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05aWEB menor1141A pandemia do novo coronavírus tomou o planeta inteiro de assalto, mas poucas atividades foram tão afetadas como o ensino, em todos os níveis. A consagrada dinâmica da educação baseada na interação próxima entre professores e estudantes ficou gravemente comprometida pelo distanciamento social imposto pela doença, e entramos num difícil processo de choque, avaliação e adaptação. Baseadas nas suas peculiaridades geográficas, financeiras e políticas, as universidades públicas brasileiras reagiram com galhardia ao desafio de não deixar nossos alunos e alunas à deriva sem oferecer-lhes soluções imediatistas e falaciosas. O quadro abaixo resume de forma simbólica o produto desse esforço, com uma pequena amostra do calendário do Ensino Remoto Emergencial em diversas universidades Brasil afora.
Algumas universidades conseguiram fazer uma transição ágil ao ensino remoto, notadamente as estaduais paulistas. Assim sendo, já estão a caminho de 2020.2, mantendo-se essencialmente preparadas para iniciar 2021 sem atrasos. Houve inicialmente algumas críticas de que o processo teria sido “atropelado” nessas universidades, mas os relatos informais de colegas dessas casas indicam que a experiência não foi ruim. A maioria das universidades, entretanto, escolheu interromper as atividades didáticas para ganhar fôlego. Isso não se trata de nenhum julgamento sumário, pelo contrário: a interrupção justificou-se plenamente pela precariedade do acesso à internet de muitos discentes (e, não raro, a degradação da própria estrutura de redes das instituições). As soluções propostas e encontradas foram diversas, como a distribuição de chips para celular (UFRJ e UFC) e bolsas de auxílio permanência (UFRRJ e UnB). Vemos ainda que, enquanto algumas universidades retomaram/retomarão o semestre 2020.1 de forma remota, outras decidiram criar períodos com regras particulares: duração menor, opcional para docentes e discentes, extenso prazo de trancamento etc. Esses períodos ditos excepcionais resolvem alguns problemas mais urgentes, mas vale lembrar que as instituições que escolheram esse caminho terão de lidar com a questão delicada acerca do destino de 2020.1: mesclá-lo ao período excepcional ou fazê-lo sequencialmente ao mesmo? Ambas as hipóteses carregam seus problemas – acumulação de alunos em certas turmas na primeira (sobretudo calouros), um enorme atraso na segunda – mas será impossível se esquivar de uma decisão difícil.
Dito tudo isso, o fato estabelecido é que grande parte do sistema público de ensino superior volta às suas atividades didáticas nessas próximas semanas. Não será um mar de rosas, mas é uma ação fundamemtal para manter a Universidade pública brasileira viva. Teremos muito tempo para voltar às nossas atividades presenciais após a pandemia; agora é a hora do trabalho necessário.

Felipe Rosa
Diretor da AdUFRJ

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