Accessibility Tools

facebook 19
twitter 19
andes3
 

filiados

WhatsApp Image 2025 07 16 at 17.51.08Presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, o professor Renato Janine Ribeiro reagiu à chantagem política do tarifaço de Trump. No discurso de abertura da Reunião Anual da SBPC, em Recife (PE), no último dia 13, o docente manifestou o unânime repúdio de toda a diretoria e conselho da entidade à ameaça do presidente norte-americano à soberania do Brasil.
“Evidentemente nos referimos às últimas notícias de Washington, com o presidente Donald Trump decidindo aplicar a nossas exportações para os Estados Unidos tarifas absurdamente elevadas, numa chantagem raras vezes vista nas últimas décadas e sem precedentes no século XXI – até mesmo exigindo que nossa Justiça absolva e solte autores de um crime detestável: um golpe contra o regime democrático”, disse.
Para Janine, é necessária a unidade de todo o povo e é dever da comunidade científica brasileira abraçar a defesa do país. Com duas prioridades: a proteção dos vulneráveis e a necessidade de aumento da produção de bens e serviços.
Mas nada disso adiantará sem o devido reconhecimento do governo ao papel da ciência, tecnologia e inovação, “assegurando os recursos que financiem os avanços na pesquisa que sejam cruciais para vencermos as ameaças que hoje pairam sobre nós”.
Confira abaixo os principais trechos do discurso do dirigente.

“(...) O equilíbrio dos poderes, invenção da Constituição norte-americana, funcionou melhor nos tempos recentes aqui do que lá. Assim, a defesa da democracia, da soberania, é o primeiro ponto que a SBPC, aqui, afirma, na minha voz”.
“Um segundo ponto a salientar é o do repúdio a uma taxação sobre nossas exportações decretada sob alegações mentirosas. É de todos conhecido um fato simples, elementar, inquestionável: que na balança econômica com os Estados Unidos compramos mais do que vendemos. Trump, aqui, mente.”
(...)
“Não aceitamos imposições que violem nossa dignidade, a vontade livremente expressa por nosso povo em eleições livres, a segurança garantida pelo Estado de Direito”.
(...)
“Um país digno, um povo altivo, quando vê sua soberania nacional ameaçada, se une. As divergências se calam, ante o valor superior da defesa de sua independência”.
(...)
“Somos uma sociedade científica, a maior da América Latina, uma das maiores do planeta, que hoje abre sua Reunião Anual, que é a maior de nossa parte do mundo. Entendemos que, quando nosso país está ameaçado, e com ele a ordem mundial laboriosamente construída após a II Guerra Mundial, é dever da comunidade acadêmica e científica brasileira defender nosso país.”
“(...) é a ciência que hoje mais desenvolve a produção, seja de bens, seja de serviços; é ela também que delineia as melhores estratégias de combate à fome, à miséria, à injustiça. E é por isso que entendemos ser vital o Governo brasileiro reconhecer o papel da ciência, assim como da tecnologia e inovação, para defender nossa soberania enquanto nação e enquanto povo, assegurando os recursos que financiem os avanços na pesquisa que sejam cruciais para vencermos as ameaças que hoje pairam sobre nós”.
(...)
“Alertamos assim o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, assim como os três poderes, Executivo, Legislativo e Judiciário, para a necessidade de tratar a ciência como o que ela é: hoje em dia, o fator mais poderoso para vencer ameaças à produção e, além dela, à soberania nacional e à soberania popular, que são indissolúveis. E com isso declaro aberta a 77ª Reunião Anual da SBPC, sob o signo da ciência, da democracia, do amor ao Brasil!”

96 pesquisadores desistiram de fazer doutorado sanduíche nos EUA

Os ataques do governo Trump aos cientistas produziram mais uma triste estatística, recém-divulgada pela Capes. Segundo a agência, ao menos 96 pesquisadores brasileiros desistiram de fazer parte de seus cursos de doutorado nos Estados Unidos. Eles teriam acesso a bolsas de doutorado sanduíche naquele país, mas optaram pela mudança de destino ou adiaram a pesquisa.
“Há algumas áreas de pesquisa que têm sido impedidas nos Estados Unidos, projetos que têm sido cortados”, diz a presidente da Capes, professora Denise Pires de Carvalho. A dirigente ressaltou que as desistências ocorreram antes mesmo da solicitação do visto americano.
“Com certeza, foi algum motivo relacionado ao desenvolvimento do projeto de pesquisa nos Estados Unidos. O coordenador brasileiro, o americano ou os dois decidiram que, nesse momento, é melhor não ir”, afirma.
Pelo programa de doutorado sanduíche no exterior, a Capes oferece bolsas às pós-graduações brasileiras. Cabe aos próprios programas decidirem os países de destino junto aos pesquisadores. Entre julho e agosto, a Capes começa a fazer os pagamentos para que os estudantes viajem, em setembro, e desenvolvam parte da pesquisa no país escolhido.

SEM RESTRIÇÃO OFICIAL
Segundo Denise, não há, até o momento, restrição oficial aos estudantes brasileiros nem cortes nas bolsas para os EUA por parte dos programas brasileiros. Mas, por conta do contexto internacional, essa oferta tem caído.
No ano passado, foram concedidas 880 bolsas para os Estados Unidos. Neste ano, a intenção era chegar a 1,2 mil, mas estão previstas apenas 350.
Ela faz um alerta: “Eu chamo a atenção aos alunos e orientadores, dos pós-graduandos e orientadores, que a Capes está preparada para trocar o país de destino, para que não haja prejuízo das teses desses estudantes de doutorado e, no caso do pós-doutor, para que não haja nenhum prejuízo no seu projeto de pesquisa. Para que ele possa voltar para o Brasil e implantar essa nova tecnologia no nosso país”. (Fonte: Agência Brasil. Edição: AdUFRJ)

 

Topo