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137A9167Fotos: Fernando SouzaO impacto das narrativas falsas no combate às mudanças climáticas foi o centro dos debates e das oficinas do encontro “Vozes pelo Clima: mídia, ciência e educação no combate à desinformação”, organizado pelo Programa de Pós-graduação em Mídias Criativas da Escola de Comunicação da UFRJ, parte do projeto “Climate Talks”, do governo alemão. O evento reuniu especialistas das áreas de Comunicação e Mudanças Climáticas, no dia 11 de agosto, no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, no Flamengo, Zona Sul do Rio.
Diante de um auditório lotado, sobretudo por alunos do Ensino Médio, os debatedores analisaram como as narrativas falsas produzidas por agentes políticos e econômicos são prejudiciais à sustentabilidade do planeta. O encontro se alinhou à pauta da COP 30, Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, por tratar a desinformação climática como uma forte barreira para conscientizar a população sobre a importância de debater e propor soluções para a emergência climática. A COP 30 será realizada em Belém, em novembro.
“É uma honra para a UFRJ sediar um encontro dessa magnitude, que une as áreas de Ciências e de Comunicação. Como servidora pública, pesquisadora e professora da área de Biologia, fico muito feliz de ver aqui tantos jovens que podem ajudar a combater a desinformação que tanto prejudica a sociedade”, destacou em sua fala de abertura a diretora do FCC, professora Christine Ruta.
Para o cônsul-geral da Alemanha no Rio de Janeiro, Jan Freygang, os encontros da série “Climate Talks” trazem à luz diversas visões sobre as transformações climáticas e o combate à desinformação. “A desinformação se tornou uma ameaça para as nossas democracias e para o nosso planeta. O negacionismo climático pode tomar várias formas, os padrões estão mudando. Antes, era a negação da própria existência das mudanças climáticas. Hoje vemos inúmeras tentativas de minar a confiança nas soluções. Temos bases científicas sólidas para refutar essas alegações falsas. Temos que dar voz à Ciência”, disse Freygang.
Mediador dos dois painéis de debates do evento, o jornalista André Trigueiro fez uma provocação inicial para a plateia: “Precisamos acelerar o passo, não temos todo o tempo do mundo, a hora é já. Não tem mais essa de ‘salvem o planeta’. É salvem-se! Esse planeta é uma velha senhora de quase cinco bilhões de anos. Ela já passou por poucas e boas, várias glaciações, chuvas de meteoros. Nós não temos a resistência que o planeta possui. Salvem-se! E parem de falar ‘precisamos cuidar do planeta para os nossos filhos e netos’. Acorda, cara! Não transfira para as gerações futuras o que a gente precisa fazer agora, isso é covardia geracional. Quem tá vivo tem que fazer agora”.

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WhatsApp Image 2025 08 19 at 19.03.19 7No primeiro painel — “Narrativas climáticas e desinformação: agendas em disputa” —, a professora Marie Santini (foto à esq.), fundadora e diretora do NetLab (Laboratório de Estudos de Internet e Redes Sociais) da ECO, destacou a necessidade de regulação das bich techs: “O problema da informação não é residual. É um problema estrutural, virou um mercado, uma indústria muito lucrativa para as big techs. E a gente só vai resolver esse problema se regulamentar a atuação comercial dessas empresas no mundo. A desinformação climática circula principalmente nas plataformas digitais, por meio de anúncios, engajamentos e recomendações, utilizando todas as ferramentas comerciais dessas big techs para amplificar o alcance dessa desinformação”.
Para a jornalista Fernanda da Escóssia (foto à dir.), professora da Uerj, é fundamental observar que a desinformação éWhatsApp Image 2025 08 19 at 19.03.19 8 hoje uma indústria. “A desinformação não é nada inocente. Ela é parte de um ecossistema, de uma indústria de produção de conteúdos falsos, descontextualizados ou que usam, o que é pior, a roupa da verdade sendo uma mentira. Nesse ano de COP é muito importante que a gente esteja atento à desinformação na área climática. Esses conteúdos têm uma intencionalidade, são voltados para obter dinheiro, influência política ou influência nas redes. E são estimulados e monetizados”, explicou Fernanda.

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