“O IPPMG é uma joia desta universidade. Nós temos problemas que precisam ser resolvidos .Problemas que colocam em risco a vida do instituto. Não tenho dúvidas a respeito disso”, alertou o professor Giuseppe Pastore, diretor do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira. Com 70 anos recém-completados, o IPPMG pede socorro. As despesas (R$ 21,5 milhões) superam em muito as receitas (R$ 12 milhões) e o quadro de pessoal é insuficiente perto da capacidade de atendimento da unidade. “Alguns serviços estão fadados a desaparecer”, alertou. Confira a seguir.
FINANCIAMENTO
Assim como no Clementino Fraga Filho, a maior parte das receitas do IPPMG vem do SUS (R$ 9 milhões). O Rehuf contribui com R$ 2,3 milhões, além de R$ 149 mil de emenda parlamentar. Por ano, são apenas R$ 12 milhões. É muito pouco. Só a prestação de serviços custa R$ 15 milhões e o material de consumo, mais R$ 6,5 milhões. “A longo prazo, isso se reflete no quê? A estrutura do hospital está decaindo, os serviços vão fechando”, afirmou o diretor.
PESSOAL
O gestor está sempre com receio quando se trata de pessoal. A unidade hoje possui 107 médicos, mas precisaria repor mais 67. Para ampliar os serviços, mais 100. São 55 enfermeiros e precisaria repor 35. E mais 81 seriam necessários para a expansão da assistência. “A fisioterapia é outro grande problema. Nosso CTI atende doenças graves, raras. Precisaria ter fisioterapia 24 horas. Só tenho dois para atender o hospital inteiro. Seriam necessários mais 20”.
ASSISTÊNCIA
Por ano, o Instituto atende 12 mil emergências, faz 47 mil consultas de pediatria, 25 mil consultas multiprofissionais e 600 cirurgias. “Temos a única emergência de porta aberta, dentre os hospitais universitários do estado do Rio. Tínhamos um serviço de medicina do adolescente com três médicos, sendo um professor. Esse ambulatório fechou, porque os médicos se aposentaram”, lamentou Giuseppe.
LEITOS E ESTRUTURA
O IPPMG tem 82 leitos, incluindo enfermaria, centro de terapia intensiva, hospital-dia e emergência de portas abertas para o público. O número de cirurgias do hospital poderia ser bastante ampliado. O Instituto hoje conta com apenas uma sala no centro cirúrgico. “É um gargalo gigantesco. Tenho vários profissionais qualificados, mas preciso expandir esse centro cirúrgico”, explicou Giuseppe Pastore.
IDT TEM ENFERMARIAS FECHADAS POR FALTA DE PESSOAL
Fundado em 1957, o Instituto de Doenças do Tórax não foge ao roteiro das demais unidades de saúde: sofre com o financiamento reduzido e falta de pessoal. “Para cada R$ 100 que gastamos com pacientes do SUS, recebemos R$ 60. A remuneração é aquém das nossas necessidades. Fazemos um esforço cotidiano para nos manter vivos”, afirmou o diretor Alexandre Pinto Cardoso, ex-reitor da universidade e também ex-diretor do HU.
O instituto hoje conta com apenas sete docentes e 133 técnicos-administrativos. A unidade não possui extraquadros desde 2013. “Hoje temos duas enfermarias fechadas por falta de pessoal”, disse Alexandre Cardoso. “Fazemos muito, mas poderíamos fazer mais, se tivéssemos adequadas condições de funcionamento”. Mesmo com todas as dificuldades, o IDT possui a melhor residência médica do país em Pneumologia.
Último a se apresentar, o diretor destacou a importância do debate sobre o futuro das unidades de saúde. “Nossos hospitais são os maiores laboratórios de ensino, pesquisa e extensão da universidade. Ao longo das apresentações, vocês viram o que nós já fomos, o que hoje nós somos e o que nós poderíamos ser. A nossa responsabilidade é muito grande”.