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Foto: Alessandro Costa
O auditório da Coppe, no CT2, ficou pequeno para celebrar os 25 anos de fundação do Conselho de Minerva. A organização reúne 200 ex-alunos da UFRJ, além de associações de ex-alunos, universidades e instituições militares como o Museu Histórico do Exército e os Fortes de Copacabana e do Leme.
A cerimônia ocorreu no dia 19 e homenageou autoridades e personalidades de dentro e de fora da universidade. Presidente do Conselho de Minerva, o professor Sebastião Amoêdo de Barros se emocionou ao recordar a trajetória de constituição do conselho, que surgiu para apoiar as ações da universidade. “O Brasil não teria autonomia energética se não fosse a UFRJ. Devemos continuar a buscar o futuro”, declarou, na abertura do encontro.
Outra premiação concedida durante a assembleia comemorativa foi a Ordem do Mérito Guriri a cerca de 60 conselheiros. A honraria tem como objetivo destacar o comprometimento com a educação e a defesa da UFRJ. O nome é inspirado na planta Guriri (Allagoptera arenaria), que se desenvolve no solo arenoso do litoral do Rio de Janeiro e oferece abrigo a várias espécies. “Simboliza força, cooperação e resiliência”, explicou o professor Francisco Esteves, do Instituto de Biologia, um dos homenageados com a Ordem.
Os jornalistas Ancelmo Góes e André Trigueiro foram agraciados com o Colar do Mérito Pedro, O Libertador por suas contribuições para as comunicações e a defesa do meio ambiente. Todas as universidades públicas do Rio de Janeiro e o Instituto Politécnico de Leiria (Portugal) também receberam a distinção.
O reitor Roberto Medronho, presidente de honra da organização, destacou o papel estratégico da universidade no desenvolvimento socioeconômico do país e pediu unidade. “Precisamos construir coletivamente um novo mundo. É a partir da nossa união que vamos fazer deste país que tanto amamos um país mais justo, mais solidário e mais fraterno”.
Ex-reitor da UFRJ, o professor emérito Paulo Alcântara Gomes foi condecorado. Foto: Alessandro Costa
Professor Francisco Esteves recebeu a Ordem do Mérito Guriri. Foto: Alessandro Costa
Por Renan Fernandes
A professora Hildete Pereira de Melo não conteve as lágrimas durante a exibição do documentário “O Lobby do Batom”, promovida pela AdUFRJ na noite de sexta-feira (21), na Casa da Ciência. “Já assisti a esse filme várias vezes, mas foi a primeira vez que chorei”, disse a economista quando as luzes foram acesas. O filme de Gabriela Gaston mostra a luta de Hildete e outras bravas mulheres que organizaram o movimento feminista nos anos 1970 e 1980 e conseguiram influenciar a redação da Constituição de 1988.
“Foram tempos difíceis, de muita luta. Lembrar tudo isso agora me emocionou. Acho que estou ficando velha”, brincou Hildete. Depois da exibição, uma roda de conversa discutiu a pouca representação feminina em cargos de poder que persiste até os dias de hoje. A professora Mayra Goulart, presidenta da AdUFRJ, destacou que no estado do Rio de Janeiro, apenas 9% dos cargos legislativos são ocupados por mulheres, um dos menores índices do país.
“O machismo não é uma peça de antiquário, que estudamos como um fenômeno histórico”, disse a docente. Outro dado importante foi apontado pela professora Christine Ruta, coordenadora do Fórum de Ciência e Cultura. “Nas 23 secretarias de Ciência e Tecnologia que existem nos estados do Brasil, apenas quatro têm mulheres na pasta”, acrescentou ao debate.
O evento foi mais uma ação da AdUFRJ em celebração ao mês de luta pelos direitos das mulheres. “Queremos realizar mais encontros para promover discussões relevantes para a sociedade”, afirmou a vice-presidenta do sindicato, professora Nedir do Espirito Santo.
O Conselho Universitário da quinta-feira, 13, aprovou uma importante mudança na Resolução 278/2024. O documento estabelece regras para a participação de professores eméritos em atividades de ensino, pesquisa e extensão da universidade. Agora, os professores eméritos poderão coordenar grupos de pesquisa. O veto à gestão dos laboratórios permaneceu.
O texto original, aprovado em maio do ano passado, impedia que os eméritos atuassem na coordenação de laboratórios e na liderança de grupos de pesquisa. Ainda em 2024, o representante dos professores eméritos no colegiado, professor Ricardo Medronho, apresentou recurso solicitando a ampliação da atuação dos professores eméritos.
Em resposta ao recurso, a Comissão de Legislação e Normas emitiu parecer negando o pedido. “Os professores eméritos são docentes aposentados. A lei não permite a chefia de laboratórios por pessoas que não sejam formalmente vinculadas à instituição”, explicou o professor Célio Albano da Costa Neto, relator da matéria.
O professor Ricardo Medronho apresentou pedido de vistas no qual retirou a solicitação para que os eméritos coordenassem laboratórios. “De fato, há uma questão legal a ser observada em relação à chefia dos laboratórios, mas acho que temos muita contribuição a dar aos jovens professores em grupos de pesquisa”, defendeu. “A lei não impede essa atuação”. O novo texto foi aprovado por ampla maioria.
O juiz Fernando Gabriele Bernardes, titular da 9ª Vara do Trabalho de Brasília, determinou que a Chapa 4 – Oposição para Renovar o Andes seja inscrita no processo eleitoral do Sindicato Nacional. A tutela de urgência foi conferida na noite da sexta-feira (14).
Na decisão, o magistrado aponta “possível tratamento díspar dos requerentes”, “bem como excessiva valorização de vícios formais sanáveis”. Na argumentação, Bernardes cita “probabilidade do direito dos requerentes” e concede a tutela de urgência. O pleito acontece no início de maio e as chapas já estão em campanha eleitoral.
Nas redes sociais, integrantes da chapa comemoraram a decisão. “Consideramos uma grande vitória para a democracia sindical”, diz o post no Instagram compartilhado pelo perfil da chapa e pelos professores Jailton Souza Lira e Maria Carlotto, candidatos a presidente e a secretária geral do grupo.
Candidato a 2º Tesoureiro da Regional Rio pela Chapa 4, o professor Daniel Negreiros Conceição também celebrou a notícia. “Ficamos muito felizes. Ganham os professores que se sentem representados pelo nosso movimento e ganha também o processo eleitoral, que contará com a participação de mais um grupo contribuindo para os debates relevantes da nossa categoria”, afirmou. Daniel é professor do IPPUR/UFRJ.
Ex-presidenta da AdUFRJ, a professora Eleonora Ziller também comemorou a decisão da justiça. “Mostra que os argumentos estão corretos”, disse, na noite em que a tutela de urgência foi concedida.
O Andes e a Comissão Eleitoral Central (CEC) foram notificados da decisão na terça-feira (18). Em reunião, na quarta, a comissão decidiu acatar a decisão judicial.
Com a liminar, a corrida eleitoral volta a ter quatro chapas na disputa. “A CEC apontou unanimemente a imprescindibilidade de cumprimento da decisão e deu estrito cumprimento à determinação”, disse o professor Gustavo Seferia, presidente da CEC e do Andes, ao Jornal da AdUFRJ. “A chapa foi registrada e foi garantida sua participação no processo eleitoral, em idênticas condições das demais chapas”, afirmou.
No entanto, na mesma reunião, a comissão decidiu que o Andes deve apresentar medidas judiciais contra a decisão que beneficia a Chapa 4. A primeira medida é um pedido de reconsideração da decisão judicial. Caso a solicitação não seja preciada em 24 horas, a segunda etapa consiste em apresentar um “mandado de segurança contra a decisão que conferiu a antecipação de tutela”. O presidente Gustavo Seferian confirmou que a assessoria jurídica do Andes deu entrada no pedido de reconsideração, mas ainda não há resposta da Justiça.
O primeiro debate nacional entre as chapas está previsto para o dia 10 de abril, na sede do Andes. As eleições acontecem nos dias 7 e 8 de maio.
A crise da segurança pública na cidade do Rio de Janeiro e o impacto de ações violentas nas instituições de ensino e pesquisa foram temas de uma reunião convocada pela Fundação Oswaldo Cruz e pela UFRJ no dia 10. A iniciativa é uma resposta às operações policiais que afligem as comunidades acadêmicas da Fiocruz e UFRJ e, especialmente, é uma reação à invasão da Polícia Civil ao campus da Fiocruz em janeiro. A operação deixou uma servidora ferida.
Zélia Profeta, chefe de gabinete da presidência da Fiocruz, explica que a ideia do encontro é criar uma agenda que chame atenção da opinião pública para o problema da violência armada. Também é objetivo do grupo construir propostas para solucionar a crise de segurança na cidade. “Essa agenda precisa ser propositiva e coletiva. A violência é também um problema de saúde pública”, afirmou.
Presidenta da AdUFRJ, a professora Mayra Goulart participou da atividade. Também compareceram o Sintufrj, pesquisadores do tema, representantes de moradores de Manguinhos e Maré – favelas vizinhas aos campus da Fiocruz e da universidade –, além de organizações não-governamentais que atuam nos territórios conflagrados.
A AdUFRJ é signatária da carta-convite enviada às instituições. “O tema da violência é muito caro a todos nós na UFRJ. É um problema transversal, mas afeta os mais vulneráveis de modo mais intenso”, avalia. Ela dá um exemplo. “Com a democratização do acesso à universidade, muitos dos nossos estudantes moram em regiões de conflito armado. Por outro lado, é dever do sindicato atuar em temas que impactam o dia a dia do trabalho docente e este é, cada vez mais, um tema que preocupa os nossos colegas”.
Um dos dados alarmantes exposto no documento que subsidiou a reunião foi o crescimento dos conflitos armados. Levantamento do Instituto Fogo Cruzado aponta que nos primeiros 15 dias de 2025 ocorreram pelo menos 135 tiroteios na região metropolitana do Rio de Janeiro. “Esse número representa aumento de 36% na comparação com a primeira quinzena de 2024, com registro de 99 tiroteios”.
Outra reunião será realizada na próxima segunda-feira, dia 17, para dar continuidade às discussões e propostas. Uma das ideias é realizar um debate com pesquisadores de segurança e moradores de favelas. Outra, é formalizar um documento com proposições a serem encaminhadas ao Supremo Tribunal Federal, que discute a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 635 (ADPF das Favelas).
O julgamento do mérito da ADPF será retomado no dia 26 de março. O objetivo da arguição é diminuir a letalidade das operações. Uma das determinações é o uso de câmeras corporais por agentes de segurança, além do aviso antecipado das operações a autoridades de saúde e segurança para proteger escolas e postos de saúde. O relator da matéria, ministro Edson Fachin, votou pela manutenção das regras. Outros dez ministros ainda precisam dar o veredito.