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Duas chapas disputam a reitoria da UFRJ. Quem vencer, comandará a universidade pelos próximos quatro anos. Entre os principais desafios, o novo reitor precisará lidar com um orçamento ainda deficitário, com infraestrutura periclitante e com políticas de permanência insuficientes para as necessidades dos estudantes. Por outro lado, a conjuntura nacional dará ao escolhido oportunidades de ampliar políticas de acesso e permanência, aumentar o orçamento da instituição e conseguir novos projetos para o ensino, pesquisa, extensão e assistência em saúde.

O professor Roberto Medronho, titular da Faculdade de Medicina, foi o primeiro a se inscrever, na manhã do dia 21, acompanhado da vice-reitora de sua chapa, a professora Cássia Turci, titular do Instituto de Química. Reconhecido epidemiologista brasileiro, ele foi um dos principais nomes do país no combate à pandemia de covid-19.

A Chapa 10 “UFRJ para todos: Autonomia, Inclusão e Inovação” representa o campo político da atual reitoria da universidade. “Queremos uma universidade autônoma, de qualidade, gratuita”, declarou o professor Roberto Medronho no momento da inscrição. “Hoje é um dia muito importante de combate ao racismo, é muito simbólico para nós. Nossa chapa é absolutamente comprometida com a luta antirracista”, declarou o candidato a reitor.

A professora Cássia Turci completou: “Queremos uma UFRJ melhor, mais inclusiva. O nome ‘UFRJ para todos’ tem um significado muito importante para nós. Queremos incluir todos os segmentos da universidade: nossos estudantes, técnicos, professores e também nossos terceirizados”.

A chapa foi acompanhada de apoiadores até o auditório do CCMN onde ocorreram as inscrições. Entre eles, integrantes da APG UFRJ e decanos do CT, CCMN e CCS, professores Walter Suemitsu, Cabral Melo Lima e Luiz Eurico Nasciutti.

Às 14h, foi a vez de apoiadores da Chapa 20 “Redesenhando a UFRJ: Democracia, Autonomia e Diversidade”, aguardarem os professores Vantuil Pereira, associado do NEPP-DH, candidato a reitor, e a professora Katya Gualter, associada da Escola de Educação Física e Desportos, candidata a vice-reitora. O grupo, de oposição à atual gestão da UFRJ, realizou um ato em frente ao CCMN em referência à data, já que 21 de março foi o Dia Internacional contra a Discriminação Racial. De braços dados, docentes, estutantes e técnicos entoaram cânticos do movimento negro enquanto se dirigiam ao local da inscrição.

Entre os apoiadores, estavam integrantes do DCE Mario Prata, do Coletivo de Docentes Negros e Negras e o decano do CFCH, professor Paulo César Castro.

“É um momento muito importante para nós, comunidade universitária, coletivos negros, corpos historicamente desmembrados”, disse a professora Katya Gualter.

O professor Vantuil Pereira complementou: “Hoje começa uma nova história na UFRJ. Esta é uma chapa que pela primeira vez reúne dois docentes pretos”, assinalou o candidato a reitor. “Que possamos terminar essa campanha com o sentimento do dever cumprido”.

O primeiro debate entre as chapas acontece no dia 5 de abril, no auditório Roxinho, do CCMN. As eleições serão realizadas nos dias 25, 26 e 27 de abril. A apuração dos votos é no dia 28.

 

ENTREVISTA I CHAPA 10 “UFRJ PARA TODOS: AUTONOMIA, INCLUSÃO E INOVAÇÃO”

WhatsApp Image 2023 03 24 at 09.19.44Jornal da Adufrj -Por que decidiram se candidatar aos cargos?
Roberto Medronho - Os últimos anos foram terríveis. Tivemos um governo que foi contrário à ciência e às universidades. Durante a pandemia, eu tive a honra de presidir o GT Coronavírus e a professora Cássia teve uma atuação excepcional. Graças a ela não faltou álcool nos nossos hospitais e para a nossa UFRJ. Reconhecendo agora a nova situação, em que o governo federal está atento às universidades, nós nos sentimos preparados, com nossa larga experiência em gestão, para que a universidade possa contribuir com a reconstrução do país e com o enfrentamento vigoroso das desigualdades sociais e de qualquer forma de discriminação. Temos o compromisso de devolver à sociedade o que ela investiu em nossa formação e na nossa universidade.

Jornal da Adufrj - Quais os principais desafios?
Medronho - A permanência dos alunos que chegam pelas cotas é um deles. É fundamental que a gente tenha um aprimoramento ainda maior da assistência estudantil. Mas assistência estudantil não é só bolsa. É acolhimento. Queremos formar todos os alunos, mas os cotistas são fundamentais porque vão transformar a vida da comunidade de onde vieram. Na área da pesquisa, precisamos de incentivo e troca entre todos os programas, com atuação multidisciplinar. Também queremos que os programas de conceitos 6 e 7 consigam fazer intercâmbios com outros programas que precisam aumentar sua avaliação na Capes. Precisamos também aumentar nossas ações na extensão. Muitos dos conhecimentos produzidos aqui demoram até serem incorporados na sociedade. Sobre os hospitais, precisamos repor o número de pessoal. Daremos atenção especial aos nossos HUs. Nossa missão é atuar no SUS, mas também nos preocupamos com a saúde dos trabalhadores. Temos propostas para atuação sobretudo na área de saúde mental dos servidores.

Jornal da Adufrj - E os objetivos?
Cássia Turci - O nome da nossa chapa resume o que queremos: uma universidade para todos. Nosso objetivo final é ter uma formação forte e sólida dos nossos estudantes e isso se faz também trabalhando a empatia. Temos estudantes de todos os estados. A infraestrutura precisa corresponder às expectativas desses alunos que muitas vezes não têm como se manter no Rio de Janeiro. A gente precisa ampliar o atendimento psicológico e criar disciplinas que desenvolvam habilidades emocionais nos alunos.


ENTREVISTA I CHAPA 20 “REDESENHANDO A UFRJ: DEMOCRACIA, AUTONOMIA E DIVERSIDADE”

vantuilJornal da Adufrj - Por que decidiram se candidatar aos cargos?
Vantuil Pereira -
A gente entende que há a necessidade de se voltar para alguns aspectos internos que é a democratização dos conselhos superiores, para garantir um diálogo maior com os estudantes, com os técnicos, para ter um novo tipo de diálogo com os docentes. Queremos buscar uma política de interiorização mais profunda com Macaé e Caxias e garantir a autonomia universitária, no sentido de ter uma instituição menos aberta à privatizações, garantir que a universidade seja o espaço da crítica, da reflexão. A diversidade expressa a necessidade de garantir a inclusão de amplos setores que ainda não participam de políticas públicas de cotas, como quilombolas e pessoas trans, além de fortalecer a presença de segmentos que já estão na universidade.

Jornal da Adufrj - Quais os principais desafios?
Vantuil Pereira -
O primeiro é retomar o lugar da UFRJ na agenda nacional, com uma perspectiva de soberania e de contribuir com o debate nacional. Cito, por exemplo, a questão dos ianomâmis. Nós poderíamos ter contribuído, oferecido os nossos serviços. A universidade tem um campo da saúde muito forte, tem a antropologia, que pensa criticamente esses espaços. Mas também em meio ambiente, cidades, tecnologia. A gente tem muito a contribuir com a reconstrução do Brasil, não só no campo da educação. E no cenário interno, voltar a cuidar da infraestrutura da instituição, que foi muito destruída, voltar a cuidar de estudantes, técnicos, docentes e terceirizados. Nosso grande desafio é ao final dos quatro anos trazer um novo modelo de gestão democrático, participativo. Queremos que os aspectos da saúde, da tecnologia, da inovação se voltem para as amplas parcelas da população e, para isso, a universidade precisa se encher de povo. Essa é a nossa referência de que universidade queremos construir.

Jornal da Adufrj - E os objetivos?
Katya Gualter -
Se a gente fala que precisa horizontalizar a participação dos diferentes segmentos – e a gente pensa em como inserir os terceirizados nessa discussão – a gente precisa reunir esses corpos diversos para efetivamente criar políticas. Não adianta falar da diversidade e se fechar para a escuta. É preciso dar protagonismo a esses corpos diversos que, inclusive, pensam diferente de nós. Nossa gestão será dialógica, de forma que todo processo seja o mais participativo e amplo possível.

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