facebook 19
twitter 19
andes3
 

filiados

cientistas

O mais recente episódio da crise da Faperj é a disputa por dois cargos estratégicos: a direção Científica e a de Tecnologia. Sob pretexto de que os mandatos expiraram, o presidente interino Gabriell Neves e seu diretor administrativo passaram a acumular os cargos. As funções eram exercidas pelos professores Jerson Lima Silva, da UFRJ e Eliete Bouskela, da Uerj.

A notícia indignou a comunidade científica. “Vivemos uma crise política e econômica. Não precisamos de uma crise institucional artificial”, avaliou a vice-presidente da Adufrj, Ligia Bahia, em reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e da Academia Brasileira de Ciências na Casa da Ciência da UFRJ, na quarta-feira, 16. A reunião aprovou nota em defesa da permanência dos atuais diretores. Os pesquisadores recomendaram também a nomeação imediata de presidente e do diretor administrativo da Faperj, prerrogativas do governador e essenciais para o funcionamento da agência.

Reitores das universidades e institutos federais e dirigentes de outras instituições de pesquisa do Rio de Janeiro haviam publicado, no mesmo dia, manifesto com o mesmo conteúdo.

O argumento do governo é jurídico. “Após entendimento junto ao procurador do Estado, chefe da assessoria jurídica, foi concluído não ser legalmente previsto, ao presidente da Faperj, prorrogar o mandato dos diretores”, afirma nota pública do interino.

Mas integrantes da comunidade científica avaliam que a questão é política. “Em um ano, a Faperj teve cinco presidentes diferentes. Atualmente, não tem nenhum. O que temos é um Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia, Inovação e Desenvolvimento Social interinamente. É uma crise estrutural”, observa Adalberto Vieyra, diretor do Centro Nacional de Biologia Estrutural e Bioimagem. Para Vieyra, o que está em jogo é o controle de uma instituição de grande reconhecimento social e capilaridade no interior do estado em ano eleitoral. “A Faperj apoia ações em mais de 90 municípios”, argumenta. “Vemos intenção de transformar isso em celeiro político. Querem garantir pessoas próximas politicamente”.

Pelo estatuto da Faperj, cabe ao seu Conselho Superior a elaboração de lista tríplice para as diretorias a ser encaminhada ao governador. O prazo era 15 de abril, mas o ex-presidente Ricardo Vieiralves pediu uma reformulação nas regras da lista tríplice. Segundo João Viola, membro do Conselho e pesquisador do Inca, a indicação dos nomes para a lista será em julho. Diante de novo calendário, o Conselho não acatou a solicitação da SBPC, da ABC e de reitores para manter nos cargos os antigos diretores. O subsecretário de Ensino Superior do governo estadual, Augusto Raupp, compareceu à reunião da Casa da Ciência. Ele negou que o governo esteja desmontando a Faperj.

Topo