“Assumimos em maio e, de lá para cá, tem sido mais que uma aventura, tem sido muito recompensador o esforço. É uma situação que tem tudo, absolutamente tudo, para dar certo”, afirmou o presidente da Ebserh, Arthur Chioro, diante de um lotado auditório no oitavo andar do hospital, em 23 de setembro.
O dirigente apontou a chegada de novos funcionários como a mudança mais perceptível no cotidiano das três unidades. “Neste momento, nós já temos 424 novos profissionais trabalhando. Isso faz a diferença. É o que tem permitido abrir novos leitos, novos serviços, substituir companheiros que tinham vínculo extremamente precário”, disse, em referência aos extraquadros — profissionais que não tinham nenhum direito trabalhista.
“Até o final do primeiro ano, em abril do ano que vem, teremos 764 novos profissionais convocados pela Ebserh para trabalhar aqui no Complexo Hospitalar. A ideia é chegar a 1.243, somando-se aos RJU (servidores em regime estatutário)”, completou Chioro.
O aumento inicial do quadro de pessoal já permitiu a abertura de 44 leitos: de 331, em maio, para 375, em setembro. Destes, 14 dedicados a cirurgias e dois para recuperação anestésica. Houve, ainda, a aquisição de um novo equipamento para cirurgia de catarata. “Outra coisa importante é o crescimento da produção cirúrgica. Esta é uma necessidade que vem sendo apontada pela secretaria municipal, pela secretaria estadual, pelo sistema de saúde do Rio de Janeiro. E isso é fundamental para formar nossos profissionais de saúde. Não tem residente médico, não tem residente multiprofissional que se forme sem colocar a mão na massa”, observou o presidente da Ebserh.
A Ebserh quer residentes colocando a mão na massa em condições adequadas. Já foram gastos R$ 18 milhões em melhorias na infraestrutura, compra de medicamentos e materiais hospitalares, além de equipamentos e mobiliários. O resultado do investimento aparece, por exemplo, no aumento dos exames de imagens. “Tivemos uma ampliação de quase 70% de ultrassonografias e de 25% dos exames de tomografia. Isso porque foram equipamentos recentemente adquiridos. Ou seja, teremos impactos muito significativos nos próximos meses”.
A empresa também começou a renovar o parque tecnológico dos hospitais. Serão 760 novos computadores. “Conseguimos entregar 170 e os demais chegarão agora em outubro. Só estes 170 tiveram o custo de R$ 258 mil”, acrescentou.
No caso específico do Clementino Fraga Filho, o maior hospital da UFRJ, um “gargalo” evidente de infraestrutura são os precários elevadores. São 16 e apenas cinco estão funcionando. Dos 11 inoperantes, quatro serão recuperados a partir de um edital que será lançado em breve. “Em um hospital tão verticalizado como esse, o elevador se constitui num ponto de estrangulamento, de estorvo na vida dos pacientes, familiares e, principalmente, dos trabalhadores. Esse é um compromisso: da renovação de toda essa estrutura de elevadores, porque ela é decisiva”, afirmou Chioro.
Para realização de novas melhorias na infraestrutura do Complexo Hospitalar da UFRJ, a Ebserh aposta na contratação de um escritório de projetos. A licitação também está para sair. “Por que ele é tão importante? Porque toda a recuperação predial programada, inclusive com uso de recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), depende da capacidade de nós termos os projetos que possam orientar os processos licitatórios, para a gente iniciar a contratação de obras”.
O dirigente assegurou também o abastecimento de suprimentos. “Eventualmente, pode até faltar um ou outro produto por problema de produção. Mas por problema de contrato, de logística, isso nunca acontecerá”, disse. “E, se acontecer, nós temos a vantagem de ser uma rede, que permite a transferência de equipamentos, de materiais de consumo, para que nenhum dos nossos hospitais seja obrigado a cancelar cirurgias”.
“Nós temos o sonho de que este hospital possa ser a ponta de lança da rede da Ebserh. A UFRJ tem todas as condições, superadas essas dificuldades materiais , de ocupar um espaço privilegiadíssimo de prestação de serviços, inclusive para outras universidades”, concluiu Chioro.
ESPERANÇA
Com os investimentos e a ampliação dos leitos do Complexo, o reitor Roberto Medronho alimenta a expectativa de um campo de prática adequado para os profissionais da área da Saúde. O docente lembrou seu tempo de internato, em 1982. “Quando fui aluno aqui, eram 400, 430 leitos. Um espetáculo. Um interno tinha seis leitos para passar visita. Aprendíamos muito, na prática, fazendo procedimento”. Uma situação que piorou muito, anos depois. O reitor citou o internato da filha, em 2019. “Minha filha estudou aqui também. Ela passou a ter, no internato, seis alunos para um leito. Inverteu!”, lamentou.
A involução do número de leitos ao longo de tantos anos, segundo o dirigente, pode ter sido fatal para centenas de pessoas. “Para onde iam os pacientes quando chegamos a ter 67 leitos em um determinado momento e depois ficamos oscilando entre 100, 120 e 200?”, questionou. “A minha hipótese é que a maioria pereceu. Só que nós não vimos. Os mais vulneráveis. Não tiveram a chance que estão tendo e terão cada vez mais os pacientes do SUS”, disse.
Pacientes do SUS que poderão se beneficiar de novas tecnologias. “Já estou cobrando do pessoal a cirurgia robótica. Não estou prometendo, mas estou cobrando. Aqui entravam as inovações da área da Saúde. Vinham para cá. E há muitos anos não vêm mais”. O reitor comemorou os primeiros cem dias da Ebserh: “Estamos vivendo um momento histórico”.
Nem todos estavam tão esperançosos com os 100 primeiros dias da Ebserh à frente do Complexo Hospitalar da UFRJ. À entrada do auditório, representantes do Sintufrj distribuíram um informativo crítico à empresa. “Temos contrariedade ao modelo de gestão Ebserh. Somos a favor da gestão autárquica, sedimentada na autonomia universitária, e com trabalhadores em Regime Jurídico Único”, disse à reportagem o coordenador Esteban Crescente.
A oposição não significa,de modo algum, um conflito contra os novos colegas de trabalho contratados pelo regime celetista.”Estamos dando as boas-vindas aos trabalhadores da Ebserh. Somos um sindicato e não podemos nos opor a trabalhadores que estão aqui de maneira honesta, fizeram concurso, se dispondo a fazer um trabalho para a população”.
Por outro lado, o sindicato lamentou o desligamento dos funcionários extraquadros. “Alguns trabalharam na universidade por 20 anos e agora estamos perdendo essas pessoas”. E, além dos que saíram, há problemas com a gestão da força de trabalho própria da universidade. “Têm ocorrido mudanças bruscas de maneira informal nas unidades hospitalares, sem diálogo com os trabalhadores, sem reunião”.
O Sintufrj ainda questiona como será a próxima eleição dos diretores dos hospitais geridos pela Ebserh — agora chamados de superintendentes executivos. O crivo da comunidade aos gestores das unidades é uma questão cara ao Sintufrj. “Isso, por enquanto, não está dado”.
Superintendente Geral do Complexo Hospitalar da UFRJ e ex-diretor do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (1997 a 2005), o professor Amâncio Paulino de Carvalho respondeu a alguns questionamentos sofridos pela empresa nestes primeiros meses de implantação.
Com a Ebserh, a comunidade não vai mais eleger os gestores?
Os cargos eletivos são os de diretores de hospital que passaram a ser superintendentes executivos e tiveram seus mandatos respeitados. Vão cumprir integralmente seus mandatos. A definição de como será a escolha depois, inclusive do superintendente geral, é da universidade. A Ebserh quer saber o indicado. Como o reitor chegou a esse nome não é problema da Ebserh.
Os novos contratados representam um acréscimo à força de trabalho? Há quem diga que só está havendo a substituição dos extraquadros.
Em agosto do ano passado, na época do termo de compromisso, havia 780 extraquadros. Para uma programação de crescimento do hospital, foi estabelecido que a gente receberia contratos de 1.243 pessoas: a substituição dos extraquadros e mais 460 contratados, aproximadamente, para ampliar o Complexo. Nesta primeira leva, a prioridade foi abrir novas áreas. Entraram 424 pessoas e apenas 157 extraquadros foram desligados.
Como fica a situação das demais unidades de saúde que não aderiram à empresa?
O Instituto de Psiquiatria, que é um hospital de ensino certificado pelo MEC e pelo Ministério da Saúde, não entrou porque não quis entrar. E a Ebserh, que não tem experiência prévia com hospital psiquiátrico, também achou que não era o momento adequado para fazer isso, sem um estudo. Os demais já não são hospitais há muito tempo. Não são certificados. Mas sempre há uma possibilidade de integração ao Complexo. Isso depende das negociações a serem estabelecidas. Não tenho como antecipar.
Não está havendo nenhum problema na rotina dos hospitais?
Havia um organograma, que deixou de existir, e passou vigorar um organograma da Ebserh, que é diferente. Nesse processo de transição, há uma certa confusão, mas que será dirimida em mais dois ou três meses.
Ex-ministro da Saúde entre 2014 e 2015 e presidente da Ebserh desde 28 de fevereiro do ano passado, Arthur Chioro falou à reportagem sobre a possibilidade de concursos direcionados para os hospitais da UFRJ e suas expectativas sobre o Complexo da universidade, após a apresentação realizada no Clementino Fraga Filho.
Haverá concurso localizado para o Complexo Hospitalar da UFRJ?
É uma tendência. Se não tiver um nacional, tenho que fazer um local. O que não podemos é ficar sem a capacidade de chamar. Mesmo os trabalhadores que já estão com a gente podem pedir demissão. Preciso ter capacidade de reposição. Não estou falando de uma única profissão. Não são só médicos. E queremos fazer concursos mais curtos para poder ter maior taxa de adesão. O concurso anterior da Ebserh durou quatro anos. Quando você chamava alguém no último ano, a pessoa já estava em outro emprego.
Como está o acompanhamento da situação da UFRJ, nesta fase de transição?
Toda sexta-feira, nós fazemos um ponto de controle. Uma reunião online entre a sede com a equipe aqui. O meu vice-presidente, Daniel Beltrammi, vem de quinze em quinze dias, neste primeiro momento. Nós temos experiência suficiente, planejamento bem feito e recursos para garantir que toda essa estratégia caminhe muito bem.
A sala 1 da Estação NET de Botafogo ficou pequena para tanta gente. Mais de 250 pessoas assistiram à sessão que celebrou os 25 anos do filme “Notícias de uma guerra particular”, de João Moreira Salles e Kátia Lund, em evento organizado pela Universidade da Cidadania (UC), na terça-feira (dia 1º). O órgão é vinculado ao Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ.
Era a estreia do “Cine Cidadania”. O público teve a oportunidade de ver — e, no caso de muitos, rever — o documentário que retrata o cotidiano dos traficantes e moradores da favela Santa Marta no fim dos anos 1990. Em seguida, houve um debate com o cineasta João Moreira Salles, o antropólogo e cientista político Luiz Eduardo Soares e Itamar Silva, líder comunitário local e um dos entrevistados do filme.
Salles revelou que não assistia ao filme há pelo menos 15 anos. O diretor e produtor de cinema falou sobre sua relação com o gênero documentário. “Me interesso muito pela natureza do documento. Os arquivos são vivos. Dizem algo no momento e outra coisa diferente, quando o tempo passa”.
Para o cineasta, o filme confirma a premissa. “‘Notícias’ nasceu como um documento contemporâneo do Rio de Janeiro da década de 1990, se tornou um documento histórico, voltou a ser atual e, agora, voltou a ser um documento sobre o passado”.
A relação entre o crime organizado e a política foi o ponto central da mudança. “No filme, o crime não se mistura ao Estado. Hoje, o crime tem seus candidatos, elege seus representantes para criar leis”, concluiu.
Já Luiz Eduardo Soares, coordenador da Cátedra Patrícia Acioli do Colégio Brasileiro de Altos Estudos da UFRJ, brincou ao contrapor a visão de Salles. “Vou discordar do João pela primeira vez na vida. O filme é de uma atualidade absurda. Está presente nele o cansaço com a repetição e o vazio provocados pela brutalidade e a falta de resultados da política de segurança pública”, argumentou.
REAÇÃO
A professora Cristina Motta, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, saiu do cinema com uma mistura de sentimentos. “Senti uma angústia durante o filme. Era muito jovem naquela época e não tinha a dimensão de tudo isso que acontecia. Os relatos causam dor, mas a conscientização é muito importante e fico feliz de ter visto essa sala cheia”, completou. “Como professora, acredito que a gente pode transformar essa situação. Eventos como esse são fundamentais para levar o debate às novas gerações”.
Diretora da Universidade da Cidadania, a professora Eleonora Ziller comemorou o sucesso do Cine Cidadania. “A ideia é levar cinema, arte, cultura, política e reflexão para diversos territórios do Rio de Janeiro. É um papel fundamental na luta pela preservação da democracia, que se faz na garantia dos espaços públicos, na rua e no cotidiano das pessoas”, afirmou.
ENTREVISTA I JOÃO MOREIRA SALLES
“HÁ A DIMENSÃO DO AFETO, DA ESPERANÇA, DA COLETIVIDADE”
João Moreira Salles é jornalista, diretor, produtor e roteirista de cinema. Fundou com seu irmão e também cineasta Walter Salles a produtora VideoFilmes, inicialmente voltada para a realização de documentários e programas para a televisão.
Jornal da Adufrj - Você disse que não assistia ao filme há 15 ou 20 anos. Mudaria algo no filme hoje?
O “Notícias” deflagrou um processo que passou pelo “Ônibus 174”, “Cidade de Deus” e tantos outros. Acho que esse cinema é politicamente problemático porque transforma esses territórios em territórios unicamente de violência. Se eu fizesse o “Notícias” hoje, incluiria essa dimensão que já estava lá e ficou de fora. Há a dimensão do afeto, da esperança, da coletividade. O Morro Dona Marta não é só o lugar onde coisas ruins acontecem. Mas eu não faria um novo filme porque não sou eu que preciso fazer esse filme. Aliás, esses filmes já existem. Por exemplo, “Marte Um” é um filme excepcional que não poderia ser feito por mim porque tem essa perspectiva de entender essa sociabilidade desse lugar onde eu nunca vivi e não conheço. Isso está ligado às políticas sociais. Assim como temos hoje intelectuais no debate público que vieram da favela, temos criadores e cineastas que passaram pela universidade e agora estão fazendo seus filmes com uma perspectiva que não pode ser a minha.
Como foi a relação com o traficante Marcinho VP?
A Kátia Lund — codiretora do filme — produziu o clipe do Michael Jackson e por isso estabeleceu uma conexão com a comunidade e o Márcio. Ele estava foragido em Belo Horizonte, fui até lá pelo contato dela e ele me autorizou a filmar. Meses depois de terminar as filmagens do filme, eu estava trabalhando em um documentário sobre futebol. O Paulo César Caju estava me dando uma volta, dizia que ia aparecer e não aparecia. Eu estava em Copacabana esperando por ele quando recebi um telefonema do Márcio que me disse: “Vem aqui filmar porque vão me prender”. Pegamos o carro e fomos para lá na hora. Acho que ele me chamou por pensar que ter uma equipe de filmagem o protegeria.
ENTREVISTA I ITAMAR SILVA, LÍDER COMUNITÁRIO
“É PERCEPTÍVEL COMO OS JOVENS VÃO CRESCENDO”
Itamar Silva é líder comunitário no Morro Dona Marta e personagem em “Notícias de uma guerra particular”.
Qual a sensação que você teve ao assistir ao “Notícias” hoje?
Esse filme me tira dos meus poucos momentos de ilusão. Por vezes, acho que tudo está indo muito bem, que a gente avançou, que temos mais jovens na universidade, jovens qualificados, mas o filme mostra que a estrutura da sociedade e a polícia que opera esse braço do Estado que chega na favela não atende nossos anseios. Temos uma polícia que cada vez mais toma partido dependendo da ocasião e da territorialidade. E pior: existe uma tensão maior entre os grupos do tráfico de drogas que disputam o controle do território e que está muito mais violento. A consolidação da milícia na estrutura do Estado nos vinte anos anos corroi por dentro nossa democracia. Hoje, está muito clara a incapacidade da nossa sociedade de enfrentar essa situação. É nítida a incompetência em criar mecanismos de controle sobre essas forças que estão atuando no estado do Rio de Janeiro.
Como está a situação da juventude do Santa Marta em comparação à época do lançamento do filme?
As cotas foram um elemento efetivo de transformação em territórios de pobreza. No Santa Marta, muitos jovens estão concluindo o ensino médio e caminhando em direção à universidade. Tenho um trabalho no Grupo ECO, que atua na comunidade, e é perceptível como os jovens vão crescendo, ganhando perspectivas. Os sonhos se ampliam e a busca por efetivar os desejos e vontades se concretiza. É importante ressaltar isso para não falarmos apenas das dificuldades e deixar o desânimo nos abater.
O brilho do olhar de jovens estudantes da Escola Municipal Olga Benário Prestes, de Macaé, iluminou o Salão Nobre do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ na manhã de sexta-feira (20). O evento de lançamento do livro “A evolução é fato”, publicado pela Academia Brasileira de Ciências, reuniu o trabalho de pesquisadores renomados de todo o Brasil com a curiosidade e a sede de saber dos alunos da educação básica.
O tema encantou desde principiantes até autoridades no assunto. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, fez uma breve participação no evento e ressaltou a relação do Ministério com o conhecimento produzido nas universidades. “Há um tempo não pensávamos que precisaríamos escrever um livro sobre evolução. É muito importante e atual pensar a evolução na relação entre os seres vivos”, explicou.
O professor Sérgio Danilo Pena, da UFMG, é autor de três capítulos do livro. O geneticista destacou em sua apresentação um dado alarmante de uma pesquisa realizada em 2010 no Brasil. “59% dos entrevistados acreditavam na evolução guiada por Deus e apenas 8% na evolução sem intervenção divina. 25% eram criacionistas e a negavam”, apontou.
Os alunos de Macaé que vieram para o lançamento aprenderam os males do negacinismo. “Estou amando essa experiência. Meu caderno está todo riscado, estou anotando tudo”, disse eufórica a jovem Manuella Gomes, aluna do sétimo ano e uma das estudantes mais interessadas.
Manuella fez perguntas aos cientistas após as apresentações, tirou fotos e pediu autógrafos no livro que ganhou. O aquecimento global foi a principal preocupação de Manuella e foi o tema da pergunta que direcionou à professora Marina Bento Soares, do Museu Nacional. “O humano destroi muito o planeta. O desmatamento que acontece hoje, especialmente, agora na Amazônia e no Pantanal é preocupante. Será que o aquecimento global pode provocar destruição como já aconteceu no passado com os dinossauros?”.
Paleontóloga, a professora Marina Soares respondeu às dúvidas de Manuella e suas colegas. “A extinção dos dinossauros foi apenas um dos cinco grandes eventos que acabaram com ao menos 75% da vida na Terra”, afirmou. A docente alertou para uma questão preocupante no futuro. “As previsões de aquecimento global são alarmantes para uma sexta extinção em massa na Terra”.
VIAGEM
Os estudantes acordaram antes do nascer do sol para encarar as três horas de viagem entre Macaé e o Rio de Janeiro. A visita dos alunos da escola pública foi organizada pelo professor Rodrigo Nunes da Fonseca, diretor da AdUFRJ e autor de um dos capítulos do livro. “Essa é uma escola muito especial para nós do NUPEM. Já são dez anos de parceria. Por isso, fiz questão de organizar essa vinda dos alunos”.
A escola está localizada a poucos metros do Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade da UFRJ (NUPEM) no Norte Fluminense. A proximidade ajudou na parceria com o Instituto para o desenvolvimento de projetos de extensão universitária, cursos de capacitação e bolsas de estímulo à pesquisa para estudantes e professores. O acordo resultou ainda na construção de um laboratório de ciências com recursos da Faperj.
A professora Patrícia Coutinho exaltou os frutos da parceria entre a escola e o NUPEM. “As portas abertas da universidade possibilitam uma sensação de pertencimento para nossos alunos”, afirmou. “O NUPEM tornou-se uma segunda escola, onde fazer e viver a ciência é algo prazeroso e cheio de boas descobertas”, concluiu.
Para o professor Gedmar Carvalho, a aproximação entre a universidade e o ensino básico é importante para transformar o futuro dos estudantes. “Essa relação abre portas nas aspirações de crianças que estão na periferia de Macaé e, muitas vezes, não vislumbram a universidade como uma possibilidade”.
O LIVRO
O livro defende a evolução como o princípio fundamental da ciência moderna e reforça o combate ao negacionismo científico. Ao todo, 28 pesquisadores de diversas áreas da academia foram convidados para escrever os capítulos abordando aspectos de seus trabalhos que comprovam a evolução como um fato científico.
“Certa vez, ouvi um professor dizer que nada foi feito de novo depois de Darwin. O livro prova que ele está errado”, declarou o professor Carlos Frederico Martins Menck, do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, responsável pela organização da publicação.
“O nome do livro seria ‘A evolução da vida na Terra’, mas terminou sendo ‘A evolução é fato’. Porque é um livro que tenta falar de forma simples para a população com base em fatos científicos, muitos deles produzidos no nosso país”, concluiu Menck.
Por meio da Secretaria Regional do Rio de Janeiro, o Andes realizará, nos próximos dias 31/10 e 1º/11, o Encontro Pós-15º Conad Extraordinário, cujo tema é “Ofensiva neoliberal à carreira docente, ao orçamento público e os horizontes de luta”. A diretoria da Regional RJ destaca que “carreira, orçamento público e financiamento das universidades” serão temas do evento, no Centro de Convenções da UENF, em Campos dos Goytacazes.