Apuração dos votos na UFRJ - Foto: Kelvin MeloSilvana Sá e Kelvin Melo
A Chapa 1 – Andes pela Base: Diversidade e Lutas venceu, na UFRJ, a eleição para a diretoria do sindicato nacional. O grupo representa o coletivo que dirige o Andes há mais de 20 anos. Foram 269 votos contra 141 da segunda colocada, a Chapa 4 – Oposição para Renovar o Andes. A Chapa 3 – Andes Classista e de Luta conquistou 31 votos. Já a Chapa 2 – Renova Andes obteve 18 votos. Houve, ainda, 3 brancos e 3 nulos.
Foram às urnas apenas 465 docentes, de um total de 3.497 professores aptos a votar. A participação é a menor desde 2016, quando o pleito teve chapa única. O resultado também segue na contramão do que ocorre nas eleições para a AdUFRJ. Os pleitos para a diretoria da seção sindical apresentam desde 2015 participação sempre igual ou superior a 40% do colégio eleitoral. Nas eleições de 2023, por exemplo, 1.499 professores compareceram às urnas, cerca de 45% do total de aptos a votar.
Os números desta eleição também indicam o encolhimento do Coletivo Renova Andes, hoje dividido em duas chapas. A tendência de subida de sua representatividade, confirmada até 2023, foi interrompida no pleito deste ano. Somadas, as chapas 2 e 4 obtiveram 5.964 votos. Em 2023, o grupo conquistou 6.733 votos.
Na UFRJ, o coletivo também alcançou seu ápice em 2023. Este ano, após o racha, as duas chapas juntas receberam apenas 159 votos, contra 437 da eleição passada.
A Chapa 1 também reduziu seu alcance. Caiu de 7.058 para 6.452 votos, entre 2023 e 2025, em nível nacional. Na UFRJ, houve queda de 275 para 269 votos nos dois últimos pleitos.
ANÁLISES
Ao final da apuração, a reportagem ouviu as duas representantes de chapas que acompanharam todo o processo de contagem dos votos. “A vitória da chapa 1 é um demonstrativo que a nossa categoria deseja, de fato, a manutenção de um projeto político de um sindicato autônomo. Isso é fundamental”, avaliou a professora Fernanda Vieira, do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos e candidata a secretária-geral do sindicato nacional pela chapa 1. “Fico muito feliz com este resultado. Agora precisamos discutir como unificar (a categoria) para construir lutas potentes em defesa da nossa carreira e contra a precariedade das nossas condições de trabalho”.
O quórum na UFRJ caiu bastante em relação a 2023, quando 771 professores foram às urnas. Para a representante da chapa 1, o problema é um sintoma de esvaziamento geral dos espaços universitários. “Eu percebo um esvaziamento da universidade, que não é só da nossa categoria. Mas também de estudantes, do corpo técnico e até da sociedade de forma geral. Esse debate das ausências precisa ser construído de uma forma fraterna”, afirmou Fernanda.
Já a professora Eleonora Ziller, da Faculdade de Letras e representante da chapa 4 na UFRJ, parabenizou a chapa 1 pela vitória, mas atribuiu o reduzido quórum às turbulências do processo eleitoral. A chapa 4, de oposição à diretoria nacional, foi excluída do processo eleitoral por supostas irregularidades e precisou garantir na Justiça o direito à participação no pleito. Algo que, de acordo com Eleonora, tomou muito tempo da campanha.
“Tivemos uma vitória extraordinária na Justiça, com comprovação de que cumprimos o regimento e que a exclusão da chapa foi autoritária, mas tivemos dificuldade de fazer campanha, de chegar aos docentes, avaliou Eleonora. “Os professores que não se viram representados na eleição se afastaram. O quórum é uma derrota para todo mundo”, disse. “Até onde estou acompanhando, no quadro nacional, a eleição está seguindo o perfil da UFRJ. O quórum reduzido indica que foi uma eleição de militância, como era no passado”, lamentou.
Representante da Comissão Eleitoral Local, a vice-presidenta da AdUFRJ, professora Nedir do Espirito Santo, agradeceu a todos que participaram do pleito. “Foi uma eleição bem tranquila, sem nenhuma ocorrência. E a apuração correu em um clima bastante cordial”, elogiou.
RESULTADO NACIONAL
Em nível nacional, a eleição do Andes repetiu parcialmente o resultado da UFRJ. A chapa 1 obteve o primeiro lugar na disputa, com 6.452 votos; a chapa 4 ficou em segundo lugar, com 3.574 votos. Houve mudanças de posição em relação às chapas 2 e 3: a chapa 2 ocupou o terceiro lugar, com 2.390 votos; e a chapa 3 foi a quarta colocada, com 2.015 votos.
A participação nacional também mostrou queda. Em 2023, 16.351 docentes foram às urnas. Este ano, 14.431 professores compareceram aos locais de votação. Uma redução de 11,74%. Pelas redes sociais, a chapa 2 saudou os apoiadores. “A Chapa 2 Renova Andes agradece aos 2.390 eleitores. O Fórum Renova Andes prosseguirá sem descanso em sua luta por um Andes-SN de todas e de todos”. A chapa 3 também agradeceu os votos recebidos e afirmou que seguirá em defesa “da democracia sindical e contra o burocratismo e o aparelhamento”.