiros: a construção e viabilização dos BRICs+, a atuação protagonista do Brasil nas relações internacionais marcada pelo multilateralismo e a concorrência brasileira em setores chave da economia americana.
“O caráter brutal do imperialismo e de seu ‘imperador’ Donald Trump estão relegados a um segundo posto”, lamenta Teixeira. “É necessário um grande esforço de união latino-americana contra essa ameaça maior. Já Eduardo Bolsonaro não passa de uma menção de pé de página na História”, conclui.
Debate na Escola de Serviço Social - Foto: Fernando SouzaFalta pouco. Na próxima semana, nos dias 10 e 11 de setembro, os professores da UFRJ vão eleger a próxima diretoria da AdUFRJ. A campanha está na reta final com cartazes espalhados pelos campi, em reuniões entre docentes e debates. Na próxima quarta-feira, 3 de setembro, será realizado o segundo debate entre os dois grupos. Será às 11h, no Auditório da Escola de Química, no Bloco E do Centro de Tecnologia.
As regras do debate obedecerão às mesmas do primeiro encontro, ocorrido na quarta passada, na Praia Vermelha. Serão dois blocos. No primeiro, as chapas farão uma apresentação de cinco minutos. Depois, duas perguntas da plateia serão sorteadas para serem respondidas pelas duas chapas. A seguir, cada chapa elabora uma pergunta para a concorrente responder. O segundo bloco repete a dinâmica do primeiro, com considerações finais de cinco minutos de cada uma das chapas.
QUEM PODE VOTAR
São eleitores todos os professores em dia com suas contribuições sindicais e filiados à AdUFRJ até 12 de julho.
Professores aposentados poderão votar em separado em qualquer uma das 22 urnas espalhadas pelos campi do Rio, Caxias e Macaé. Já os professores da ativa devem procurar, preferencialmente, a seção eleitoral correspondente à sua unidade. Na próxima edição, publicaremos todos os locais e horários de votação.
PRIMEIRO DEBATE
O primeiro debate entre as chapas aconteceu na noite de 27 de agosto, na Escola de Serviço Social. A Chapa 1, de situação, foi representada pela professora Ligia Bahia (IESC), candidata a presidente, e pelo professor Pedro Lagerblad (IBqM), candidato a 1º secretário. A Chapa 2, de oposição, foi representada pela professora Renata Flores (CAp), candidata a presidente, e pelo professor Paulo Pachá (IH), candidato a 1º vice-presidente.
Temas como democracia, greve, participação e concepção do movimento sindical, voto e modelos de assembleia foram alguns dos destaques do debate. No confronto, foi possível perceber diferenças entre os grupos sobretudo no que diz respeito às formas de luta e mobilização, de atuação na vida sindical e de inserção na política do país.
Cerca de 50 professores acompanharam o debate na plateia. Quatro foram sorteados para fazer perguntas às chapas. Outras 71 pessoas assistiram à transmissão ao vivo. A gravação, que pode ser vista na íntegra no canal da AdUFRJ no Youtube, acumula mais de 300 visualizações.
O debate foi mediado pelo professor Luiz Eurico Nasciutti, presidente da Comissão Eleitoral e decano do Centro de Ciências da Saúde. “Eu agradeço muito às chapas pelo debate de hoje, mas especialmente pelas duas professoras que se dispuseram a concorrer à presidência do sindicato”, destacou.
“A UFRJ só tem a ganhar com esta eleição, qualquer que seja a vitória”, afirmou o docente. “Precisamos trabalhar para que a participação seja expressiva, pelo menos da maioria dos nossos colegas. Vamos insistir para que nossos colegas venham votar. É muito importante o voto de cada um”, convocou Nasciutti.
Pela primeira vez no Brasil, o golpismo militar está no banco dos réus. O professor Francisco Carlos Teixeira avalia, em artigo exclusivo para o Jornal da AdUFRJ, as raízes do fenômeno que, desde a Proclamação da República, produziu tantas mortes e feridas ainda abertas. O docente, Titular do Instituto de História, considera que o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados no Supremo Tribunal Federal poderá finalmente encerrar um ciclo de impunidade.
“Dos 37 indiciados no processo, 25 são militares da ativa e da reserva. Entre eles, seis generais — um da ativa. Este é o dado fundamental. A forma como o Supremo Tribunal Federal está julgando, através do fatiamento em núcleos, às vezes encobre essa presença maciça (67%) dos militares na participação da tentativa de golpe”, afirmou Teixeira à Comunicação da AdUFRJ. “Lembrando que esses militares tinham cargos fundamentais na República, inclusive com juramento de defesa da Constituição”.
Confira a seguir, a íntegra do artigo.
Francisco Carlos Teixeira da Silva
Professor Titular do Instituto de História
Poucas vezes a História do Tempo Presente, e seus historiadores, foram tão desafiados no seu ofício. Trata-se da análise e do registro “à quente” de um processo que se autoalimenta – tanto o golpismo, dito “continuado”, quanto as medidas de defesa da ordem constitucional – e se desdobraram no nosso quotidiano. Ao golpismo, impenitente, se soma outro fenômeno histórico de raízes históricas tão profundas quanto o golpismo militar na América Latina: a intervenção estrangeira, a invasão da soberania nacional e as ameaças de violências físicas e institucionais de uma grande potência sobre o continente. Os dois fenômenos, golpismo e Imperialismo, se iluminam mutuamente, num quadro internacional em que movimentos de Extrema-Direita se apossaram do poder, num avanço inédito de formas fascistizantes de governo depois de 1945.
Nunca na História da República brasileira assistimos ao golpismo militar e ao chamado “Imperialismo”, mais uma vez aliados, serem levados de forma autônoma e livre ao banco dos réus. Sim, em verdade, o julgamento é duplo: a condenação ao golpismo será, também, a condenação aos seus aliados nacionais e internacionais.
É nesse sentido que se exige um esforço teórico e metodológico da História do Tempo Presente: trata-se de analisar o que no presente possui suas raízes num passado imediato, e mediado, ainda não encerrado como processo histórico, vindo ao menos da Proclamação da República, em 1889, e dos diversos golpes, pronunciamentos ilegais, ataques e tomadas do poder legitimo pelos militares.
Mesmo a nova “transição” democrática, pós 1964, foi capenga: entre 1980-1985 bombas – logo após o Decreto da Anistia, de 1979 -, sequestros, invasões marcaram a violência – hoje apagada na História – da transição democrática brasileira. E, como em 1945-1946, a transição de 1979-1988 – a mais longa transição da História de qualquer República moderna, não se deram punições, exposições ou afastamento daqueles diretamente envolvidos com as torturas, sequestro e mortes e, claro, com as ofensas inconstitucionais contra a República. A impunidade dos anos de 1920 e 1930 e a ausência de uma transição democrática em 1945 informam e alimentam o golpe de 1964, e a impunidade de 1980- 1985 alimentaram, por sua vez, as expectativas que corroem a Nova República, anunciada por Tancredo Neves em 1985. Nenhum dos poderosos de 1964-1985, nenhum dos autores da violência “bombista” de 1980-1985, incluindo o episodio do RioCentro em 1981 e mais de 40 outros atentados à bomba, com vítimas, contra símbolos da luta pela democratização do Brasil, foram punidos.
Ou seja, a impunidade de 1945 alimenta o golpe de 1964 e a inexistência de Justiça reparadora em 1980-1988, decorrente da autoanistia do regime em 1979, alimentou, e permitiu, a corrosão da República, com o apagamento dos crimes contra a Humanidade e os Direitos Humanos e a revisão da natureza brutal da ditadura de 1964, tornando-se a própria “névoa da História” – do tipo, “- O erro foi matar pouco!” ou “Não houve ditadura!” ou, ainda, o odioso “-Mataram-se mutuamente!” e mesmo o elogio público, no Parlamento, de torturadores, versões de uma História prostituída produzida pelos setores mais reacionários e violentos dos porões e repetido pelo próprio, então, Presidente da República entre 2019 e 2022.
Esses são os enlaces que constroem a estrutura da História do Tempo Presente: 1937, 1945, 1954, 1961, 1964, 1980-1985, 2016 e finalmente 2019-2023.
Aí estão os enlaces que fazem da longa História da República no Brasil numa História do Tempo Presente, uma História de feridas abertas.
Em suma, a impunidade é o berço do vício e do eterno retorno da República à tutela militar. Hoje temos a oportunidade inédita de romper com a repetição viciosa da História: dos 37 indivíduos, todos em altos cargos da República, que começam a prestar contas por sua atuação golpista, 25 são militares da Ativa e da Reserva. Ou seja, são seis (06) generais, a maioria em cargos ministeriais e de alta responsabilidade no próprio Palácio do Planalto; um (01) almirante, então Comandante da Marinha, e, portanto, do poderoso Corpo de Fuzileiros Navais; oito (08) coronéis, com cargos e comandos; seis (06) tenentes-coronéis, incluindo o Ten.-Cel. Mauro Cid; um (01) capitão, o próprio Presidente da República e um (01) Subtenente, além de policiais federais, funcionários da Abin e da PRF. Ou seja, mais de 67% de todo o pessoal conspirador era de origens, função e de cargos militares.
O que desejavam? No imediato, conforme os planos de ação confiscados – “Plano Copa”, “Plano Punhal Verde-Amarelo” – tratava-se de um brutal magnificídio – do Presidente da República eleito, do seu Vice e do, então, Presidente do STF, além da prisão de outros dois ministros do STF. Para a maioria dos democratas já se organizavam os campos de internação/concentração, visando calar toda oposição.
A “doutrina” da Tutela Militar, ameaçava a História do Tempo Presente, pela sistemática impunidade, a reforçar os enlaces e conexões com os anos de 1930 e 1940 e repetir os processos históricos fascistizantes em avanço em todo o mundo.
Professor Luiz Eurico Nasciutti (centro) conduz o debate com os professores Paulo Pachá, Renata Flores, Ligia Bahia e Pedro Lagerblad - Foto: Fernando SouzaO primeiro debate entre as chapas que concorrem à direção da AdUFRJ aconteceu na noite de 27 de agosto, na Escola de Serviço Social. A Chapa 1, de situação, foi representada pela professora Ligia Bahia (IESC), candidata a presidente, e pelo professor Pedro Lagerblad (IBqM), candidato a 1º secretário. A Chapa 2, de oposição, foi representada pela professora Renata Flores (CAp), candidata a presidente, e pelo professor Paulo Pachá (IH), candidato a 1º vice-presidente.
Tiveram destaque no debate temas como democracia, greve, participação e concepção do movimento sindical, voto e modelos de assembleia. No confronto, foi possível perceber diferenças entre os dois grupos sobretudo no que diz respeito às formas de luta e mobilização, de atuação na vida sindical e de inserção na política do país.
Cerca de 50 professores acompanharam o debate na plateia. Quatro foram sorteados para fazer perguntas às chapas. Outras 71 pessoas assistiram à transmissão ao vivo. A gravação, que pode ser vista na íntegra no canal da AdUFRJ no Youtube, acumula mais de 250 visualizações.
O debate foi mediado pelo professor Luiz Eurico Nasciutti, presidente da Comissão Eleitoral e decano do Centro de Ciências da Saúde. "Eu agradeço muito às chapas pelo debate de hoje, mas especialmente pelas duas professoras que se dispuseram a concorrer à presidência do sindicato", destacou. "A UFRJ só tem a ganhar com esta eleição, qualquer que seja a vitória", afirmou o docente. "Precisamos trabalhar para que a participação seja expressiva, pelo menos da maioria dos nossos colegas. Vamos insistir para que nossos colegas venham votar. É muito importante o voto de cada um", convocou Nasciutti.
PRÓXIMO DEBATE
Na próxima quarta-feira, 3 de setembro, será realizado o segundo debate entre os grupos. Será às 11h, no Auditório da Escola de Química, no Bloco E do Centro de Tecnologia.
As regras do debate obedecerão às mesmas do primeiro encontro. Serão dois blocos. No primeiro, as chapas farão uma apresentação de cinco minutos. Depois, duas perguntas da plateia serão sorteadas para serem respondidas pelas duas chapas. A seguir, cada chapa elabora uma pergunta para a concorrente responder. O segundo bloco repete a dinâmica do primeiro, com considerações finais de cinco minutos de cada uma das chapas.
As eleições estão marcadas para os dias 10 e 11 de setembro. Haverá urnas em todos os campi. Não deixe de participar e ajudar a decidir o futuro da AdUFRJ.