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WhatsApp Image 2021 11 05 at 19.22.12Fotos: Fernando SouzaO silêncio e o vazio que predominaram ao longo da pandemia nos corredores da UFRJ, aos poucos, vão dando lugar à vida. Sem pressa, respeitando o compasso do retorno seguro e atenta aos protocolos sanitários, a universidade volta gradativamente à sua rotina de trabalho.
A reportagem da AdUFRJ circulou por unidades do Fundão na quarta-feira, 3, primeiro dia marcado para a volta presencial dos servidores, constatou que os locais estão sinalizados, mas registrou também problemas e insegurança dos docentes e técnicos.
“Os nossos profissionais já estão sendo convocados para esse retorno presencial, mas de forma escalonada”, esclarece o diretor do Instituto de Geociências, professor Edson Farias Mello. As chefias imediatas estão encarregadas de verificar se os profissionais estão imunizados contra a covid-19, mas o diretor adianta que a adesão à vacinação em sua unidade foi total. “Isso já está sendo verificado e não temos problemas. Nosso maior desafio será quando os alunos retornarem”, avalia o diretor.
O monitoramento de acesso às dependências do IGEO vinha ocorrendo individualmente, sobretudo para quem precisasse acessar os laboratórios durante a pandemia. “O professor responsável assinava uma autorização que era trazida impressa e verificada pela vigilância. Isto era importante porque, em caso positivo da doença, nós teríamos como mapear os contatos da pessoa infectada. Mas a partir de agora essa prática não faz mais sentido, pelo aumento da circulação”, avalia.WhatsApp Image 2021 11 05 at 19.33.45Diretor da Geociências, Edson Mello se preocupa com viagens a campo
Uma preocupação do professor Edson Mello é com relação aos trabalhos de campo. “As aulas práticas retornarão dia 16, mas a maior parte delas depende de trabalhos de campo. A universidade não estipulou critérios para essas viagens de campo, nem indicou os protocolos para quando casos positivos acontecerem durante as viagens. As saídas a campo duram 15, 20 dias. Tempo suficiente para uma pessoa eventualmente adoecer”, preocupa-se o diretor. “Um terço do curso que forma um geólogo é desenvolvido no campo. Essa particularidade também acompanha a Geografia e a Biologia”, exemplifica o professor.
SEGURANÇA
O retorno presencial geral dos docentes e técnicos foi autorizado pela administração central desde o dia 3 de novembro. A resolução foi aprovada no último Conselho Universitário (dia 28 de outubro). O texto sublinhava que a volta aos locais de trabalho estaria condicionada à situação da pandemia, deveria acontecer de forma gradual e seguindo as orientações de biossegurança estipuladas pelos cientistas da própria universidade.
Segundo a professora Fátima Bruno, superintendente de Planejamento Institucional da PR-3, mil espaços já foram mapeados pelo site “Espaço Seguro UFRJ”, formulado para a classificação de risco dos ambientes. Pelo endereço https://espacoseguro.ufrj.br/ é possível preencher um formulário  com dados como dimensão, existência de janelas e demais espaços para ventilação, número de pessoas que trabalham no ambiente, entre outras informações.
WhatsApp Image 2021 11 05 at 19.33.451Professora Rosana Ferreira, da Microbiologia, prepara ambientes. Quem volta ao presencial também se preocupa com a segurança para chegar e sair do campus. A professora Joalice Mendonça, vice-coordenadora do Laboratório de Palinofácies e Fácies Orgânica (Lafo), passou a atuar no campus desde agosto do ano passado e lamenta a sensação de insegurança. “A gente trabalha com as salas sempre fechadas na grade e no cadeado. Sempre que saio, um vigia me acompanha até eu entrar no Uber”, descreve.
Ela também reclama da falta de ônibus. Algumas linhas deixaram de circular na Cidade Universitária ou reduziram drasticamente a frota. “Tenho gasto, em média, R$ 950 por mês em Uber, porque não tem ônibus. Esse dinheiro não é ressarcido por ninguém, sai do meu bolso”, reclama a docente. Seu laboratório ainda não voltou à rotina normal. “Ainda não estabelecemos o retorno total, mas estamos nos organizando para isso”.
Algumas unidades ainda estão sem condições estruturais de receber professores, técnicos e alunos. O problema é vivido pelas professoras Maria Elizabeth Zucolotto, do Museu Nacional, e Diana Paula Andrade, do Observatório do Valongo. Ambas estão abrigadas provisoriamente no Laboratório de Microssonda Eletrônica, da Geologia, e no Instituto de Física.
Elizabeth é chefe do Departamento de Geologia e Paleontologia do Museu e conta que após o incêndio seu departamento foi abrigado no Horto, mas, sem orçamento para manutenção, e com as chuvas constantes, uma infiltração fez o forro da sala ceder. “Estou indo agora para uma reunião com a equipe para avaliarmos como voltamos, porque, efetivamente, não temos lugar físico para todo mundo”, diz.
Diana, parceira de pesquisas de Elizabeth – ambas são caçadoras de meteoritos –, também não pode voltar ao Valongo. “Não temos orçamento e por isso não temos banheiro funcionando, o que inviabiliza o retorno presencial para o Observatório”, pondera. “Então, tenho me revezado entre o Labsonda e a Física, onde gentilmente me cederam uma sala para trabalhar”.

REITORIA AVISA UNIDADES SOBRE IMPOSIÇÃO DA JUSTIÇA

WhatsApp Image 2021 11 05 at 19.33.452Setores da administração trabalham por escalaNo mesmo dia 3, o gabinete da reitoria enviou às decanias e unidades um ofício comunicando a obrigatoriedade do retorno das aulas a partir do dia 16. O documento cita o Parecer de Força Executória expedido pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF 2) na semana passada, que determinava a volta das aulas nas instituições federais de ensino do Rio de Janeiro, dentre elas a UFRJ. De acordo com o documento enviado pela administração central, “as atividades de ensino na UFRJ devem voltar a ser presenciais em todas as unidades acadêmicas, mesmo que parcialmente”.
A administração central da universidade prepara defesa. “O recurso à decisão deve ser feito pela Procuradoria Regional Federal da 2ª Região, que representa não só a UFRJ, mas todo o conjunto de instituições federais de ensino localizadas na cidade do Rio de Janeiro, área que estava sob a jurisdição dos procuradores do Ministério Público Federal que ingressaram com a ação”, esclarece o vice-reitor, professor Carlos Frederico Leão Rocha. O procedimento de juntar documentação de todas as instituições, na avaliação do vice-reitor, cria obstáculos à celeridade da defesa. “Estimamos que ingressaremos com o recurso na semana que vem”.
A universidade pretende argumentar que já possui um plano de retorno gradual previsto para o dia 16, com a volta presencial das aulas experimentais. E que segue as recomendações sanitárias e decisões de seus colegiados internos. Tais disciplinas estariam condicionadas ao mapeamento dos espaços de risco. Até o momento, 21 unidades que possuem atividades práticas validaram seus espaços para essas aulas. “Apesar dos sobressaltos causados pelo Judiciário, é importante reafirmar que a UFRJ já tinha um planejamento baseado em critérios científicos”, destaca o presidente da AdUFRJ, professor João Torres.

CEG ALTERA CALENDÁRIO DE 2022

O Conselho de Ensino de Graduação modificou o calendário para 2022. Agora, o recesso entre períodos, que tinha sido aprovado com duração de 29 dias, terá apenas 22 dias. Outra mudança é a data do final do período, que passou para 7 de janeiro de 2023. A pró-reitora de Graduação, professora Gisele Pires, explicou, durante a sessão, que o calendário aprovado na semana passada pelo colegiado tinha menos de 190 dias. Ao consultar o MEC, foi esclarecida que a excepcionalidade que permitia reduzir os dias letivos para normalizar o calendário atrasado pela pandemia não seria mantida para 2022. O que fez a PR-1 revisar as datas e propor o ajuste.
A professora Margaret Lica Chokyu, representante do CLA, sublinhou a necessidade de a universidade observar a legalidade de seus atos, sobretudo neste momento de ataques por parte do governo e do Ministério Público Federal. “É importante que a gente não crie nenhuma casca de banana para nós mesmos no futuro”. Sobre o encurtamento do recesso, ela afirmou ser frustrante, por conta do cansaço acumulado ao longo da pandemia, mas que seria a saída para se ajustar à norma.
O professor João Torres concorda que o cansaço e o ritmo de trabalho na pandemia são muito intensos e que reduzir o recesso é desgastante sobretudo para professores e estudantes. O principal problema, no entanto, em sua visão, é o descompasso entre os calendários da graduação e da pós-graduação. “Muitos docentes atuam nos dois níveis. Os calendários estarem fora de fase penaliza e sobrecarrega ainda mais esses professores”, argumenta. “Outro complicador é para os docentes que, além de atuarem na pós e na graduação, têm filhos em idade escolar. São três calendários para compatibilizar”, afirma o docente.

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