Accessibility Tools

facebook 19
twitter 19
andes3
 

filiados

Sindicato defendeu ampliação do orçamento da universidade, apresentou proposta de melhoria salarial para a categoria e lutou pela desburocratização de todos os processos funcionais

CONDIÇÕES DE TRABALHO
É extensa a lista dos problemas relacionados às condições de trabalho dentro da UFRJ, nos últimos dois anos. Corte da luz por falta de pagamento, segundo desabamento do telhado na Educação Física, queda de muro lateral no Colégio de Aplicação, interdição do ateliê de pintura da EBA, recorrente falta de água e rede elétrica obsoleta no IFCS-IH, interrupção dos trabalhos de campo por conta da frota envelhecida de veículos, infiltrações, queda da internet, e terceirizados com pagamentos atrasados em todos os campi são alguns dos tristes e principais exemplos.
Na raiz deles, a crise de subfinanciamento. Estudo do Escritório Técnico da UFRJ aponta que seria necessário R$ 1 bilhão para recuperar a infraestrutura de 76% dos prédios da instituição. O valor é mais de três vezes superior ao orçamento de R$ 324 milhões inicialmente previsto para despesas de funcionamento básico da universidade neste ano.
A diretoria da AdUFRJ se empenhou para transformar esta realidade. Denunciou estes e outros casos no jornal e nas redes sociais da entidade ou em entrevistas à mídia, fez reuniões com a reitoria, realizou debates sobre orçamento, articulou petições eletrônicas e entregou documentos às autoridades — incluindo o ministro da Educação, Camilo Santana, em dezembro de 2023. Além disso, na coordenação do Observatório do Conhecimento, atuou junto ao parlamento e aos ministérios, em Brasília (leia mais nas páginas 2 e 3).
WhatsApp Image 2025 10 13 at 17.41.3419/10/2023: Vice-presidente do sindicato, Nedir cobra do reitor orientações â comunidade em dias de operações policiais perto do Fundão - Foto: Alessandro CostaO sindicato também atuou quando a ameaça ao fazer acadêmico não tinha relação com a falta de verbas. Ainda em outubro de 2023, a diretoria da AdUFRJ reivindicou do reitor Roberto Medronho protocolos de segurança em dias de operação policial no entorno da Cidade Universitária. O dirigente criou um grupo de trabalho, com participação do sindicato, para tratar do tema. Fruto desta iniciativa, uma proposta de resolução será discutida em breve no Conselho Universitário.

CARREIRA
Desburocratizar. O verbo foi quase um mantra da gestão. Em reuniões com a administração central ou representantes do Conselho Universitário, a diretoria não se cansou de cobrar a simplificação dos processos internos de progressão e promoção — a resolução sobre o tema começou a ser votada pelo Consuni na semana passada. “Quando a gente compara a UFRJ com outras universidades, ela é muito burocrática, muito kafkiana neste trâmite da progressão”, disse, mais de uma vez ao longo destes dois anos, a professora Mayra Goulart. “O professor, para fazer o relatório, precisa colocar uma série de documentos que são emitidos pela própria universidade, como registro de aulas e portaria anterior de progressão. Além disso, temos que anexar comprovantes de tudo que a gente listou no relatório. Mesmo tendo fé pública, como servidores públicos”.
A cobrança por menos papelada não se limitou aos avanços na carreira. Graças a uma solicitação do sindicato, a administração central modificou as regras internas para facilitar os pedidos de afastamentos docentes por até cinco dias. Pela mudança, o diretor de cada unidade pode delegar a autorização do chamado “afastamento de curtíssima duração” à chefia imediata do servidor. Após a aprovação do chefe, o processo é encaminhado para ciência da seção da pessoal e fim da história. Não há mais necessidade de portaria publicada no Boletim da UFRJ para estes casos. Já para os afastamentos entre seis e 30 dias continua obrigatória a aprovação do diretor, que encaminha o processo para a seção de pessoal para providências: entre elas, a publicação de portaria. “É um avanço. A indiferenciação de todo afastamento no intervalo de 30 dias acabava sobrecarregando a direção e o professor em casos de bancas ou congressos rápidos ou pesquisas de campo com dinâmicas mais curtas”, afirmou Mayra

SALÁRIOS
Respeitar a universidade é valorizar o professor, diz uma das campanhas promovidas pela AdUFRJ. O lema seguiu a gestão em todas as atividades ligadas à campanha salarial, acompanhando as negociações nacionais e também apresentando alternativas.
No início do ano passado, pouco depois de o governo anunciar que não haveria qualquer reajuste para os professores , o sindicato passou a articular uma proposta salarial com economistas da universidade. A ideia seria igualar os vencimentos básicos iniciais de professor auxiliar, que era o primeiro nível da carreira do Magistério Superior, e de professor DI 40 horas — primeiro nível da carreira do Ensino Básico Técnico e Tecnológico — com o piso nacional da educação básica (então de R$ 4.580,57). A medida representaria 33% de aumento para os níveis iniciais das carreiras e, por consequência, causaria correções para os níveis seguintes.
Além desta iniciativa, a direção da AdUFRJ realizou atos, participou de manifestações dos servidores federais, divulgou informações sobre as negociações em curso, compareceu a debates e cobrou autoridades.
Uma dessas cobranças aconteceu durante a Aula Magna da ministra Esther Dweck em 14 de abril de 2024. A diretoria entregou uma carta em que tratou da necessidade de correção da discrepância salarial entre adjuntos e os demais níveis da carreira; da equiparação entre docentes EBTT e os colegas do Magistério Superior na isenção do ponto. Além disso, a AdUFRJ solicitou a equiparação dos auxílios de alimentação e pré-escolar dos servidores do Executivo com os dos servidores do Legislativo e Judiciário.
Após a assinatura de acordo com o governo, a AdUFRJ também criou uma calculadora — disponível no site da entidade —para os professores saberem como ficaria o salário com o reajuste de 9% aplicado este ano. Também é possível calcular como ficarão os vencimentos a partir de abril de 2026, com o índice de 3,5%.

INTERIORIZAÇÃO
O sindicato se mostrou bastante ativo fora da capital, com ações em Caxias e em Macaé.WhatsApp Image 2025 10 13 at 17.41.34 206/12/2024: Debate encerra programação da AdUFRJ em Macaé - Foto: Kelvin Melo
Em março do ano passado, a presidenta da AdUFRJ, professora Mayra Goulart se reuniu com a direção e docentes do campus de Caxias para conhecer os desafios do ensino, pesquisa e extensão na Baixada Fluminense.
Já entre os dias 2 e 6 de dezembro de 2024, a AdUFRJ promoveu uma série de atividades no Nupem e no Centro Multidisciplinar de Macaé. O sindicato mobilizou para a cidade do Norte Fluminense os setores administrativo e de comunicação, sua assessoria jurídica e de planos de saúde. Montou a exposição fotógráfica “Servidores da Sociedade” no Nupem (leia mais na página 6) e, para fechar a programação com “chave de ouro”, organizou um seminário sobre o papel da ciência no desenvolvimento de Macaé.
O evento final reuniu professores de diversas instituições de educação superior da região e agentes do poder público local. Diretor do sindicato e também professor do Nupem, Rodrigo Nunes da Fonseca comemorou a iniciativa, à época. “Esta foi a primeira vez que a AdUFRJ fez uma semana inteira de eventos aqui. A repercussão foi superpositiva”, disse.

CONTRA AS OPRESSÕES
DJI 0201A diretoria 2023-2025 sempre levantou a bandeira da AdUFRJ para a igualdade de direitos na sociedade e na universidade.
Em dezembro de 2023, durante o lançamento do painel estatístico de pessoal da UFRJ, Mayra Goulart destacou o recorte de gênero possibilitado pela plataforma. O corpo funcional da universidade era composto por 51,8% de mulheres, entre professoras e técnicas. No entanto, elas ocupavam apenas 37% dos cargos de gestão e direção na universidade. “A plataforma da PR-4 deixa muito nítido que nós estamos privadas desse espaço de poder”, afirmou a cientista política, à época. “Saúdo a iniciativa da PR-4, porque é nos conhecendo que poderemos combater as nossas desigualdades”, completou.
Em junho de 2024, a AdUFRJ também participou do primeiro aniversário da Superintendência Geral de Ações Afirmativas, Diversidade e Acessibilidade (Sgaada) da universidade. A celebração aconteceu no auditório Hélio Fraga, no CCS, com atividades culturais e depoimentos emocionantes. Um deles, da professora Nedir do Espirito Santo, vice-presidenta da AdUFRJ. A docente chorou ao recordar seus primeiros passos na universidade. “Por muito tempo, fui a única professora negra do meu Instituto”, lembrou. Nedir elogiou o trabalho desenvolvido pela Sgaada e fez votos pela continuidade das ações afirmativas.

Topo