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WhatsApp Image 2022 08 15 at 11.53.25Professora Terezinha Castiñeiras - Foto: Twitter UFRJO Brasil registrou 2.458 casos confirmados de varíola dos macacos até esta sexta-feira (12). No mundo, já são mais de 27 mil. Para avaliar como o país está combatendo a doença e a contribuição da UFRJ, o Jornal da AdUFRJ entrevistou a professora Terezinha Marta Castiñeiras, diretora do Núcleo de Enfrentamento e Estudos de Doenças Infecciosas Emergentes e Reemergentes (Needier) da universidade.

Estamos atrasados em relação ao combate ao monkeypox?
Entendemos que seja necessário um esforço concentrado dos gestores, das equipes de saúde, dos pesquisadores e da população. O primeiro passo é reconhecer a magnitude do problema e o seguinte é investir em sua solução. Para o enfrentamento do monkeypox é fundamental que a população esteja adequadamente informada sobre a forma de transmissão do vírus e como minimizar estes riscos. A despeito de toda complexidade, não estamos partindo do zero, já existem recursos estratégicos potenciais, cabe torná-los disponíveis e utilizá-los em bases científicas.

O Ministério da Saúde anunciou a compra do medicamento tecovirimat para combater o monkeypox. Qual sua avaliação sobre esta medida?
Estudos in vitro e em animais de experimentação apontam para o benefício do uso do tecovirimat nas infecções pelos orthopoxvírus em geral. Contudo, não temos conclusões definitivas sobre eficácia e segurança da droga no tratamento específico da infecção humana pelo vírus monkeypox. No contexto de escassez do medicamento para suprir a demanda internacional, é primordial assegurar o atendimento aos indivíduos mais gravemente acometidos. O esforço do Ministério da Saúde é de conseguir um quantitativo mínimo que possa atender aos casos mais críticos. Paralelamente, é também de interesse global e nacional tentar estabelecer, através de estudos multicêntricos bem controlados, as indicações mais precisas do tecovirimat e otimizar o seu uso. A Organização Mundial da Saúde propôs recentemente um protocolo para um estudo internacional e a expectativa é que o Brasil faça parte desta iniciativa. A nível nacional devem participar alguns centros de referência. A UFRJ deverá participar e, possivelmente, coordenar o estudo.

As gestantes serão público-alvo do estudo?
O estudo atual proposto pela OMS é baseado em um ensaio clínico do tecovirimat que já está em curso na República Democrática do Congo. No referido estudo, estão incluídos adultos e crianças maiores, mas não gestantes. Dado que as gestantes, assim como as crianças e pessoas imunossuprimidas, são vulneráveis a formas mais graves da doença e não existem dados concretos de benefício e segurança da droga em mulheres grávidas. Um estudo que englobe estas populações tem grande relevância e, por esta razão, está sendo defendido pela OMS.

Qual é o papel da UFRJ na testagem da doença?

No Laboratório de Virologia Molecular do CCS, estamos realizando testagem dos casos suspeitos diretamente atendidos no NEEDIER ou em qualquer outra unidade do Complexo Hospitalar da UFRJ. Adicionalmente, como centro nacional de referência em diagnóstico de monkeypox para o Ministério da Saúde, recebemos na UFRJ encaminhamento de materiais biológicos de pacientes atendidos no estado do Rio de Janeiro, no Espírito Santo e nos estados da região Centro-Oeste. Até o dia 10 de agosto, o laboratório investiga 1.052 pessoas com suspeita de monkeypox, com 906 resultados de PCR liberados e 146 em processamento. Entre os liberados, a taxa de positividade é de 45%.

 

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